quarta-feira, 7 de novembro de 2012

NÃO DEIXE QUE UM PEQUENO PROBLEMA SE TRANSFORME EM UMA GRANDE CATÁSTROFE



Não deixe que um pequeno problema se transforme em uma grande catástrofe!!!

A Religião dos Òrìsàs nos ensina a entender como devemos nos portar diante das grandes dificuldades da vida, mas ela, de forma muito sábia, nos ensina igualmente a refletir sobre os pequenos problemas que, caso não sejam resolvidos desde o início, poderão se transformar em problemas insolúveis. Essa é uma das razões para 
do Terreiro de Òsùmàrè estar paulatinamente participando os diversos ensinamentos que o Candomblé nos oferece.

Hoje, vamos expor uma antiga história Nàgó, que discorre sobre como o pequeno pássaro Adagba, conseguiu vencer o grande Elefante Ajanakú.

Adagba era um pássaro que sempre desejou ser admirado e reconhecido por todos e um dia tramou uma estratégia para conseguir realizar o seu objetivo. Certa vez, quando todos os animais estavam reunidos, Adagba disse em alto e bom tom que ele, mesmo pequeno como era, conseguiria vencer o grande Ajanakú (Elefante) em uma batalha. O Elefante, por sua vez, gargalhou, pois jamais um pequeno pássaro conseguiria lhe vencer. Adagba disse que Ajanakú estava com medo e que estava fugindo da disputa. Ajanakú então disse que, já que Adagba era tão destemido ele o grande elefante iria lutar com ele. Essa história chegou ao rei, Dada Bayanni Ajakú, que disse que queria assistir essa luta, marcando a mesma para o dia seguinte.

Adagba pegou três pequenas cabaças e colocou em cada uma, um elemento. Na primeira colocou uma pasta de Osun (imitando o sangue), em outra colocou uma pasta com Efun (imitando pedaços da massa encefálica) e na última, uma pasta com Aro (preta como a gangrena). Ele pendurou cada uma das pequenas cabaças debaixo de suas asas e foi diante do palácio de Dada Bayanni. Quando lá chegou, Ajanakú já estava lhe esperando, rindo que seria muito triste ter que acabar com um pequeno pássaro. Dada Bayanni ordenou que a batalha fosse iniciada.

Adagba logo pousou sobre a cabeça do Elefante. Ajanakú tentava pegar Adagba com a sua tromba, mas ele era muito ágil e com muita destreza conseguia escapar dos golpes do grande Ajanakú. 

Passado algum tempo assim, Adagba pegou a pasta de Osun e sorrateiramente derrubou na cabeça de Ajanakú. A media que o Elefante tentava golpear Adagba, ele espalhava a pasta na sua cabeça e tromba, fazendo com que todos começaram a gritar:

Ajanakú está sangrando!!! 
“Ajanakú está sangrando!!! 
“Ajanakú está sangrando!!! 

O Elefante ficou muito irritado e começo a tentar golpear Adagba ainda mais forte, no entanto, sem sucesso, sendo que o pequeno pássaro era muito ágil. Adagba começou a gritar que já havia tirando sangue de Ajanakú e que também iria tirar restos do seu cérebro.

Feito isso, ele derramou a pasta de Efun e todos gritaram: 

O cérebro de Ajanakú está saindo de sua cabeça!!!
O cérebro de Ajanakú está saindo de sua cabeça!!!
O cérebro de Ajanakú está saindo de sua cabeça!!!

Ajanakú ficou furioso dizendo que isso era impossível, pois ele não estava sentindo nada e cada vez mais irritado portava-se como um louco, tentando golpear Adagba sem sucesso. Por fim, o pequeno pássaro derramou a pasta de Aro, exclamando: “Pronto, esse Elefante está derrotado, vejam todos os fluídos saindo da cabeça do Elefante”. Com Dada Bayanni Ajakú não gostava de batalhas sangrentas, ordenou o fim da disputa, conclamando Adagba como o grande vencedor.

Furioso, Ajanakú começou a bater sua cabeça nas árvores até que não aguentasse mais e, por fim, morrendo...

Esse história Nàgó nos mostra que devemos tomar sempre muito cuidado, pois aquilo que parece um pequeno problema, pode se tornar insolúvel.

Que nosso Pai, Òsùmàrè Aràká continue olhando e abençoando todos!!!

Terreiro de Òsùmàrè.

Como o Mar Tornou-se o Soberano Diante de Todos os Fluxos de Água?




Como o Mar Tornou-se o Soberano Diante de Todos os Fluxos de Água?

Uma antiga história Nàgó conta que Olokun Isemiade consultou Ifá para saber como ser o soberano entre todos os fluxos de água. Ifá disse à Olokun:

“nós devemos nos recusar a sermos amedrontados pelo sofrimento; nós devemos nos recusar a sermos amedrontados por insultos; nós devemos enfrentar todas as dificuldades e insultos. Ifá 
disse que, após o sofrimento e que após os insultos, as bênçãos chegariam. Ifá disse que esse é o caminho para ele tornar-se soberano entre todos os fluxos de água”. Ifá disse ainda que Olokun deveria realizar um determinado tipo de oferenda para ser o soberano. Olokun fez todas as oferendas que Ifá o orientou e assim, conseguiu aplacar os Deuses.

Uma grande chuva caiu e os restos de milhares de cabaças foram parar no mar, no entanto, Olokun os aceitou e não recuou. Olokun se lembrou que Ifá lhe disse que ele não deveria se amedrontar. O mesmo ocorreu com o rio, mas o rio recuou para não receber o resto das cabaças e, nesse momento, Olokun tomou uma parte que lhe pertencia. O mesmo aconteceu com a lagoa, que recuou para não receber os restos das cabaças e Olokun tomou uma parte que lhe pertencia.

Dessa forma, Olokun invadiu o rio e a lagoa, tornando-se soberano entre todos os fluxos de água!

Que Òsùmàrè Aràká continue olhando e abençoando todos.
Casa de Òsùmàrè

O TERÇO DOS ORIXÁS



O Terço dos Òrìsàs.

Na busca da disseminação do conhecimento não classificado como “Awo” (o mistério que só pode ser revelado aos iniciados), explicamos hoje, a razão de confeccionarmos aquilo que muitos chamam de o “Terço dos Òrìsàs”. Esse “terço” elaborado a partir de Ikó e de determinadas partes dos Eranko ofertados aos Deuses, surgiu por conta da prova de amor de Ejiogbe pelo seu Pai Orunmilá
.

Uma antiga história Nàgó conta que Orunmilá estava em dúvidas de qual filho ele escolheria para ser o primeiro a lhe representar no seu oráculo sagrado. Orunmilá chamou todos os seus filhos e disse: “Vocês irão me representar em uma festa que haverá no palácio do Oni (Rei de Ifé). Cada um de vocês terá que provar que durante a festa estavam se lembrando de mim, mostrando que são meus filhos e que me amam verdadeiramente”.

Todos os irmãos caminharam durante 7 dias rumo à Ifé, para a grande festa. Ejiogbe era o mais desprezado dos irmãos e logo no inicio foi deixado de lado. Todos os demais irmãos caminharam rapidamente para chegar brevemente a Ifé.

No dia da grande festa, os irmãos de Ejiogbe já estavam lá, comendo e bebendo de um tudo, do bom e do melhor, sem sequer lembrar do seu Pai. Ejiogbe chegou ao final da festa, muito cansado e com fome por conta da viagem longa que fez.

Quando seus irmãos viram que ele estava lá, trataram de lhe dar às costas, ignorando-o. Ejiogbe se apresentou ao Oni, dizendo que era o filho de Orunmilá e que estava ali para lhe representar. O Oni disse que era um prazer receber o filho do Testemunha do Destino. Faminto, Ejiogbe foi à mesa para comer algo, no entanto, por ser o final da festa, só encontrou ossos, patas, asas e cabeça.

Ejiogbe comeu um pouco e pegou o restante, colocando em um saco de pano que trazia consigo. No caminho de volta à casa de Orunmilá, todos os irmãos começaram a maltratar Ejiogbe, dizendo que ele era vergonha de Orunmilá e que ainda por cima, estava carregando um saco com restos de comidas. Ao longo dois dias, o cheiro provindo do saco ficava mais forte e, novamente, os irmãos de Ejiogbe largou ele sozinho.

Quando os irmãos de Ejiogbe chegaram à Casa de Orunmilá eles foram logo dizendo que a festa estava muito boa. Ejioko disse que havia mostrado a todos suas habilidades, Ogundameji também, Osá, Okanran e todos seguidamente falaram suas histórias, todas enaltecendo a si mesmo.

Orunmilá então disse como vocês me provam que se lembraram de mim? Todos se entreolharam e ficaram mudos. Nesse tempo, chegou Ejiogbe que foi logo indagado por Orunmilá. E você Ejiogbe, o que fez na festa?

Ejiogbe ajoelhou-se diante de Orunmilá e lhe disse: Meu Pai, o grande senhor do destino, aquele que senta ao lado de Olodunmare, a sua bênção. A primeira pessoa com quem eu falei foi com o Oni, dizendo que estava lá pra representar o grande Orunmilá. Quando fui comer, a comida já havia acabado, mas mesmo assim, lhe trouxe esses ossos, para provar ao senhor que, mesmo quando estava com fome, jamais deixei de pensar no senhor. Quando Ejiogbe abriu o saco, estavam alguns ossos selecionados por Ejiogbe, cuidadosamente amarrados com o Iko (a palha da costa).

Orunmilá pegou aquela espécie de terço e pendurou em uma árvore na frente de sua Casa e disse: Todos que passarem por aqui, saberão que Ejiogbe foi o único que se lembrou do seu Pai, mesmo quando estava com fome. A partir de hoje, quando as pessoas desejarem saber aquilo que eu tenho para falar, louvaram primeiramente Ejiogbe e, a partir de hoje, sempre que haver uma oferenda dos Eranko que Ejiogbe me trouxe os ossos, os iniciados na religião dos Òrìsàs deverão pegar esses mesmos ossos e confeccioná-los da mesma forma que Ejiogbe o fez, lembrando dessa passagem...

Nós do Terreiro de Òsùmàrè, uma vez mais, esperamos ter contribuído para o esclarecimento de mais um ritual da linda religião dos Òrìsàs.

Que Òsùmàrè Aràká continue sempre olhando e abençoando todos.

Terreiro de Òsùmàrè

O RESPEITO AO ORÁCULO E AO SACERDOTE



O Respeito ao Oráculo e ao Sacerdote.

O Oráculo da Religião dos Òrìsàs é algo muito sagrado e deve ser tratado dessa forma. Igualmente sagradas, são as recomendações que o Sacerdote por meio do oráculo fornece ao consulente. Muitas pessoas, ansiosas, esperam uma breve confirmação de tudo que fora dito por meio do oráculo sagrado e caso isso não ocorra num prazo muito curto de tempo, se dão por en
ganadas. A antiga história Nago abaixo, mostra-nos justamente o contrário, que as recomendações do oráculo não ocorrem, por exemplo, no mesmo dia, pois quando isso ocorreu, o próprio Deus da Adivinhação, foi caluniado.

“Òrìsà acordou cedo numa manhã e procurou Orunmilá, pedindo para que ele consultasse o oráculo, pois ele havia perdido seus três escravos (a cabra, o sapo e o camaleão). Òrìsà disse que já havia procurado por toda a parte, mas não havia encontrado. Orunmilá consultou o oráculo e disse à Òrìsà que trouxesse água quente, cascas de inhame e um ekodide. Òrìsà levou tudo à Orunmilá. Orunmilá pegou a água quente e jogou no ralo, imediatamente o sapo saiu pulando. Orunmilá pegou o Ekodide e a colocou na árvore de Akoko, imediatamente o camaleão ficou vermelho. Orunmilá pegou as cascas de inhame e jogou atrás da casa, pouco tempo depois a cabra apareceu para comer as cascas. Òrìsà ficou surpreso com tamanha rapidez como tudo fora resolvido e disse: Orunmilá, você os encontrou muito rápido, você que roubou os meus escravos”.

Orunmilá provou à Òrìsà que não havia roubado os escravos, no entanto, a partir desse momento, o Sacerdote deve orientar ao consulente que o mesmo deve ter paciência para aquilo que surgiu nos búzios, ocorra.

Que Òsùmàrè Aráká continue olhando e abençoando todos!

Ilé Òsùmàrè