Psicografias
Chico
Xavier psicografou 451 livros, sendo 39 publicados após a morte. Nunca admitiu
ser o autor de nenhuma dessas obras. Reproduzia apenas o que os espíritos lhe
ditavam. Por esse motivo, não aceitava o dinheiro arrecadado com a venda de
seus livros. Vendeu mais de cinquenta milhões de exemplares em português, com
traduções em inglês, espanhol, japonês,esperanto, italiano, russo, romeno,
mandarim, sueco e braile. Psicografou cerca de dez mil cartas de mortos para
suas famílias. Cedeu os direitos autorais para organizações espíritas e
instituições de caridade desde o primeiro livro.
Suas
obras são publicadas pelo Centro Espírita União, Casa Editora O Clarim, Edicel,
Federação Espírita Brasileira, Federação Espírita do Estado de São Paulo,
Federação Espírita do Rio Grande do Sul, Fundação Marieta Gaio, Grupo Espírita
Emmanuel s/c Editora, Comunhão Espírita Cristã, Instituto de Difusão Espírita,
Instituto de Divulgação Espírita André Luiz, Livraria Allan Kardec Editora,
Editora Pensamento e União Espírita Mineira. Mesmo não tendo ensino completo,
ele escrevia em torno de seis livros por ano, dentre eles livros de romances,
contos,filosofia, ensaios, apólogos, crônicas, poesias etc. É o escritor mais
lido da América Latina (nota: ano de 2010).
Seu
primeiro livro, Parnaso de Além-Túmulo, com 256 poemas atribuídos a poetas
mortos, dentre eles os portugueses João de Deus, Antero de Quental e Guerra
Junqueiro e os brasileirosOlavo Bilac, Cruz e Sousa e Augusto dos Anjos, foi
publicado pela primeira vez em 1932. O livro gerou muita polêmica nos círculos
literários da época. O de maior tiragem foi Nosso Lar, publicado no ano de
1944, atualmente com mais de dois milhões de cópias vendidas, atribuído ao
espírito André Luiz, sendo o primeiro volume da coleção de dezessete obras,
todas psicografadas por Chico Xavier, algumas delas em parceria com o médico
mineiro Waldo Vieira.
Uma de
suas psicografias mais famosas, e que teve repercussão mundial, foi a do caso
de Goiânia em que José Divino Nunes, acusado de matar o melhor amigo, Maurício
Henriques, foi inocentado pelo juiz, que aceitou como prova válida (entre
outras que também foram apresentadas pela defesa) um depoimento da própria
vítima, já falecida, através de texto psicografado por Chico Xavier. O caso
aconteceu em outubro de 1979, na cidade de Goiânia, Goiás. Assim, o presumido
espírito de Maurício teria inocentado o amigo dizendo que tudo não teria
passado de um acidente.
Insinuações
de fraude
Durante
décadas, Chico produziu cartas psicografadas para pais e mães que o procuravam
para ter notícias de seus filhos no além. Segundo um estudo da Associação
Médico-Espírita de São Paulo, de 1990, nomes de parentes apareciam em 93 por
cento das cartas e 35 por cento delas tinham assinaturas semelhantes às dos
falecidos. Sempre havia citações que davam impressão de familiaridade aos
leitores a quem eram dirigidas.
A fonte
dessas informações sempre esteve sob suspeita. Alega-se que funcionários do
centro espírita conversavam com os presentes antes das psicografias e que Chico
entrevistava previamente as pessoas que o procuravam em busca de contato com os
espiritos dos mortos. Mesmo assim eram tidas como legítimas pelos familiares e
chegaram a ser usadas como provas em três julgamentos.
Além das
cartas, houve a polêmica com os muitos livros de poesia e prosa que Chico
produziu em nome de espíritos de escritores famosos do Brasil como Olavo Bilac
e Castro Alves. Chico só estudou até a quarta série primária, mas era leitor
voraz e tinha uma biblioteca com quinhentos livros de autores diversos,
inclusive em inglês, francês e hebraico. Colecionava também cadernos com
recortes de textos e poesias, notadamente dos autores espirituais que o
procuravam.
O
verdadeiro escândalo veio quando Amauri Pena Xavier, sobrinho de Chico, disse
poder imitar as psicografias dele com truques e acusou o tio de ser também um
impostor. Depois, sentindo-se culpado, ele retirou a acusação.
Durante
os transes mediúnicos, eletroencefalogramas do médium mostraram que ele
apresentava características clínicas que variavam da epilepsia à criptomnésia ;
clinicamente ele nunca foi epiléptico.