Na mitologia é considerado o responsável pela ligação entre céu e terra, em virtude de suas raízes .
É a árvore da eternidade, símbolo do próprio tempo. As raízes de IROCO são tão mágicas que procuram nova vida quando um velho IROCO tomba, vai ao encontro de hospedeiros que propiciarão o nascimento de novos irocos, daí a existência de mitos que dizem que as árvores caminham.
IROCO não tem morada, mora no tempo. É um orixá que pertence aos elementos terra, fogo e ar, o que o torna bastante complexo, é responsável pela ligação e separação entre terra e céu.
É um orixá ligado a cura da mesma forma que Obaluaiê. Mas tanto cura como cria doenças como a leucemia e hemofilia. Ajuda as mulheres a engravidar, mas também faz a menstruação aparecer fora de época.
IROCO se veste de branco, isto mostra sua relação com o mundo dos ancestrais, muitas vezes até porque sua energia violenta deve ficar contida, equilibrada.
É um orixá alegre, valente, decidido, apaixonado, afetuoso, comilão, brigão e demonstra tudo isso na dança da avania.
DANÇA DA AVANIA
Relata a trajetória de IROCO pelo AIÊ, o que viu, o que ouviu, seus amores, as guerras de que participou e seu retorno em triunfo vitorioso para ficar em seu posto de honra, a árvore sagrada.
Avania também conhecida por arramunha, arraia. Pertence a IROCO mas é dançada também, pela família de Omulu (Obaluaiê, Omulu, Euá, Nanã, Oxumarê..)
Conta a tradição que IROCO dançou o mencionado toque quando voltava da guerra, passando definitivamente para o lado dos orixás. Antes ele era arruaceiro, metido com tudo quanto é tipo de gente ruim.
Para marcar esta data IROCO dança com uma coreografia de aproximadamente 17 passos diferentes. Os filhos de IROCO são eloqüentes, ciumentos, camaradas, inteligentes, competentes, teimosos, porem generosos.
Gostam de ensinar, de viver, de comer e beber. Os filhos de IROCO são excelentes cozinheiros, gostam de inventar receitas.
Adoram comemorar seu aniversário. Sensual, se apaixonam com facilidade, adoram se comunicar, liderar e não se importam de pagar a conta quando tem dinheiro.
Tem inteligência aguda e o pioneirismo de OGUM. O charme e a transgressão de IANSÃ, a eloquência de XANGÔ, a teimosia de OXAGUIÃ, a persistência de ODÉ, a sabedoria de OXUMARÊ e a magia PRÓPRIA.
Esta associado as pernas e ao aparelho respiratório, seus filhos podem ser alérgicos ao pó doméstico, a cheiros fortes, a pelos de animais. Seus filhos não costumam ser esbeltos, são fortes e atarracados. Dotados de senso de justiça aguda e inteligência viva. São amigos queridos e inimigos implacáveis.
Porém com grande facilidade de reconciliação, vingativos, por que não conseguem guardar as mágoas que sentem por muito tempo. Tem que coloca-las para fora senão explodem.
Irreverentes, não são conservadores, prezam muito por sua liberdade e gostam de diversão. Trabalhadores, quando envelhecem, tornam-se idosos joviais e divertidos. Quem tiver segredos, pense duas vezes antes de confia-los a estes seres porque a língua lhe coça com freqüência.
Seu numero 12 e 17
Saudação eró
Comida bode, galos, conquéns, pombos, farofa-de-dendê, milho branco.
BEBE otin
DOENÇAS falência múltipla dos órgãos
ELEMENTO terra
IROCO é por excelência a morada dos ancestrais o que o torna semelhante a IDACO, residência de OXAGUIÃ e IANSÃ, local de celebração do culto dos EGUNS.
LENDAS
Iroco castiga a mãe que não lhe dá o filho prometido.
No começo dos tempos, a primeira árvore plantada foi Iroco. Iroco foi a primeira de todas as árvores, mais antiga que o mogno, o pé de obi e o algodoeiro. Na mais velha das árvores de Iroco, morava seu espírito. E o espírito de Iroco era capaz de muitas mágicas e magias.
Iroco assombrava todo mundo, assim se divertia. À noite saia com uma tocha na mão, assustando os caçadores. Quando não tinha o que fazer, brincava com as pedras que guardava nos ocos de seu tronco. Fazia muitas mágicas, para o bem e para o mal. Todos temiam Iroco e seus poderes e quem o olhasse de frente enlouquecia até a morte.
Numa certa época, nenhuma das mulheres da aldeia engravidava. Já não havia crianças pequenas no povoado e todos estavam desesperados. Foi então que as mulheres tiveram a idéia de recorrer aos mágicos poderes de Iroco.
Juntaram-se em círculo ao redor da árvore sagrada, tendo o cuidado de manter as costas voltadas para o tronco. Não ousavam olhar para a grande planta face a face, pois, os que olhavam Iroco de frente enlouqueciam e morriam. Suplicaram a Iroco, pediram a ele que lhes desse filhos. Ele quis logo saber o que teria em troca.
As mulheres eram, em sua maioria, esposas de lavradores e prometeram a Iroko milho, inhame, frutas, cabritos e carneiros. Cada uma prometia o que o marido tinha para dar.
Uma das suplicantes, chamada Olurombi, era a mulher do entalhador e seu marido não tinha nada daquilo para oferecer. Olurombi não sabia o que fazer e, no desespero, prometeu dar a Iroco o primeiro filho que tivesse.
Nove meses depois a aldeia alegrou-se com o choro de muitos recém-nascidos. As jovens mães, felizes e gratas, foram levar a Iroco suas prendas. Em torno do tronco de Iroco depositaram suas oferendas. Assim Iroco recebeu milho, inhame, frutas, cabritos e carneiros. Olurombi contou toda a história ao marido, mas não pôde cumprir sua promessa. Ela e o marido apegaram-se demais ao menino prometido.
No dia da oferenda, Olurombi ficou de longe, segurando nos braços trêmulos, temerosa, o filhinho tão querido. E o tempo passou. Olurombi mantinha a criança longe da árvore e, assim, o menino crescia forte e sadio.
Mas um belo dia, passava Olurombi pelas imediações do Iroco, entretida que estava, vindo do mercado, quando, no meio da estrada, bem na sua frente, saltou o temível espírito da árvore.
Disse Iroco: "Tu me prometeste o menino e não cumpriste a palavra dada. Transformo-te então num pássaro, para que vivas sempre aprisionada em minha copa." E transformou Olurombi num pássaro e ele voou para a copa de Iroco para ali viver para sempre.
Olurombi nunca voltou para casa, e o entalhador a procurou, em vão, por toda parte. Ele mantinha o menino em casa, longe de todos. Todos os que passavam perto da árvore ouviam um pássaro que cantava, dizendo o nome de cada oferenda feita a Iroco.
Até que um dia, quando o artesão passava perto dali, ele próprio escutou o tal pássaro, que cantava assim: "Uma prometeu milho e deu o milho; Outra prometeu inhame e trouxe inhames; Uma prometeu frutas e entregou as frutas; Outra deu o cabrito e outra, o carneiro, sempre conforme a promessa que foi feita. Só quem prometeu a criança não cumpriu o prometido."
Ouvindo o relato de uma história que julgava esquecida, o marido de Olurombi entendeu tudo imediatamente. Sim, só podia ser Olurombi, enfeitiçada por Iroco. Ele tinha que salvar sua mulher!
Mas como, se amava tanto seu pequeno filho?
Ele pensou e pensou e teve uma grande idéia. Foi à floresta, escolheu o mais belo lenho de Iroco, levou-o para casa e começou a entalhar. Da madeira entalhada fez uma cópia do rebento, o mais perfeito boneco que jamais havia esculpido.
O fez com os doces traços do filho, sempre alegre, sempre sorridente. Depois poliu e pintou o boneco com esmero, preparando-o com a água perfumada das ervas sagradas. Vestiu a figura de pau com as melhores roupas do menino e a enfeitou com ricas jóias de família e raros adornos.
Quando pronto, ele levou o menino de pau a Iroco e o depositou aos pés da árvore sagrada. Iroco gostou muito do presente. Era o menino que ele tanto esperava!
E o menino sorria sempre, sua expressão, de alegria.
Iroco apreciou sobremaneira o fato de que ele jamais se assustava quando seus olhos se cruzavam. Não fugia dele como os demais mortais, não gritava de pavor e nem lhe dava as costas, com medo de o olhar de frente. Iroco estava feliz.
Embalando a criança, seu pequeno menino de pau, batia ritmadamente com os pés no solo e cantava animadamente. Tendo sido paga, enfim, a antiga promessa, Iroco devolveu a Olurombi a forma de mulher. Aliviada e feliz, ela voltou para casa, voltou para o marido artesão e para o filho, já crescido e enfim libertado da promessa.
Alguns dias depois, os três levaram para Iroco muitas oferendas. Levaram ebós de milho, inhame, frutas, cabritos e carneiros, laços de tecido de estampas coloridas para adornar o tronco da árvore.
Eram presentes oferecidos por todos os membros da aldeia, felizes e contentes com o retorno de Olurombi. Até hoje todos levam oferendas a Iroco. Porque Iroco dá o que as pessoas pedem. E todos dão para Iroco o prometido.
Lenda 79 do LIvro Mitologia dos Orixás de Reginaldo Prandi
Iroco ajuda a feiticeira a vingar o filho morto.
Iroco era um homem bonito e forte e tinha duas irmãs. Uma delas era Ajé, a feiticeira, a outra era Ogboí, que era uma mulher normal. Ajé era feiticeira, Ogboí, não. Iroco e suas irmãs vieram juntos do Orun para habitar no Ayê. Iroco foi morar numa frondosa árvore e suas irmãs em casas comuns. Ogboí teve dez filhos e Ajé teve só um, um passarinho.
Um dia, quando Ogboí teve que se ausentar, deixou os dez filhos sob a guarda de Ajé. Ela cuidou bem das crianças até a volta da irmã. Mais tarde, quando Ajé teve também que viajar, deixou o filho pássaro com Ogboí.
Foi então que os filhos de Ogbói pediram à mãe que queriam comer um passarinho. Ela lhes ofereceu uma galinha, mas eles, de olhos no primo, recusaram. Gritavam de fome, queriam comer, mas tinha que ser um pássaro. A mãe foi então foi a floresta caçar passarinhos, que seus filhos insistiam em comer.
Na ausência da mãe, os filhos de Ogboí mataram, cozinharam e comeram o filho de Ajé. Quando Ajé voltou e se deu por conta da tragédia, partiu desesperada a procura de Iroco.
Iroco a recebeu em sua árvore, onde mora até hoje. E de lá, Iroco vingou Ajé, lançando golpes sobre os filhos de Ogboí.
Desesperada com a perda de metade de seus filhos e para evitar a morte dos demais, Ogoí ofereceu sacrifícios para o irmão Iroco. Deu-lhe um cabrito e outras coisas e mais um cabrito para Exú. Iroco aceitou o sacrifício e poupou os demais filhos.
Ogboí é a mãe de todas as mulheres comuns, mulheres que não são feiticeiras, mulheres que sempre perdem filhos para aplacar a cólera de Ajé e de suas filhas feiticeiras. Iroco mora na gameleira branca e trata de oferecere a sua justiça na disputa entre as feiticeiras e as mulheres comuns.
Lenda 80 do Livro Mitologia dos Orixás de Reginaldo Prandi
Iroco engole a devota que não cumpre a interdição sexual
Era uma vez uma mulher sem filhos, que ansiava desesperadamente por um herdeiro. Ela foi consultar o babalawo e o babalawo lhe disse como proceder.
Ela deveria ir à árvore de Iroco e a Iroco oferecer um sacrifício.
Comidas e bebidas que ele prescreveu a mulher concordou em oferecer. Com panos vistosos ela fez laços e com os laços ela enfeitou o pé de Iroco. Aos seus pés depositou o seu ebó, tudo como mandara o adivinho.
Mas de importante preceito ela se esqueceu. A mulher que queria ter um filho deu tudo a Iroco, quase tudo. O babalawo mandara que nós três dias antes do ebó ela deixasse de ter relações sexuais.
Só então, assim, com o corpo limpo, deveria entregar o ebó aos pés da árvore sagrada. A mulher disso se esqueceu e não negou deitar-se com o marido nos três que precediam o ebó.
Iroco irritou-se com a ofensa, abriu uma grande boca em seu grosso tronco e engoliu quase totalmente a mulher, deixando de fora só os ombros e a cabeça. A mulher gritava feito louca por ajuda e toda a aldeia correu para o velho Iroco.
Todos assistiam o desespero da mulher. O babalawo foi também até a árvore e fez seu jogo e o jogo que o babalawo fez para a mulher revelou sua ofensa,sua oferta com o corpo sujo, porque para fazer oferenda para Iroco é preciso ter o corpo limpo e isso ela não tinha.
Mas a mulher estava arrependida e a grande árvore deixou que ela fosse libertada. Toda a aldeia ali reunida regozijou-se pela mulher. Todos cantaram e dançaram de alegria. Todos deram vivas a Iroco.
Tempos depois a mulher percebeu que estava grávida e preparou novos laços de vistosos panos e enfeitou agradecida a planta imensa. Tudo ofereceu-lhe do melhor, antes resguardando-se para ter o corpo limpo.
Quando nasceu o filho tão esperado, ela foi ao babalawo e ele leu o futuro da criança: deveria ser iniciada para Iroco. Assim foi feito e Iroco teve muitos devotos. E seu tronco está sempre enfeitado e aos seus pés não lhe faltam oferendas.
Lenda 81 do Livro Mitologia dos Orixás de Reginaldo Prandi
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