Em atenção às dezenas de solicitações que recebemos após as postagens sobre os Ògáns, vamos falar sobre outra importante figura dentro dos Terreiros de Candomblé, as Ekedes (Èkèjí, Àjòyè, Ìyároba, Makota, a depender da tradição da casa ou nação).
As Ekedes são mulheres que não são incorporadas, mas sim, escolhidas pelas Divindades, para zelar por elas e pelo Sacerdote da Casa. São pessoas de grande importância na estrutura religiosa da comunidade, que são admiradas por todos.
Em grande parte das ocasiões, ao longo das festividades, algum Òrìsà escolhe entre as pessoas presentes, uma mulher para suspender/indicar como Ekede, é um momento de grande alegria para todos, onde os filhos da comunidade comemoram. Futuramente, essa mulher poderá, então, ser confirmada como Ekede.
Se fossemos “ranquear” a principal função de uma Ekede, poderíamos afirmar que é zelar pelo Òrìsà quando esse está incorporado em um filho/filha. Uma grande Ekede, sempre está muito atenta aos passos do Òrìsà, ela verifica se há a necessidade de enxugar o rosto da pessoa incorporada, analisa as paramentas, se estão machucando ou se, por ventura, estão se desprendendo das demais vestes.
As Ekedes, em verdade, começam a zelar pelo Òrìsà, antes mesmo da manifestação, sendo que elas verificam todas as roupas e ferramentas com antecedência, garantindo assim, que as Divindades sejam tratadas com muito carinho. Algumas, inclusive, se especializam como costureiras, bordadeiras, somente para ter o prazer de confeccionar as roupas dos Òrìsàs.
O que observamos, com bastante atenção, é que esse carinho/amor desprendido por muitas Ekedes as tornam referência em um Terreiro, sendo respeitadas e admiradas pela comunidade. Quando o Órìsà manifesta alguém, elas rapidamente aprontam tudo, garantindo tranquilidade aos Omo Òrìsà. Elas acompanham os Deuses ao longo das danças, se comunicam com eles e, por vezes, intermediam a sua vontade aos Babalòrìsà/Ìyálòrìsà, Ògáns e outras Ekedes.
Esse trato direto com os Òrìsàs as torna muito próxima deles, razão pela qual, as Ìyáwò e Egbon possuem tanto carinho e respeito por essas senhoras, por vezes, as chamando de mães.
As Ekedes, também, dispensam igual carinho e atenção aos seus Sacerdotes, zelam pelos seus pertences e ficam sempre atentas a qualquer pedido/necessidade. Muitas vezes, atuam como uma espécie de “relações públicas”, representando o Terreiro e recepcionando os visitantes mais ilustres.
As Ekedes, diferente das Ìyáwò e Egbon, não utilizam as saias de baiana com anáguas. A vestimenta das Ekedes varia entre as casa, mas aqui em Salvador, elas usam os chamados “vestidos nago” ou saia sem roda (anágua), permitindo dessa forma, uma maior flexibilidade para as suas atividades (veja a foto do título, com as Ekedes do Terreiro de Òsùmàrè). Aqui em Salvador, somente pela roupa já conhecemos quem são as Ekedes do Terreiro.
As Ekedes são pessoas de grande importância nas Casas de Candomblé, que por meio das suas ações, conseguem contribuir de forma significativa para que o período em que o Órìsà permanece incorporado, seja tranquilo e apaziguador, seja para o filho incorporado, para o Órìsà e, mesmo para toda a comunidade.
O que torna uma Ekede referencia para as demais e para o Terreiro, essencialmente é sua postura perante o Òrìsà e, perante o seu Sacerdote. Para uma grande Ekede, o seu objetivo principal é conseguir tratar o Òrìsà como carinho e amor, essas são as características que tornam uma Ekede em uma grande Ekede.
Que Òsùmàrè Aràká continue olhando e abençoando todos!
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