sexta-feira, 6 de julho de 2012

MEDIUNIDADE DE CURA POR RAMATIS - PARTE 5

Aspectos do receituário mediúnico alopata 

PERGUNTA: - Os espíritos desencarnados não acham inconveniente os médiuns espíritas receitarem alopatia, visto esse receituário exigir conhecimentos específicos que eles não possuem? Semelhante caso não constitui sério risco para os doentes? Que lhe parece? 

RAMATÍS: - O receituário mediúnico exige o máximo critério e prudência ara merecer o amparo da doutrina espírita. No caso a que aludis, tudo depende do médium e do espírito que lhe indica o receituário. E quando o médium é apenas intuitivo e ocioso ao estudo, então o caso assume um aspecto mais grave, pois pode acontecer que ele seja um indivíduo sem qualidades morais que o credenciem a fazer jus a uma boa assistência espiritual. 

Além disso, há médiuns receitistas incompetentes, ignorantes, indisciplinados ou exclusivamente anímicos, que prescrevem aos doentes tudo quanto lhes germina fantasiosamente no cérebro e consideram receita intuída pelos desencarnados. 

Em geral, eles receitam a esmo, em momentos impróprios, mesmo depois da discussão antifraterna ou em seguida a anedotário indecente. Deste modo, cercam-se de fluidos oleosos e sujos, produzidos pelos assuntos torpes e de natureza moral inferior, que geram ou criam uma "cortina etérica" obscura, impedindo o contado perispiritual dos bons espíritos que desejam ajudá-los. 

Outros médiuns, inexperientes e ainda inseguros, exaurem-se, à noite, de trabalho, no centro espírita, para atender a um serviço indisciplinado de caridade quase obrigatória, ignorando que o excesso de consultas mediúnicas também tumultua o serviço e o controle dos espíritos desencarnados, e assim não podem atender satisfatoriamente a todos os pedidos no curto prazo de uma sessão espírita. 

Comumente, os encarnados evocam os espíritos para consultá-los sobre toda sorte de sintomas triviais, seja um inofensivo resfriado ou breve incômodo nervoso, fazendo que os médiuns fiquem sempre sobrecarregados de serviço. 

Ignoram que o médium é máquina viva em desgaste mais acentuado do que o homem comum porque, além de precisar atender às obrigações cotidianas do mundo profano, ainda deve exercer a tarefa excepcional de servir aos crentes na medicina espírita. 

Assim, quando ele se entrega a uma faina mediúnica exagerada, até altas horas da noite, sem ter o necessário repouso físico e descansar a mente esgotada, não demora em tumultuar suas idéias, alterando-se também a vibração dos filamentos "etereoastrais", que mantêm o equilíbrio de intercâmbio perispiritual com os seus protetores desencarnados. É óbvio que, em breve, ele sentir-se-á impossibilitado de cumprir satisfatoriamente a sua função mediúnica. 

Afora os médiuns experimentados, sonambúlicos ou absolutamente mecânicos, 1 os demais, se quiserem manter um ritmo equilibrado e sem o tradicional "fading" mental e nervoso proveniente do trabalho cerebral exaustivo, devem limitar as consultas atendendo, de preferência às que exigem solução mais urgente. 

1 - Nota do Médium: É o caso de Chico Xavier, que atende a centenas de receitas e consultas até a madrugada, e cuja mediunidade mecânica, no entanto, permite aos espíritos maior segurança, facultando-lhes atuarem-no diretamente à altura dos braços e fazendo destes verdadeiras canetas vivas. 

Por isso os espíritos desencarnados, de responsabilidade, evitam receitar a alopatia através de médiuns intuitivos exaustos, ignorantes ou muito anímicos, para não ser truncada a prescrição do medicamento certo, por outra droga substituída animicamente, mas contra-indicada e capaz de alterações fisiológicas passíveis de controle médico.

 Não há dúvida, pois, que o receituário alopático acarreta grande responsabilidade aos médiuns receitistas, uma vez que se trata de medicação química, em cuja composição, geralmente, entram ingredientes de substâncias tóxicas, de que somente os médicos sabem qual a dosagem para a aplicação. 

O médium intuitivo, quando em más condições psíquicas ou morais, não consegue a necessária sintonia com o seu protetor desencarnado; e, então, há risco de ele interpor na prescrição mediúnica medicamentos estranhos, agressivos ou impróprios aos enfermos. 

Os médiuns mais sugestionáveis e anímicos deixam-se também impressionar facilmente pelos cartazes de propaganda médica expostos nas ruas, nos bondes, nos cinemas ou ônibus; ou então pelos "mementos" e bulas das amostras farmacêuticas. 

Esses dizeres fixam-se-lhes no subconsciente e podem emergir durante o transe medi único, contrapondo-se à verdadeira medicação formulada pelos espíritos receitistas. Os próprios médicos mais cautelosos não se aventuram a prescrever afoitamente os medicamentos recém-fabricados. Antes, eles apreciam-lhes os efeitos ainda desconhecidos, embora os seus fabricantes desenvolvam eficiente propaganda louvando as suas qualidades excepcionais. 

A indústria farmacêutica vive empenhada em intensa competição comercial, e nem todos os seus proprietários operam com o devido escrúpulo. Essa aflitiva concorrência obriga os laboratórios farmacêuticos a lançarem, consecutivamente, produtos novos sob a metralha de vigorosa propaganda, enaltecendo-lhes todos os efeitos etiológicos ao alcance do leigo. 

Cresce então o interesse humano sobre as virtudes dos produtos mais anunciados, enquanto também aumenta o número de curandeiros, conselheiros e médiuns anímicos, que passam a receitar"de ouvido" e sem conhecimento de causa. 

No entanto, os facultativos prudentes esperam identificar as reações medicamentosas no próprio organismo humano, pois sabem que as experiências "in vitro", isto é, apenas em laboratórios, malgrado as afirmações otimistas dos fabricantes, podem causar surtos de alergia de origem química ou estados mórbidos imprevistos. 

Pelo fato de não existirem doenças, mas doentes, é óbvio que a droga capaz de produzir êxito em determinada criatura pode ser inócua, agressiva ou alérgica a outro enfermo de temperamento oposto. O homem não é um conjunto de compartimentos estanques e sob o controle mecânico, mas, sim um ser cujo corpo e a comportam-se de modo diferente de um indivíduo para outro indivíduo. 

Em alguns casos os espíritos receitistas desejariam apenas transmitir alguns conselhos e orientações espirituais aos seus consulentes, advertindo-os sobre as suas perturbações emotivas ou psíquicas. No entanto, os seus médiuns intuitivos, convictos de que a medicação material é mais importante do que a recuperação espiritual, deixam-se dominar pela auto-sugestão e prescrevem qualquer droga que lhes vem à mente, confundindo o seu animismo com as intuições do Além. 

PERGUNTA: - Considerando-se que aumenta o número de médiuns e, portanto, daqueles que receitam injeções, antibióticos e outras drogas da medicina alopata, assim como certos espíritas são favoráveis ao receituário alopático e outros o acham inconveniente, gostaríamos de ouvir a vossa opinião a esse respeito. Que dizeis? 

RAMATÍS: - Conforme já esclarecemos, às vezes bastam algumas gotas de homeopatia, um singelo chá de erva caseira ou mesmo um copo de água fluidificada para se produzirem curas miraculosas. Mas isso só acontece quando, existem razões sérias para o enfermo prosseguir nas suas atividades do mundo material ou quando o Alto tenha-lhe prorrogado a vida física por efeito de alguma intercessão espiritual credenciada. Aliás, na questão de curas, os médiuns não gozam de qualquer prioridade terapêutica, pois os médicos também são otimamente assistidos do "lado de cá" e, quando intuídos no momento propício, podem prescrever medicação salvadora ou recomendar a solução mais acertada, embora ignorem que transmitem indicações de mentores desencarnados. 

Não pretendemos censurar todos os médiuns que receitam medicação alopática, pois muitos deles são assistidos por espíritos de elevada hierarquia espiritual, mas é conveniente compreender-se que, se for da vontade de Deus, qualquer moribundo poderá livrar-se da morte sem precisar de medicamentos. Mas é aconselhável e sensato eliminar-se da prática mediúnica tudo aquilo que possa carrear ridículos ou censuras à responsabilidade do Espiritismo. Os seus adversários gratuitos sempre truncam-lhe a função precípua de moralizar a consciência e libertar o espírito das paixões animais, para confundi-la com a imprudência e contradições dos médiuns ignorantes, interesseiros e amigos do desleixo espiritual. 

Os postulados do Espiritismo nada tem a ver com os médiuns levianos ou incipientes que, além de não estudarem a doutrina, pretendem curar o próximo muito antes de lograrem o seu próprio equilíbrio físico e a sua saúde psíquica. Alguns, mal refeitos da obsessão que deles judiava por longo tempo e os obrigou a apressado desenvolvimento mediúnico, põem-se a receitar as últimas novidades farmacêuticas alopáticas, à guisa de prescrição do Além. 

Assim, a sua pressa de "fazer caridade" e salvar a Humanidade antes da reforma espiritual íntima, pode induzir muitos médiuns principiantes a receitarem medicação alopática perigosa, convictos de serem instrumentos dos médicos desencarnados. Alguns chegam a repelir o conselho sensato e a advertência amiga dos seus confrades mais experimentados, que procuram orientá-los na prática da mediunidade ainda incipiente. 

Deste modo, assume grave responsabilidade o médium intuitivo que se ampara sob o Espiritismo e se põe a receitar a esmo medicamentos perigosos, como cortisona, antibióticos, sulfas, codeína, estricnina, butazona, salicilatos, adrenalina, bismuto, morfina, drogas à base de iodo, de mercúrio, de arsênico, barbitúricos ou hipnóticos, que podem produzir conseqüências depressivas prejudiciais ou viciações incontroláveis. A ciência médica, em sua incessante pesquisa sobre o corpo humano, termina descobrindo novas conseqüências mórbidas provenientes do excesso medicamentoso tóxico, e que tomam proibitivo o uso dessas drogas. 

E como os médiuns não possuem conhecimentos suficientes ou prática médica para acompanhar pessoalmente as possíveis alterações que possam ocorrer em seus pacientes devido às drogas alopáticas receitadas, eles terminam supondo que essas anomalias são outras tantas doenças diferentes das que diagnosticaram, anteriormente. 

PERGUNTA: - Em face de vossas considerações, concluímos que seria mais sensato que os médiuns espíritas receitassem somente ervas, homeopatias, mezinhas caseiras ou água fluidificada, pois, embora sejam menos eficientes, evitam as intoxicações ou graves conseqüências imprevistas, evitando também quaisquer censuras à doutrina espírita. Não é assim? 

RAMATÍS: - Não há dúvida de que o receituário alopático oferece perigos que o tomam desaconselhável através de médiuns intuitivos, caso eles não possuam o mínimo conhecimento farmacêutico que os faça prever as reações tóxicas medicamentosas no corpo humano. Salvo quando se trata de médium receitista completamente sonâmbulo ou então mecânico, que não interfere nem interpõe animicamente medicação contra-indicada ou prejudicial na prescrição dos espíritos desencarnados, é prudente evitar-se, tanto quanto possível, receitar a alopatia sob responsabilidade do Espiritismo. 

Embora a homeopatia também seja medicação de responsabilidade médica e passível de crítica quando prescrita pelos médiuns, ainda é a terapêutica mais indicada para o receituário mediúnico, pois é medicina de ação mais "energética" e "medicamentosa", que atua mais propriamente através do sistema "etereoastral" do perispírito e assim pode ser controlada com certo êxito pelos espíritos desencarnados. Mesmo quando se verifica algum equívoco perigoso por parte do médium receitista homeopata, os efeitos indesejáveis ou contra-indicados na prescrição medi única, ainda podem ser atenuados pelo processo de "eterização" por parte dos espíritos terapeutas, pois eles dissolvem no meio ambiente o éter medicamentos o indesejável. 

Em virtude de a homeopatia ser medicação dinamizada pelo magnetismo vital das substâncias minerais, vegetais ou animais, os espíritos terapeutas ainda podem concentrar-lhe nova cota de energia do mundo oculto e assim aumentar-lhe o efeito curativo sem os perigos da medicação alopática, maciça, ou das injeções dolorosas e violentas, que, comumente, provocam reações tóxicas indesejáveis. 

Mas, nem por isso, o médium intuitivo que receita homeopatia fica desobrigado do estudo dessa medicina, pois deverá ser o primeiro a reconhecer os seus próprios equívocos quando prescreve animicamente, julgando ser receita do Além. Quanto mais amplo e mais rico forem o conhecimento e o arquivo terapeuta do médium, tanto mais ele oferece melhores ensejos para o sucesso do receituário mediúnico e a exatidão dos medicamentos prescritos aos enfermos, pelos espíritos. 

PERGUNTA: - Então quais os requisitos mais necessários para o médium intuitivo lograr êxito ou fidelidade na sua prescrição homeopática? 

RAMATÍS: - O médium intuitivo receitista que prescreve homeopatia aos seus pacientes deveria saber, pelo menos, quais são os medicamentos antídotos, os complementares ou incompatíveis, assim classificados cientificamente pela farmacologia homeopática. Cumpre-lhe ainda familiarizar-se com as dietas apropriadas para o tratamento das doses infinitesimais, assim como os tipos mais indicados para os casos agudos ou crônicos. Embora se trate de conhecimentos elementares que poderiam ser dispensados aos médiuns, uma vez que os desencarnados é que devem receitar o medicamento adequado, o certo é que a homeopatia exerce ação pronunciada no perispírito, motivo por que as misturas desaconselhadas entre si neutralizam-lhe a qualidade terapêutica. 

Justamente por ignorarem os preceitos mais comuns da medicina homeopática, certos médiuns incipientes julgam que a simples providência de receitar meia dúzia de medicamentos homeopáticos, para mistura no mesmo frasco, é bastante para que um deles produza o esperado milagre. Ignoram, pois, que as leis sutilíssimas que regem a ação homeopática no corpo humano também desaconselham a mistura de certas doses que são antídotos, incompatíveis ou neutras entre si. 

É certo que o público, muito habituado com a 5ª dinamização generalizada pela receita mediúnica, acredita que a homeopatia não produz quaisquer modificações ou reações no corpo humano. No entanto, as altas doses da receita médica, pela sua ação atômica e de profundidade na contextura do perispírito, costumam desprender as toxinas ali aderidas e que depois convergem para o organismo físico exigindo então o socorro da baixa dinamização para se efetuar o drenamento pelas vias emunctórias. 2 

2 - Nota do Médium: Vide capítulo "As dinamizações homeopáticas", da obra "Fisiologia da Alma", (Editora do Conhecimento), de Ramatís. 

Na verdade, quando a prescrição homeopática sintoniza-se providencialmente com o tipo psicofísico constitucional do enfermo, é bastante uma só medicação para se produzirem efeitos miraculosos. E o que já tem acontecido muitas vezes no seio do Espiritismo, malgrado tratar-se da 5ª dinamização, quando os espíritos conseguem receitar com exatidão e eletividade as doses homeopáticas para os consulentes mais graves. 

Mas desde que os médiuns receitem homeopatia sem lhe dar a devida importância científica, quer prescrevendo medicamentos antagônicos ou para serem misturados em infusões de ervas, leite, café ou drogas medicamentosas, será melhor que só receitem água fluidificada ou circunscrevam-se à prática dos passes mediúnicos, que isso lhes redundará em maior sucesso. 

PERGUNTA: - Dizem alguns entendidos que a homeopatia da 5ª dinamização não produz nenhum efeito definitivo, porque é dosagem incapaz de modificar a causa enferma. Que dizeis? 

RAMATÍS: - Alhures já dissemos que as enfermidades não cedem pelos remédios substanciosos ou medicações maciças, mas o corpo físico é quem realmente efetua a cura pela incorporação das energias vitais que ele mobiliza na desintegração atômica do próprio medicamento ingerido. Em conseqüência, a homeopatia é a terapêutica mais avançada para a cura do homem, justamente porque é "mais energia e menos medicamento", ou seja: dispensa metade do serviço que o organismo teria de efetuar na seleção preliminar de repelir a substância para assimilar a essência energética. Considerando-se o corpo humano como um poderoso transformador que aproveita a energia da "Usina Cósmica" e a converte em força disciplinada a seu dispor, compreende-se que ele extraia da dose homeopática a "carga energética" pura e de imediato aproveitamento para a sua recuperação vital. 

Deste modo, em certos casos produzem-se efeitos surpreendentes com a administração da 5ª dinamização por parte dos espíritos, embora na ética médica as doses de 200, 500 ou 1.000 sejam consideradas mais potentes em sua ação energética mais pura. Naturalmente, os melhores resultados terapêuticos dependem fundamentalmente da maior capacidade do organismo etereofísico quanto a aproveitar o maior "quantum" possível da energia que lhe é oferecida pela dosagem infinitesimal. Em conseqüência, embora seja dinamização mais baixa, a 5ª dosagem pode também lograr sucessos comparáveis aos que se obtêm com as doses de profundidade e alta potência. 

Aliás, o que realmente distingue entre si as baixas, as médias ou as altas dinamizações da medicina homeopática é o modo de elas atuarem no organismo, pois, enquanto as baixas funcionam à guisa de drenadores ou "varreduras" dos resíduos tóxicos perniciosos, as altas operam na feição de bombas desintegradoras. É uma ação de profundidade no eterismo perispiritual, motivo pelo qual, às vezes, reflete-se na personalidade do homem, pois desintegrando-lhe o morbo psíquico que o afeta de modo anormal, restitui, pois, o tom costumeiro do seu temperamento psíquico original. Mas, quando existem as condições eletivas no organismo para a terapia homeopática, o que então produz a cura desejada não é tanto a dinamização alta ou baixa mas, acima de tudo, a prescrição mais acertada. 

E como os espíritos desencarnados auscultam diretamente no perispírito dos enfermos o morbo que os afeta, o qual depois em gradual descenso termina por manifestar-se à periferia do corpo físico, eles podem obter curas verdadeiramente miraculosas, como sói acontecer na seara espírita. 

PERGUNTA: - Poderíeis esclarecer-nos melhor quanto a essa ação da alta dose homeopática bombardeando a contextura do perispírito e, por vezes, até modificando o estado tempera mental do enfermo? 

RAMATÍS: - A homeopatia é medicação energética capaz de atuar nos interstícios atômicos e etereoastrais do perispírito, e por esse motivo pode tranqüilizar os temperamentos excitados eterizando os resíduos mórbidos que oprimem o psiquismo dos enfermos. Ao mesmo tempo em que ela revitaliza todos os centros energéticos do corpo físico e do "duplo etérico", acionando os "chakras" e despertando o "tônus-vital" dos plexos nervosos, a sua ação é profundamente penetrante e expurgativa das toxinas que formam o residual da mente quando se descontrola. E as altas doses, como já dissemos, atuam no recôndito do ser, desalojando as impurezas que se acumulam como substância ou combustível gastos pelo espírito e aderidos à sua delicada tessitura perispiritual. 

Em breve comparação e para exemplo de nossos dizeres, lembramos o fato de que o homem sisudo, atencioso, educado e pacífico, às vezes torna-se um enfermo, um psicótico ou esquizofrênico, um embrutecido ou idiota, quando submetido à ação do álcool, das drogas excitantes, hipnóticas ou tóxicas, tais como a maconha, cocaína, morfina, o ópio, a beladona, a fava-de-santo-inácio ou gás hilariante. Embora não se trate de enfermidade, na acepção da palavra, o certo é que o psiquismo do homem se modifica e o seu temperamento revela matizes incomuns ao seu estado normal. Há transformações que o animalizam ou quase o alucinam, enquanto recalques completamente desconhecidos de seus familiares afloram à superfície da sua consciência. 

Embora sob a ação momentânea das drogas ou tóxicos, o bêbado ou o viciado demonstram condições enfermiças e passíveis da terminologia patológica da medicina acadêmica, porque são opostas aos seus costumes, critério, sentimentos e bom-senso. Indubitavelmente, depois de extintos os efeitos dos tóxicos ou alcoólicos, a vítima retoma as suas atitudes normais devido ao desaparecimento da ação mórbida na sua mente. 

Algo semelhante se processa no paciente que ingere uma alta dose homeopática absolutamente eletiva ao seu tipo psicofísico ou temperamental, pois assim que se dissipa a cortina mórbida que o mesmo acumula e nutre pela sua invigilância espiritual no contacto com o mundo animal, ele sente-se mais desafogado, mais controlado e sadio no seu temperamento. Assim como limpando-se a poeira que embacia o vidro da lanterna, a sua luz projeta-se mais longe e mais nítida, também, após a intervenção terapêutica da alta dose homeopática, o espírito do homem adquire mais clareza na sua contextura psicofísica. O descenso compulsório das toxinas que lhe oprimiam a circulação perispiritual reduz o excitamento instintivo e próprio do mundo animal. 

Essa é uma das ações benfeitoras da homeopatia em certos doentes que, ao receberem-lhe a carga energética potencializada, sentem modificar-se até a sua contextura mental e emotiva, despertando-lhes um estado de euforia incomum. Eis por que a homeopatia é também medicina eletiva e afim à terapêutica dos espíritos, uma vez que eles conseguem imprimir no perispírito dos seus pacientes certas reações emotivas e de teor benéfico, que os tornam mais acessíveis à assimilação da espiritualidade.

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