Nos últimos dias, estamos observando uma série de publicações com fotos no Facebook, das personagens Nina e Carminha, aludindo temas inerentes ao Candomblé. Uma delas, a que ilustra essa postagem, sugere que a personagem vivida pela atriz Adriana Esteves, seja uma filha da Deusa das Águas, obviamente de forma depreciativa à Deusa de Abeokut
a, haja vista o caráter infame da personagem da novela Avenida Brasil (da personagem e não da atriz, que fique claro).
Nesse sentido, essa “corrente” imprime ainda que de forma velada, o preconceito dos próprios adeptos do Candomblé acerca do arquétipo de Yemoja, contextualizado na alusão, de forma preconceituosa e errônea. Há ainda, a equivalência de Nina (Débora Falabella) à figura de uma Ìyálòrìsà, vez que a mesma (na foto) confirma o Òrìsà da desafeta.
Há aqui, em verdade, dois pontos importantes a serem destacados e, sobretudo, banidos. Ainda que seja uma “brincadeira” de gosto duvidoso, o primeiro é a profanação do sagrado. Vejamos; a comparação feita, é dizer de forma subliminar (ou não) que a Deusa do Mar, Yemoja, é desequilibrada e perigosa, sendo que esses são os traços intrínsecos da personagem Carminha, com a qual a mesma foi associada. O segundo ponto e mais lamentável, é a existência de pessoas que crêem nesse tipo de comparação, perfazendo sem dúvidas, um preconceito velado.
Sobre isso, é importante refletir. Podemos ser coniventes com esse tipo de visão? Nós mesmos, Candomblecistas, estamos divulgando isso na rede de forma alegre e, por vezes infantil. Nós mesmos estamos chamando Yemoja de louca, desequilibrada e perigosa. Vale salientar, que essa corrente viral não foi lançada pela emissora que transmite a novela, muito menos há esse tipo de correlação na trama em questão. Esse arquétipo foi atrelado à personagem pelas pessoas do Candomblé e não pelo autor, sendo que não há menção alguma a religião por parte das personagens.
Até quando vamos continuar profanando o Sacro? A mudança deve ocorrer de dentro para fora, nós Candomblecistas devemos ter uma conduta que enalteça nossa Religião, da forma como ela é. Não podemos ainda como se fosse uma brincadeira, em hipótese alguma, ridicularizar ou depreciar os nossos Deuses. É hora de acordarmos!
Na próxima postagem da série O Preconceito Velado - A Profanação do Sagrado – Parte II, vamos discorrer sobre personagem que ridicularizam o Candomblé e que muitas vezes, aplaudimos de pé.
Que Òsùmàrè Arákà esteja sempre olhando e abençoando todos!!!
Ilé Òsùmàrè Aràká Àse Ògòdó
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