segunda-feira, 24 de setembro de 2012

AS SETE LINHAS DA UMBANDA SAGRADA




Para entender um pouco mais a Umbanda devemos conhecer as linhas ou vibrações. Uma linha ou vibração, eqüivale a um grande exército de espíritos que rendem obediência a um "Chefe". Este "Chefe" representa para nós um Orixá e cabe a ele uma grande missão no espaço.

1) Linha de Oxalá


Essa linha representa o princípio, o incriado, o reflexo de Deus, o verbo solar. É a luz refletida que coordena as demais vibrações. As entidades dessa linha falam calmo, compassado e se expressam sempre com elevação. Seus pontos cantados são verdadeiras invocações de grande misticismo, dificilmente escutados hoje em dia, pois é raro assumirem uma "Chefia de Cabeça".




2) Linha de Iemanjá



Essa linha é também conhecida como Povo d'Água. Iemanjá significa a energia geradora, a divina mãe do universo, o eterno feminino, a divina mãe na Umbanda. As entidades dessa linha gostam de trabalhar com água salgada ou do mar, fixando vibrações, de maneira serena. Seus pontos cantados têm um ritmo muito bonito, falando sempre no mar e em Orixás da dita linha.




3) Linha de Xangô


Xangô é o Orixá que coordena toda lei Kármica, é o dirigente das almas, o Senhor da balança universal, que afere nosso estado espiritual. Resumindo, Xangô é o Orixá da Justiça. Seus pontos cantados são sérias invocações de imagens fortes e nos levam sempre aos seus sítios vibracionais como as montanhas, pedreiras e cachoeiras.




4) Linha de Ogum


A vibração de Ogum é o fogo da salvação ou da glória, o mediador de choques conseqüentes do karma. É a linha das demandas da fé, das aflições, das lutas e batalhas da vida. É a divindade que, no sentido místico, protege os guerreiros. Os Caboclos de Ogum gostam de andar de um lado para outro e falam de maneira forte, vibrante e em suas atitudes demonstram vivacidade. Suas preces cantadas traduzem invocações para a luta da fé, demandas, batalhas, etc.


5) Linha de Oxossi


A vibração de Oxossi significa ação envolvente ou circular dos viventes da Terra, ou seja, o caçador de almas, que atende na doutrina e na catequese. Suas entidades falam de maneira serena e seus passes são calmos, assim como seus conselhos e trabalhos. Seus pontos cantados traduzem beleza nas imagens e na música e geralmente são invocações às forças da espiritualidade e da natureza, principalmente as matas.




6) Linha de Iori


Essas entidades, altamente evoluídas, externam pelos seus cavalos, maneiras e vozes infantis de modo sereno, às vezes um pouco vivas. Quando no plano de protetores, gostam de sentar no chão e comer coisas doces, mas sem desmandos. Seus pontos cantados são melodias alegres e algumas vezes tristes, falando muito em Papai e Mamãe de céu e em mantos sagrados.




7) Linha de Iorimá


Também chamada de Linha das Almas, essa linha é composta dos primeiros espíritos que foram ordenados a combater o mal em todas as suas manifestações. São os Orixás Velhos, verdadeiros magos que velando suas formas cármicas, revestem-se das roupagens de Pretos-Velhos ensinando e praticando as verdadeiras "mirongas". Eles são a doutrina, a filosofia, o mestrado da magia, em fundamentos e ensinamentos. Geralmente gostam de trabalhar e consultar sentados, fumando cachimbo, sempre numa ação de fixação e eliminação através de sua fumaça.

Seus fluídos são fortes, porque fazem questão de "pegar bem" o aparelho e o cansam muito, principalmente pela parte dos membros inferiores, conservando-o sempre curvo. Falam compassado e pensam bem no que dizem. Raríssimos os que assumem a Chefia de Cabeça, mas são os auxiliares dos outros "Guias"- o seu braço direito. Os pontos cantados nos revelam uma melodia tristonha e um rítmo mais compassado, dolente, melancólico, traduzindo verdadeiras preces de humildade.

Linhas Legiões e Falanges

Cada linha compõe-se de sete legiões, tendo cada legião o seu chefe. Cada legião divide-se em sete grandes falanges, que por sua vez também tem um chefe e cada falange divide-se em sete sub-falanges e assim por diante, obedecendo a um critério lógico.

Agora apresentaremos as linhas e seus Orixás com os seus respectivos chefes de legiões.

OXALÁ (ou ORIXALÁ)

(ORI é Luz, Reflexo; XA è Senhor, Fogo; é Deus, Divino). Portanto, A LUZ DO SENHOR DEUS

Os Setes Chefes de Legião da Vibração Espiritual de Oxalá:

CABOCLO URUBATÃO DA GUIA:

Caboclo Guaracy: intermediário para Ogum

Caboclo Guarani: intermediário para Oxossi

Caboclo Aymoré: intermediário para Xangô

Caboclo Tupy: intermediário para Yorimá

Caboclo Ubiratan: intermediário para Yori

Caboclo Ubirajara: intermediário para Yemanjá

OXOSSI

(OX é Ação ou Movimento; O é Círculo; SSI é Viventes da Terra). Portanto, A POTÊNCIA QUE DOUTRINA, O CATEQUIZADOR DE ALMAS

Os Setes Chefes de Legião da Vibração Espiritual de Oxossi:

CABOCLO ARRANCA-TOCO:

Caboclo Araribóia: Intermediário Para Ogum

Caboclo Arruda: Intermediário Para Oxalá

Caboclo Cobra-Coral: Intermediário Para Xangô

Caboclo Tupinambá: Intermediário Para Yorimá

Cabocla Jurema: Intermediário Para Yori

Caboclo Pena-Branca: Intermediário Para Yemanjá

OGUM

(OG é Glória, Salvação; AUM é Fogo, Guerreiro). Portanto, O GUERREIRO CÓSMICO PACIFICADOR, O FOGO DA GLÓRIA

Os Setes Chefes de Legião da Vibração Espiritual de:

CABOCLO OGUM DILÊ:

Caboclo Ogum Matinata: intermediário para Oxalá

Caboclo Ogum Rompe-Mato: intermediário para Oxossi

Caboclo Ogum Beira-Mar: intermediário para Xangô

Caboclo Ogum De Malé: intermediário para Yorimá

Caboclo Ogum Megê: intermediário para Yori

Caboclo Ogum Yara: intermediário para Yemanjá

XANGÔ

(XA é Senhor, Dirigente; ANGÔ é Raio, Alma). Portanto, O SENHOR DIRIGENTE DAS ALMAS

Os Setes Chefes de Legião da Vibração Espiritual de Xangô:

CABOCLO XANGÔ KAÔ:

Caboclo Xangô Pedra-Branca: intermediário para Oxalá

Caboclo Xangô Agodô: intermediário para Oxossi

Caboclo Xangô Sete Montanhas: intermediário para Ogum

Caboclo Xangô Sete Cachoeiras: intermediário para Yori

Caboclo Xangô Pedra-Preta: intermediário para Yorimá

Caboclo Xangô Sete Pedreiras: intermediário para Yemanjá

YORIMÁ

(YO é Potência, Ordem, Princípio; RI é Reinar, Iluminado; é Lei, Regra). Portanto, PRINCÍPIO OU POTÊNCIA REAL DA LEI

Os Setes Chefes de Legião da Vibração Espiritual de Yorimá:

PAI GUINÉ

Pai Tomé: intermediário para Oxalá

Pai Joaquim: intermediário para Oxossi

Pai Benedito: intermediário para Ogum

Vovó Maria Conga: intermediário para Xangô

Pai Congo D’aruanda: intermediário para Yori

Pai Arruda: intermediário para Yemanjá

YORI

(YO é Potência, Ordem, Princípio; RI é Reinar, Iluminado; ORI é Luz, Esplendor). Portanto, POTÊNCIA DOS PUROS OU DA PUREZA

Os Setes Chefes de Legião da Vibração Espiritual de Yori:

TUPANZINHO:

Ori: intermediário para Oxalá

Damião: intermediário para Oxossi

Yari: intermediário para Ogum

Doum: intermediário para Xangô

Cosme: intermediário para Yorimá

Yariri: intermediário para Yemanjá

YEMANJÁ

(YE é Mãe, Princípio Gerante; MAN é O Mar, A Água, Lei das Almas; é Matriz, Maternidade). Portanto, A SENHORA DA VIDA

Os Setes Chefes de Legião da Vibração Espiritual de Yemanjá:

CABOCLA YARA:

Cabocla Estrela Do Mar: intermediário para Oxalá

Cabocla Indaiá: intermediário para Oxossi

Cabocla Do Mar: intermediário para Ogum

Cabocla Iansã: intermediário para Xangô

Cabocla Nanã Burukun: intermediário para Yorimá

Cabocla Oxum: intermediário para Yori



OS GUIAS E AS LINHAS

Os Caboclos, Pretos-Velhos e Crianças, que fazem parte da chamada Corrente Astral de Umbanda, trabalham dentro de uma das Sete Linhas de Umbanda: Orixalá, Ogum, Oxossi, Xangô, Yorimá, Yori e Yemanjá.

Os Caboclos que trabalham nos terreiros são das seguintes Linhas: Orixalá (estes não incorporam, somente passam vibrações), Ogum, Oxossi, Xangô e Yemanjá;

Os Pretos-Velhos são da Linha de Yorimá;

E as Crianças da Linha de Yori.

sábado, 22 de setembro de 2012

candomblé e os tipos psicológicos parte VII


OXUM à ORIXÁ feminino por excelência - o Eterno Feminino. Filha predileta de OXALÁ e YEMANJÁ. Nos mitos, ela foi casada com OXOSSI, a quem engana, com XANGô, com OGUM, de quem sofria maus tratos e XANGÔ a salva. 

Seduz OMULU, que fica perdidamente apaixonado, obtendo dele, assim, que afaste a peste do reino de XANGÔ. Mas OXUM é considerado unanímente como uma das esposas de XANGÔ e rival de IANSÃ e OBA. É um ORIXÁ das águas doces, fontes e regatos, e dona do RIO OXUM e de todas as águas que nascem na terra. 

Diz uma tradição esotérica que OXUM é a própria Mãe Terra, um ser vivo que se auto-regula, sendo os rios suas veias. OXUM e essencialmente o ORIXÁ das mulheres, preside a menstruação, a gravidez e o parto. 

Desempenha importante função nos ritos de iniciação, que são a gestação e o nascimento. ORIXÁ da maternidade, ama as crianças, protege a vida e tem funções de cura. OXUM à fecundidade e fartura que se manifesta no fruto das águas (peixe) e no fruto da terra (inhame) que estão sempre presentes nos seus cultos. 

Fecundidade e fertilidade são por extensão, abundância e fartura. OXUM é o ORIXÁ da riqueza - dona do ouro, fruto das entranhas da Terra. É alegre, risonha, cheia de dengues, Inteligente, mulher-menina que brinca de boneca, e mulher-sábia, generosa e compassiva, nunca se enfurecendo. 

Elegante, cheia de jóias, é a rainha que nada recusa, tudo dá. Tem o título de IYALODÊ entre os povos IORUBÁ: aquela que comanda as mulheres na cidade, arbitra litígios e é responsável pela boa ordem na feira. Também comanda as feiticeiras, o que só aparece como predileçio pelo pássaro - um pombo de olhos vermelhos. Desempenha importante papel no jogo de búzios, pois à ela quem formula as perguntas que EXU responde. 

Seu dia à sábado, dia das águas sua cor é o amarelo dourado e o ovo é a ela consagrado por representar a gestação. Adora o mel, doce como ela. 

Quando OXUM dança traz na mão uma espada e um espelho, revelando-se em sua condição de guerreira da sedução. Ela se banha no rio, penteia seus cabelos, põe suas jóias e pulseiras, tudo isso num movimento lânguido e provocante. 

ORIXÁ do ouro, da bonança, da riqueza, é essencialmente a Mãe - generosa, pródiga e complacente e por isso, como OXUM EWUJI e saudado no PADÉ, começo de todo ritual do CANDOMBLÉ

0 tipo psicológico dos filhos de OXUM possuidor de muita beleza física. São bem proporcionados de corpo, geralmente claros e louros. 

Representa sempre o tipo que atrai e que é, sempre perseguido pelo sexo oposto (não há quem conquista como IANSÃ). Aprecia o luxo e o conforto, é vaidoso, elegante, sensual e gosta de mudanças, podendo ser infiel. 

Mas é calmo, tranquilo, emotivo, chora facilmente. É astuto, conseguindo tudo que quer com imaginação e intriga. A pesar de ser complacente e pródigo pode vir a ser Interesseiro, preguiçoso e indeciso. 

É muito desconfiado e possui dor de grande intuição que muitas vezes é posta à serviço da astúcia.


YEMANJÁ


YEMANJÁ é considerada mãe de todos os demais ORIXÁS OGUM, XANGÔ, OBÁ, OXOSSI e OXUM que nasceram de caso ilícito que teve com IFÁ

NANÃ Como vimos, é mãe de OMULU e OXUMARÉ. YEMANJÁ, por sua vez, filha de OLODKUN, ORIXÁ masculino em BENIN, ou femínino em IFÉ, sempre do mar. 

No Brasil, é muito venerada, e seu culto tornou-se quase independente do CANDOMBLÉ. É representanda como uma sereia de longos cabelos pretos. 

Rege a maternidade, e a mãe dos peixes que representam fecundidade. Seu dia à sábado. Nas grandes "obrigações", são oferecidos cabra branca, pata ou galínha branca. 

Gosta muito de flores e é costume oferecer-lhe 4 sete rosas brancas abertas, que são jogadas ao mar para agradecimento. Sua cor à a branca com azul. Usa um ADÉ com franjas de missangas que esconde o rosto. Leva na mão o BÉBÊ -- leque ritual de metal prateado de forma circular, com uma sereia recortada no centro. 

0 tipo psicológico dos filhos de YEMANJÁ é imponente, magestoso e belo, calmo, sensual, fecundo e cheio de dignidade e dotado de irresistivel fascínio (o canto da sereia). 

As filhas de YEMANJÁ são boas donas de casa, educadoras pródigas e generosas, criando até os filhos de outros (OMULU). Não perdoam facilmente, quando ofendidas. 

São possessivas e muito ciumentas. YEMANJÁ, por presidir a formaçio da individualidade, que como sabemos está na cabeça, está presente em todos os rituais, especialmente o BORI.



LOGUM EDÉ 

LOGUM EDÉ à filho de OXOSSI e de OXUM. É mulher durante seis meses, vivendo na água, e nos outros seis meses à homem, vivendo no mato.

Propicia a caça e a pesca. Veste-se como um YABÁ, com saia cor-de-rosa, usa uma coroa de metal dourado (não o ADÉ das rainhas), um arco e uma flexa. Usa sempre cores claras. 

Com seu aspecto masculino usa capacete de metal dourado, capangas, arco e flexa ou espada. Sempre acompanha na dança OXUM e OXOSSI. 

0 tipo psicológico dos filhos de LOGUM EDÉ é muito orgulhoso de seu corpo - a atual política de cultivo do corpo poderia ser regida por LOGUM EDÉ. É sedutor, vaidoso, preguiçoso e ciumento. 

São tipos ambivalentes, podendo ser bem educados, bem humorados, refrescantes como a folha de ODUNDUN e a água, mas também serem sombrios como os antepassados. 

0 ORIXÁ LOGUM EDÉ à responsável por tonturas e desmaios o que pode ser confundido com provocações dos EGUNS Seu culto na África está quase que extinto, porém na Bahia mantem-se vivo. Seus filhos não podem usar vermelho.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Candomblé e os Tipos Psicológicos VI



NANà

NANÃ, divindade dos primórdios da criação, à associado a lama, água e à morte: recebe no seu seio os mortos, tornando possível o renascimento. 0 fato dela ser um continente, associado com processo e interioridade, conecta com o preto, que se expressa no azul-escuro. 

Por ser força genitora, pertence ao branco. Suas cores são, portanto, a azul e a branca. Seu animal é a rã e o seu dia à a terça-feira. 

ORIXÁ da Justiça, NANÃ não tolera traíção, indiscrição, nem roubo. Por ser ORIXÁ muito discreto e gostar de se esconder, suas filhas podem ter um caráter completamente diferente do dela. 

Por exemplo, ninguém desconfiará que uma dengosa e vaidosa aparente filha de OXUM seria uma filha de NANÃ "escondida". 0 tipo psicológico dos filhos de NANÃ à introvertido e calmo. 

Seu temperamento é severo e austero. Rabugento, é mais temido do que amado. Pouco feminina, não tem maiores atrativos e à muito afastada da sexualidade. Por medo de amar e de ser abandonada e sofrer, ela dedica sua vida ao trabalho, à vocação, à ambição social.


OBA 

OBA é ORIXÁ ligado a água, guerreira e pouco feminina. Suas roupas são vermelhas e brancas, leva um escudo, uma espada, uma coroa de cobre. Usa um pano na cabeça para esconder a orelha cortada. 


Conta e lenda que OBA, repudiada por XANGÔ. vivia sempre rondando o palácio para voltar. OXUM, com suas artimanhas, diz a OBA que XANGÔ adora orelha e que ela faça uma sopa com sua orelha, o que será um remédio infalível para conquista-lo. 

Assim OBA fez e quando' XANGÔ- tomou a sopa e sentiu-a esquisita, quiz saber quem a fez e OBA apresenta-se feliz, pensando que havia re - conquistado-o. 

XANGÔ fica horrorizado com a mutilação e expulsa-a para sempre. 0 tipo psicológico dos filhos de OBA, constitui o estereotipo da mulher de forte temperamento, terrivelmente possessiva e carente. 

Ao contrário de IANSÃ, é mulher de um homem só, fiel e sofrida. São combativas, impetuosas e vingativas. OBA e um ORIXÁ que raramente se manifesta e há pouco estudo sobre ela. 

Talvez porque nos dias de hoje, mesmo na África ou Brasil, não há espaço para essas características do feminino, que cada vez mais recupera seu poder de IANSÃ.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Candomblé e os Tipos Psicológicos V


OXOSSI



OXOSSI é o Rei do Keto, filho de OXALÁ e YEMANJÁ ou, nos mitos, filho de APAOKA (jaqueira). É o ORIXÁ da caça; foi um caçador de elefantes, animal associado à realeza e aos antepassados. 

Diz um mito que OXOSSI encontrou IANSÃ na floresta, sob a forma de um grande elefante, que se transformou em mulher. Casa com ela, tem muitos filhos que são abandonados e criados por OXUM

OXOSSI vive na floresta, onde moram os espíritos e está relacionado com as árvores e os antepassados. As abelhas pertencem-lhe e representam os espiritos dos antepassados femininos. 

Relaciona-se com os animais, cujos gritos imita a perfeição, e caçador valente e ágil, generoso, propicia a caça e protege contra o ataque das feras. um solitário solteirão, depois que foi abandonado por IANSÃ e também porque na qualidade de caçador, tem que se afastar das mulheres, pois são nefastas à caça. 

Está estreitamente ligado a OGUM, de quem recebeu suas armas de caçador. OSSAIN apaixonou-se pela beleza de OXOSSI e prendeu-o na floresta. 

OGUM consegue penetrar na floresta, com suas armas de ferreiro e libertá-lo. Ele esta associado, ao frio, à noite, à lua; suas plantas são refrescantes. Seu dia é quinta-feita. 

Veste-se de azul-turqueza ou de azul e vermelho. Leva um elegante chapéu de abas largas enfeitado de penas de avestruz nas cores azul e branco. Leva dois chlfres de touro na cintura, um arco, uma flexa de metal dourado e um IRUKERÉ - chicote de rabo de touro para afastar os antepassados. 

Sua dança sumula o gesto de atirar flexas para a direita e para a esquerda, o ritmo é "corrido" na qual ele imita o cavaleiro que persegue acoaça, deslisando devagar, às vezes pula e gira sobre si mesmo. É uma das danças mais bonitas do CANDOMBLÉ

0 tipo psicológico, do filho de OXOSSI é refinado e de notável beleza. É o ORIXÁ dos artistas intelectuais. É dotado de um espírito curioso, observador de grande penetração. 

São cheios de manias, volúveis em suas reações amorosas, multo susceptíveis e tidos como "complicados". É solitário, misterioso, discreto, introvertido. 

Não se adapta facilmente à vida urbana e é geralmente um desbravador, um pioneiro. Muitas vezes exerce um fascínio sobre os rapazes e pode ser homosexual. 

Possui extrema sensibilidade, qualidades artísticas, criatividade e gosto depurado. Sua estrutura psíquica é muito emotiva e romântica.



OSSAIN



OSSAIN, filho de OXALÁ e YEMANJÁ, irmão de OGUM, OXOSSI, XANGÔ. Vive na floresta - é também um ORIXÁ do ar livre, onde encontrou e prendeu OXUM

É inimigo de XANGÔ de quem dizem que tentou roubar OBA e teve que enfrentar a ira de XANGÔ, perdendo neste combate uma perna. Outras lendas contam que ele roubou de XANGÔ o fogo e deu aos homens, sendo este o motivo da inimizade. 

OSSAIN é o ORIXÁ das folhas e da medicina. Embora como vimos, graças a IANSÃ todos os ORIXÁS tenham suas folhas, em princípio OSSAIN continua sendo o dono delas. 

Há folhas para tudo: para cada tipo de doença, de desgraça ou de bem, para conseguir a felicidade, dinheiro, longevidade. As folhas são sempre portadoras de AXÉ e no CANDOMBLÉ sem elas e sem OSSAIN nada se faz - portanto, OSSAIN é o dono do AXÉ

Sua cor é verde e seu dia segunda-feira. Na sua qualidade de senhor da vegetação, ele está ligado com a terra. É um ORIXÁ tônico, como OMULU ele manca ou não tem uma perna. 

Seu metal é o ferro. Está profundamente relacionado com a cabaça - que representa a matriz cósmica, onde guarda suas folhas e seu poder. Está associado aos pássaros. usa uma coroa com um pássaro em cima. 

Convém lembrar que o simbolo das feiticeiras é uma cabaça na qual está encerrado um pássaro que simboliza seu poder e executa os trabalhos que elas determinam. OSSAIN representa, pois, o poder mágico da cabaça - gestação. 

É o ORIXÁ da medicina, aquele que com suas folhas fabrica remédios, encantos, talismãs e cura doentes. 0 conhecimento das folhas é a parte mais secreta do CANDOMBLÉ

OSSAIN usa na cabeça uma coroa de metal prateado ornada com um pássaro, leva na cintura cabacinhas onde guarda seus remédios, e leva numa mão uma grande cabaça prateada e noutra uma ferramenta de sete pontas e um pássaro na ponta central. É o ORIXÁ dos médícos e cientistas

0 tipo psicológico dos filhos de OSSAIN tem um temperamento secreto e imprevisível, ele se esconde, "põe outro na frente porque não gosta de aparecer". 

Do ponto de vista morfológico, à delicado e frágil; às vezes quando velhos, torna-se manco ou aleijado. É discreto, calado, nada conta de sua vida e faz questão de preservar sua liberdade. 

Desligado dos aspectos triviais da vida cotidiana, quando persegue a solução de algum problema científico ou filosófico esquece de alimentar-se. É sensivel, generoso, compassívo, ama os animais sobretudo os pássaros. 

Seu caráter equilibrado não deixa simpatias ou antipatias interferirem em suas decisões. Seus julgamentos sobre os homens e as coisas não são fundamentados sobre a noção de bem e de mal, mas sobre a eficiência delas. 

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Candomblé e os Tipos Psicológicos IV


IANSÃ



IANSÃ é a filha de YEMANJÁ com OXALÁ e a esposa preferida de XANGÔ. É guerreira e aventureira como ele, mulher de muitos homens (OXÓSSI,OGUM E XANGÔ). 

Relaciona-se com todos os elementos da natureza. A água, sob formal de chuva, de tempestade. 0 ar, sob a forma do vento da tempestade, que arranca árvores, derruba casas. 

No seu aspecto benéfico, foi o ar de IANSÃ que espalhou as plantas medicinais, anteriormente guardadas por OSSAIN numa cabaça. Ligada a floresta, ela se transforma em um búfalo, cervo ou elefante. 

Propicia a caça abundante. Mas sua essência é o movimento e o fogo, é o ORIXÁ do raio. Esta relação com o movimento e o fogo faz de IANSÃ uma divindidade do sexo e do amor. 

Ela é rainha por ser a predileta de XANGÔ. E por ser mãe e rainha dos EGUNS, à o único ORIXÁ que não tem medo dos mortos. Seu número é o nove, produto de 3 X 3 - o par Inicial mais um, indicando continuação - puro movimento. 0 seu dia é quarta-feira e sua cor e a vermelho. Seus objetos são uma espada de cobre e um "espanta moscas", com o qual mantem os EGUNS afastados. 

0 tipo psicológico das filhas de IANSÃ e turbulento, inquieto, cheio de iniciativa. Faz-se notar, provocante e domina os homens, porém à esposa dedicada. 

Os homossexuais têm como modelo IANSÃ. São mulheres fecundas, mãe de muitos filhos, mas-que são criados por uma avó, babá, tia. 

0 tipo IANSÃ apenas orienta a educação. Não gosta de trabalho doméstico e nem de trabalho executivo. Prefere ser atriz, fazendeira ou qualquer outra profissão, na qual seja necessário um pouco de aventura, garra e impetuosidade.



XANGÔ



XANGÔ é um ORIXÁ de fogo, filho de OXALÁ com YEMANJÁ. Diz a lenda que ele foi rei de OYÓ

Rei poderoso e orgulhoso, teve que enfrentar rivalidades e até brigar com seus irmãos para manter-se no poder. Vencido por seus inimigos, refugiu-se na floresta, sempre acompanhado da fiel OYA (IANSÃ), e enforcou-se e ela também. 

Seu corpo desapareceu debaixo da terra num profundo buraco, do qual saiu uma corrente de ferro - a cadela das gerações humanas. 

E ele se transformou num ORIXÁ, mas ao mesmo tempo passa a ser um EGUM (espírito dos antepassados). Verdadeiro paradigma, no CANDOMBLÉ, os EGUNS não são cultuados junto aos ORIXÁS

0 EGUM é para os homens um pai e o ORIXÁ à para OXALÁ um filho: XANGÔ é, ao mesmo tempo, um filho de OXALÁ e um antepassado mítico, ligado à realeza, um herói divinizado, fundador da dinastia NAGÔ.

Por sua origem real, XANGÔ é o Santo da Justiça, castigando com o raio. Ele é também conquistador; possui a tres esposas: OBA a mais velha e menos amada; OXUM, que era casado com OXOSSI e por quem XANGÔ se apaixona e faz com que ela abandone OXOSSI; e IANSÃ, que vivia com OGUM e que XANGÔ raptou. 

Esta é a mais nova e a preferida, pois à esposa dedicada e forte guerreira, que precede o marido nas batalhas e, por ser dona do raio, deu o fogo a seu amado XANGÔ comandando as forças da natureza que se caracterizam pela violância: o trovão, o raio (o fogo sobrenatural do céu), atira pedras do céu. Ele é o dinamismo dos elementos da natureza de cujo encontro nascem estes fenômenos da natureza. Poder, fogo, movimento, vida e fecundidade - ele recebe da mulher IANSÃ

Seu animal e o carneiro, cujos ataques são comparáveis à violãncia do raio e tem seus chifres em espiral como o fogo. 

É um ORIXÁ libertino, turbulento, vermelho e quente e destaca--se pela intensa atividade sexual. XANGÔ tem pavor da morte e dos EGUNS. E estes são os opostos que tem que unir: mortal e imortal, pai (dos homens) e filho (de OXALÁ), o que fará com a mediação da mulher (IANSÃ), que vem trazer o fogo, a fecundidade, a continuidade das gerações o poder da vida transmitido de pai para filho por intermédio da gestação na mulher. 

Sua cor é vermelha e branca e seu dia é quarta-feira. Gosta do sacrifício do cágado, que multas vêzes é chamado seu cavalo, de galo e de pato. Sua possessão uma explosão, de alegria, sua dança é vigorosa e bela e seus filhos saúdam-no com palmas, fogos, gritos e com a expressão "desejamos longa vida a Vossa Magestade" - antes de tudo um Rei. 

Os objetos sagrados de XANGÔ são o LABÁ e o OXÉ, a dupla machadinha que representa o raio e que pode ser em madeira ou bronze-metal - pela cor avermelhada, é consagrado a elê. 

0 LABÁ é um capanga de couro pintada, feita só na Africa, e cujos desenhos são sagrados. Ela à dividida em quatro partes e suas figuras, que lembram o raio, são assimétrias e evocam os três segmentos do raio e do tríângulo. 0 número três é o par mais um, sugerindo movimento e continuação - ou seja, a própria vida. 

0 tipo psicológico dos filhos de XANGÔ é fisicamente robusto, o queixo forte e voluntarioso, pescoço curto, boca carnuda e sensual. Violentos, orgulhosos, porém sua agressividade não e gratuita: ela se volta contra os maus, pois como XANGÔ, seus filhos são paladinos da Justiça. 

Candomblé e os Tipos Psicológicos parte III



OMULU


OMULU, o Rei da Terra, é filho de NANÃ, mas foi criado por IEMANJA que o acolheu quando a mãe rejeitou-o por ser manco, feio e coberto de feridas. É uma divindade da terra dura, seda e quente. 

Ás vezes chamado "o velho", com todo o prestígio e poder que a idade representa no CANDOMBLÉ. Está ligado ao Sol, propicia colheitas e ambivalentemente detém a doença e a cura. 

Com seu SASSARÁ, cetro ritual de palha da Costa, ele expulsa a peste e o mal. Mas a doença pode ser também a marca doseleitos, pelos quais OMULU quer ser servido. 

Quem teve varíola é frequentemente consagrado a OMULU, que é chamado "médido dos pobres". Suas cores são o vermelho e o preto e ele usa urna "fila" de palha da Costa (África) que o cobre da cabeça a cintura. 

Suas relações com os ORIXÁS são marcadas pelas brigas com XANGÔ e OGUN e pelo abandono que os ORIXÁS femininos legaram-lhe. Rejeitado primeiramente pela mãe, segue sendo abandonado por OXUM, por quem se apaixonou, que, juntamente com IANSÃ, troca-o por XANGÔ

Finalmente OBÁ, com quem se cásou, foi roubada por XANGÔ. É um ORIXÁ solitário, das ruas, como EXU. Seu dia e segunda-feira, quando se lhe oferece pipocas. Seu animal é o caranguejo. 

0 tipo psicológico dos filhos de OMULU é atarrancado, fechado, desajeitado, rústico, desprovido de elegância ou de charme. Pode ser um doente marcado pela varíola ou por alguma doença de pele e à frequentemente hipocondriaco. 

Tem considerável força de resistência e e capaz de prolongados esforços. Geralmente é um pessimista, com tendências auto-destrutivas que o prejudicam na vida. Amargo, melancólico, torna-se solitário. Mas quando tem seus objetivos determinados, é combativo e obstinado em alcançar suas metas. Quando desiludido, reprime suas ambições, adotando uma vida de humildade, de pobreza voluntária, de mortificação. E lento, porém perseverante. Firme como uma rocha. Falta-lhe espontaniedade e capacidade de adaptação, e por isso não aceita mudanças. É vingativo, cruel e impiedoso quando ofendido ou humilhado. 

Essencialmente viril, por ser ORIXÁ fundamentalmente masculino, falta-lhe um toque de sedução e sobra apenas um brutal solteirão. Fenômeno semelhante parece ocorrer no caso de NANÃ: quanto mais poderosa e mais acentuada é a femenilidade, mais perIgosa ela se torna e, paradoxalmente, perde a sedução.


OGUM
OGUM à o primeiro filho de YEMANJÁ, a quem sempre acompanhava, sendo também muito afeiçoado a EXU e seu irmão OXOSSI, ORIXÁ da caça - a quem ele deu suas armas. 

Foi casado com IANSÃ que o abandonou para seguir XANGÔ. Casou-se também com OXUM, mas vive só, batalhando pelas estradas é o abre-caminhos. 

Ele é o ORIXÁ do ferro; foi o primeiro ferreiro. É o ORIXÁ da civilização e da técnica. Introduziu a agricultura e, como oferenda, recebe inhame e feljio, os frutos da terra. 

É o ORIXÁ dos maquinistas, motoristas, ferroviários, operários e de todos aqueles que trabalham com máquinas e ferramentas. É o ORIXÁ da virilidade; remove obstáculos, civiliza o mundo, prove alimentos. 

Seu dia é a terça-feira. E nas grandes "obrigações", pode pedir um boi ou um bode. Sua cor é o vermelho, mas gosta também de azul e verde forte. Seu animal o cachorro. 

É agressivo e brutal e à tido como responsável pelos acidentes de carro, avião e mecânicos em geral, com os quais castiga quem o desrespeitou. Seus filhos devem abster-se de beber cachaça e de andar armado com faca e facão. 

Por ser sua possessão muito violenta, pode deixar quem o recebe completamente inconsciente e sem controle de seus atos. Os filhos de OGUM são briguentos, violentos, impulsivos e não perdoam e não perdoam as ofensas que foram vítimas. 

Perseguem energicamente seus objetivos e em momentos difíceis, triunfam onde qualquer outro teria abandonado o combate e perdido toda esperança. Possui humor mutável, indo dos furiosos acessos de raiva a um tranqüilo comportamento. 

São impetuosos e arrogantes, não se incomodando de melindrar os outros, mas por terem franquezas em suas intenções, e serem sinceros, dificilmente são odiados.


OXUMARÉ 

OXUMARÉ, filho mais novo e preferido de NANÃ, irmão de OMULU. É uma entidade branca muito antiga, particípou da criação do Mundo enrolando-se ao redor da terra, reunindo a matéria e dando forma ao Mundo. 


Sustenta o Universo, controla e põe os astros e o oceano em movimento. Rastejando pelo Mundo, desenhou seus vales e rios. É a grande cobra que morde a cauda, representando a continuidade do movimento e do ciclo vital. 

A cobra é dele e à por isso que no CANDOMBLÉ não se lha mata. Sua essência e o movimento, a fertilidade, a continuidade da vida. A comunicação entre o céu e a terra é garantida por OXUMARÉ

Leva a água dos mares, para o céu, para que a chuva possa formar-se - é o arco-iris, a grande cobra colorida. Assegura comunicação entre o mundo sobrenatural, os antepassados e oshomens e por isso à associa do ao cordão umbilical. Sua cor é o verde alface e todas as combinações do arco-íris.

Seu dia é terça-feira e a oferenda predileta é tatu, galo e frutas frescas. É bi-sexual e com aspecto femino, dança com o ADÉ (coroa das rainhas).  É dono das riquezas escondidas na floresta, nas entranhas da terra e no fundo do mar, onde reside debaixo do oceano: pedras preciosas, ouro, coral pertence-lhe.

0 tipo psicológico dos filhos de OXUMARÉ é aristocrático. Fisicamente é esbelto, seus traços são finos. É dinâmico, inteligente, dotado de espírito curioso e destaca-se pela ironia. 

Gosta de fofoca e por ser intrigante, atrai, seduz e diverte. É frequentemente esnobe e gosta de exibir-se, chegando a ser excêntrico e extravagante. Quando rico, é protetor dos jovens de talento. É homosexual ou bisexual. Não à bruto nem grosseiro, é refinado e civilizado, mas pode ser perigoso pela maledicência. Possui uma grande intuição e pode ser advinho esperto.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Candomblé e os Tipos Psicológicos parte II



OXALÁ 

Obedecendo a sequência hierárquica, encontramos à frente dos ORIXÁS FUNFUN do branco, OXALÁ. 

OXALÁ é o detentor do poder genitor masculino. Todas suas representações incluem o branco. E um elemento fundamental dos primórdios, massa de ar e massa de água, a protoforma e a formação de todo tipo de criaturas no AIYE e no ORUN. Ao incorporar-se, assume duas formas: OXAGUIÃ jovem guerreiro, e OXALUFÃ, velho apoiado num bastão de prata (APAXORÓ). 

OXALÁ é alheio a toda violência, disputas, brigas, gosta de ordem, da limpeza, da purêza. Sua cor é o branco e o seu dia é a sexta-feira. Seus filhos devem vestir branco neste dia. Pertencem a OXALÁ os metais e outras substâncias brancas. 

0 tipo psicológico do filho de OXALÁ é benevolente e paternal, é sábia, calmo, paciente e tolerante. É lento, frio, fechado. Obstinado, age em silêncio. 

0 tipo físico de OXALUFÃ é frágil, delicado, friorento, sujeito-a resfriados. Compensa sua debilidade física com grande força moral, e seu alvo à realizar a condição humana no que tem de mais nobre. É fiel no amor e na amizade. 

0 tipo OXAGUIÃ é um jovem guerreiro combativo. É habitualmente alto e robusto, mas não é agressivo nem brutal. 

Não despreza o sexo e cultiva o amor livre. É alegre, gosta profundamente da vida, é falador e brincalhão. Ao mesmo tempo e idealista, defendendo os injustiçados, os fracos e os oprimidos. 

Orgulhoso, sedento de feitos gloriosos à, às vezes, uma especie de D. Quixote. Seus pensamentos originais geralmente antecipam o de sua época Ele à o nascente e OXALUFÃ o poente.


ODUDUWA

ODUDUWA, também considerado entidade FUNFUN, recebeu de OLORUN o elemento terra, com o qual ela criou o AIYÉ. sua cor é preta (azul escuro),por ser representante do AIYÉ

OXALÁ e ODUDUWA são cultuados no mesmo dia (sexta-feira) e em alguns terreiros, os dois conceitos são confundidos. 

0 tipo psicológico do filho de ODUDUWA, do ponto de vista físico, à semelhante ao tipo OXALÁ

São magros, franzinos, nervosos e secos como a terra. Mas ao contrário do tipo OXALÁ, os filhos de ODUDUWA são violentos e agresssivos, fechados, inseguros e angustiados, tornando-se às vezes susceptíveis, impacientes, intolerantes e desconfiados. 

Invejosos, vingativos, perseguem aqueles cuja felicidade ou exito é para eles uma afronta. Sabem manipular os outros e toda sua força está em uma Inteligência curiosa, de senso critico e de ironia ferina. É dominador, autoritário e no trabalho é exigente, perfeccionista e minucioso.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Candomblé e os Tipos Psicológicos

EXU, o Mercúrio africano, o intermediário necessário entre o homem e o sobrenatural, o intérprete da linguagem dos mortais e dos ORIXÁS

É pois o encarregado de levar aos deuses da África o-chamado de seus filhos estrangeiros. E nestas notas introdutörias, ele e chamado a levar aos filhos estrangeiros amostragem das infinitas possibilidades este rico Panteão, que se mantém vivo na África, no Brasil e em outros países do Novo Mundo. 


0 CANDOMBLÉ à uma estrutura de culto às forças da natureza, à um hino à vida como Eterno Movimento, que se manifesta nas danças, nas cores dos ORIXÁS, nos elementos sacramentais. 

Ritual comunitário de cantos, danças e alimentos sagrados na sua forma pública, o Candomblé é sacra mentado pelo Pai ou Mãe de Santo, pelos Filhos de Santo, pelos tocadores de atabaque (OGAN), que entoam os cantos sagra dos possibilitando a vinda do ORIXÁ, com a participação da comunidade dos mais velhos às criancinhas. 

Todos cantam e saúdam os ORIXÁS, executam a dança sagrada, num hino à Alegria, Amor e Partilha. Os ORIXÁS - deuses IORUBÁS na África e no Novo Mundo - seriam ancestrais míticos encantados e metamorfoseados nas forças da natureza. 

Cada Indivíduo tem um ORIXÁ principal que é o "dono da cabeça", e outros três que exigem cultuacão e que também oferecem proteção. A tradição afirma que cada ser humano, no momento em que é criado, escolhe livremente sua cabeça (ORI) e seu destino (ODU). 

Cada pessoa tem uma origem divina, que a liga a uma divindade específica. Esta parte divina à situada dentro da cabeça. A substâncla de origem divina (IPORI) torna manifesta a filiação a um deus especifico - o ELEDÁ, por Isso chamado o dono da cabeça. 

Conhecer seu ELEDÁ possibilita ao homem ser artifíce de seu próprio destino, cumprindo as obrigações ou In terdições que seu ORIXÁ determina. Saber manipular tais influências equivale ao conhecimento do horóscopo natal com as melhoras de vida, que se pode obter sabendo ouvir os astros. 

0 "dono da cabeça" (ELEDÁ) determina o tipo psicológico de seu filho e responde, também, por suas características físicas e seu destino. Tradicionalmente, sabe-se qual o ORIXÁ da cabeça, pela leitura de búzios -forma divinatória na qual se lê o ODU

Para isso, usa-se búzio africano(CAURI) previamente preparado para esse fim. Voltaremos, após uma visão geral da estrutura do CANDOMBLÉ aos ORIXÁS e tipos psicológicos. 

O CANDOMBLÉ expressa-se nos terreiros ou roças, onde se cultuam os ORIXÁS e os ancestrais ilustres. 

0 terreiro contém dois espaços, com características e funções diferentes: 

a) um espaço urbano, construído, onde se dá a dança; 

b) um espaço virgem (árvores e uma fonte, equivalentes à floresta africana), que é considerado sagrado. 

0 chefe supremo do terreiro é o BABALORIXÁ ou IYALORIXÁ (pai ou mãe que possuem o ORIXÁ). Eles são detentores de um poder sobrenatural - o AXÉ, a força propulsora de todo Universo. 

0 AXÉ impulsiona a prática sagrada que, por sua vez, realimenta o AXÉ, pondo todo sistema em movimento. 0 AXÉ sendo principio e força é neutro. 

Transmite-se, aplíca-se e combina-se aos elementos naturais, que contam e expressam o AXÉ do terreiro, que pode ser: 

a) o AXÉ de cada ORIXÁ, realimentado através das oferendas e da açio ritual; 

b) o AXÉ de cada membro do terreiro, somado ao do seu ORIXÁ, recebido na iniciação, mais o AXÉ do seu destino individual (ODU) e o herdado dos próprios ancestrais; 

c) o AXÉ dos antepassados ilustres

0 AXÉ como força pode diminuir ou aumentar dependendo da prática liItúrgica e rigorosa observância dos deveres e obrigações. 

A força do AXÉ é contida e transmítida através de elementos representativos do reino vegetal, animal e mineral (oferendas) e podem ser agrupados em três categorias: 

a) sangue vermelho do reino animal (sangue), vegetal (azeite de dendê) e mineral (cobre); 

b) sangue branco do reino animal (sêmem, a saliva), vegetal (seiva), mineral (giz); 

c) sangue preto do reino animal (cinzas de animais), vegetal (sumo escuro de certos vegetais) e mineral (carvão, ferro). 

Estes trás tipos de sangue, por onde veicula o AXÉ, com sua coloração, vai determinar a fundamental importância da cor no culto. 

Resumindo: o AXÉ é, portanto, um poder que se recebe, partilha-se e distribuí-se através da prática ritual, da experiência mística e iniciática, conceitos e elementos simbólicos servindo de veículo. É a força do AXÉ que permite que o ORIXÁ venha e realize-se. 

A existência transcorre em dois planos: o AIYE (mundo, habitação do homem) e o ORUN (além, habitação dos ORIXÁS, mundo paralelo ao mundo real, que coexiste com todos os conteúdos deste)

Cada indivíduo, árvore, animal, cidade, etc, possui um duplo espiritual e abstrato no ORUN. Os mitos revelam que em épocas remotas, o AIYÉ e o ORUN esta vam ligados, e os homens podiam ir e vir livremente de um local a outro. Houve, porém, a violação de uma interdição e a consequente separação e o desdobramento da existência. 

Um mito da criação nos conta que nos primórdíos, nada existia a lám do ar. Quando OLORUN começou a respirar, uma parte do ar transformou-se em massa de água, originando ORIXALÁ - o grande ORIXÄ FUNFUN do branco. 

0 ar e as águas moveram-se conjuntamente e uma parte deles transformou-se em bolha ou monticulo uma matéria dotada de forma - um rochedo avermelhado e lamacento. OLORUN soprou vida sobre ele e com seu hálito deu a vida a EXU, o primeiro nascido, o procriado, o primogénito do Universo. 

OLORUN abrange todo espaço e detém três poderes que regulam e mantém ativos a existência e o Uníverso: 

IWÁ, que permite a Uníverso genérica o ar, a respiração; 

AXÉ, que permite a exístência advir dinâmica; 

ABÁ, que outorga propósito e dá direção. Ou como diz o poeta Moraes Moreíra em "Pensamento Iorubá." 

Para tudo ser tem que ter IWA 

Para vir a ser tem que ter AXÉ 

Para o sempre ser tem que ter ABÁ 

Ao combinar esses três poderes de forma específica, OLORUN transmite-os aos IRUNMALÉ, entidades divinas que remontamaos primórdios de universo, encarregados de mantê-las nas diferentes esferas de seu domínio. 

Os IRUNMALÉ seriam em número de seiscentos, quatrocentos da direita (os ORIXÁS, detentores dos poderes maseulinos) e duzentos da esquerda (os EBORAS, detentores dos poderes femininos. 

Os ORIXÁS aio massas de movimentos lentos, serenos, de idade imemorial. Estio dotados de um grande equilíbrio que controlam as relações do que nasce, do que morre, do que à dado, do que deve ser resolvido. São associados i Justiça e ao equilíbrio, principio regulador dos fenômenos cómicos, sociais e individuais. 

Vimos que quando OLORUN começou a respirar, gerou ORIXALÁ e EXU, o procriado. 

Na qualidade de procriado, EXU não pode ser isolado nem classificado em qualquer categoria. 

Nestes escritos sobre os ORIXÁS, EXU com seu perfil psicológico e o tipo determinante dos seus filhos, abrirão os caminhos sendo o primeiro a ser evocado. 



EXU 


EXU é o pré-existente à ordem do mundo. Como a própria vida, ele se transforma sem parar, mas não uniformemente, porque EXU muda o jogo a seu bel prazer - é um "tríckster". 

É astucioso, vaidoso, inteligente e ambíguo- a tal ponto que os primeiros missionários assustados com pararam-no ao diabo, dele fazendo símbolo de tudo que é maldade. 

Mas EXU, por ser o próprio dinamismo, é quem faz, com seus paradoxos, as coisas manterem-se vivas. É ele que propicia estar o AXE sempre circulando e, ao ser tratado com consideração (oferendas), reage favoravelmente, mostrando-se serviçal e prestativo. 

EXU revela-se o mais humano dos ORIXÁS, nem completamente mau, nem completamente bom. Por estar relacionado com os ancestrais, ele é o guardião dos templos, das casas, das cidades e das pessoas. Cada pessoa tem o seu BARA - até cada ORIXÁ tem seu EXU

Ele está em tudo e com tu do, pois à o intermediário eterno entre os homens e os deuses. É por isso que em todas as cerimónias do CANDOMBLÉ, sua oferenda é a primeira e chama-se PADÉ - que significa re-união. No PADÉ, EXU é chamado, saudado, cumprimentado e enviado ao alem, com dupla intenção: convocar os outros ORIXÁS para a festa e ao mesmo tempo afasta-lo, para que não perturbe a boa ordem da cerimônia, com seus golpes de "tríckster". 

Como transportador das oferendas, ele é OXETUÁ, filho de OXUM com os dezesseis ODU do oráculo (Jogo de buzios) (CAURI) Este aspecto benfazejo de EXU outorga-lhe o poder de restituir a fecundidade ao mundo. Como senhor do poder da transformaço, ele é EXU ELEGBARA, que foi cortado em pedaços e em seguida se regenerou e, ao fazê-lo, reuniu simbolicamente o Universo inteiro. 

EXU mantém o equilíbrio das trocas, provoca o conflito para promover a síntese. Tudo que se une, multiplica-se, separa-se, transforma-se - tudo é EXU, personifícação do principio da transformação. 

Seu dia é segunda-feira. Ele está associado ao nascente e ao futuro e sua cor é o azul-escuro arroxeado, cor do místério da procríação. Seu animal e o cão; o cacto e o mandacaru são suas plantas. Rege o sexo e usa um chapéu que se assemelha ao falo: não há sexualidade sem EXU

OKOTÓ é o caracol, símbolo de EXU, e representa a espiral da evolução. Quando se manifesta, é saudado por um de seus nomes (LAROYE). 

Veste-se de branco, azul e vermelho, leva na mão um tridente ou um ferro de sete pontas ou ainda uma lança. 

0 tipo psicológico do filho de EXU tem as seguintes características: é robusto, ágil, dinâmico, incansável, transborda vitalidade. É grande amigo dos prazeres da vida, guloso, estä sempre com fome e bebe bastante. 

E por isso que ninguém do CANDOMBLÉ deve beber nada sem antes jogar no chão da porta da rua, bebida para EXU. Alegre, brincalhão, gosta de pregar peças, esconder objetos, contar mentiras, ensinar o caminho errado. 

Adora chocar, dizer palavrões. E desordeiro e adora tumultuar festas e reuniões. Quando lhe convem, pode ser extremamente trabalhador, eficiente, incansável e obstinado - tendo em vista sempre o que com isso irá ganhar. 

Mas e totalmente imprevisível, podendo deixar o trabalho em que se empenha apenas por capricho. Não é, entretanto, Insensível. É prestativo e não recusa sua ajuda aos amigos. 

É chamado sempre para resolver problemas financeiros, brigas, encrencas amorosas, as quais com habilidade e bom humor consegue dar uma solução feliz. 

Mas a principal característica dos filhos de EXU é a atormentação da sexualidade; suas vidas são regidas por intensa atividade sexual, e fidelidade sexual é algo impossível de obter-se dos filhos de EXU.