quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

QUALIDADES - AINDA UM TABU?

No Brasil, existe, sem dúvida, uma questão muito polêmica sobre as multiplicidades dos Orixás, chamada por todos de qualidade de Orixá.

Para melhor entendimento, será postado a cada dia explicações sobre o tema e também as qualidades mais conhecidas de cada Orixá, de acordo com o seu dia. 

A começar que na África não há qualidade de Orisá; ou seja, em cada região cultua-se um determinado Orisá que é considerado ancestral dessa região. É de se saber que Esu é cultuado em todo território africano, da forma que Osun da cidade de Osogbo é chamada de Osun Osogbo, da região de Iponda é a Osun Iponda, Ogun da região de Ire é Ogún Ire (Onire: chefe de Ire), do estado de Ondo é Ogún Ondo, etc.

Na época do tráfico de escravos vieram para o Brasil diversas etnias: Ijesas, Oyos, Ibos, Ketus, etc., e cada qual trouxe seus costumes juntos com seus Orisás digamos particulares, e após a mistura dessas tribos e troca de informações entre eles cada sacerdote, ou quem entendia de um determinado Orisá, ensinou e aprendeu fundamentos sobre o que não sabia e a partir daí surgem todos esses aspectos e essa quantidade de Orisá presente aqui no Brasil, sendo que o Orisá é o mesmo, porém com origens diferenciadas.

É claro que por ter origens diferenciadas seus cultos possuem particularidades religiosas e até mesmo culturais, como por exemplo Oyá Petu que tem seus fundamentos assim como Oyá Tope terá o seu. Isso nada mais é que uma passagem do mesmo Orisá por diversos lugares e cada povo passou a cultuá-lo de acordo com seus próprios costumes. Um exemplo mais nítido é que aqui fazemos muitos pratos para Osun com feijão fradinho, entretanto num determinado país não há esse feijão e portanto foi substituído por um grão semelhante e assim puderam continuar com o culto a Osun sem a preocupação de importar o feijão fradinho.

Outro exemplo é Osun Kare, sendo que "kare" é uma louvação à Osun, quando se diz: "Kare ò Osun"! A palavra "kare" também é uma espécie de bairro na África, logo Osun cultuada em kare é a Osun kare, e por aí vai surgindo desordenadamente essa quantidade de Orisá aqui no Brasil. 

Imagine um rio que atravessa todo território Nigeriano e, em suas margens, diversas etnias que, num determinado local, algumas pessoas diriam que ali é a morada de Osun Ijimu (cidade de Ijumu na região dos Ijesa), mais para frente em Iponda diria aqui é a morada de Osun Iponda, mais para frente, em Ede esse rio terá o culto de Ologun Ede, o chefe de guerra de Ede segundo sua mitologia, ou seja, serão diversos Orisás cultuados num mesmo rio por diversas etnias, porém com pequenas particularidades. 

Isso acontece com todos os Orisás e suas mitologias fazem alusão a essas passagens e constantes peregrinações de seus sacerdotes que, por viagens comercias ou por guerras intertribais, sempre espalharam seus Orisás em outras regiões. Se uma tribo fosse invadida por outra e acabasse sendo dominada, a tribo vencedora levava seus Orisás e obrigava aquela população derrotada a cultuar os "novos" Orisás.

Há portanto uma caracterização variada das principais divindades, de acordo com seus feitos ou locais de culto, ou seja, uma mesma divindade com vários sobrenomes, para que suas origens sejam identificadas e saibamos de onde é nossa ancestralidade. 

O motivo de sabermos a qualidade de nosso Orisá nada mais é para sabermos nossa ancestralidade, nossas origens, de quem descendemos e mantermos a forma como nossos antepassados cultuavam aquela determinada "qualidade" de Orisá. É isso que multiplica os Orisás aqui no Brasil.

TEXTO TIRADO DE: https://www.facebook.com/CandombleSim

2 comentários:

  1. Olá! Aproveitando este assunto, seria possível, alguém deste blog, descrever algo sobre a Oya Gadê ou Oya Gadê Magambelê?!
    Obrigado.
    Meu whatsApp: 81-988291031.
    Gostaria muito que me avisassem, pois não quero perder nenhuma linha do que for descrito.

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    Gostaria muito que me avisassem, pois não quero perder nenhuma linha do que for descrito.

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