domingo, 8 de julho de 2012

MEDIUNIDADE DE CURA POR RAMATIS - PARTE 7

Por que nem todos 
se curam pelo receituário mediúnico? 


PERGUNTA: - Desde que a dor e o sofrimento purificam o homem, por que os mentores espirituais não reservam só aos médicos a função de cuidar dos enfermos do mundo? Se o próprio médium assistido pelos bons espíritos é incapaz de eliminar a doença cármica de retificação espiritual do enfermo, porventura não seria mais lógico e sensato o Alto deixar à medicina terrena a responsabilidade de socorrer e curar fisicamente os encarnados? 

RAMATÍS: - As curas através do receituário espírita destinam-se principalmente a abalar as criaturas descrentes, os religiosos fanáticos, os indiferentes e os próprios médicos ateístas. Atraindo-os também para o estudo e vivência dos postulados espiríticos da vida imortal, é evidente, neste caso, que a saúde física ainda é menos importante do que a modificação espiritual dos beneficiados pelo Espiritismo. O enfermo que, depois de perder sua fé e confiança nos recursos médicos do mundo, alcança a sua cura ou a de seus familiares por intermédio da receita espírita, jamais poderá esquecer essa doutrina espiritualista que lhes proporcionou benefícios tão extraordinários e ainda gratuitos. 

Os pacientes mais sensíveis e gratos, depois de curados pela terapêutica espírita, procuram recuperar o tempo que perderam com as futilidades do mundo transitório, devotando-se com entusiasmo aos empreendimentos caritativos e ajudando a recuperação física e espiritual de outros enfermos. Desde que ao médico cabe a tarefa messiânica de ajudar o homem terreno na suportação do seu fardo cármico e aliviar-lhe as dores demasiadamente cruciantes, então, ao médium cumpre o dever de animar e confortar o espírito do doente, quando nos seus momentos de desespero enfrenta a doença redentora. 

PERGUNTA: - Considerando-se que a Medicina, às vezes, também efetua curas miraculosas, isto prova que ela também é assistida pelos espíritos terapeutas. Deveríamos subestimá-la, só porque se trata de uma profissão acadêmica, alheia à doutrina espiritualista? 

RAMATÍS: - Quando os mentores siderais facilitam a cura física por intermédio da medicina terrena, quer isto se realize de modo comum ou excepcional, é óbvio que os pacientes beneficiados não ficam obrigados a qualquer modificação moral ou mudança de raciocínio, nem os médicos também ficam obrigados a converter-se. Aliás, quase sempre sucede o contrário, pois os doentes salvos pela abnegação e capacidade dos médicos terrenos não demoram muito tempo em esquecer os benefícios recebidos, sentindo-se desobrigados de qualquer gratidão, só pelo fato de terem remunerado os seus serviços. 

Os mais ingratos costumam associar certas coincidências fortuitas para justificar a sua cura, atribuindo o sucesso médico a fatores estranhos. Se o beneficiado é católico, quase sempre exprime a gratidão de sua saúde ao seu santo predileto. 

No entanto, o caso muda de figura quando acontece sob os auspícios do Espiritismo, pois tratando-se de uma doutrina espiritualista e sem obrigação de curar os males físicos dos seus adeptos, simpatizantes ou estranhos, os que são recuperados pela sua terapêutica mediúnica jamais olvidam os seus serviços incomuns e gratuitos, que lhes restituíram a saúde por intermédio dos espíritos benfeitores. 

PERGUNTA: - E quais seriam os outros objetivos espirituais da mediunidade de cura, além de proporcionar a saúde física do homem e interessá-lo no estudo e no conhecimento dos princípios morais do Espiritismo? 

RAMATÍS: - A mediunidade de cura transforma-se num excelente ensejo de trabalho e preocupação proveitosa no mundo terreno, tanto para os adeptos do Espiritismo como para os próprios espíritos desencarnados desenvolverem suas virtudes no serviço de amor ao próximo. Na constituição de grupos de trabalho mediúnico em atividade caritativa, os médiuns redimem-se do passado delituoso e os demais companheiros dinamizam e fortalecem suas reservas espirituais. 

O Alto sempre nos proporciona a oportunidade de acelerarmos o nosso progresso espiritual, desde que estejamos também preocupados em solver os problemas angustiosos e difíceis dos nossos irmãos. E a seara espírita é um desses ótimos ensejos para a reabilitação da alma, e seu programa de trabalho educativo e redentor é uma segurança para o espírito bem-intencionado. O adepto do Espiritismo, quando estudioso e prudente, é como o general em véspera de batalha: ele esquematiza o seu próprio combate para vencer as paixões e os vícios nocivos inerentes à sua natureza animal. 

No entanto, o homem desinteressado de conhecer-se a si mesmo, indiferente a saber de onde veio, para onde vai e o que significa no Universo, pode julgar-se um ser habilidoso e astuto, porque aproveita epicuristicamente todos os prazeres do mundo físico. No entanto, ele é um completo desmentido ao conceito de sabedoria espiritual, uma vez que não é sábio nem talentoso, mas estúpido e simplório, pois quem se desinteressa de conhecer a sua própria existência real, nega-se a si mesmo! 

O Espiritismo, além do objetivo importante de ajudar o homem a descobrir sua própria imortalidade e significação no Cosmo, através do serviço mediúnico benfeitor, também rompe mais cedo os grilhões do Carma humano pregresso. É evidente que todas as horas empregadas pelo homem nas tarefas espirituais, tanto o afastam do contacto prejudicial com as paixões inferiores como o livram das ligações perigosas com os espíritos das sombras. 

PERGUNTA: - E quais seriam esses empreendimentos proveitosos que o Espiritismo proporciona aos seus adeptos, quer ajudando-os a reduzir o seu Carma pretérito, assim como a apressar o seu progresso espiritual? 

RAMATÍS: - É vasto o campo de trabalho em favor alheio sugerido pela doutrina espírita. Através dos sentimentos fraternos tão peculiares do povo brasileiro, ela já tem proporcionado o abrigo para o órfão, o sanatório para o tuberculoso, o asilo para o velho, a creche para a criança, a associação para o recém-nascido, a instituição para o demente, o albergue noturno para os deserdados da sorte. Graças, pois, ao incentivo do Espiritismo, os espíritas desenvolvem um labor proveitoso em seus movimentos socorristas - o que já é tão tradicional no vosso país - alimentando os famintos, curando os enfermos, atendendo os desamparados e alfabetizando as crianças. 

E quase tudo isso é feito às expensas dos centros, das federações espíritas, das subvenções e auxílios particulares dos próprios adeptos, que assim procuram ajudar nos problemas de assistência social sem esperarem pelo apoio oficial dos poderes públicos tão negligentes. Os espíritas não ignoram que os governos do mundo costumam atender primeiramente aos seus propósitos políticos e interesses partidários, ou então satisfazer as exigências do Clero Romano dominante das massas incultas, antes de se preocuparem com a criança analfabeta, a mãe pobre, o velho alquebrado e o enfermo abandonado. Enquanto destinam verbas vultosas para campanhas desportivas, embaixadas faustosas, concursos espetaculares, festas carnavalescas, congressos eucarísticos, episcopados luxuosos e catedrais suntuosas de pedra fria, destinados aos que já têm saúde e estão ricos e fartos, eles esquecem censuravelmente os doentes, os pobres e os esfomeados! 

Daí, o mérito do trabalho anônimo dos espíritas no setor caritativo, quando além da pregação em favor da libertação espiritual do homem, eles ainda providenciam desde a receita mediúnica, os passes e a água fluidificada para a cura do corpo enfermo. 

PERGUNTA: - Mas por que a receita mediúnica, às vezes, não produz o efeito ou a cura desejada, mesmo quando é prescrita pelos espíritos de alto nível sideral? Enfim, por que nem todos os pacientes curam-se pelo Espiritismo, uma vez que isso os levaria a melhorar sua conduta espiritual? 

RAMATÍS: - Já dissemos que a Terra ainda é um planeta imperfeito, em cuja psicosfera muito densa avultam as energias agressivas que investem violentamente contra a contextura delicadíssima do perispírito das entidades benfeitoras em serviço socorrista junto à crosta terráquea. Na verdade, embora tratem-se de forças adversas do espírito, elas são oriundas da fonte selvática do mundo animal. Malgrado a sua permanente hostilidade a qualquer empreendimento de ordem espiritual, é de sua força, coesão e zelo que depende a manutenção das formas terrenas. 

No entanto, transformam-se em cerrada cortina a dificultar o trabalho dos espíritos superiores, impedindo-os, por vezes, de acertarem a solução terapêutica mais exata em favor dos desencarnados. Aliás, sabeis que o próprio Jesus não pôde curar todos os homens, pois enquanto alguns ainda não possuíam a "fé que remove montanhas", outros não estavam em condições de livrarem-se dos seus sofrimentos e mazelas físicas determinados pela Lei do Carma. 

Apesar do amor e da bondade incondicionais que caracterizam os espíritos superiores, nem por isso eles podem afastar prematuramente os seus queridos das provas cármicas redentoras. Conforme já vos temos repetido diversas vezes, as doenças originadas pela indisciplina mental ou emoção descontrolada, produzem toxinas psíquicas que aderem à contextura do perispírito. Mais tarde elas precisam fluir para o corpo físico, o qual então se transforma num "mata-borrão" vivo, com a função sacrificial de absorver o veneno produzido pelos estados pecaminosos do espírito invigilante. Finalmente, quando o cadáver saturado de tóxico psíquico desce à cova do cemitério, ele é o "fio-terra" encarregado de esgotar ou transferir para o solo da matéria a carga deletéria vertida pelo perispírito. 

Em conseqüência, nem todas as receitas mediúnicas produzem o efeito desejado, pois enquanto em certos casos as dificuldades do ambiente terráqueo impedem o êxito terapêutico dos espíritos, doutra feita o estado do enfermo não deve ser alterado; porque trata-se de uma "descarga mórbida" do perispírito para o corpo de carne, isto é, um processo benéfico ao espírito. 

Em tal caso, os espíritos nada mais podem fazer do que ministrar alguns conselhos ou advertências salutares, no momento, em vez de prescreverem medicamentos ou fornecerem o diagnóstico tão esperado na consulta mediúnica, o que nem sempre deixa o consulente satisfeito. 

PERGUNTA: - Aliás, temos observado que os consulentes, em geral, não apreciam os conselhos e as advertências dos espíritos desencarnados, quando a sua máxima preocupação é conhecer o diagnóstico de sua doença e receber a medicação salvadora. Que dizeis? 

RAMATÍS: - Efetivamente, os doentes que solicitam receitas mediúnicas quase sempre ficam decepcionados quando, em vez do diagnóstico incomum ou da medicação certa, são convidados pelos espíritos à oração, ao reajuste espiritual e à submissão aos ensinamentos de Jesus. Em geral, eles buscam apenas a solução fácil e miraculosa para os seus males e incômodos físicos, mas mostram-se apáticos e indiferentes aos conselhos e advertências espirituais que lhes sugerem modificação da conduta moral ou resignação ante as vicissitudes cotidianas. Decepcionados, depois criticam os médiuns pelo seu receituário mediúnico ineficaz e os guias não passam de conselheiros sisudos. 

Os espíritos mais sensatos preferem erguer o ânimo e dinamizar a fé dos seus enfermos, quando verificam que a eliminação do sofrimento dos mesmos causar-lhes-ia prejuízos à sua mais breve redenção espiritual. Aliás, os terrícolas ainda vivem tão escravizados ao imediatismo das paixões e dos vícios terrenos, que se tornam impermeáveis aos mais heróicos esforços dos seus mentores espirituais. Deste modo, eles fazem jus ao sofrimento que incessantemente lhes perturba a vida cotidiana e os impede de incorrerem na prática de maiores erros. 

Os espíritos protetores não têm por função específica afastar os seus pupilos da dor que os redime e os estorva de se comprometerem com novos delitos espirituais, mas acima de tudo o seu dever é acordá-los para a realidade da vida imortal. Nem todos os homens podem ser curados pela terapêutica medi única da doutrina espírita, mesmo quando são atendidos por médiuns eficientes e espíritos elevados, pois a saúde do corpo físico é menos importante do que o equilíbrio espiritual da alma eterna. 

A verdadeira saúde provém do culto incondicional do espírito aos ensinamentos evangélicos e às virtudes propagadas há milênios pelos líderes espirituais da Terra, quando de sua peregrinação messiânica entre todos os povos. No entanto, a enfermidade alimenta-se no combustível inferior gerado pelos pecados ou pelas paixões nefastas. Aliás, é por isso que o Evangelho de Jesus ainda é o mais avançado "Tratado Médico" da alma, pois ao recomendar a bondade, o amor, a tolerância, a paciência, a resignação ou humildade, atende às próprias necessidades da fisiologia humana em favor da saúde corporal. Mesmo a oração constante na vida do homem, principalmente antes das refeições, ainda é excelente indicação terapêutica, uma vez que estabelece o clima de serenidade espiritual junto à mesa de refeições, e proporciona a regularização do processo fisiológico humano em seus diversos efeitos. O conceito de "alma sã em corpo são" há milênios desposado pelos gregos, já era advertência profunda de que a saúde física depende fundamentalmente da saúde espiritual. É o que nem todos os consulentes de receitas mediúnicas concordam em aceitar, pois quando os espíritos dão-lhes conselhos e os advertem sem as minúcias de sua doença ou sem medicamento, eles então deixam de crer na mensagem espírita e desmerecem o médium.