Osògiyán, também chamado de Ajagunnan, é o filho guerreiro de Òsálúfon, à exemplo do pai é um Òrìsà Funfun, originário de Èjìgbó, onde futuramente tornar-se-ia o "Eléèjìgbó" (Rei de Èjìgbó). Osògiyán é o Òrìsà dono do pilão (odò), nele é preparada sua comida favorita "inhame pilado". Ele também é o dono da árvore de Àtòrì. A importância da árvore Àtòrì é singular n
o culto à Osògiyán e no culto aos ancestrais. Na festa em louvor à Osògiyán os omo Òrìsà dançam com grandes varas de Àtòrì, simulando uma guerra. Na Casa de Òsùmàrè, essa festa é realizada anualmente e nos traz muitas emoções.
Conforme vocês devem ter observado na série de postagens que estamos publicando, estamos tentando elucidar o motivo dos rituais que realizamos, sem obviamente ultrapassar o limite daquilo que só é permitido aos iniciados. Tudo que fazemos tem um porque, uma razão, uma história. Nada é ao acaso. Hoje, vamos assim, explicar a razão de realizarmos ainda nos dias de hoje, o lindo ritual da guerra dos Atori, que alude à uma passagem da vida desse grande guerreiro que é Òsógiyan, conforme segue.
Conta a história que Awoléjé, babaláwo companheiro e amigo de Eléèjìgbò, havia-lhe indicado o que deveria fazer para transformar a aldeia de Èjìgbó em uma grande cidade. Eléèjìgbò seguiu as orientações do seu amigo Awoléjé que por sua vez, saiu de Èjìgbó para outro povoado distante. Em alguns anos, a o pequeno povoado de Èjìgbó tornou-se uma grande cidade com portas fortificadas, guardas e um palácio. Eléèjìgbò vivia em grande estilo e era costume, quando se falava de sua pessoa, designá-lo pelo termo bajulador Kábiyèsi ('Sua Majestade Real'). Ao cabo de vários anos, Awoléjé voltou e, embora babaláwo, nada sabia da grandeza de seu amigo, Osògiyán. Chegando ao posto da guarda, na porta da cidade, pediu familiarmente notícias do Ògiyán. Os guardas surpresos e indignados com a insolência do viajante para com o soberano do lugar agarraram Awoléjé, bateram-lhe cruelmente com varas de Atori e o prenderam. O babaláwo ferido vingou-se utilizando seus poderes, atacando uma maldição (Epe) sobre a cidade. Èjìgbó conheceu então anos difíceis: não chovia mais, as mulheres ficaram estéreis, os cavalos do rei não tinham mais pasto e outros dissabores. Eléèjìgbò fez uma pesquisa e soube da prisão de Awoléjé. Ordenou imediatamente que o pusessem em liberdade e pediu-lhe para perdoar e para esquecer os maus-tratos de que fora vítima. Awoléjé concordou, mas com uma condição: 'No dia da festa de Osògiyán, os habitantes de Èjìgbó deveriam lutar entre si, com golpes de varas de Àtòrì, lembrando que ele, Awoléjé havia sido de forma cruel espancado.
Até os dias atuais, no Terreiro de Òsùmàrè, nas festas dedicadas à Òsógiyan, é entoada uma cantiga que narra essa história com perfeição, mencionando a maldição que Awoléjé jogou sobre Èjìgbó durante anos...
Que Òsùmàrè Arákà esteja sempre olhando e abençoando todos!!!
Ilé Òsùmàrè Aràká Àse Ògòdó
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