sexta-feira, 6 de julho de 2012

DESENVOLVIMENTO MEDIUNICO - RISCOS E ABUSOS - PARTE 3

Naquele mesmo dia, buscou providenciar para uma nova colocação, mas, em cada tentativa, encontrava sempre um dos seus admiradores e conhecidos que obtemperava:

— Ora, Azarias, você precisa ter mais calma! Lembre-se de que a sua mediunidade é um patrimônio de nossa Doutrina... .

— Sossegue, homem de Deus!... Volte a casa e nós todos saberemos ajudá-lo neste transe.

Na mesma data ficou assentado que os amigos do médium se cotizariam, entre si, de modo que ele viesse a perceber uma contribuição mensal de seiscentos mil réis, ficando, desse modo, habilitado a viver tão somente para a Doutrina.

Azarias, sob a inspiração de seus mentores espirituais, vacilava ante a medida, mas à frente de sua imaginação estava os quadros do desemprego e das imperiosas necessidades da família.

Embora a sua relutância aceitou o alvitre.

Desde então, a sua casa foi o ponto de uma romaria interminável e sem precedentes. Dia e noite, seus consulentes estacionavam a porta. O médium buscava atender a todos como lhe era possível. As suas dificuldades, todavia, eram as mais prementes. 

Ao cabo de seis meses, todos os seus amigos haviam esquecidos o sistema das cotas mensais.

Desorientado e desvalido, Azarias recebeu os primeiros dez mil réis, que uma senhora lhe ofereceu após o receituário. No seu coração, houve um toque de alarme, mas o seu organismo estava enfraquecido. A esposa e os filhos estavam repletos de necessidades.

Era tarde para procurar, novamente, a fonte do trabalho. Sua residência era objeto de uma perseguição tenaz e implacável. E ele continuou recebendo.

Os mais sérios distúrbios íntimos lhe inquietavam o coração, mas o médium sentia-se obrigado a aceitar as injunções de quantos o procuravam levianamente.

Espíritos enganadores aproveitaram-se de suas vacilações e encheram-lhe o campo mediúnico de aberrações e descontroles.

Se as suas ações eram agora remuneradas e se delas dependia o pão dos seus, Azarias se sentia na obrigação de prometer coisa, quando os Espíritos não o fizessem. Procurado para a felicidade no dinheiro, ou êxito nos negócios ou nas atrações do amor do mundo, o médium prometia sempre as melhores realizações, em troca dos míseros mil réis da consulta.

Entregue a esse gênero de especulações, não mais pode receber o pensamento dos seus protetores espirituais mais dedicados.

Experimentando toda sorte de sofrimentos e de humilhações, se chegava a queixar-se, de leve, havia sempre um cliente que lhe observava:

— Que é isso, "seu" Azarias?... O senhor não é médium? Um médium não sofre essas coisas!...

Se alegava cansaço, outro objetava, de pronto, ansioso pela satisfação de seus caprichos:

— E a sua missão, "seu" Azarias?...

— Não se esqueça da caridade!...

E o médium, na sua profunda fadiga espiritual, concentrava-se, em vão, experimentando uma sensação de angustioso abandono, por parte dos seus mentores dos planos elevados.

Os mesmos amigos da véspera piscavam, então, os olhos, falando, em voz baixa, após as despedidas:

— Você já notou que o Azarias perdeu de todo a mediunidade?... — dizia um deles.

— Ora, isso era esperado — redargüia-se —, desde que ele abandonou o trabalho para viver à custa do Espiritismo, não podíamos aguardar outra coisa.

— Além disso – exclamava outro do grupo —, todos os vizinhos comentam a sua indiferença à família, mas, de minha parte, sempre vi no Azarias um grande obsidiado.

— O pobre do Azarias perverteu-se — falava ainda um companheiro mais exaltado – e um médium nessas condições é um fracasso para a própria Doutrina...

— É por essa razão que o Espiritismo é tão incompreendido! – Sentenciava ainda outro. — Devemos tudo isso aos maus médiuns, que envergonham os nossos princípios."

Cada um foi esquecendo o médium, com a sua definição e a sua falta de caridade. A própria família o abandonou à sua sorte, tão logo haviam cessado as remunerações.

Escarnecido em seus afetos mais caros, Azarias tornou-se um revoltado.

Essa circunstância foi a última porta para o livre ingresso das entidades perversas que se assenhorearam de sua vida.

O pobre náufrago da mediunidade perambulou na crônica dos noticiários, rodeado de observações ingratas e de escandalosos apontamentos, até que um leito de hospital lhe concedeu a bênção da morte...

O narrador estava visivelmente emocionado, rememorando as suas antigas lembranças.

— Então, quer dizer, meu amigo — observou um de nós —, que a perseguição da polícia ou a perseguição do padre não são os maiores inimigos da mediunidade..."

— De modo algum — replicou ele, convicto — O padre e a polícia podem até ser os portadores de grandes bens. 

E, fixando em nós outros o seu olhar percuciente e calmo, rematou a sua história, sentenciando gravemente:

— O maior inimigo dos médiuns está dentro de nossos próprios muros!..."

(Recebido pelo médium Francisco Cândido Xavier, em 29 de abril de 1939)

Bibliografia:

Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita. Programa V, Roteiro nº 26. FEB. 
Kardec, Allan. O Livro dos Médiuns. Cap. XVII, Da Formação dos Médiuns. Cap. XVIII, Dos Inconvenientes e Perigos da Mediunidade. 
Apostila do COEM (Centro de Orientação e Educação Mediúnica, Do Centro Espírita "Luz Eterna". Curitiba). 
Nº 04 – 10a, 11a, 12a Sessão Teórica. 
Xavier, Francisco Cândido. In: Novas Mensagens. História de um médium. Rio de Janeiro: FEB, 1978. p.39-48 

Publicada por Curso de Introdução ao Espiritismoem 15:15



AO MÉDIUM EM DESENVOLVIMENTO 

O neófito da mediunidade costuma exigir grandes sinais fenomênicos para vencer a inércia que obsta a comunicação ostensiva entre os dois planos existenciais. 

Esquece, no entanto, que, sendo a mediunidade uma faculdade orgânica a ele pertencente e a educação mediúnica uma tarefa decorrente da própria vontade, faz-se indispensável a sua ação inicial em esforço próprio para o externar da mente comunicante do além. 

Há os que se mostram indecisos, embora diante de indiscutível intercâmbio mental, a reclamar consubstanciação material do manifestante, olvidando a constituição semimaterial do invisível mundo. 

São muitos os que se destemperam na dúvida e na inquietação, quanto à atividade medianímica, à semelhança de exigentes Tomés, buscando a palpação dos Espíritos, tornando-se cada vez mais questionadores, mesmo diante dos mais dilatados sinais da realidade extrafísica. 

Ao médium educando, pede-se estudo e razão conjugados, mas também confiança e coragem, humildade e amor, caridade e desprendimento para a abertura consciente e indispensável ao desabrochar de suas faculdades psíquicas. 

Não é pelas grandes e espetaculares manifestações fenomênicas que se transmuda o médium em colaborador com o Mundo Invisível e logra fortalecer a fé no trato com os Espíritos! Mas a partir da doação perseverante e incondicional à Causa do Cristo, fazendo em sua mente eco aos pensamentos daqueles que lhe procuram o concurso fraternal. 
Hilário 

* Página psicografada pelo médium Francisco Cajazeiras, do livro “Conselhos de Saúde Espiritual”, EME Ed. 



AS comunicações Mediúnicas Introdução 

Nos momentos iniciais da Codificação Espírita, quando começa­ram a chegar até Allan Kardec as primeiras mensagens do além-túmulo, algo despertou a atenção do Codificador: verificou Allan Kardec a grande diversidade de caracteres, de tendências e de estilos que es­tavam pre­sentes nas comunicações mediúnicas. O Codificador, desde as horas ini­ciais, percebeu que muito cuidado deveria ser tomado por to­dos aqueles que passassem a se dedicar ao mister mediúnico, no sen­tido de tentarem identificar a natureza das diversas mensagens dos desencarnados. Kar­dec afirmava que, depois da obsessão, a identifi­cação da natureza dos Espíritos comunicantes era o maior escolho da prática espírita. Além disso, vários outros aspectos deveriam ser levados em consideração no intercâmbio com os Espíritos desencarnados. 

A Natureza das Comunicações 

a) Grosseiras: são aquelas comunicações que contêm expressões que ferem o decoro ou agridem os princípios da moral. Repugnam a toda pessoa que tenha um mínimo de sensibilidade. São, às vezes, obscenas, insolentes ou arrogantes; quase sempre malévolas, denotando a pre­sença de uma entidade de natureza inferior, Espíritos viciosos ou vingati­vos. São comunicações de fácil identificação; 

b) Frívolas: estas comunicações não são de Espíritos necessaria­mente maus, mas de Espíritos vadios, levianos, inconseqüen­tes. 

São comunicações que versam sobre assuntos insignificantes, va­zios, inúteis, vinculados às puerilidades do dia a dia. 

Algumas vezes, são entidades espirituosas, engraçadas, e que por terem uma conversação divertida, agradam às pessoas, tomando o tempo da reunião. O certo é que nada acrescentam de útil, pois partem de entida­des que nada têm a nos ensinar e nada querem aprender; 

c) Instrutivas: as comunicações instrutivas são aquelas que têm por finalidade veicular ensinamentos. São comunicações de almas eleva­das, dotadas de altos valores morais e intelectuais e versam so­bre te­mas científicos, filosóficos ou morais. Lembra Allan Kardec que, para uma mensagem ser considerada INSTRUTIVA, é imperioso que ela seja ver­dadeira, vincule pensamentos corretos e, de alguma forma, objetive o crescimento das pessoas ou da sociedade. 

d) Sérias: são as comunicações que tratam de assuntos graves e de maneira ponderada. Excluindo-se as comunicações grosseiras, as frí­volas e as instrutivas, todas as outras poderiam ser incluídas nesta categoria. 

É importante frisar que nem toda comunicação séria é necessaria­mente verdadeira, pois, muitas vezes, Espíritos mistificado­res se utili­zam de um estilo grave, sério e ponderado para veicularem mentiras e dis­córdias, gerando embaraço para as pessoas e as reu­niões. 

Lembra Kardec a necessidade de examinar-se com atenção a lingua­gem do Espírito comunicante, ou seja, as características de sua mensa­gem, o conteúdo de suas idéias. 

Objetivando facilitar esta tarefa, o Codificador vai apresen­tar no [LM-cap XXIV] algumas "regras" que, se bem examina­das, poderão contribuir na distinção que devemos sempre fazer entre uma comunicação de Espírito bom e de Espírito inferior. 


Da Identidade dos Espíritos 

a) A linguagem dos Espíritos superiores é sempre digna, elevada, nobre e sem qualquer mistura de trivialidade; 

b) Os Espíritos bons só ensinam o bem. Todo conselho que não for estritamente conforme a mais pura caridade evangélica não pode provir de Espíritos bons; 

c) Os Espíritos bons jamais se ofendem, somente os maus se me­lindram; 

d) Os Espíritos bons só dão conselhos racionais. Toda recomenda­ção que se afaste da linha reta do bom senso ou das Leis imu­táveis da Natureza acusa a presença de um Espírito estreito. Toda he­resia cientí­fica notória, todo princípio que choque o bom senso re­vela a fraude; 

e) Os Espíritos levianos são reconhecidos pela facilidade com que predizem o futuro. Todo anúncio de acontecimento para uma época certa é indício de mistificação; 

f) Os Espíritos superiores se exprimem de maneira simples, sem prolixidade, eles possuem a arte de dizer muito em poucas palavras; 

g) Os Espíritos bons jamais dão ordens: não querem impor-se, apenas aconselham e se não forem ouvidos se retiram. Os maus são auto­ritários, dão ordens, querem ser obedecidos e não se afastam facil­mente; 

h) Os Espíritos bons não fazem lisonjas. Os maus exageram nos elogios, excitam o orgulho e a vaidade e procuram exaltar a importân­cia pessoal daqueles que desejam conquistar; 

i) Desconfiai das comunicações que revelam um caráter místico e estranho ou que prescrevem cerimônias e práticas bizarras. Há sem­pre nesses casos legítimo motivo de suspeita; 

j) Os Espíritos nobres dizem tudo com simplicidade e modéstia; nunca se vangloriam, não fazem jamais exibição do seu saber nem de sua posição entre os demais. 

Perguntas aos Espíritos 

A comunicação entre o Espírito encarnado e o Espírito desencar­nado vem ocorrendo desde as mais remotas épocas. Na história de todos os povos encontramos provas irrefutáveis deste fato. 

Estando o Ser Humano, encarnado na Terra, na faixa evolutiva própria de nosso planeta, não é de se estranhar que logo visse na pos­sibilidade de comunicação com os "mortos" uma maneira de tirar algum proveito. A evocação era praticada por alguns povos da Antiguidade, sem o verdadeiro respeito, afeição ou piedade; era, antes, um re­curso para brincadeiras e adivinhações, exploradas pelo charlatanismo e pela superstição. Por este motivo, o legislador hebreu, Moisés, 1500 a.C., para educar o seu povo, utilizou-se de uma Lei Disciplinar e proi­biu a comunicação com os mortos. 

Muitas religiões do passado, tinham no culto e comunicação com os mortos, a base de sua Doutrina. Entretanto, somente os ditos inicia­dos po­deriam praticar o intercâmbio com os mortos, o povo em ge­ral era proibido de conhecer ou exercitar esta prática. Na Idade Mé­dia, como em outras épocas, os feiticeiros e bruxos eram queimados em praça públi­ca, como um exemplo para amedrontar o povo. 

Allan Kardec [LM-cap XXVI] estuda detalhada­mente a comunicação entre os "vivos e os mortos", e esta aná­lise rece­beu o nome de: "Perguntas que se podem fazer aos Espíritos". É impor­tante, para todos nós, analisarmos alguns aspectos, do sábio estudo do mestre lionês. 

Quando nos dirigimos a algum Espírito para perguntar-lhe algo, dois fatos importantes devem estar em nossa mente para que a comunica­ção seja eficiente. O primeiro deve ser a forma pela qual in­terrogamos. Esta forma deve obedecer uma clareza e uma precisão; quando vamos res­ponder a uma pergunta, respondemos melhor se tivermos entendido clara­mente a pergunta. Outro aspecto também importante na forma, é obedecer a uma ORDEM lógica, quando estudamos os livros da codificação, nos en­cantamos com a ordem das perguntas colocadas por Allan Kardec, facili­tando-nos a compreensão dos fatos. 

Além da forma, o fundamento da questão é o outro fato importan­te. A natureza da pergunta pode provocar uma resposta exata ou falsa. Devemos nos lembrar que existem perguntas que os Espíritos não podem responder, por três motivos principais: 

1 - não sabem a resposta; 

2 - não querem responder; e 

3 - não têm permissão para responder. 

Quando insistimos nestas perguntas, os Espíritos sérios se afastam e os Espíritos inferiores podem, às vezes, responder. 

Vamos analisar alguns pontos importantes, colocados por Allan Kardec: 

a) Os Espíritos sérios respondem de bom grado às perguntas que têm por obje­tivo o nosso progresso e o bem da Humanidade, os Espíritos infelizes res­pondem a tudo. 

b) Uma pergunta séria não nos dará a certeza de uma resposta também séria. 

c) Não é a pergunta que afasta o Espírito leviano, mas o ca­rá­ter moral daquele que pergunta. 

Vejamos agora alguns tipos de perguntas: 

Perguntas Sobre o Futuro: grande é a curiosidade do Homem em saber o seu futuro. Mesmo não vivendo de maneira adequada o seu presen­te e tendo motivos para arrepender-se muito de seu passado, o Homem quer co­nhecer o seu futuro. Este tipo de comportamento tem fa­cilitado, desde as épocas mais remotas e até os dias atuais, o char­latanismo. Muitas pes­soas aceitam de bom grado a "adivinhação do fu­turo", com o uso de arti­fícios variados, como jogo de cartas, de con­chas, bolas de cristal, etc. O Codificador do Espiritismo deixa claro vários aspectos relacionados à previsão do futuro: 

a) em princípio, o futuro é sempre oculto ao Homem; ex­cepcional­mente permite Deus seja ele revelado. 

b) o conhecimento do fu­turo pode ser extremamente prejudicial ao Homem. 

c) o futuro depende forçosamente de nosso presente, e nosso pre­sente não é fruto do acaso, mas sim da uti­lização de nosso livre arbí­trio. 

São características das predições falsas: feitas a toda hora e em qualquer local, feitas sempre que solicita­das, marcam o momento exato dos acontecimentos previstos, respondem a so­licitações pueris. 

Perguntas sobre Existências Passadas: a curiosidade do Espírito en­carnado em saber o que foi em existências anteriores, não é menor. Espera que tenha sido um sábio, um grande cientista, um rei. A ló­gica nos mostra que a natureza não dá saltos e, sendo assim, estu­dando o nosso comportamento atual, nossas tendências e sentimentos, com certa facilidade poderemos imaginar o que fomos no passado. As per­guntas sobre nossas vidas passadas dificilmente serão respondidas pela Espiritualidade Maior; quando isso ocorre, quase sempre se faz de modo espontâneo e com finalidade superior. 

Perguntas sobre a Sorte dos Espíritos: todo aquele que se dis­tancia, momentaneamente de um ente querido que desencarnou, fica ansio­so para receber deste um conselho, um consolo, uma notícia. É co­mum pessoas pro­curarem os Centros Espíritas em busca de infor­mações (o nosso Chico Xavier, se defronta com milhares de pessoas a procurá-lo em busca de boas notícias). Sobre isso, vejamos alguns as­pectos impor­tantes: muitas vezes o Espírito que desencarnou necessita de algum tempo para reequilibrar-se antes de comunicar; às vezes, a separação temporária é necessária e impor­tante para ambos. A insis­tência em con­seguir notíci­as poderá gerar sofri­mento para o Espírito desencarnado, como também gerar a oportunidade de falsas notícias, trazidas por Espíritos levia­nos. A orientação é ter paciência, orar muito, pois, se for possível e útil, a notícia virá espontaneamente e em ocasião opor­tuna. O tempo e o espaço são grandezas insig­nificantes quando compara­das ao poder do amor. 

Perguntas Sobre a Saúde: Qual o remédio a tomar? Qual exame a fazer? Operar ou não operar? São perguntas freqüentes à espiritualida­de. Algumas pessoas se esquecem que a doença do corpo é, muitas vezes, o remédio para a cura do Espírito e querem, de qualquer forma, a cura do corpo sem saber que podem estar desprezando a cura do Espírito. De­vemos lembrar sempre que a medicina da Terra não com­pete e não é ini­miga da medicina espiritual, elas se somam e se com­pletam. Se a medici­na da Terra cresceu em conhe­cimento e recursos, é porque isso é neces­sário a todos nós. Da mesma forma, como aqui na Terra, algumas pessoas têm a capacidade de prescre­ver, orientar e es­clarecer sobre este as­pecto, também no Mundo Espiri­tual existem Espíritos capazes de desen­volverem tal tarefa. No entanto, se interro­garmos sem critério, seremos vítimas de Espíritos levianos. As orien­tações virão obedecendo nosso merecimento, nossa real necessidade e pela misericórdia do Pai. 

Existem ainda neste capítulo do LM outros esclarecimentos, outros ti­pos de perguntas que merecem ser lidas e estudadas. 

Evocações 

Muitos médiuns interrogam quanto a prática das evo­cações nas reuniões mediúnicas. 

Diz-se evocar um Espírito quando, em uma reunião, nós o chama­mos para manifestar-se, não esperando que isso ocorra espontanea­mente. Na época da codificação, este fato se fazia necessário, pois Allan Kardec elaborou detalhadamente todo o estudo que se fazia ne­cessário para o conhecimento da Terceira Revelação, tudo isso com a permissão prévia da Espiritualidade Superior, e assim, naquela ocasião, as evo­cações eram fato comum. 

Nas reuniões mediúnicas de auxílio a desencarnados, mais co­muns nos dias atuais, evitamos as evocações, deixando a cargo da Es­piritualidade Superior, que dirige os trabalhos, o planejamento da mesma, pois torna-se difícil, ou, às vezes impossível, sabermos qual o Espírito que pode ou não se manifestar. Vários fatores podem impedir a manifestação de um Espírito, tais como: 

- falta de afinidade e/ou sintonia vibratória entre o Espírito desencarnado e o médium; 

- falta de permissão da espiritualidade superior para tal (época inoportuna, falta de motivo útil, falta de preparo do Espírito comuni­cante, etc.); 

- favorecimento das mistificações, etc. 

Esclarecimentos sobre o assunto, dados pelo Espírito Emmanuel, orientam: 

"- O Homem pode desejar isso ou aquilo, mas há uma Providência que dis­põe o assunto ... qualquer comunicado com o Invisível deve ser espontâ­neo ... quando e como julgar melhor os Mentores Espi­rituais... não so­mos dos que aconselham a evocação direta e pessoal, em caso algum... podereis objetar que Allan Kardec se interessou pela evocação direta, procedendo a realizações dessa na­tureza, mas precisamos ponderar, no seu esforço, a tarefa excepcional do Codifi­cador..." 

Como regra geral, as evocações devem ser evitadas nas reuniões mediúnicas. 
A Caridade no Intercâmbio com os Espíritos Desencarnados
Na época da Codificação do Espiritismo, a mediunidade desempe­nhou basicamente a finalidade de esclarecimento aos Homens sobre a ver­dade dos ensinamentos de Jesus. Aos poucos, toda a Doutrina Espí­rita foi reve­lada. Após este período, além de exercer a função de esclare­cimento, através de psicografia de livros doutrinários, a me­diunidade veio ter também a missão da prática da caridade. Nas reu­niões mediúni­cas, os Espíritos desencarnados em sofrimento, doentes, revoltados, se co­municam buscando consolo, esclarecimento e carinho. Se no início do Espiritismo prevale­cia o verbo receber, hoje preva­lece ou deveria prevalecer o verbo doar, sendo que receber vem como conse­qüência. 

A prática da caridade necessita disciplina, como afirma Emma­nuel. Assim, analisemos alguns aspectos necessários de serem obede­cidos nas reu­niões mediúnicas: 

1 - Afastar a curiosidade no intercâmbio com os Espíritos de­sencarnados. Estamos reunidos para auxiliar, curiosidade não trará qualquer bene­fício; 

2 - Manter respeito em todos os intercâmbios. Todos nós esta­mos situa­dos no local característico de nossa evolução; o que nos pa­rece absurdo hoje, era aceitável ontem e o que nos parece certo hoje, po­derá ser motivo de arrependimento no futuro. Os Espíritos, muitas ve­zes, nos vêem como juízes; devemos fazê-los ver que somos, na ver­dade, irmãos e que também carregamos muitos erros e defeitos; 

3 - Ter paciência, pois necessitamos de tempo para mudar situa­ções alicerçadas por passado longínquo; 

4 - Estudar sempre. O conhecimento doutrinário nos permite usar a pa­lavra certa no momento adequado. Dedicação constante no es­tudo au­mentará muito a nossa possibilidade de auxílio; 

5 - Valorizar o trabalho em grupo. Seremos mais fortes, mais eficien­tes, quando somarmos nossas forças. A reunião mediúnica é um grupo de trabalhadores em constante sintonia; 6 - Lembrar que mais importante no intercâmbio com as pessoas, sejam elas encarnadas ou desencarnadas, é o trabalho com AMOR. A pala­vra con­sola, o conhecimento esclarece, mas é o amor que realmente con­quista o Espírito necessitado, estimulando-o à reforma. Algumas vezes, diante do Espírito em grande sofrimento, as palavras e argumen­tos não serão sufi­cientes. Nestes casos, só a vibração do amor verda­deiro pode­rá operar verdadeiros prodígios de consolo e de trans­formação espiri­tual, fazendo brilhar a luz do amor de Jesus no mais es­curo dos cora­ções.

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