terça-feira, 10 de julho de 2012

MEDIUNIDADE DE PSICOMETRIA - PARTE 9

ENIGMAS DA PSICOMETRIA 
ERNESTO BOZZANO 


Penso que este conceito contém a melhor definição que o espírito humano pode formular sobre este problema, pois ninguém ousará contestar que este é um mundo inferior, no qual a dura disciplina do mal é ainda necessária à elevação espiritual do homem, assim como no-lo atestam a História e a psicologia dos povos. 

É de todo evidente que, se o Mal não existisse na Terra, ninguém compreenderia o Bem. 

Menos evidente não é que a História nos ensina a estimar no Mal, sob todas as suas formas, um instrumento indispensável ao progresso da Humanidade. 

Indubitável, finalmente, que, quando um povo atinge o vértice do poderio e da riqueza - coisas que constituem para nós o maior Bem - esse povo não tarda a corromper-se : menoscaba a virtude, degenera, entra em fase decadente. 

Lícito é, pois, afirmar, sem receio de errar, que o Mal é o estimulante regenerador, que reconduz ao caminho da virtude, da abnegação, do progresso, a Humanidade recalcitrante. 

Por outras palavras : o Mal é o Bem que nós desconhecemos. 

Em ouvindo a sua própria condenação, Sócrates dirigiu aos seus juízes estas palavras memoráveis 

Essa voz profética do Demônio, que não deixou de se fazer ouvir durante toda a minha vida e a todo o momento, sempre, me desviou do que me pudesse acarretar um mal; hoje que me sobrevém estas coisas, que se podem considerar piores, por que se cala essa voz? 

É porque tudo isto que me sucede é um beneficio. Nós nos iludimos quando pensamos que a morte seja um mal. 



XVIII Caso - Aqui consigno um episódio premonitório, também referente à guerra, contendo passagens interessantes do ponto de vista das hipóteses reencarnacionista e fatalista. 

Provém ele de uma obra publicada na Inglaterra sob o título de - Poems of Claude L. Penrose, with a biographical Preface - editado no intuito de perpetuar a memória de um rapaz de 25 anos, dotado de grande talento e belo caráter, morto em combate, na França. 

Cláudio L. Penrose era filho da Sra. H. Penrose, literata assaz conhecida no Reino Unido, autora de contos e romances através dos quais analisa com genial intuição o caráter do filho, desde a infância. 

No estudo biográfico por ela preposto aos poemas do filho, lê-se este caso notável de psicometria premonitória 

Aos 18 de julho de 1918, o Sr. L. P., amigo da família, informava a Senhora Penrose de que tinha travado relações com uma costureira dotada de excepcionais faculdades clarividentes. 

A título de experiência, a Senhora Penrose remeteu ao Sr. L. P. versos de Clough, copiados por seu filho, os quais foram apresentados à clarividente. 

Esta, muito atarefada, deixou de os considerar por algumas semanas. 

Foi somente a 15 de julho que enviou ao Sr. L. P. uma carta com o resultado da experiência psicométrica, carta que, por diversos motivos, só foi entregue ao destinatário no dia 31 do referido mês. 

Fosse como fosse, a carta esteve com o Sr. L. P. alguma hora, antes de Cláudio Penrose ser ferido na frente francesa. Eis como se exprime a clarividente no citado documento: Tenho a impressão de que estes versos foram copiados por um jovem de 25 anos mais ou menos, dotado de talento muito superior 8 sua idade. 

Penso que ele pertence à elevada hierarquia social. É também um belo caráter. Oficial de carreira, deve dedicar-se, de preferência, à artilharia. 

Se lhe fora permitido sobreviver, faria uma carreira brilhante. Desgraçadamente, se há esta hora não está morto, sé-lo-á dentro em breve, de vez que nada mais lhe resta fazer neste mundo. Será gravemente ferido, para morrer logo depois. 

Diga à sua mãe que ele não sofreu e que o papel que tenho nas mãos me permite ver, de modo assaz nítido, que seu filho está feliz. 

Os fatos confirmativos desta revelação não se fizeram demorar. 

Cláudio Penrose foi ferido na tarde daquele mesmo dia em que a carta chegara às mãos do Sr. L. P. 

E no dia seguinte o rapaz expirava, serenamente, sem agonia. 

Quando a Senhora Penrose recebeu a lutuosa notícia e invocava soluçaste uma prova de não haver perdido fisicamente o filho querido, recebeu o almejado conforto daquela missiva, que foi acolhida como resposta à sua desesperada súplica. 

Tais os fatos. Chamamos a atenção especial do leitor para este conceito: se lhe fora permitido sobreviver, faria uma carreira brilhante e mais se há esta hora não está morto, sê-lo-á dentro em breve, de vez que nada mais lhe resta fazer neste mundo. 

Esta última advertência é de molde a lembrar a velha sentença do poeta grego Menandro: 



”Os que morrem moços, caros são aos Deuses” 



Sentença concordante com a doutrina reencarnacionista, segundo a qual uma morte prematura deixaria supor que o indivíduo tenha assaz progredido para abreviar o estágio de aprendizado na evolução ascendente das vidas sucessivas, e, no caso de mortes infantis, que tenha progredido bastante para suprimir uma provação, mergulhando na Terra com o só fito de se revestir de elementos fluídicos indispensáveis ao corpo astral, desejoso de preparar-se para a seguinte reencarnação. 

Do ponto de vista fatalista, mesmo neste caso, como no precedente, convém notar que, se o Espírito de Cláudio Penrose na sua existência pré-natal houvesse elegido a morte num campo de batalha, este fato significaria que a guerra mundial estava preestabelecida com todas as suas conseqüências, no sentido. da fatalidade aplicada às diretivas históricas dos povos. 



XIX Caso - Acabarei expondo alguns casos nos quais a análise dos fatos deixa transparecer que o objeto psicometrado serve, algumas vezes, para colocar o sensitivo em relação com a entidade espiritual do seu falecido dono. 

Tal como já adverti, essa hipótese não passa de premissa menor de um silogismo, cuja premissa maior é verdade demonstrada; ou seja que, se a influência de uma pessoa viva pode estabelecer a relação do sensitivo com a subconsciência dessa pessoa, também a influência do morto, em objeto que lhe tenha pertencido, deverá ter a faculdade de pôr o sensitivo em relação com o Espírito do defunto. 

Ao demais, e de acordo com o que afirmam personalidades mediúnicas, o objeto apresentado a um médium teria outras particularidades além da principal, que é estabelecer a relação entre o médium e o desencarnado, ou seja, atrair o Espírito deste. 

Assim é que também contribuiria para estimular as associações mnemônicas no momento da comunicação - ato que implica sempre um processo perturbador, pois que o Espírito tem de pensar pelo cérebro de outrem -, conferindo-lhe a necessária energia para manter-se em relação mediúnica, graças à natureza vitalizaste do fluido contido no objeto. 

Finalmente, impediria que o Espírito fosse telepaticamente influenciado por outros Espíritos, ou mesmo por encarnados presentes à sessão. 

Eis, aí, afirmativas concordes, de personalidades mediúnicas, que se manifestaram pelas Sras. Piper, Thompson e Chenoweth. 

Neste caso admirável da identificação do jovem Bennie Junot (Piper), ele dirige-se ao pai, dizendo: Papai, lembra-te do meu álbum de provas fotográficas? 

Responde-lhe o pai: Sim, Bennie, lembro-me perfeitamente. 

E Bennie logo : Pois bem, toma-o e coloca-o lá na mesinha do quarto; assenta-te com a mamãe perto dele e pensem em mim, porque o álbum servirá. para me atrair e facilitar a comunicação. (Proceedings of S. P. R., vol. XXIV, pág. 402.) 

E mais adiante: Quando retiram objetos que me pertencem, sinto-me logo confuso e desorientado. (Pág. 582.) 

Após estas considerações destinadas a esclarecer o assunto, passo a expor os fatos. 

Vejamos este, tomado no Light (1910, pág. 133). 

E o general Joseph Peters, de Munique, quem relata nestes termos uma experiência com o médium Alfredo Von Peters: 

Entreguei ao médium uma medalha que pertencera à minha falecida irmã. 

Quando Peters a colocou sobre a fronte, pensei involuntariamente na falecida e esperava que me falasse dela. 

Bem ao contrário, começou por descrever minha mãe, dizendo Vê-la a meu lado e a exibir-lhe dois retratos, dos quais fez minuciosa descrição. 

Lembrei-me de que alguns anos antes tinham guardado em uma pasta duas fotografias análogas às descritas, mas não me ocorriam detalhes. Fosse por que fosse, notei que a descrição não correspondia absolutamente aos retratos de meus pais, existentes na minha sala de visitas. 

Logo que regressei a casa, procurei as fotografias e verifiquei, surpreso, que o médium as descrevera com perfeita exatidão. 

Nitidíssima deveria ter sido a sua vidência, pois abrangera os trajes, o penteado, a posição das mãos e minúcias outras de menor relevo, tal, por exemplo, a cortina que serviu de écran para uma das fotografias. 

Mais tarde pude compreender o motivo por que o médium não entrou em relação com o Espírito de minha irmã. 

E que a medalha tinha sido feita de uns brincos que pertenceram à minha mãe, e minha irmã, que tivera a idéia de os mandar fundir e transformar em medalha, nunca usou, depois, esta jóia. 

Neste primeiro caso não poderíamos, certamente, excluir a hipótese de haver o médium haurido na subconsciência do consulente os pormenores revelados. 

Todavia, a circunstância de ele se propor a entrar em comunicação com a irmã e ignorar que a medalha não continha associações fluídicas com ela, torna mais verossímil a hipótese da influência materna contida no objeto, como traço de ligação psicométrica do médium com a falecida. 

E aquele Espírito, que exibia ao médium duas fotografias totalmente esquecidas, demonstra a intenção de provar a sua presença real, de acordo com os desejos do consulente, que procurara o médium na esperança de alcançar uma prova valiosa da identificação espírita. 



XX Caso - Publicado pelo Journal of the S. P. R. (vol. IV pág. 8). É a Sra. M. A. Garstin que relata o seguinte incidente pessoal: 

Tive um estranho caso de identificação espírita, sem o haver provocado. Foi isso há dez anos, quando vim fixar residência em Colorado Springs. 

A senhora, em casa de quem eu tomara pensão, era espírita e certa noite me convidou para assistir a uma sessão particular em casa de um amigo. 

Ali, estando na localidade há pouco tempo, nenhuma das pessoas presentes me conhecia. 

Aberta a sessão, logo após, uma senhora caiu em transe e parecia incapaz de falar. 

Sem embargo, por gestos que ela fazia, compreendíamos que a entidade manifestante desejava falar a uma pessoa estranha. 

Eu, por minha vez, esforçava-me para compreender a mímica; mas, debalde, até que a médium entrou a imitar os movimentos de alguém que trabalhasse em renda, sobre almofada. 

Lembrei-me, então, de uma mulher cingalesa, que conhecera anos antes e cujo nome pronunciei. 

Foi o bastante. A médium resvalou da cadeira, prosternou aos pés, beijou-me as mãos repetidamente e manifestou, enfim, num péssimo inglês de pronúncia cingalesa, a sua grande alegria por conseguir, ainda uma vez, testemunhar-me a sua gratidão. 

É preciso não esquecer que a médium era uma senhora americana, cuja atitude aos pés de uma inglesa aberrava dos naturais melindres patrióticos. 

Também convém não perder de vista o imprevisto de tal manifestação, dado que há uma vintena de anos não me passava pela mente qualquer lembrança da pobre Leho-rainy. 

De regresso a casa, só então reparei que levara comigo um enfeite de renda trabalhada pela cingalesa. 

Será que esse pedaço de renda tenha servido de veículo ou traço de união para manifestação do Espírito? (Assinado: M. A. Garstin). 

Só podemos responder afirmativamente à pergunta final da Senhora Garstin. Não havia dúvida que aquele pedaço de renda foi o agente psicométrico que provocou o fenômeno. 

Fica, entretanto, para resolver o problema já suscitado pelo caso precedente, a saber: se a relação se estabeleceu com a subconsciência da Senhora Garstin, ou com o Espírito da cingalesa. 

A esse propósito, notarei que se observam, na atitude da personalidade mediúnica, detalhes dificilmente explicáveis pela hipótese subconsciente. 

Assim, por exemplo, a circunstância da pronúncia inglesa incorreta, própria da cingalesa quando encarnada, constitui boa prova de identidade pessoal. 

A atitude servil traduzida pela genuflexão e o beija-mão, de acordo com os hábitos das classes humildes da Índia em suas relações com os europeus, também constitui boa prova de identidade, tendo-se em vista que o médium, ignorante dos costumes indianos, não se conformaria com essas atitudes, se não impelido pela entidade cingalesa, que se lhe apresentava. 



XXI Caso - Extraído de Light (1914, pág. 32). A Srta. Edith Harper conta-nos este caso, ao tratar dos resultados obtidos nos primeiros anos de funcionamento do famoso Escritório mediúnico de William Stead. 



Entre os episódios de natureza psicométrica, encontra-se este: 

Um indivíduo mandou da Índia uma caneta de madeira, acrescentando que ela pertencera a um filho dele, já falecido. 

O sensitivo, Sr. Roberto King, ignorando absolutamente a proveniência do objeto, tomou-o e começou logo a descrever uma criança, cujo retrato esboçou minuciosamente. 

A seguir, o Espírito da criança transmitiu-lhe lacônica mensagem destinada ao consulente, que - acrescenta o Senhor King -, está intimamente ligado ao falecido. 

Depois, diz o sensitivo: Sinto-me empolgado por uma influencia singular e ouço nitidamente uma voz que repete e insiste numa palavra cuja transcrição fônica é - Shanti. 

A mensagem foi encaminhada para a índia e o pai do menino não demorou a responder, gratíssimo, confessando não lhe restar dúvida alguma sobre a autenticidade da comunicação; primeiro, porque ele era, efetivamente, uma criança; e, segundo, porque a descrição feita pelo médium era a expressão maravilhosa da verdade. 

Finalmente, a palavra Shanti, que quer dizer: - a paz seja contigo -, era a saudação habitual que o filho lhe dirigia, quando vivo, todas as manhãs. 

Neste caso, a circunstância, teoricamente importante, afirma-se no último incidente, ou seja, a audição de um vocábulo que o médium traduz foneticamente, vocábulo este que se verifica, posteriormente, corresponder à saudação que o filho costumava dirigir ao pai. 

E um incidente que realiza excelente prova de identificação espírita. Sem dúvida poderíamos objetar que a relação psicométrica se estabelecesse entre o médium em Londres e o consulente na Índia e que, por conseguinte, houvesse aquele se apropriado, na consciência deste, das suas indicações. 

Todavia, não deixarei de encarecer que, na interpretação dos fenômenos psicométricos, não é fácil nos descartarmos das regras que os regem. 

Ora, uma dessas regras nos ensina que, quando o sensitivo entra em relação com o possuidor do objeto psicometrado, começa por descrever o indivíduo com o qual se relacionou, para chegar depois a desvendar os acontecimentos da vida desse indivíduo, inclusive o meio em que ele se encontrava. 

E, quando o objeto foi utilizado por diversas pessoas, o sensitivo percebe entre as diferentes influências aquela que, em virtude da lei de afinidade, se lhe torna mais ativa, enquanto ignora as outras, ou apenas recebe delas impressões secundárias, passíveis de erronias e confusões. 

Daí se infere que, no caso em apreço, se o sensitivo houvera percebido na caneta a influência do consulente e com ele entrara em relação, começaria por descrever-lhe a personalidade, para revelar de seguida incidentes da sua vida particular e o meio em que se achava. 

Ora, nada disso tendo sucedido, é força convir que o objeto não continha a influência do pai, e, por conseqüência, não podia o sensitivo entrar em relação com ele. 

Lógico, ao contrário, é dizer-se que o objeto, por saturado da influência do filho, determinou a relação psicométrica do sensitivo com o desencarnado, o que de resto ressalta dos fatos, com a descrição mediúnica do filho e não do pai. 

Chamo finalmente a atenção dos estudiosos para este ponto: psicometricamente falando, seria absurdo insustentável o pensar que a relação possa estabelecer-se com indivíduos cuja influência não satura o objeto psicometrado. 



XXII Caso - Encontra-se em Light (1912, página 551). 

A Sra. J. L. C., enfermeira profissional diplomada, comunica o seguinte interessante episódio de sua observação pessoal. 

Dado a sua profissão, ela expressa o desejo de conservar-se incógnita, mas o seu nome é assaz conhecido pela Direção da revista. 

Eis como se pronuncia ela 

Sou enfermeira profissional. Há oito anos, necessitando de algum repouso, aceitei a hospitalidade de uma senhora idosa, muito ativa e inteligente, que procurava uma companhia que lhe dedicasse algumas horas diárias. 

Em breve nos tornamos muito amigas. Eu sou médium sensitiva, mas, devido à minha profissão, sempre julguei prudente não me ocupar de experiências mediúnicas. 

Minha amiga, ao contrário, conquanto não possuísse tais faculdades psíquicas, interessava-se profundamente por esses estudos. 

A esse respeito muito conversávamos e acabamos por estabelecer um pacto, no sentido de vir, a primeira que falecesse, dar à outra uma prova da sobrevivência, se Deus tal permitisse. 

Há esse tempo comprei, de um velho antiquário, um colar antigo, assaz curioso. 

Não tinha ele grande valor venal, pois se compunha de treze pequenas bolas de cobre prateado e outras tantas do mesmo tamanho, fingindo ametistas. 

A Senhora Hope ficou encantada com esse colar e passou a usá-lo constantemente, dizendo que não mais mo devolveria. Pouco tempo depois, fui obrigada a sair de Londres para exercer na província a minha profissão. 

Só de quando em quando me era dado avistar a minha amiga. 

De uma feita que vim a Londres, fui visitá-la, porém ela estava por sua vez ausente de Londres. 

A correspondência, entre nós, espaçou-se e, conquanto não arrefecesse a recíproca amizade, os meus encargos não ensejavam lazeres para escrever-lhe. 

Certo dia fui levado por uma amiga à casa de um psicômetra de nome Ronald Brailey. 

Impressionada com o que ali vi e ouvi, lá voltei algumas vezes. Uma noite de maio de 1910, apresentei ao sensitivo o colar, que, desde logo, pareceu interessá-lo grandemente. 

Disse-me que se tratava de objeto antiqüíssimo, saturado de influencia hindus. 

Anunciou, depois, que percebia a influencia de uma mulher idosa, a andar de um lado para outro, e perguntou-me se a conhecia. 

Como no momento pensasse na Senhora Hope, insisti pela negativa, em face das descrições que me fazia. 

Que não, que muito lastimava, mas não reconhecia aquela pessoa. 

O sensitivo prosseguia: - É certo se tratar de uma senhora que muito estimastes e vos correspondia do mesmo modo. 

Sabia ele, mais, que essa senhora falecera havia dezoito meses ou cerca de dois anos. 

E eu a contestar que não a conhecia! 

Tomou ele, então, de uma folha de papel e desenhou um retrato de mulher, que me entregou. 

Era uma reprodução perfeita do rosto da falecida, melhor que as fotografias por ela deixadas. 

Ali estavam os seus traços bem definidos, os penteados habituais, a maneira de cruzar o chalé. 

Cardíaca, por natureza, estive a pique de me sentir mal. Mas... ela não morreu... exclamei. 

O sensitivo respondeu calmamente: entretanto, sei que ela não está mais neste mundo, e acrescentou: morreu subitamente, talvez de uma apoplexia, perdendo os sentidos antes mesmo do traspasse. 

Logo que me foi possível, fui a Kew e procurei informar-me na casa que ela habitava. 

A senhora ali residente declarou-me, então, que a minha amiga havia falecido dezoito meses antes. 

Esta confirmação me abalou profundamente, por não ter assistido a Senhora Hope em seu leito de morte. 

Dirigi-me imediatamente ao médico que a socorrera, no intuito de melhor informar-me, dizendo-me ele que nos últimos meses ela muito emagrecera, fato esse que constituía prognóstico alarmante em se tratando de uma octogenária. 

Por fim, atingida por uma congestão, perdera logo a faculdade da palavra e assim permanecera até o desenlace, que se verificou poucos dias depois. 

E ajuntou que os últimos momentos foram penosos para os assistentes, por lhes parecer que a paciente queria dizer algo, como que reclamando a presença de alguém. 

Apresentei-lhe, então, o esboso do retrato a lápis e disse que havia sido executado de memória por um amigo da falecida. O doutor fitou-o atentamente e disse logo que era de semelhança perfeita, com a só diferença de parecer muito mais moça. 

Tal a verdade escrupulosa, a respeito do colar e de minha amiga Hope. 

Não sou espírita, devo dizé-lo, guardando em face do problema uma atitude que não é de convicção nem também de incredulidade. 

Neste episódio a interpretação espírita ressalta nítida dos fatos e da circunstância em que se encontrava a consulente, ignorante da morte da amiga, assim excluindo a hipótese segundo a qual o sensitivo pudesse psicometricamente haurir na subconsciência da mesma consulente os detalhes relativos a Senhora Hope. 

Preciso é, portanto, recorrer à hipótese psicométrico-espírita, segundo a qual a influência da falecida, conservada no colar, serviria para estabelecer a relação com o sensitivo, da mesma forma por que, conforme afirmam as personalidades mediúnicas, poderia contribuir para atrair o Espírito às sessões. 

De resto, não devemos esquecer que as duas senhoras haviam sancionado o compromisso da manifestação póstuma, que, evidentemente, a Senhora Hope procurou satisfazer.

MEDIUNIDADE DE CURA POR RAMATIS - PARTE 9

A tarefa dos médiuns receitistas
  e os equívocos das consultas 

PERGUNTA: - Que dizeis dos médiuns que se fatigam até altas horas da noite nos centros espíritas, extraindo centenas de receitas para os freqüentadores habituais, tarefa exaustiva que cresce de mês para mês? Isso é realmente de efeito proveitoso para a divulgação do Espiritismo, ou trata-se de alguma prova cármica ou serviço espontâneo do próprio médium aceito antes de se encarnar? 

RAMATÍS: - A tarefa dos médiuns receitistas e curadores avoluma-se, dia a dia, porque os adeptos espíritas, em sua maioria, ainda confundem o objetivo doutrinário do Espiritismo com a função de um "armazém" fornecedor de passes, receitas, água fluidificada ou recurso fácil para solucionar questiúnculas domésticas. Deste modo e na condição passiva de pedintes insatisfeitos, eles desperdiçam o tempo precioso dos guias solícitos, mas nada fazem pela sua própria reforma interior. Exploram as entidades magnânimas com as solicitações mais esdrúxulas e descabidas, enquanto desfiam o rosário das queixas mais infantis, convictos de que os médiuns não passam de funcionários do "plantão espírita" obrigatório nos centros. 

Então, os consulentes mais desavisados e aflitos consomem-lhes até os últimos minutos do descanso justo ou do alimento imprescindível, obrigando-os a ouvir longas histórias de questiúnculas ou de ingratidões do próximo, em que mal disfarçam o amor-próprio ferido, o ciúme dramático ou o orgulho indomável. A "fila" dos pedintes cresce diariamente junto ao médium que logra algum sucesso no desempenho de sua faculdade; e infeliz dele se negar a mínima atenção aos consulentes que já lhe usufruem familiarmente da mediunidade para solver todos os problemas de sua vida particular. Há consulentes que esquecem as diversas receitas e os múltiplos favores que lhes são prestados pelos médiuns de boa-vontade, e passam a condená-la quando ele deixa de os satisfazer uma só vez. 

O médium, no conceito comum de muitos adeptos espíritas e simpatizantes de última hora, não tem o direito de negar-se a "fazer a caridade", pois entendem que a sua existência não lhe pertence e o consideram criatura obrigada a sacrificar-se exclusivamente para o bem dos seus consulentes. Raros espíritas reconhecem-lhe a responsabilidade junto à família, a necessidade de buscar o sustento no mundo profano e enfrentar também as doenças e vicissitudes do lar terreno. Ou ele é fonte de benefícios ao próximo, uma criatura invulgar, poderosa e estóica ou, então, quando adoece ou se exaure até ao fracasso é porque se desviou da sua "missão". 

PERGUNTA: - Poderíeis dar-nos alguns exemplos desses exageros mais comuns no tocante à solicitação indiscriminada de receitas espíritas? 

RAMATÍS: - Os médiuns, conforme já lembramos, quais funcionários do "armazém espírita", são obrigados a atender a todas as solicitações absurdas; e a sua situação ainda mais se agrava quando eles não são sonâmbulos ou mecânicos, mas somente intuitivos receitistas. Neste caso, então, a sua tarefa é mais difícil porque o sucesso do tratamento depende do seu estado moral, condições psíquicas ou saúde física, pois qualquer anormalidade perispiritual impede-os de captar a intuição exata que os guias lhes transmitem. 

Os consultantes entendem que os médiuns devem atendê-las em todas as circunstâncias, sem considerarem horários ou as dificuldades e imprevistos humanos, que atingem a todos. 

Para esses simpatizantes o médium e os espíritos têm o dever precípuo de curar os efeitos nocivos que eles sofrem, às vezes, devido aos exageros de alimentação, bebidas alcoólicas, gelados e outros desatinos censuráveis. 

Eis por que se tornou comum o hábito indiscriminado de pedir receitas mediúnicas para atender a todos os parentes, amigos e conhecidos. 

Alguns adeptos espíritas viciam-se aos passes mediúnicos, assim como os fumantes inveterados escravizam-se ao fumo, ou então como os católicos que se habituam à missa todas as manhãs. 

Outros, embora gozem de excelente saúde, entram na "fila" de passes e vampirizam os fluidos terapêuticos que poderiam nutrir a outros mais necessitados e realmente enfermos. Mas essa viciação cômoda é justificada graciosamente com a desculpa de que o passe espírita não é desvantajoso mesmo para os sadios, pois, em qualquer circunstância, sempre "faz bem". O Espiritismo, portanto, para muitos, ainda é considerado a tenda miraculosa ou a fonte prodigiosa de recursos fáceis para atender a todas as necessidades mais comezinhas e às consultas mais prosaicas, funcionando os médiuns à guisa de "caixeiros" com a obrigação de atender a todos, sob pena de serem apontados como descaridosos. 

PERGUNTA: - Os espíritos desencarnados não poderiam advertir essas criaturas de que o Espiritismo não é doutrina de exclusivo beneficio material? Tal providência não conduziria os seus simpatizantes a uma compreensão mais certa dos verdadeiros objetivos da modificação de Kardec? 

RAMATÍS: - O Espiritismo, como o cristianismo redivivo, é um movimento benfeitor endereçado a todos os homens independentemente de classe, de raça, de cultura, de condições sociais ou situação financeira. E o médium espírita, quando é consciente de suas obrigações no seio da doutrina, é sempre a criatura caritativa e afetiva, desinteressada de quaisquer proventos, dádivas ou compensações materiais, cumprindo dignamente o compromisso que aceitou no Espaço em favor dos encarnados e também para redimir-se dos seus débitos contraídos em vidas pretéritas. 

Estas considerações são uma advertência quanto à imprudente interpretação unilateral, que se faz da verdadeira finalidade do Espiritismo, na Terra, pois, independente dos passes e dos demais auxílios mediúnicos que ele presta aos homens, é imprescindível que os seus adeptos ou consultantes se devotem especialmente ao seu aperfeiçoamento espiritual. 

É razoável que roguem orientações espirituais aos desencarnados, sirvam-se do receituário mediúnico, dos passes ou da água fluidificada, pois tudo isso é realmente serviço e objetivo amoroso da alçada da doutrina espírita como nova mensagem cristã rediviva. Mas não seja apenas isso o único interesse ou realização dos seus adeptos, que já se julgam bons espíritas só porque usufruem de todos os serviços espiríticos. Que não se confunda a renovação espiritual íntima, com a assistência caritativa dos desencarnados, pois a solução dos interesses da vida terrena não gradua o espírito na sua escala angélica. 

Comumente, ainda se comprova essa disposição muito interesseira, e exclusiva dos espíritas, pelas soluções materiais, pois, enquanto as salas das sessões de passes, de receituário mediúnico ou consultas psíquicas abarrotam-se de freqüentadores que exaurem os médiuns para atender-lhes toda sorte de indagações e pedidos pessoais, ficam às moscas os ambientes onde o orador estudioso explica os postulados do Espiritismo ou o doutrinador comenta os valores ocultos do Evangelho do Cristo. À medida que mais se vulgariza o receituário mediúnico e também se amplia o serviço caritativo dos espíritos, parece que os seus adeptos ainda mais atrofiam as suas defesas orgânicas e o discernimento próprio, pois tornam-se incapazes de suportar o mais inofensivo resfriado ou enfrentar diminuta contrariedade moral, sem recorrerem a consultar os espíritos desencarnados. 

Enquanto os médiuns abnegados obrigam-se a um trabalho heróico e exaustivo no cumprimento do receituário numeroso, os seus consultantes apenas se preocupam com a sua cura física e comodidade material. Esses adeptos só não consultam os espíritos para lhes extraírem chapas radiográficas, receitarem óculos ou arrancarem-lhes os dentes, porque isso ainda não é modalidade explorada pelo Espiritismo, pois faltam médiuns adequados ou então espíritos dispostos a atender a tais pedidos. 

Não há dúvida de que o fenômeno mediúnico ou a cura excepcional pode convencer o homem quanto à sua imortalidade, mas isso não comprova que ele se tenha convertido aos postulados superiores do Evangelho do Cristo. Quem se cura definitivamente pelos recursos mediúnicos do Espiritismo fita obrigado a respeitar e conhecer os seus princípios doutrinários, que lhe prestam benefícios maiores sem quaisquer interesses 

PERGUNTA: - Desde que o Espiritismo significa a última esperança de cura para os enfermos já desiludidos com a medicina oficial, cremos que não há motivo de censuras aos seus adeptos por buscarem os serviços dos médiuns receitistas, pois é razoável que os neófitos ainda não possam alcançar o verdadeiro objetivo da doutrina, quanto a renovar o espírito para, depois, curar as doenças do corpo. Que dizeis? 

RAMATÍS: - Considerando-se que os terrícolas ainda são criaturas viciadas no fumo, nos tóxicos alcoólicos, na glutoneria das mesas e na ingestão das vísceras dos irmãos inferiores, não há dúvida de que os médiuns receitistas e passistas, em breve, sentir-se-ão impotentes para atender à sua clientela cada vez mais numerosa e interessada em resolver todos os seus problemas da vida material. Geralmente, os consultantes espíritas, em boa maioria, tentam obter à noite, no centro espírita, a saúde física e a recuperação psíquica que eles mesmos arruínam, sem precaução, durante o dia. 

Confiantes na afabilidade e tolerância dos guias espirituais, eles os sobrecarregam de rogativas e convocam os médiuns para solverem os seus problemas mais comuns. Não desejamos censurar essa atitude infantil ou inconsciente dessas criaturas que fazem da seara espírita kardecista ou dos terreiros de Umbanda a sua "agência particular" de informações. Mas o fato é que a crença espírita não deve ser condicionada ao maior ou menor êxito dos médiuns, pois eles também são homens e, dia mais ou dia menos, terminarão decepcionando os seus clientes comodistas. Os médiuns não são oráculos modernos nem pitonisas, à semelhança do que acontecia nos tempos do paganismo. E a cura física pelo Espiritismo não é prova suficiente para o seu beneficiado julgar-se um adepto credenciado pela doutrina. 

PERGUNTA: - Realmente, alguns irmãos explicam-nos que perderam a fé no Espiritismo, porque foram vítimas de mistificações ou fracassos dos médiuns em que eles tanto confiavam e dos quais se socorriam comumente. 

RAMATÍS: - Sem dúvida, esses são "ex-espíritas" completamente desiludidos da doutrina porque, imprudentemente, haviam alicerçado sua crença sob a garantia do êxito dos fenômenos mediúnicos. É óbvio que essa fé também deveria aumentar ou diminuir de acordo com o maior ou menor sucesso dos médiuns no seu intercâmbio com o Além-túmulo. Em conseqüência quando ocorreu o fracasso ou a mistificação, eles também regressaram aos velhos caminhos da dúvida e da descrença, repudiando os postulados da doutrina e olvidando também os benefícios e o conforto espiritual que receberam dela nos seus momentos de angústia e sofrimento. 

Em verdade, tais "adeptos" não passam de simples curiosos mal-agradecidos que, tendo provado um vinho azedo, passam a negar a existência do vinho bom. O primeiro insucesso ou equívoco mediúnico serve-lhes, então, de motivo para execrarem todas as demais virtudes da doutrina espírita e o serviço amoroso dos espíritos desencarnados. Em seguida, lamentam a sua ingênua peregrinação através dos centros espíritas, quando buscavam a solução definitiva para os seus males e só recebiam contemporizações dos médiuns e espíritos. 

Infelizmente, trata-se de criaturas que ignoram o processo justo e redentor do Carma, que premia a "cada um conforme suas obras". Evidentemente, em suas existências anteriores, elas abusaram da inteligência e da astúcia na prática do mistifório e da burla, e por esse motivo se candidataram também às mesmas incertezas e decepções atuais. Malgrado não conheçam a engrenagem retificadora da Lei de Causa e Efeito, nem por isso estão isentas de sofrer o reajuste espiritual para encerramento de sua conta devedora na contabilidade divina. 

Os médiuns não são responsáveis pelas contingências imperativas da Lei Cármica, que age para o devido reajuste espiritual das mesmas. 

O Alto não toma medidas reprováveis, de teor vingativo, como veículo de resgate de dívidas cármicas dos espíritos devedores. Nenhum médium é obrigado ou induzido, pelos mentores siderais, a praticar deslizes ou criar acontecimentos punitivos a fim de que os infratores da Lei divina sejam corrigidos. 

PERGUNTA: - Poderíeis esclarecer-nos como e quando coincide o fracasso ou a mistificação ante aqueles que, devido à Lei Cármica, ainda não merecem receber provas das realidades de Além-túmulo? 

RAMATÍS: - Quantas vezes os trabalhos de fenômenos físicos, que se processam com seguro êxito ante os que têm certeza absoluta da existência e imortalidade da alma, fracassam por completo quando comparecem a esses atos o ateu, o curioso ou os zombeteiros, os quais, no entanto, talvez se convertessem diante das provas irrefutáveis? Outras vezes, os dirigentes dos trabalhos fenomênicos mediúnicos esforçam-se para oferecer a certas criaturas algumas provas da interferência dos espíritos desencarnados e, contudo, também falham os melhores prognósticos, deixando até maior dúvida nos assistentes?.. 

Malgrado se queira fazer crer que os espíritos costumam intervir promovendo deliberadamente tais fracassos, estes resultam da própria Lei Cármica de retificação espiritual, que associa as coincidências, afastando os candidatos "indesejáveis" nos dias em que os trabalhos terão sucesso positivo. No entanto, essas criaturas não estão sendo vítimas de uma punição propositada, mas o seu passado ateísta e leviano é que só lhes permitirá encontrarem as verdades que subestimaram e ridicularizaram, empenhando-se agora num esforço do seu próprio raciocínio e mediante a dor purificadora que ajusta o caráter à melhor compreensão das verdades espirituais. 

Se assim não fora, que importância teriam os postulados superiores do espírito ou a própria advertência de Jesus, quando aludiu a que a "semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória"? Ademais, seria uma concessão privilegiada e imerecida do Alto, o facultar comodamente as provas da sobrevivência àqueles que, no seu passado, combateram a esperança da imortalidade, apagando-a da mente das criaturas simples que surgiram no seu caminho. 

Embora a criatura ignore transitoriamente as causas pretéritas que a submetem a certas provas, ela não poderá livrar-se das contingências "fatais" que lhe impõem reparar "até ao último ceitil", todos os erros que haja praticado, pois a "contabilidade divina" não faz estornos. Mesmo porque se trata da própria redenção espiritual do devedor. Aqueles que, em vidas anteriores, usaram de sua inteligência, cultura e privilégios, semeando a descrença e o ateísmo nas mentes menos esclarecidas, a Lei, depois, obriga-os a provas cármicas de teor equivalente. 

É o que acontece também aos que, tendo abusado da sua arte ou do seu talento, depois, quando voltam à Terra, noutra encarnação, por mais que se esforcem e lutem para vencer, a dita Lei do Carma priva-os de obterem o êxito desejado. É o caso de inúmeros jovens que tentam estudar Medicina, Engenharia, Pintura, Música ou qualquer outra matéria, mas a Lei Cármica interfere opondo-lhes obstáculos de toda ordem e até deficiências intelectuais e físicas, que os impedem de conseguir realizar o objetivo sonhado. 

Sim: - Quantas vezes, um livro de temas ou concepções licenciosas e deprimentes é qual vírus infeccioso a intoxicar a consciência da coletividade? E outros, que, pelas idéias expostas em suas páginas, instigando movimentos de ódio e vingança de caráter niilista, são uma espécie de rastilho mental incendiário, que resulta em conflitos de sangue e morte, levando a angústia e a desgraça a muitos lares?... 

Na época que viveis, o próprio ateísmo que encontrou agasalho na mente de uma parte da vossa elite intelectual tem sua matriz nos livros de alguns pensadores ousados, cuja concepção "positiva" não aceita a existência de Deus porque, segundo alegam, ainda não conseguiram encontrar-se com Ele, face a face!... 

Em tais casos, aos espíritos autores de semelhantes livros, ao voltarem à Terra, noutra reencarnação, ser-lhes-á subtraída a capacidade mental de tornarem a ser escritores ou, se o forem, terão de escrever obras cujas idéias e teorias, em sua substância, combatam o ateísmo que propagaram antes e contribuam, de forma positiva, para edificar os postulados da fraternidade, amor e tolerância na consciência da Humanidade. 

É, enfim, a Lei Cármica compelindo o devedor a resgatar o seu débito contraído na sua existência anterior. E, ao mesmo tempo, ajustá-lo ao equilíbrio moral indispensável à sua própria evolução espiritual.