Quando iniciamos a série de postagens discorrendo sobre o papel, importância e postura do Iyawo dentro do Terreiro de Candomblé, recebemos dezenas de mensagens, pedindo para que abordássemos também a figura do Ogan, razão pela qual, estamos iniciando hoje essa série.
O Terreiro de Òsùmàrè, sempre foi um importante seleiro de renomados Ògáns. Grandes mestres surgiram aqui, tais como Posidônio, Paisinho, Januário, Manoel Alagbé e Erenilton, todos considerados e reconhecidos no chamado Candomblé da Linha 15 (berço de grandes Terreiros da Bahia), pela grande versatilidade frente aos atabaques e pelo grande domínio das antigas cantigas dos Òrìsàs.
A “nova geração” de Ògáns da Casa de Òsùmàrè, segue o ensinamento e postura desses grandes mestres, perpetuando assim, essa importante história.
Além disso, e principalmente, esses e outros importantes Ògáns, foram e são reconhecidos pela postura e papel dentro da Casa de Candomblé. Quando falamos em Ògán, muitos pensam em tocadores de atabaque, mas o papel do Ògán em uma casa de asè abrange muitos mais que a parte musical nos terreiros.
Os Ògáns são como uma espécie de guardiões do Terreiro. Além de contribuir com o zelo dos Òrìsàs, eles também zelam pelo Terreiro. Um grande Ògán, ao chegar à Casa de Candomblé, após se purificar por meio das folhas sagradas, se vestir adequadamente e, saudar o seu Sacerdote, busca realizar sua funções com esmero.
Mas afinal, quais são essas funções?
Conforme mencionado, além do cuidado com os atabaques (manutenção), também é papel do Ògán contribuir para que tudo caminhe bem no Terreiro. Um grande Ògán, busca defender a sua comunidade, o seu asè de forma contundente, fazendo de tudo para que o mesmo seja preservado.
Recordamos aqui, o saudoso Elemoso Agnelo, Ogan do Terreiro da Casa Branca, que de forma contumaz, lutou para reaver uma parte do terreno do seu Asè, que havia sido indevidamente tomado por um posto de gasolina.
Um grande Ògán, busca preservar as edificações do seu Terreiro, estando sempre atento para qualquer e eventual dano, como, por exemplo, a necessidade da troca de uma telha, ou um degrau danificado em uma escada.
Um grande Ògán, se dedica em diversos âmbitos do Candomblé, como aprender os toques, os cânticos, os animais, as folhas. Existem Ògáns que são exímios conhecedores de folhas e suas virtudes, que aprenderam desde como colher as sagradas ervas dos Òrìsàs até as suas propriedades medicinais e religiosas.
Cabe ao Ògán o cuidado especial e indispensável com os animais que serão ofertados aos Deuses, de modo que a oferta seja aceita de forma plena. Um grande Ògán, sabe como entregar um sacrifício (ebó), de modo que o mesmo seja conduzido conforme a necessidade específica de cada problema.
Todo esse conhecimento demora anos, cabendo ao Ògán estar sempre atento às palavras e conselhos do seu Sacerdote que conduz o seu aprendizado religioso. Amanhã, vamos falar sobre a postura de um Ògán no salão, durante as festividades religiosas.
Que Òsùmàrè Aráká continue sempre olhando e abençoando todos.
Terreiro de Òsùmàrè
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