sexta-feira, 3 de agosto de 2012

NANA BURUQUE



MÃE NANÃ BURUQUÊ A Orixá Nanã buruquê, muito vibrante na linhas dos Pretos Velhos, seu local é a lama e as águas paradas, é regida sobre a experiência madura dos idosos, seu campo de atuação é a razão na plenitude emocional das pessoas. Como se fosse a mistura da terra e a água formando o equilíbrio da razão como nas aguas paradas, transpões nos refúgios das águas correntes onde o descanso da mente e a experiência da vida, prepara o jovem para a vida,(Orixá da preparação da encarnação). 

Sua formação esta em dois elementos, que são: terra e água, (elementos primordiais da vida a se iniciar). 
Atua no campos emocional das pessoas, quando humildemente recebem suas irradiações, Orixá de retirada de vícios, manias, problemas psicológicos, pânicos,amarguras e todo problema de ordem emocional.

Os Orixás Nanã e Obaluaiyê tem a sexta linha de Umbanda, que é a linha da Evolução. Obaluaê atua na passagem do plano espiritual para o material (encarnação), enquanto Nanã Buruquê atua na decantação emocional e no adormecimento do espírito que irá encarnar.

Saibam que o Orixá Omulu é regido por magnetismo "somente terra", enquanto Nanã e Obaluaiyê são regidos por magnetismos compostos "terra-água". Obaluaiyê absorve essência telúrica e irradia energia elemental telúrica, mas também absorve energia elemental aquática, fraciona-a em essência aquática e a mistura à sua irradiação elemental telúrica, que se torna "úmida".

Já Nanã, atua de forma inversa: seu magnetismo absorve essência aquática e a irradia como energia elemental aquática; absorve o elemento terra e, após fracioná-lo em essência, irradia-o junto com sua energia aquática. Estes dois orixás são únicos, pois atuam em pólos opostos de uma mesma linha de forças e, com processos inversos, regem a evolução dos seres. 

Enquanto Nanã decanta e adormece o espírito que irá reencarnar, Obaluaiyê o envolve em uma irradiação especial, que reduz o corpo energético, já adormecido, até o tamanho do feto já formado dentro do útero materno onde está sendo gerado .

Este mistério divino que reduz o espírito ao tamanho do corpo carnal, ao qual já está ligado desde que ocorreu a fecundação do óvulo, é regido por nosso amado pai Obaluaiyê, que é o "Senhor das Passagens" de um plano para outro.

Já nossa amada mãe Nanã, envolve o espírito que irá reencarnar em uma irradiação única, que dilui todos os acúmulos energéticos, assim como adormece sua memória, preparando-o para uma nova vida na carne, onde não se lembrará de nada do que já vivenciou. 

É por isso que Nanã é associada à senilidade, à velhice, que é quando a pessoa começa a se esquecer de muitas coisas que vivenciou na sua vida carnal. Portanto, um dos campos de atuação de Nanã é a "memória" dos seres. 

E, se Oxóssi aguça o raciocínio, ela adormece os conhecimentos do espírito para que eles não interfiram com o destino traçado para toda uma encarnação.

Em outra linha da vida, ela é encontrada na menopausa. No inicio desta linha está Oxum estimulando a sexualidade feminina; no meio está Yemanjá, estimulando a maternidade; e no fim está Nanã, paralisando tanto a sexualidade quanto a geração de filhos.

Nas "linhas da vida", encontramos os orixás atuando através dos sentidos e das energias. E cada um rege uma etapa da vida dos seres. Logo, quem quiser ser categórico sobre um orixá, tome cuidado com o que afirmar, porque onde um de seus aspectos se mostra, outros estão ocultos. E o que está visível nem sempre é o principal aspecto em uma linha da vida. Saibam que Nanã em seus aspectos positivos forma pares com todos os outros treze orixás, mas sem nunca perder suas qualidades "água-terra".

NAÇÃO JEJE

O Jeje na África

A história do desenvolvimento do império crescente do Dahomey é indispensável para compreendermos os Voduns, precisamente a quebra e a migração do Ewe/Fon. Alguns estudiosos da cultura africana achavam que todos os Voduns cultuados em Dahomey eram deuses originários dos yorubanos. Um equívoco! Trata-se simplesmente de uma troca de atributos culturais de cada região. Em todas as regiões, os deuses africanos são louvados, sejam ancestrais ou vindos de outras regiões, mas preferencialmente cada região cultua seus próprios deuses, os ancestrais. Os deuses estrangeiros podem ser aceitos inteiramente nos santuários dos Voduns locais, embora permaneçam sempre como estrangeiros. O mesmo tratamento é dado em terras yorubanas aos Voduns originários de outras regiões. Dahomey, cuja capital era Abomey, foi o principal reino da história do atual Benin. Seu poderio militar formado por bravos guerreiros e amazonas era temido por todos os reinos vizinhos que foram sendo conquistados. O exército do rei era dividido em duas partes: o regimento permanente e o regimento das coletas tribais (prisioneiro). Esses prisioneiros eram treinados para serem guerreiros do rei e as mulheres, em especial, eram enviadas ao regimento das amazonas onde aprendiam a lutar. Os prisioneiros que se negavam a aderir as causas do rei eram sumariamente executados ou vendidos como escravos. Os chefes das tribos conquistadas ficavam reservados para serem executados durante o festival anual de ancestrais, em memória dos reis mortos. Suas cabeças eram decapitadas e seu sangue oferecido aos falecidos reis. Essa pratica aconteceu do séc. XVI até o séc. XVII. O reino de Dahomey foi o maior exportador de escravos para o nome mundo. Adja-Tado foi quem começou esse grande império de Dahomey. Primeiro conquistou a cidade de Adja onde se tornou rei, casou e teve 3 filhos. Quando seus filhos já eram guerreiros, Adja-Tado foi a Allada junto com eles e estabeleceu o reino de Allada. Seus filhos se dividiram e estabeleceram reinos separados e tornaram-se reis. O primogênito Zozergbe foi rei de Porto Novo, o segundo filho foi sucessor de Adja-Tado no trono de Allada e o terceiro filho, Aklim fundou o que mais tarde seria o principal reino da região. Aklin foi para Ghana e Bahicon (agora Benin, sul-central), com seu exército, e estabeleceu uma outra dinastia, a cidade de Abomey, que foi a capital do império militar, conhecida como Dahomey. Dahomey foi governada por um total de treze reis divinizados, por quase dois séculos. Agassu, que era um dos líderes do império, dizia ser filho de um leopardo com a princesa de Tado, Aligbonon. Ela teria sido encantada por esse leopardo originando o nascimento de Agassou. Agassou teve três filhos e deu início a uma linhagem de homens leopardo.

Jeje Brasil 

Djedje (jeje) é uma palavra de origem yoruba que significa estrangeiro, forasteiro e estranho; que recebeu uma conotação pejorativa como “inimigo”, por parte dos povos conquistados pelos reis de Dahomey e seu exército. Quando os conquistadores eram avistados pelos nativos de uma aldeia, muitos gritavam dando o alarme “Pou okan, djedje hum wa!” (olhem, os jejes estão chegando!). Quando os primeiros daomeanos chegaram ao Brasil como escravos, aqueles que já estavam aqui reconheceram o inimigo e gritaram “Pou okan, djedje hum wa!”; e assim ficou conhecido o culto dos Voduns no Brasil “nação Jeje”. Dentre os daomeanos escravizados, uma mulher chamada Ludovina Pessoa, natural da cidade Mahi (marri), foi escolhida pelos Voduns para fundar três templos na Bahia. Ela fundou: um templo para Dan; “Ceja Hundê”, mais conhecido como o “terreiro do Ventura” ou “Axé Pó Zehen” (pó zerrêm) em Cachoeira de São Felix; um templo para Hevioso “Zoogodo Bogun Male Hundô” em Salvador e um templo para Ajunsun que não se sabe porque não foi fundado. Esse é o segmento jeje-mahi do povo Fon. O templo de Ajunsun/Sakpata foi fundado mais tarde pela africana Gaiacu Satu, em Cachoeira de São Felix e recebeu o nome de Axé Pó Egi, mais conhecido por Corcunda de Ayá. São os Jejes Savalu ou Savaluno. Sakpata era rei da cidade Savalu/África, segundo alguns historiadores, Sakpata foi o único rei que preferiu o exílio a se render aos conquistadores de Dahomey. O dialeto dos savalus também é o Fon. No Maranhão encontramos a Casa das Minas fundada por Maria Jesuína, segundo informação de Sergio Ferreti. Creio que esta casa dispensa comentários, pois é com certeza a mais conhecida casa de jeje do Brasil. Esse é o segmento do povo Jeje-Mina. 

Ainda no Maranhão encontramos a casa Fanti-Ashanti fundada por Euclides Menezes Ferreira. Esse é o segmento jeje-Fanti-Ashanti do povo Akan vindo de Ghana. 
No Rio de Janeiro, foi fundado pela africana Gaiaku Rosena, natural de Allada, o “Terreiro do Pó Dabá” no bairro da Saúde, que foi herdado por sua filha Adelaide do Espírito Santo, mais conhecida como Mejitó que transferiu a casa de santo para o bairro Coelho da Rocha. Depois veio Antonio.Pinto de Oliveira. “Tata Fomutinho” que fundou o Ceja Nassó, no bairro de Santo Cristo, depois mudou-se para Madureira na Estrada do Portela, depois para São João de Meriti onde finalmente se estabeleceu na Rua Paraíba. Dizem os mais velhos, que Mejitó, ajudou muito Tata Fomutinho no começo de sua vida de santo aqui no Rio de Janeiro. Tata Fomutinho deixou uma legião de filhos, netos e bisnetos. Dentre esses, meu pai Jorge de Yemanja que fundou o Kwe Ceja Tessi, Pai Zezinho da Boa Viagem que fundou o Terreiro de Nossa Senhora dos Navegantes, Tia Belinha que fundou a Colina de Oxosse e Amaro de Xangô que é aquele tio que está sempre disposto a nos atender e nos ajudar com suas memórias e conhecimentos.

Vodum 

Vodou – Vodoun – Vodum – Voodoo – Voudun – Vodu – Vudu – Hoodoo - etc. A palavra vodou é de origem Ewe/Fon e significa força divina, espírito, força espiritual. É usada pelo povo do oeste da África para designar os deuses e ancestrais divinizados. No século XVIII o rei Agajá consolidou as crenças de vários clãs e aldeias, formando um “sistema espiritual dos Voduns”. Isso gerou uma enorme variação do termo, devido a quantidade de dialetos usados por esses clãs e aldeias, que somado a influência francesa, passaram a falar como entendiam. Essa diversificação fonética dá-se também por conta dos idiomas de pesquisadores que “invadiram” a África, em busca de conhecimento sobre o Vodou. No Brasil, por exemplo, usamos o fonema Vodum. A palavra Hoodoo não é uma variante de Vodou. O Hoodoo é uma sociedade haitiana similar as que existem no Benin (Sociedade do Bo) e Ghana (Sociedade Jou-Jou), onde pessoas são preparadas para ler oráculos e fazer fórmulas mágicas usando elementos da flora, da fauna e do mineral. Como sou brasileira usarei daqui por diante o termo “Vodum”. Quando foi estabelecido o grande reino de Dahomey, lá não existia o culto de Voduns. Nessa época, o atual rei sentia a necessidade de uma assistência espiritual que o ajudasse a combater os problemas que o atormentava. Mandou chamar um bokono (adivinho) e pediu que esse consultasse os oráculos. A conselho dos oráculos mandou vir de diversas regiões os Voduns e construiu seus templos. Com isso Dahomey passou a sitiar diversos clãs e aldeias de Voduns. Anos mais tarde, o rei Agajá fez a consolidação, como já foi dito. No período da escravidão, muitos daomeanos foram levados para o novo mundo e com eles a cultura e o culto dos Voduns. Os Voduns cultuados no Brasil são originário da África, sua práticas e tradições se mantiveram intacta como era no Dahomey (atual Benin) desde o começo dos tempos. A nação Jeje sofreu por alguns anos uma queda em seus cultos, devido a falta de informações. Os mais antigos preferiram levar para o túmulo seus conhecimentos a passá-los aos que poderiam perpetuar os Voduns no Brasil. Dos filhos de Jeje que ficaram perdidos, sem conhecimento sobre Voduns, uns mudaram de nação e outros resolveram investigar, buscar, pesquisar suas origens e levantar a bandeira da nação. Hoje, graças a essas pessoas, a nação Jeje voltou a crescer e a seguir a cultura que foi deixada pelos escravos. Hoje, encontramos kwes e pessoas que realmente sabem o Culto dos Voduns, esses aprenderam na “própria carne” a passar seus conhecimentos e não deixar que nossa nação venha a sofrer novos abalos ou quedas. Com a proliferação de estudos e pesquisas sobre os Voduns, alguns dos mais velhos que ainda estão vivos resolveram colaborar e nos passar alguns conhecimentos. A primeira coisa que os adeptos do Jeje devem aprender é a diferença entre Voduns e Orixás, (esse assunto vocês encontram no tópico Jeje África). Vodum é Vodum, Orixá é Orixá; Oya não é Vodum Jô. Aziri não é Oxum, Naetê não é Yemanja, etc. Assim como na África, também fazemos Orixás dentro dos templos de Vodum, mas isso não os transforma em Voduns, eles são considerados deuses estrangeiros, aceitos em nossos templos. Esses Orixás são tão respeitados e venerados quanto os Voduns. Não existe discriminação nenhuma em relação aos dois deuses (Voduns/Orixás). Em templos de Orixás, também encontramos Voduns feitos, a única diferença é que no Jeje, não mudamos os nomes dos Orixás. Para nós Oya, Yansã são conhecida exatamente como Oya, Yansã. Já os Voduns em templos de Orixás mudam de nome, por exemplo, Vodum Dan/Bessen recebe o nome de Oxumarê, Sakpata recebe o nome de Omolu, etc. Esse diferença também é registrada na Nigéria, então, não é “coisa de brasileiro”. Falar sobre os Voduns é uma tarefa de muita responsabilidade. No meu caso é o resultado de 30 anos vividos dentro do culto, somado as minhas pesquisas e estudos. Os Voduns são agrupados por famílias; Savaluno, Dambirá, Davice, Hevioso; que se subdividem em linhagens. A sociedade daomeana é patrilinear e polígena, isto é, dá-se por linha paterna; o homem é casado com diversas mulheres. A sociedade organiza-se em sibs, grupos de irmãos que têm a mesma mãe e o mesmo pai, sem base territorial própria e subdividem-se em famílias. No Brasil, as casas de santo cultuam todas as famílias, porém, os Voduns são interligados entre si com comportamentos, costumes, gostos e atitudes sempre gerados pelo ancestre ou chefe de da casa. Em minhas pesquisas encontrei mais de 450 Voduns; alguns cultuados no Brasil outros não. Acredito que com esse resgate poderemos ampliar nossos cultos e voltar a reverenciar Voduns, que tinham desaparecido devido a falta de informações, assim como admitir em nossos templos esses Voduns encontrados. O Brasil herdou vastos panteões de divindades que ficaram regionalizados de maneira que somente alguns Voduns tiveram domínio nacional A cultura dos Voduns é belíssima; penso que todos nós, filhos da nação Jeje, devemos procurar aprender cada dia mais. Afirmo que, os maiores fundamentos de Voduns estão embutidos nessa cultura. Comprovem!...