terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

COMIDAS DOS ORIXÁS - PARTE 3

RECEITA DE ABARÁ COMIDA DE OBÁ E YANSÃ


500 g de feijão fradinho
200 g de camarão seco
2 cebolas picadas
1 pedaço de gengibre
½ xícara de azeite de dendê
Folha de bananeira para embrulhar

Modo de preparo

A massa é preparada da mesma forma do acarajé, temperada com azeite de dendê, cebola e gengibre, que devem ser moídos junto com o feijão.
Estando pronta a massa, retire com uma colher uma quantidade pequena, coloca-se um pedaço de camarão seco e embrulhe dentro da folha de bananeira. Cozinha-se em banho Maria.



RECEITA DE ABERÉM COMIDA PARA NANÃ BUROQUE
    

Ingredientes para Aberém:
2 xícaras (chá) de canjica
quanto baste de sal
quanto baste de açúcar União
quanto baste de folha de bananeira

RECEITA DE DOBURU COMIDA DE OBALUAYE OU OMOLU


Doburu
Material Necessário:Milho Alho (para pipoca)
Areia da praia
Coco seco cortado em tiras para decorar
Maneira de Fazer:
Numa panela quente com areia da praia, estourar o milho e está pronto o doburu.

RECEITA DE OMOLOCUM


Ingredientes
1 kg de feijão fradinho inteiro
300 g de camarão seco moído
300 g de camarão inteiro
Azeite de dendê
8 ovos cozidos
2 cebolas grandes raladas

Modo de preparo:

Cozinhe o feijão fradinho sem deixar desmanchá-lo.

Depois de cozido, pegue uma panela de barro, coloque azeite de dendê, refogue as cebolas, camarão seco moído. Coloca-se em uma tigela de louça e enfeita-se com os ovos cozidos e descascados.

RECEITA DO IPETÉ COMIDA DE OXUM E LOGUM EDE


IPETÉ
INGREDIENTES:
Inhames;
camarões secos;
cebolas;
Azeite de dendê.
MODO DE PREPERAR:
Cozinhar os inhames com casca para depois descascá-los com as mãos. Ralar as cebolas, socar os camarões secos. Depois de cozido, o inhame deve ser pilado e misturado aos temperos (cebola ralada, camarões secos socados, azeite de dendê), cozinhar mais um pouco até dar o ponto (semelhante ao da massa do acaçá, quando fica soltando da panela).


segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

VAMOS CONSERTAR O MUNDO?



Um professor passava o final de semana em sua casa, concluindo sua tese sobre como consertar o mundo. Seu filho, brincando à sua volta, toda hora solicitava sua atenção fazendo perguntas e tirando-lhe a concentração.

O professor, com o intuito de distrair a criança, pegou um cartaz do mapa-mundi, recortou em vários pedaços, transformando-o num quebra-cabeça. Pediu então que o menino montasse novamente, esperando que isso o ocupasse por um bom tempo, o suficiente para concluir o seu trabalho.
O menino pegou os pedaços de papel e alguns minutos depois chamou o pai para ver o quebra-cabeça montado. O professor, admirado com a rapidez do filho, pensou que no mínimo o mapa estaria montado errado, mas qual não foi sua surpresa quando constatou que este estava completo e perfeito. Intrigado com o fato, perguntou ao garoto como ele havia conseguido realizar tarefa tão difícil em tão pouco tempo. O menino explicou:
- Pai, você me pediu para consertar o mundo, não foi? Como estava difícil entender aquelas gravuras, resolvi virar as peças do outro lado e percebi que atrás delas havia partes do corpo de um homem.
Achei mais fácil consertar o homem do que o mundo. Quando a gravura do homem estava completa, virei o quebra-cabeça do lado contrario e percebi que o mundo havia sido consertado também. Foi fácil.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

COMIDAS DOS ORIXÁS - PARTE 2

COMIDA DE OXAGUIAN

Bolas de inhame
O inhame deve ser bem cozido em água sem sal, depois pilado em pilão, ou com a ponta de um garfo, em seguida sovado para obter uma massa pastosa e modela os bolos de forma arredondada com as mãos. Esta comida ritual é muito apreciada pelos orixás oxaguian, oxalufan, oxalá, yemanja e entra em vários rituais como bori, assentamento de cabeça, axexê, apanan, feitura de santo, sasanha etc.

FEIJOADA PARA OGUM
  • Feijoada:
  • 400 g de carne seca
  • 400 g de costela de porco defumada
  • 1 pé de porco salgado
  • 2 rabinhos de porco salgado
  • 200 g de orelha de porco salgada
  • 300 g de lombo de porco salgado
  • 2 paios
  • 250 g de lingüiça de porco grossa
  • 200 g de língua de boi defumada
  • 100 g de bacon
  • 1 kg e 1/2 de feijão preto de boa qualidade
  • 6 folhas de louro
  • 400 g de cebola bem picadinha
  • 200 g de alho picado
  • 1 xícara de óleo


AXOXO COMIDA DE OXÓSSI E LOGUN - EDÉ

Cozinha-se milho vermelho somente em água, depois deixa-se esfriar, coloca-se numa Gamela e enfeita-se por cima com fatias de coco.

BALAIO DE FRUTAS PRA OXOSSI, TIRANDO AS FRUTAS CITRICAS

BANANA DA TERRA FRITA NO DENDÊ, COMIDA DE EWÁ

ACARAJÉ de Yansã

  • 500 g de feijão fradinho cru
  • 500 g de cebola
  • Sal a gosto
  • 1 cebola pequena com casca
  • 500 ml de óleo
  • 500 ml de azeite de dendê
  • 2 xícaras de chá de vatapá
  • 150 g de camarão seco
AMALÁ DE XANGÔ

500gr. de quiabo

- 01 rabada cortada em doze pedaços
- 01 cebola
- 01 vidro de azeite de dendê

Modo de preparo:

Cozinhe a rabada com cebola e dendê. Em uma panela separada faça um refogado de cebola dendê, separe 12 quiabos e corte o restante em rodelas bem tirinhas, junte a rabada cozida. Forra-se a gamela com a massa de acaça.

Obs: Devido as qualidades de xangô deve-se saber que amalá possui varias formas de ser feito. Ex: Xangô Ayrá nao leva dendê e sim azeite de oliva. Algumas qualidades já preferem o quiabo em lascas, outras em cubos, e ainda uma que come o quiabo nas tres formas juntas: lascas, cubos e rodelas. por isso quando resolver fazer um amalá para xangô consulte seu babalorixá ou Yalorixá.
 MANJAR BRANCO PARA YEMANJÁ

Material necessário
Um litro de leite de vaca
Leite grosso de um coco
Seis colheres de sopa de maisena
Uma xícara de açúcar
Modo de Preparo
Dissolva a maisena e o açúcar no leite de vaca. Leve ao fogo, mexendo sempre no mesmo sentido, até formar um mingau liso.
EBOYÁ

Material necessário
Canjica Branca
Cebola ralada
Camarão Fresco
Camarão Seco (opcional)
Azeite Doce
Modo de Preparo
Cozinhe a canjica e retire do fogo em ponto de total cozimento, pois para essa receita a canjica deverá estar ao dente, porém inteira, sem se desmanchar. Após isso, refogue o azeite doce com a cebola ralada, sem que a cebola não escureça, pois o Ebôya é um prato de  aparência clara, devido a própria canjica. Após a cebola estar semi-dourada, despeje os camarões limpos e deixe-os corar até atingir um tom de cor avermelhado.
Junte a canjica cozida a esse refogado de cebola e camarão; misture bem e o prato estará pronto para servir.Ao invés de utilizar o sal, utilizado somente em casas de keto, adicione camarão-seco em pequena porção.
Para a decoração deste prato, em uma frigideira coloque um pouco de azeite doce e acrescente camarões freco e seco; tire antes que eles fritem. Despeje o Ebôya em uma travessa de louça branca e decore com os camarões banhados no azeite.



terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

COMIDAS DOS ORIXÁS

Motumbá meus amigos leitores!!!

Hoje dia 21/02/2012 venho postar para vocês  algumas comidas dos orixás.

COMIDAS PARA ORIXÁ BARA



Material Necessário:Farinha, Azeite-de-Dendê, Mel de Abelha, Milho Branco, Figado, Coração e Bofe de Boi, Cebola, Camarão Seco Socado, Um Oberó
Maneira de Preparar:
Mi-Ami-Mi : É a farofa amarela ( farinha misturada com Azeite-de-Dendê ).
Padê Branco : É a farofa de Mel ( farinha de mandioca misturada com mel de Abelha ).
Acaçá Branco: O acaçá feito de milho branco de canjica, moído e enrolado na folha da bananeira depois de cozido.
Eram: Figado, coração e bofe de boi, cortados em pedaços muídos, misturados com Azeite-de-Dendê, camarão seco socado e cebolas cortadas em rodelas, num oberó.

COMIDA PARA OXALÁ

O Acaçá é uma comida ritual do candomblé e da cozinha da Bahia. Feito com milho branco ou vermelho, que fica de molho em água de um dia para o outro, e deve ser depois passado em um moinho para formar a massa que será cozida em uma panela com água, sem parar de mexer, até ficar no ponto. Este se adivinha quando a massa não dissolve, se pingada em um copo com água. Ainda quente, pequenas porções da massa devem ser embrulhadas em folha de bananeira já limpa, passada no fogo e cortada em pedaços de igual tamanho, para ficar tudo harmonioso.
Colocar a folha na palma da mão esquerda e colocar a massa. Com o polegar dobrar a primeira ponta da folha sobre a massa, dobrar a outra ponta cruzando por cima e virando para baixo, fazendo o mesmo do outro lado. O formato que resulta é o de uma pirâmide retangular.
Todos os orixás recebem o acaçá como oferenda.

As definições mais elementares do acaçá (àkàsà)  é de uma pasta de milho branco ralado ou moído, envolvido, ainda quente, em folhas de bananeiras. A definição é correta, mas extremante superficial, pois o acaçá é de longe a comida mais importante do candomblé. Seu preparo é forma de utilização nos rituais e oferenda. Envolvem preceitos e regulamentos bem rígidos, que nunca podem deixar de ser observados.
Todos os orixás, de Exu a Oxalá, recebem acaçá. Todas as cerimônias, do ebó mais simples as sacrifícios de animais, levam acaçá. Em rituais de iniciação, de passagens fúnebres e tudo o mais que ocorra em uma casa de candomblé só acontece com a presença do acaçá. A vida e a morte no candomblé se processam à partir desta oferenda fundamental, sem a qual nenhum homem seria poupado dos dissabores e percalços do destino. Quando recorremos á história dos orixás, percebemos o grande mal que a humanidade todas as vezes que se afasta do poder divino, representada, nesse caso, pelo poderoso Orun, a morada de todas as divindades, e pelo supremo, senhor do Destino dos Homens. Olodumaré, também conhecido como Olorum (Zambi).
Só existe uma oferenda capaz de restituir o axé e desenvolver a paz e a prosperidade na Terra, ela é justamente o acaçá. Mas o que faz de uma comida aparentemente tão simples a maior das oferendas aos orixás?

Será que todos sabem o que realmente é um acaçá?
Façamos então uma classificação dos elementos que compõem o acaçá para chegarmos à derradeira conclusão. Primeiramente, é preciso esclarecer que a pasta branca à base de farinha de milho (que fica alguns dias de molho e depois passada pelo pilão ou moinho) chama-se na verdade eco (èko). Depois de coxear, uma porção da pasta ainda quente, é envolvida em um pedaço de folha de bananeira para enrijecer (na África é utilizada outra folha, chamada èpàpo), tornando-se, agora sim, um acaçá. (Hoje em dia nós temos a facilidade de encontrar o milho vermelho moído que é o fubá vermelho e o milho branco que é o fubá branco, mais existem sacerdotes que ainda utilizam o ritual de antigamente).
Percebe-se a fundamental importância da folha de bananeira, uma vez que o eco só passa a ser acaçá quando envolvido em uma folha verde que lhe atribui existência individualizada, pois passa a ser uma porção desprendida da massa, assim como e emi, que dá vida aos seres, é, na verdade, uma parte da atmosfera, ou do próprio Olorum, que todos ser leva dentro de si, o sopro da vida, o ar que respiramos.
Portanto, o acaçá é um corpo, o símbolo de um ser. A única oferenda que restituí a redistribui o axé.
É importante insistir que o que faz do acaçá um corpo único, eminente representação de um ser, é a folha, seu poderoso invólucro verde, que lhe confere individualidade e força vital diante do poderoso orun, os orixás e do grande Deus Oludumaré.
Somente a água é tão importante quanto o acaçá, pois não existem substitutos para nenhum dos dois, que são, a exemplo do obi, elementos indispensáveis em qualquer ritual. Ambos configuram-se como símbolo da vida, e é justamente para afastar a morte do caminho das pessoas, para que o sacrifício não seja o homem, que são oferecidos.
O acaçá remete ao maior significado que a vida pode ter: a própria vida. E por ser o grande elemento apaziguador, que arranca a morte, a doença, a pobreza e outras mazelas do seio da vida, tornou-se a comida e predileção de todos os orixás.
Fato é que quem não faz um bom acaçá não é um bom conhecedor do candomblé, pois as regras e diretrizes da religião nunca foram ditadas pela intuição. “Constituem grandes fundamentos cristalizados” ao longo de anos e anos de tradição. Aos incautos vale afirmar que candomblé não é intuição, mas fundamento sim, e fundamentos se aprende.
Fundamento é o segredo compartilhado, o detalhe que faz a diferença e a prova de que ninguém pode enganar o orixá.
O acaçá deve permanecer fechado, imaculado até o momento de ser entregue ao orixá. Só então é retirado da folha. É como se o sagrado tivesse de ficar oculto até a hora da oferenda, prova de que o segredo é quase sempre um elemento consagrado. E o segredo do acaçá é enrolar na folha de bananeira, é o que mantém um terreiro de candomblé de pé. Não existe acaçá que não seja enrolado na folha de bananeira..
Entretanto, a imprudência vigora em muitos terreiros e não raras vezes se ouve falar de novas iguarias apresentadas como acaçá. Os mais comuns são os acaçá de pia e de forma. No primeiro caso a massa de ecó, mais grossa, é colocada às colheradas sobre o mármore das pias, onde os bolinhos esfriam antes de serem utilizados nos ritos. Na segunda receita a massa é espalhada em uma forma e posteriormente cortada em quadradinhos. Este é um procedimento incorreto e condenável, e as pessoas que agem assim então fadadas ao insucesso e não podem ser consideradas pessoas de axé.
Não há candomblé sem acaçá, nem acaçá sem folha. A religião dos orixás não admite modificações na essência na essência, e esta comida é essencial, portanto, inviolável. Primeiro vem o acaçá antes dele só a vida. Logo, a folha de bananeira guarda uma vida. Deixar a massa do acaçá exposto é o mesmo que deixar a vida vulnerável. Eis o grande fundamento.

Texto: Gongofila - Tata de Nkice Ananguê de N'gola Djanga ria Matamba

Ebô, palavra oriunda do iorubá, consiste num alimento religioso e votivo para os orixás funfun (branco) Oxalá, dentro das religiões afro-brasileiras. É o milho branco cozido sem tempero e sem sal.

EBÔ  DE  OXALÁ
Ingredientes:

500g. de canjica branca
1 cacho de uva itália (uva branca)
Azeite de oliva
Modo de preparo:

Cozinhe a canjica, coloque numa tigela branca, tempere com oliva mel e um pouco de açúcar, enfeite com o cacho de uva. 

Mungunzá, mugunzá, ou mucunzá como é chamado pelo povo do santo é o nome da comida ritual votiva, pertinente aos orixásoxalá, oxaguian, oxalufan e o ikise lembarenganga, tanto no candomblé como na umbanda. (De mucunzá, do quimb. mu’kunza, ‘milho cozido’) "Dicionário Aurélio".
Alimento ritual feita de grãos de milho (geralmente branco), cozidos em água sem sal e com açúcar, algumas vezes com leite de coco e de gado, com pequena quantidade de "água de flor de laranjeira", servido aos adeptos com bastante caldo e aos orixás bem compactada em forma de ebô.

 MUNGUZÁ
Ingredientes
1 xícara e meia (chá) de milho branco (200g)
1 lata de leite condensado
1 medida (da lata) de leite
4 cravos-da-índia
1 casca de canela
1 vidro de leite de coco (200ml)
canela em pó para polvilhar

Modo de preparo
De véspera, deixe o milho de molho em água fria. No dia, leve o milho ao fogo em panela de pressão com dois litros de água fria e deixe cozinhar por cerca de1 hora.
 


domingo, 19 de fevereiro de 2012

CONHECENDO MAIS SOBRE O ORIXÁ BARA

Bara-Exu é o senhor dos caminhos, caminhos que levam e trazem e fazem as pessoas se encontrarem ou distanciarem-se. É quem faz com que os ritos sejam cumpridos. Principal responsável pela ligação do mundo espiritual ao mundo material, (Orun-Aiyé). Entre dois caminhos lá está ele guardando, indicando. Não se faz nada pelo candomblé ou nação antes de agradar Bara, pois é o único orixá que faz o elo de ligação entre nós e os demais orixás. Tanto na passagem, como na comunicação, por isso é considerado o mensageiro. exu é um orixá tão importante quanto todos os outros orixás. Por ser mais ligado com o mundo terrestre, possui certos costumes e temperamentos parecidos com os dos seres humanos. exu é erradamente sincretizado pelo diabo cristão. Por ser um orixá que cuida dos caminhos onde percorrem homens, orixás, espíritos, etc. e sendo o elo de ligação entre esses mundos, exu possui múltiplo contraditório, sendo bom e mau, astuto, grosseiro, indecente, protetor, alegre, brincalhão, violento, etc., ou seja, é o orixá mais humanizado do panteão, pois em seus arquétipos incluem-se as impurezas causadas ou existentes nos homens. Devido a esses aspectos foi sincretizado pelos primeiros missionários com o Diabo Cristão. Todo orixá possui o seu Bara, que é representado por um quartinhão onde são colocados 21 cauris (búzios), que é chamado de Kolobô.

"O Mensageiro dos Orixás"

"A palavra EXU em iorubá significa "ESFERA", aquilo que é infinito, que não tem começo nem fim. Exu, serve como intermediário entre os Orixás e nós, homens. É a força da criação,  é  o princípio   de tudo, o   nascimento, o  equilíbrio  negativo   do Universo, o que não quer dizer coisa ruim. Exu é a célula da criação da vida, aquele que gera o infinito, infinitas vezes. É o primeiro passo em tudo. Está presente,  mais que em tudo e todos, na concepção global da existência. É a  capacidade dinâmica de tudo que tem vida.   Principalmente  dos  seres  humanos, que    carregam em seu plexo  este  elemento dinâmico denominado Exu.    No candomblé é chamado Bára, ou seja, "no corpo", preso a ele. É  a abertura  de todos  os  caminhos  e a saída de todos os problemas.  Aquele   que  ludibria,  engana, confunde; mas, também ajuda, dá caminhos, soluciona.Seu símbolo não é o tridente associado ao diabo, mas sete ferros voltados para cima representando os sete caminhos do homem, os sete chacras (pontos de captação, distribuição e   armazenamento de energia), as sete cores, as sete auras É o mais humano dos orixás, sendo uma divindade de fácil relacionamento. Sua função de contato entre o homem e os demais orixás  faz   com  que  supere o  real, e atinja  o mágico. São os orixás que respondem no jogo de búzios, mas é Exu que traduz a resposta.É o fiel mensageiro daqueles que o enviam e que lhe fazem oferendas. Esù tem as qualidades de seus defeitos, é dinâmico e jovial. Foi ele também quem revelou a arte da adivinhação aos humanos. Seu lugar de origem é impreciso. 

É a Esù que devem ser feitas as primeiras louvações e oferendas. A isso se chama, no Brasil, "despachar" Esù, com um duplo objetivo, o de despacha-lo como mensageiro para chamar e convidar os Òrìsà para a cerimônia e também de despacha-lo, envia-lo para longe, afin de que ele não venha a perturbar a boa ordem da festa por meio de gracejos de mal gosto. Os fios de conta das pessoas protegidas por ele são vermelhos e pretos e a segunda-feira é o dia que lhe é consagrado. Dizem na Bahia que existem vinte e um Esù; outros falam de sete, ou de vinte vinte e uma vez vinte e um, mas ele é ao mesmo tempo múltiplo e uno. Eis os nomes de Esù, segundo um informante: Elegbara, Alaketu, Lalu, Jelu, Run Danto." Pierre Verger ( Notas Sobre o Culto aos Orixás e Voduns )



  QUALIDADES DE BARA
Exú Elegbára senhor do poder;





Exú Yangi 
pedra vermelha de laterita, primeira protoforma existente - água + terra;

Exú Àgbá 
pai-ancestre (representação coletiva de todos os exús individuais);
Exú Obá rei-de-todos;
 Exú Alakétu
título dado a exú pelos kétu da Bahia - rei do povo Kétu;
 Exú Elebo
senhor-das-oferendas;

 Exú Ojìse-ebo 
 encarregado-e-transportador de oferendas;

 Exú Elérú
senhor do erú (carrego);
 Exú Olòbe  proprietário e senhor da faca;
Exú Enú-gbárijo 
explicitador de mensagens;
Exú Bara
 o rei do corpo (obá + ara) (princípio de vida individual);
Exú Odara 
 aquele que guia (mostra o caminho, vai na frente); 



Exú é o 1º nascido da existência e, como tal, o símbolo do elemento procriado. Mensageiro dos orixás , elemento de ligação entre as divindades e os homens, a um tempo mais próximo do mundo terreno e mais perto do elevadíssimo espaço celeste por onde transita Òrúnmìlà, é um orixá, é sempre a primeira divindade a receber as oferendas, justamente para que atue como um aliado e não como um rival que perturbe os procedimentos místicos desenvolvidos durante os rituais. Princípio dinâmico e princípio da existência individualizada, Exú não pode ser isolado ou classificado em nenhuma das categorias. Ele é como o axé (que ele representa e transporta), participa forçosamente de tudo. Segundo Ifá cada um tem seu próprio exú e seu próprio Olorún em seu corpo. O nome de exú é conhecido, invocado e cultuado junto ao orixá. E é Ifá quem revela e permite-nos sabê-lo.

LENDAS DE EXÚ

1-EXÚ E OGÃ

Exú sempre foi o mais alegre e comunicativo de todos os orixás. Olorun, quando o criou, deu-lhe, entre outras funções, a de comunicador e elemento de ligação entre tudo o que existe. Por isso, nas festas que se realizavam no orun (céu), ele tocava tambores e cantava, para trazer alegria e animação a todos.Sempre foi assim, até que um dia os orixás acharam que o som dos tambores e dos cânticos estavam muito altos, e que não ficava bem tanta agitação.Então, eles pediram a Exú, que parasse com aquela atividade barulhenta, para que a paz voltasse a reinar.Assim foi feito, e Exú nunca mais tocou seus tambores, respeitando a vontade de todos.Um belo dia, numa dessas festas, os orixás começaram a sentir falta da alegria que a música trazia. As cerimônias ficavam muito mais bonitas ao som dos tambores.Novamente, eles se reuniram e resolveram pedir a Exú que voltasse a animar as festas, pois elas estavam muito sem vida.Exú negou-se a fazê-lo, pois havia ficado muito ofendido quando sua animação fora censurada, mas prometeu que daria essa função para a primeira pessoa que encontrasse.Logo apareceu um homem, de nome Ogan. Exú confiou-lhe a missão de tocar tambores e entoar cânticos para animar todas as festividades dos orixás. E, daquele dia em diante, os homens que exercessem esse cargo seriam respeitados como verdadeiros pais e denominados Ogans.Laroyê ! 



2-A BRIGA DE DOIS AMIGOS


Certa vez, dois amigos de infância, que jamais discutiam, 
esqueceram-se, numa segunda-feira, de fazer-lhe as oferendas devidas. 
Foram para o campo trabalhar, cada um na sua roça. 
As terras eram vizinhas, separadas apenas por um estreito canteiro. 
Exu, zangado pela negligência dos dois amigos, 
decidiu preparar-lhe um golpe à sua maneira. 
Ele colocou sobre a cabeça um boné pontudo 
que era branco do lado direito e vermelho do lado esquerdo. 
Depois, seguiu o canteiro, chegando à altura dos dois trabalhadores amigos e, 
muito educadamente, cumprimentou-os: 
Bom trabalho, meus amigos! 
Estes, gentilmente, responderam-lhe: 
bom passeio, nobre estrangeiro! 
Assim que Exu afastou-se, o homem que trabalhava no campo à direita, 
falou para o seu companheiro: 
Quem pode ser este personagem de boné branco? 
Seu chapéu era vermelho, respondeu o homem de campo à esquerda. 
Não, ele era branco, de um branco de alabastro, o mais belo branco que existe! 
Ele era vermelho, um vermelho escarlate, de fulgor insustentável! 
Ele era branco, trata-me de mentiroso? 
Ele era vermelho, ou pensas que sou cego? 
Cada um dos amigos tinha razão e estava furioso da desconfiança de outro. 
Irritados, eles agarraram-se e começaram a bater-se 
até matarem-se a golpe de enxada. 
Exu estava vingado! 
Isto não teria acontecido se as oferendas a Exu 
não tivessem sido negligenciadas. 
Pois Exu pode ser o mais benevolente dos orixás 
se é tratado com consideração e generosidade. 
Há uma maneira hábil de obter um favor de Exu. 
É preparar-lhe um golpe mais astuto que aquele que ele mesmo prepara. 


3-ALUMAN E A SECA


Conta-se que Aluman estava desesperado com uma grande seca. 

Seus campos estavam áridos, a chuva não caía. 
As rãs choravam de tanta sede e os rios 
estavam cobertos de folhas mortas , caídas das árvores. 
Nenhum orixá invocado escutou suas queixas e gemidos. 
Aluman decidiu, então, oferecer a Exu grandes pedaços de carne de bode. 
Exu comeu com apetite desta excelente oferenda. 
Só que Aluman havia temperado a carne com molho muito apimentado. Exu teve sede. Uma sede tão grande que toda a água de todas as jarras que ele tinha em casa, 
e que tinham, em suas casas, os vizinhos, não foi suficiente para matar sua sede! Exu foi à torneira da chuva e abri-a sem pena. A chuva caiu. Ela caiu de dia, ela caiu de noite. Ela caiu no dia seguinte e no dia depois, sem parar. Os campos de Aluman tornaram-se verdes. Todos os vizinhos de Aluman cantaram sua gloria.
Aluman, reconhecido, ofereceu a Exu carne de bode com o tempero no ponto certo da pimenta. 
Havia chovido bastante. Mais seria desastroso! Pois, em todas as coisas, o demais é inimigo do bom.

ARQUÉTIPOS

Os filhos de Bara possuem um caráter imprevisível. Ora são bravos, intrigantes e ficam muito contrariados, ora são pessoas inteligentes e compreensivas com os problemas dos outros. Não aceitam derrotas, são melindrosos, de temperamento difícil. Se você tiver desentendimento com algum filho de exu, aguarde que haverá retorno. Seus filhos precisam estar sempre em atividade para poderem liberar toda energia que possuem. Possuem muita tendência à espiritualidade; são fiéis fervorosos que esbanjam fé...