sábado, 7 de julho de 2012

MEDIUNIDADE DE PSICOMETRIA - PARTE 7

ENIGMAS DA PSICOMETRIA 

ERNESTO BOZZANO 


Dai resulta que, sem a presença de um hábil pesquisador, pronto a interrogar-me sobre assuntos importantes, não me fora possível aludir a muitos incidentes curiosos e concludentes, e, sem embargo, visualizados. 

Se, por exemplo, me apresentassem um objeto proveniente da rua da Esquadra, de há 150 anos, eu não diria talvez nada em vendo cabeças humanas à porta das prisões do Tribunal, e isto pela simples razão de tal espetáculo lhe parecer naturalismo. (Light, 1909, pág. 20.) 

Pelo que toca às condições psicológicas que engendram nos sensitivos esses estado de identificação, pode admitir-se o fundamento das observações de Denton, mediante as quais o fenômeno deve ser atribuído à sensibilidade dos psicômetras, que provocaria a dominação e obnubilação do próprio espírito, sob as influências que os invadem. 

Se quiséssemos investigar ainda mais profundamente a razão dos fatos, poderíamos advertir que eles se originam, possivelmente, de um fenômeno de sintonização entre o sistema de vibrações, constitutivo da personalidade do sensitivo, e o sistema de vibrações contido na aura psicometrada. 

Dever-se-ia então supor que, assim como fazendo timbrar uma corda harmônica ao lado de outra no mesmo tensivo grau, esta lhe corresponde em ressonância, assim também, quando um sensitivo entra em relação com a aura de qualquer objeto -, o que significa que ele conseguiu sintonizar o sistema de vibrações da sua própria natureza com o contido na aura que lhe interessa, pois de outro modo impossível lhe fora percebê-la e interpretá-la -, ele vibra em uníssono com o sistema de vibrações da aura com que se relaciona, o que vale dizer que sente em si todas as sensações organopsíquicas, ou os estados da matéria que contribuem para especializar o sistema de vibrações contido na aura psicometrada. 

Ele deve, portanto, sentir-se identificado com a pessoa viva ou morta, com o ser animal, organismo vegetal ou matéria mineral, a que se refira a aura contida no objeto. 



IX Caso - Nos comentários dedicados aos casos precedentes, fiz alusão às faculdades psicométricas do senhor Kensett Style. 

Agora, aqui reproduzo um primeiro episódio deste gênero, por ele mencionado em conferência que pronunciou em Londres, na sede da Aliança Espiritualista (Light, 1909, pág. 37.) 

Ao psicômetra freqüentemente se deparam numerosas dificuldades a vencer. 

Temos, em primeiro lugar, a dificuldade proveniente de diversas influencia contidas no próprio objeto, e que se podem dividir em paralelas e superpostas. 

Chamo paralela a influencia que se apresenta quando o objeto pertenceu a duas ou mais pessoas, ou quando composto de duas ou mais coisas diversas e reunidas. 

Vou citar um exemplo desta natureza: 

Possuo uma espada de Derviche, que serviu na batalha de Omdurmann. Quando a tomei nas mãos e lhe toquei pela primeira vez o punho e a bainha, tive a visão de um fanático barbudo, tez bronzeada, envolvido em ampla capa, e que, à frente de uma horda de muçulmanos, concitava os seus comandados ao extermínio dos infiéis. 

Estou em crer que deveria esperar algo de semelhante. 

Mas, eis que tendo desembainhado a espada e palpado a lâmina, tive uma visão bem diferente: vi o semblante de um homem que parecia haver chegado ao extremo limite do esgotamento físico e que, revestido de antiga armadura, de origem européia, estava perdido em deserta, imensa e arenosa planície. 

Ajoelhado, tinha ele diante de si um espadagão de punho duplo, evidentemente para substituir uma cruz, tal como se praticava na Idade Média, ao utilizar qualquer sinal simbólico, para melhor se concentrar na prece. 

A mim me parecia que aquela criatura se perdera no deserto, separado dos companheiros de armas e, desesperançado já de qualquer socorro, preparava-se para morrer como cavaleiro cristão. 

Este mistério foi pouco depois aclarado por um amigo, que descobriu na espada, quase imperceptível, a marca de fabricação, graças à qual pudemos assegurar-nos de sua proveniência francesa, da época dos Túdores. 

Neste caso, estimamos nela uma relíquia da última Cruzada, composta em sua totalidade quase que só de franceses, capturados ou exterminados pelos sarracenos. 

Evidentes eram na lâmina os sinais de seu encurtamento, feito por quem a recolhera, reduzindo-a ao tamanho das espadas comumente usadas pelos maometanos. 

Nesta narrativa do Senhor Kensett Style encontram-se vários outros fatos do mesmo teor. 

Como lhes explicar a origem ? Em primeiro lugar é evidente que, para esclarecer o episódio do cruzado (concordando com a origem da espada psicometrada), não seria possível nos afastarmos muito da hipótese que leva a considerar o objeto capaz de contar a sua própria história. Nestas condições, se, de um lado a análise dos fatos leva a eliminar a primeira forma desta hipótese, autorizando a crer que a aura do objeto seria diretamente registrada pela matéria, por outra lado ele nos obriga a substituir essa primeira forma por qualquer das duas variantes, segundo as quais os sensitivos entrariam em relação com uma ambiência metaetérica, ou com o éter do Universo, que, devendo ser de natureza onipresente e, por conseqüência, imanente na matéria dos objetos psicometrados, receberia e conservaria os sistemas de vibrações correspondentes aos acontecimentos sobrevindos a seus possuidores. 



X Caso - Podendo a teoria que atribui aos objetos a capacidade de revelar a própria história ser tida como fundamental para explicação de fenômenos psicométricos, convém examiná-la sob todos os seus aspectos. 

Reproduzo aqui, destarte, um novo exemplo no qual se observa outra modalidade da fenomenologia. 

Tomei-o de uma série de experiências da senhorita Edith Hawthorne, publicadas em Light (1903, pág. 173) . 

Diz a Srta. Hawthorne 

No outono passado recebi de presente uma secretária antiga, cujas gavetas não revolvi, até quinta-feira última, 11 de março. Ali encontrei uma coleção de relíquias guardadas por um ancião, entre elas um pedaço de pano de linho antiqüíssimo, do tamanho de algumas polegadas. 

Um tal ou qual escrúpulo me impediu de condenar ao fogo esse retalho, bem como outros artigos insignificantes - obreias, lacre, etc. 

Não obstante, a idéia de psicometrar tais objetos longe estava do meu pensamento, e só me veio horas depois. 

Por que - pensava - não tomar este retalho de linho, a ver se ele me revela algum pormenor de sua história? 

Pois aqui tendes a história: 

Desde o instante em que o tomei, senti-me transportada à Abadia de Westminster, precisamente a um compartimento sombrio no qual mal se respirava. 

Havia ali uma espécie de exposição ceroplástica, reconhecendo eu a rainha Isabel numa das figuras, vestida com magnífica saia de veludo recamada de esplêndidos enfeites. 

E a mim me parecia entrever também o linho, debaixo da saia. 

Vi, depois, surgir um esquife; depois, um carro funerário, e finalmente a numerosa comitiva de um enterro, que se dirigia lentamente na direção de Whitechall. 

Levavam os homens coletes de lã e chapéus da época dos Tudores; as mulheres, saia curta e coifa... 

A seguir, encontrei-me de novo no interior da Abadia, em pequena capela na qual vibravam acordes de música instrumental muito simples, com predominância de gaitas de foles e instrumentos de madeira. 

Já meu pensamento se concentrava na morte de um homem jovem. 

Pouco depois, vi-me na Torre de Londres, atravessei a Torre Verde, entrei na salinha da Torre Beauchamp, em cujas paredes se inscrevem tantos nomes. 

Ali, estava um homem revestido em manto de parada, com colarinho de pregas. 

Rosto oval, pálido, cabelos castanhos, curtos; fronte estreita e alta, mãos brancas, esguias, de unhas bem-cuidadas. 

Esse homem lia um livro em pergaminho, cujas letras maiúsculas de cada alínea eram ricamente coloridas. 

A minha impressão era a de que se tratava de um homem de letras. Vi que retirava do gibão um rosário e beijava-lhe a cruz. 

Ao vê-lo assim, afigurava que estivesse profundamente acabrunhado pela morte de alguém. 

De seus lábios como que brotava uma prece, enquanto com a mão esquerda estendida, na direção da Torre Branca, parecia indicar que para ali se dirigia o pensamento. 

Agora, outra representação se me desdobra à vista: na profundez da noite, distingo pequeno batel à flor de um rio... 

Um homem munido de archote desamarrou a corda que prendia o barco ao barranco, e vogava para Londres. 

De novo na Torre de Londres e precisamente no compartimento redondo da pequena Torre! 

Várias mulheres em corpetes de lã costuravam e conversavam em tom geral de tristeza, como se tratasse de luto, antes nacional que privado. 

Dali me transportei a Cheapide, onde as casas me fizeram evocar decorações teatrais. 

Reconheci-me, então, na loja de um negociante de fazendas, às voltas com duas freguesas, e ouvi distintamente as palavras Bretanha e Saxe. 

Logo imaginei que a fazenda que procuravam comprar provinha dessas duas regiões. 

Ambas as freguesas pareceram-me tristes, mas não angustiadas. A seguir, vi-me num compartimento escuro e frio, saturado do cheiro de vinagre misturado com algumas plantas aromáticas, e tive arrepios de pavor ao pressentir a proximidade de um cadáver. 

A cena mudou, ainda uma vez, e vi aparecer um carro fúnebre, sobre o qual se estendia, deitada, uma figura de cera principesca amortalhada, e toda uma multidão formigante, em torno. Finalmente, atravessei os subterrâneos da Abadia de Westminster, aonde me chegavam, de longe, as vozes solenes de um órgão e onde movimentavam algumas mulheres ocupadas na arrumação e limpeza de poeirentas roupas, que me fizeram espirrar fortemente. Aquela poeirada secular sufocava-me! 

Sentia na boca um gosto de cânfora, sândalo e substancia outras anticépticas, cujo nome ignoro. 

E aquela poeira formou diante de meus olhos uma sucessão de episódios históricos, muito fugazes, que não foi possível discernir bastantemente para poder descrevé-los. 

Todavia, essa série de imagens gravou-me no espírito a convicção de que o antiqüíssimo retalho de linho havia pertencido às vestes de uma personalidade real e que por isso fora transferido a uma figura de cera. 

Tudo isso assumia a feição de agradável lição da história e costumes ingleses; mas o valor das cenas entrevistas afigurava assaz duvidoso. 

Em todo caso, não me encontrava em condições de resolver o problema, porque meus conhecimentos concernentes à Abadia de Westminster limitavam-se a uma rápida visita ao túmulo de Charles Dickens, em 7 de fevereiro do corrente ano. 

Resolvi, portanto, proceder a pequeno inquérito nesse sentido e foi assim que soube que as figuras de cera lá existiam realmente, conservadas na Abadia, posto que não acessíveis ao público, e que provinham de um antigo costume, hoje esquecido, qual o do transporte processional da efígie do soberano falecido, revestida de sua real indumentária. 

Uma vez elucidado este ponto, escrevi ao velho senhor que me havia presenteado com aquele móvel, a fim de saber se o retalho de linho psicometrado apresentava qualquer interesse histórico. 

Eis a resposta obtida: Cara Srta. Edith: as suas induções são bem fundadas. Esse pedaço de pano tem, de fato, um valor histórico que não possa, contudo, precisamente determinar. 

Antes do mais, diga-se, ele pertencia à minha irmã (hoje falecida), que o tinha em grande apreço, pelo haver recebido de pessoa relacionada com a Abadia de Westminster. 

Muito grata ficaria eu se qualquer leitor destas linhas pudesse inteirar-me da época em que foi abolida a cerimônia do transporte das efígies reais em cera. 

Nesta narrativa convém notar a convergência admirável de todas as visões da sensitiva, por lhe darem a conhecer que aquele retalho havia sido cortado das vestes de uma figura real, ceroplástica, existente na Abadia de Westminster. 

Daí se infere que a maior parte das imagens visualizadas não representam, provavelmente, fatos específicos produzidos em relação com o objeto psicometrado, mas, unicamente, imagens pictográficas ou representações simbólicas, transmitidas à sensitiva pelo seu Eu subconsciente, com o fito de documentá-la sobre o que ela desejava evocar. 

Assim, por exemplo, a figura do erudito que murmura uma prece apontando para a Torre Branca como lhe fazer compreender que era personagem real a pessoa por quem exortava assim, igualmente, as duas senhoras que numa loja compravam tecidos, pronunciando as palavras Bretanha e Saxe, como para identificar a procedência do pano psicometrado. 

Estas duas visadas não podem ser tidas como reprodução de fatos antepassados, mas como verdadeiras imagens pictográficas e simbólicas, destinadas a informar a sensitiva de fatos em relação com o objeto psicometrado. 

Se for verdade que este novo aspecto das manifestações psicométricas contribui, até certo ponto, para explicar o problema que vimos confrontando, não pode ele, por outro lado, modificar as conclusões por nós adquiridas no intuito de lhes explicar a gênese. 

Com efeito, para nos inteirarmos desta forma de indícios psicométricos de natureza simbólica, é preciso, a despeito de tudo, recorrer à hipótese de uma influência pessoal depositada nos objetos pelas pessoas que deles se utilizam, ou à hipótese complementar dos sistemas de vibrações correspondentes aos acontecimentos através dos quais tenham passado os objetos. 

Sem esta sanção, inexplicável fora à causa mediante a qual se estabelece à relação entre o sensitivo e as pessoas, coisas, ambientes metaetéricos ou éter do Universo. 

E sem embargo, menos verdade não é que precisamos ter em conta o fato de as visualizações nem sempre corresponderem aos acontecimentos reais, inerentes ao objeto psicometrado. 

Conseqüentemente, deveremos dizer, que, se na maioria dos casos a análise dos fatos demonstra a concordância da visão com os acontecimentos passados, há, contudo, exceções à regra, sob a forma de representações simbólicas, que tendem, igualmente, mas de modo indireto, a documentar o sensitivo sobre a história do objeto psicometrado . . . 



XI Caso - Venho expor agora algumas variedades mais ou menos curiosas e misteriosas das relações psicométricas, a começar por aquela em que a relação se estabelece espontaneamente, logo que o sensitivo se encontra perto de um objeto que lhe interessa, mas, sem que de tal se precate e sem ter tido contacto com o referido objeto. 

No episódio a seguir, o fenômeno se verifica com a recepção de uma carta, como se ela tivesse atuado psicometricamente a certa distância, originando a formação do rapport com a subconsciência do remetente. 

Este caso é extraído do Jornal da Sociedade de Investigações Psíquicas (vol. 17, pág. 103). 

Relata-o nestes termos o Rev. W. M. Lewis: 

Há trinta anos, mais ou menos, que moro a seis milhas da cidade de David's Head (Pembrokeshire), onde sou pastor de uma igreja não reformista. 

Achava-me em Londres, no mês de maio de 1890, quando, certa manhã, fui despertada pelo barulho peculiar do carteiro procurando introduzir a correspondência na caixa da portaria. 

Ainda sonolento, tornei a adormecer, mas não por muito tempo. 

Sonhei, então, que me encontrava em uma casa repleta de pessoas, atentas a um sermão do Rev. D. C. D., Presidente, a esse tempo, de um colégio no Breconshire. 

A voz do pregador, aliás sempre fraca, mal se ouvia do lugar em que me detinha e eu me esforçava por apanhar-lhe algumas frases, sem o conseguir. 

Para isso, o que mais concorria era o barulho que vinha do exterior, e, sobretudo, o som de uma charanga que acabou por tornar-se ensurdecente, a ponto de fazer calar o orador. 

Procurei, então, acercar-me dele e exprimir-lhe o desejo de ir ouvi-lo no colégio de T..., pedindo-lhe me desse a conhecer os seus temas. 

Esforçou-se em mos expor, mas os ruídos externos prosseguiam tão fortes que me não foi possível ouvi-lo. 

Todas as circunstancia desse sonho me ficaram tão nitidamente gravadas na memória, que, ao vestir-me, nelas meditava intensamente, esforçando-me por coligir as causas do fenômeno. 

Ora, ao descer ao pavimento térreo, verifiquei que a única carta trazida pelo carteiro era de meu filho, então residente no colégio de Aberystwith. 

Abrindo-a, verifiquei surpreso que ela se referia exclusivamente ao pregador do meu sonho. 

Meu filho aí contava que, precisamente no domingo anterior, a congregação tivera a honra de ouvir, na capela de que era ele titular, o Rev. D. C. D., cuja fama atraíra grande número de crentes e cujos sermões obtiveram memorável êxito em toda a região. 

Eu ignorava absolutamente que o Rev. Presidente de T... tivesse a intenção de visitar Aberystwith e, assim sendo, achei muito notável a coincidência do meu sonho com a chegada da carta noticiosa daquele advento. 

Contudo, eis aqui a circunstância ainda mais notável e insólita: eu disse que, no sonho, a voz do pregador se tornava ininteligível, devido ao barulho externo e ao som de uma banda de música. 

Ora, quando de retorno ao lar, recebi a visita de meu filho em férias; ao contar-lhe o sonho tão idêntico ao texto da carta, disse-me ele: O que há de mais estranhável nesse sonho é que, no domingo da pregação do Reverendo em nossa Capela, mal apenas começava ele o sermão, quando passou na rua, que fica atrás da mesma Capela, todo o cortejo de um circo de cavalinhos; o barulho dos carros, cavalo e povo era tal, que, por algum tempo, nada se podia ouvir. 

Devo frisar este detalhe: posto que tenha estado uma ou duas vezes na Capela de Aberystwith, a sala entrevista em meu sonho correspondia â que lá existe realmente. 

O que correspondia à realidade era o barulho, de vez que este me chegava por detrás e não do auditório, tal como se verificou. 

(Segue-se o testemunho de meu filho, na parte que lhe concerne.) 

A circunstância teoricamente interessante do caso, aqui exposto, consiste no fato de ser a relação psicométrica estabelecida à pequena distância do objeto que lhe deu causa, sem qualquer contacto com o sensitivo. 

Quanto ao incidente psicométrico em si mesmo, é evidente que ele se reduz a um fenômeno de relação telepática, sobrevindo entre o sensitivo e seu filho, por intermédio da carta deste. 

As informações verídicas obtidas no sonho parece que foram hauridas na subconsciência do remetente. 



XII Caso – Neste outro episódio por mim destacado do interessante livro A vista, a distância, no Tempo e no Espaço, de Edmond Duchatel (pág. 49), o mistério da ligação é mais difícil de explicar do que no caso precedente, pois aqui o sensitivo revela acontecimentos verificados distantemente do objeto psicometrado, como se este fosse suscetível de acolher as vibrações específicas dos acontecimentos que sucediam em seu próprio ambiente. 

Eis como discorre o Senhor Duchatel: 

Para dar idéia de uma consulta completa, transcrevemos a experiência de 13-9-1909, com uma bolsa de senhora, guardada na gaveta de um armário até dezembro de 1903, data do falecimento da sua dona, em virtude do qual passou, de mistura a objetos outros, para local diferente. 

A identificação dos fatos pôde ser feita de modo quase absoluto. 

Sentimentos de angústia (imaginária ou real), muita bondade, mas nada de ponderação; dores do lado esquerdo; impressão de chamas, de incêndio. 

Cenas ocorridas diante do armário onde a bolsa estava encerrada: 

Uma mulher de 25 a 40 anos se desvaneceu diante do armário; vê-se também nesse compartimento uma cena dramática, dois homens, tipo operário, trazem uma pessoa ferida (provavelmente um militar) a fim de ser pensado. 

Retrato em ponto grande, de um oficial, na parede do quarto. 

Uma porta do quarto condenado e anteriormente útil. 

Vaga sensação de uma pessoa desaparecida, depois de haver muito sofrido com o desaparecimento de outra... Sensação íntima e profundíssima. 

Em contacto com o objeto, uma carta de pêsames, começando por Cara filha, entre parênteses. 

A bolsa fora tocada longo tempo por alguém de vida interior muito intensa - objeto assaz fluidificado... 

Sem que se possa excluir a possibilidade dos objetos registrarem, a curta distância, as vibrações específicas dos acontecimentos desdobrados no ambiente em que se encontrem, é muito mais provável, no caso especial em apreço, que o sensitivo, por intermédio do objeto psicometrado, se tenha achado em relação com o meio em que permanecera o dito objeto. 

Efetivamente, se, no que concerne aos incidentes dramáticos ocorridos diante do armário, é teoricamente possível admitir que as vibrações específicas projetadas em torno por esses incidentes hajam sido registrados pelo éter imanente na bolsa psicometrada, outro tanto não poderia dar-se com as outras revelações do sensitivo, tais como a existência de um retrato de oficial e de uma porta condenada, duas coisas inanimadas e inertes, que não deveriam, portanto, emitir vibrações específicas, sem contar que a expressão - porta condenada - implica uma informação de natureza negativa, isto é, inexistente e como fato em si, capaz de emitir vibrações informativas. 

Por outro lado, essas revelações se complicariam de si mesmas, ao admitir-se a ligação do sensitivo com o ambiente de que provinha à bolsa, inclusive a pessoa que o habitava, provavelmente aparentada com a falecida dona daquele objeto. 



XIII Caso - Estas considerações, nas quais tratamos de psicometria à distância, levam, naturalmente, a tocar no caso da psicometria de um meio ambiente, quando o sensitivo nele se encontre. 

Os fatos desta natureza são assaz freqüentes na fenomenologia psicométrica. 

É provável mesmo que eles se verifiquem, mais do que pudéramos supor, na vida prática diuturna. 

Eis o que o respeito observa o Senhor Duchatel: 

A sensibilidade do Senhor Phaneg é de tal natureza, que, penetrando em um quarto, experimenta estranha angústia, sempre que esse quarto foi teatro de acontecimentos mais ou menos trágicos, embora dele desconhecidos. 

É possível que essa mesma sensibilidade seja peculiar, em menor grau, a muitas pessoas e de molde a explicar vagos temores, indisposições e mesmo pesadelos, que certos temperamentos sensitivos, principalmente mulheres e crianças, experimentam em alguns sítios, sem motivo apreciável e definido. 

Tudo nos leva a crer que estas reflexões do Senhor Duchatel têm fundamento real na prática. 

Lembro-me de que em meu livro, Os Fenômenos de Assombração, consagraram todo um capítulo, o VI, aos fenômenos de psicometria do ambiente, que apresenta grandes analogias com algumas manifestações de assombramento. 

Deles não falarei, portanto, senão rapidamente, tanto mais quanto do ponto de vista teórico não suscitam considerações novas e nada apresentam de nitidamente característico. 

De Light, extraio o seguinte caso (1904, pág. 131) , exposto pela percipientes, Sra. Katerine Bates, autora bem conhecida de várias obras apreciadas nos meios espiritualistas. 

Diz ela: 

Há alguns anos já que comecei a ser penosamente influenciada pela atmosfera psíquica das alcovas, o que constitui, para mim, que viajo constantemente, pernoitando aqui e acolá, um grave inconveniente. 

Aconteceu-me, mais de uma vez, ter de deixar um quarto de hotel, belo e confortável, por outro pequeno e escuro, isto por se me tornar insuportável à atmosfera mental ou moral gravada no ambiente por qualquer dos seus ocupantes anteriores. 

No meu caso, penso que, em regra, a aura por mim percebida não é a do último hóspede e ainda não me foi possível formular uma teoria satisfatória, relativamente ao princípio seletivo pelo qual são determinadas essas percepções. 

Todas as vezes que consegui certificar-me de quem era a aura percebida - como no caso que passo a relatar -, verifiquei quase sempre que os últimos hóspedes não haviam deixado qualquer influencia perceptível e que as minhas faculdades psicométricas tinham desanichado auras de antigos hóspedes, os quais, contudo, nem por isso se distinguiam por seu relevo pessoal. Estou, assim, inclinada a crer que algumas faculdades do caráter são, mais que outras, registráveis, e que esse fato se liga à existência, nas mesmas qualidades, de um quantitativo maior de magnetismo pessoal, termo que emprego à falta de melhor expressão. 

Esta hipótese é, com efeito, a única capaz de explicar, de qualquer forma, esse princípio seletivo, na percepção dos fatos. Quanto a mim, tenho notado que as impressões mais nítidas e mais profundas, recebidas em semelhantes circunstanciam, provém dos casos de ativa sensualidade. 

Mas, ainda bem que os sensitivos são também aptos a perceber as impressões puras e elevadas, depositadas nos ambientes, notando-se, porém, que estas são de natureza muito mais genérica. Verdade é que, todas as vezes que consegui analisar psicometricamente um temperamento, foi antes graças aos defeitos, que as boas qualidades ao mesmo pertinentes. 

Há alguns anos, achando-me na província, hospedada em casa de uma amiga, a Sra. M..., ocupava um espaçoso e belo quarto. 

Desde a primeira noite, percebi que aquele cômodo estava misteriosamente saturado da influencia de um homem. 

O que me revelava essa influencia era uma forte sensualidade, de criatura não má, mas apenas fraca e inteiramente entregue às circunstancia e aos seus pendores hereditários, à falta de poderes inibitórios. 

Vários outros traços característicos do seu temperamento me foram revelados simultaneamente, mas, desses não me lembro assaz nítidos, de feição a poder descrever. 

O conjunto das impressões foi, contudo, tão pronunciado, que me dispus a iniciar um inquérito a respeito. 

Minha amiga tinha dois filhos no Exército: um, conheci-o eu, nada tinha de comum com o misterioso ocupante do meu quarto; outro, o mais velho, jamais o vira. 

Duvidando que pudesse tratar-se dele, pedi, a pretexto qualquer, me fosse mostrada a sua fotografia. 

O rapaz encontrava-se então nas Índias. 

Analisando o retrato, senti-me liberta da ansiedade moral que me assaltava, convencida de que o meu enigma ficaria sempre insolúvel. 

Minha amiga tinha idéias preconcebidas quanto às faculdades humanas supranormais, julgando-as puramente imaginárias. Eis por que me atirava indiretas irônicas, referentes ao inquérito que qualificava de uma das minhas habituais fantasias. 

Então, disse-lhe: - Agora que tive a prova de que não se trata do seu filho, vou descrever minuciosamente o caráter do indivíduo que ocupou esse quarto. 

Quando terminei minha exposição, a Sra. M... fitou-me grandemente admirada, e, retirando-se para o quarto contíguo, de lá regressou com o retrato de um cavalheiro para mim estranho, e mo entregou, dizendo: Confesso que você acabou de descrever exatamente este meu cunhado, que, de fato, muitas vezes ocupou esse quarto, se bem que meus filhos o fizessem depois dele. 

Analisei, então, o retrato e reconheci nele o tipo de homem que se havia revelado de modo tão evidente pela psicometria. 

Os casos desta natureza, nos quais as percepções dos sensitivos apenas são de natureza genérica e se limitam a impressões mais ou menos vagas, quanto ao temperamento individual do hóspede de um quarto, não se podem explicar facilmente por comunicações estabelecidas à distância, entre o sensitivo e a pessoa inculcada. 

Aqui, deveríamos admitir que o sensitivo receba diretamente impressões da Influência deixada no local pela pessoa que ali esteve. Neste caso, para bem nos compenetrarmos dos fatos, preciso fora admitir que, mobiliário, paredes, assoalho, teto, todo o quarto enfim, possuem a virtude de receber e conservar os eflúvios vitais dos seres, ou as vibrações psíquicas correspondentes à atividade funcional de seus respectivos sistemas cerebrais.

MEDIUNIDADE DE CURA POR RAMATIS - PARTE 6

Os passes mediúnicos e 
receituário de água fluidificada 

PERGUNTA: - Que dizeis sobre as qualidades terapêuticas da água fluidificada pelos médiuns? 

RAMATÍS: - A água fluidificada é a medicina ideal para os espíritas e médiuns receitistas, pois, embora seja destinada a fins terapêuticos, sua aplicação não deve ser censurada pelos médicos, pois não infringe as posturas do Código Penal do mundo e sua prescrição não constitui prática ilegal de medicina. Quando a água é fluidificada por médiuns ou pessoas de físico e psiquismo sadios, ela se potencializa extraordinariamente no seu energismo etérico natural, tornando-se um medicamento salutar, capaz de revitalizar os órgãos físicos debilitados e restabelecer as funções orgânicas comprometidas. 

A água é elemento energético e ótimo veículo para transmitir fluidos benéficos ao organismo humano. Ela é sensível aos princípios radioativos emanados do Sol e também ao magnetismo áurico do perispírito humano. 1 



1 - Nota do Revisor: Ainda como elucidação quanto aos benefícios da água magnetizada, transcrevemos o que diz o esclarecido espírito Emmanuel: - "A água é um dos elementos mais receptivos da Terra e no qual a medicação do Céu pode ser impressa através de recursos substanciais de assistência ao corpo e à alma. 

A prece intercessória, como veículo de bondade, emite irradiações de fluidos que, por enquanto, são invisíveis aos olhos humanos e escapam à análise das vossas pesquisas comuns. 

A água recebe-nos a influenciação ativa de força magnética e princípios terapêuticos que aliviam e sustentam, que ajudam e curam. 

A rogativa que flui do imo d'alma e a linfa que procede do coração da Terra, unidas na função do bem, operam milagres. Quando o Mestre advertiu que o doador de um simples copo de água ofertado em nome de sua memória, fazia jus à sua bênção, Ele reporta-se ao valor real da providência, a benefício do corpo e do espírito, sempre que estejam enfermiços. 

Se desejas, portanto, o concurso dos Amigos espirituais na solução de tuas necessidades fisiopsíquicas ou nos problemas de saúde e equilíbrio dos companheiros, coloca o teu recipiente de água cristalina, à frente de tuas orações, espera e confia. O orvalho do Plano Divino magnetizará o líquido com raios de amor, em forma de bênçãos, e estarás então consagrando o sublime ensinamento do copo de água pura, abençoado nos Céus". 

Por conseguinte, se o indivíduo que lhe transfundir os seus fluidos for de físico enfermiço, depauperado, ou que, em sua mente, estejam em efervecência emoções nocivas, neste caso, a água que ele fluidificar transformar-se-á em elemento deletério. 

Porém, não se deduza que o doador de fluidos tenha de ser um santo; mas, sim, que o seu espírito esteja com "boa saúde", pois se, por exemplo, em sua mente ainda estiverem em ebulição as toxinas de uma explosão de ciúme que o tomou na véspera, torna-se evidente que os seus fluidos não podem ser benéficos. 

A água fluidificada é medicação eficaz sem a toxidez das drogas e produtos da farmacologia moderna, os quais algumas vezes são fabricados por industriais que, pela avidez de maiores lucros, não atendem a um escrúpulo rigoroso quanto aos fatores qualidade e técnica irrepreensíveis. Embora seja raro, há casos em que a água potencializada ou fluidificada por médiuns poderosos e de sadia vitalidade chega a alcançar o "quantum" energético e benfeitor da homeopatia na sua 100.000 dinamização infinitesimal. 

Os médiuns vegetarianos, sem vícios deprimentes e, libertos de paixões violentas, são capazes de produzir curas prodigiosas pelo emprego da água fluidificada, a qual ainda é superativada pelo energismo mobilizado pelos espíritos desencarnados em serviços socorristas aos encarnados. 

PERGUNTA: - Qual é, enfim, o verdadeiro processo que torna a água fluidificada superior à água comum, a ponto de transformá-la em medicamento com propriedade curativa? 

RAMATÍS: - Em verdade, é o próprio organismo do homem que oferece as condições eletivas para então manifestar-se em sua intimidade orgânica a ação terapêutica da água fluidificada! 

Conforme os conceitos modernos firmados pela ciência terrena, o corpo humano é apenas um aspecto ilusório de "matéria", na qual predomina um número inconcebível de espaços vazios denominados "interatômicos" prevalecendo sobre uma quantidade microscópica de massa realmente absoluta. Caso fosse possível comprimirem-se todos esses espaços vazios que existem na intimidade da substância material do corpo físico, até ele se transformar no que os cientistas chamam de "pasta nuclear", resultaria dessa desagregação químico-física apenas um punhado de pó compacto representando a massa real existente, do homem, mas cabível numa caixa de fósforos, continuando, porém, a manter o mesmo peso conhecido. Comprova-se, assim, que um homem cujo peso normal é de 60 quilos, caso pudesse reduzir-se à condição dessa "pasta nuclear" compacta em absoluto, do tamanho de uma caixa de fósforos, para surpresa geral e, embora assim reduzida, continuaria a pesar os mesmos 60 quilos da sua estatura normal. 

Em conseqüência, o organismo humano, na realidade, constitui um portentoso acumulador ou rede de energia, que a precariedade dos sentidos humanos distingue sob forma aparente de um corpo de carne ou matéria. Porém a sua individualidade intrínseca e preexistente é o espírito eterno cujo "habitat" adequado é o plano espiritual onde ele utiliza os seus atributos de pensar e agir sem precisar de um corpo físico. 

Quando o homem se alimenta, ele apenas ingere massa ilusória, repleta de espaços vazios ou interatômicos, nos quais a energia cósmica prevalece sustentando a figura provisória do ser. Embora a alimentação comum do homem se componha de substância material, ela se destina essencialmente a nutrir os espaços vazios do "campo magnético" do homem. O corpo físico, na verdade, funciona como um desintegrador atômico que extrai todo o energismo existente nas substâncias que absorve em sua nutrição. 

Ele libera completamente a energia atômica que existe em sua própria alimentação, ou nos medicamentos que a medicina terrena prescreve para defesa da sua saúde orgânica..Na verdade, tudo se resume em "revitalizacão magnética", isto é, aquisição de energia e não propriamente de substância. Os alimentos, o ar, a energia solar ou demais fluidos oculto do orbe terráqueo estão saturados de princípios similares aos da eletricidade, os quais, na realidade, é que asseguram a estabilidade da forma humana em sua aparência física. 

O médium é um ser humano e, portanto, um receptáculo dessa eletricidade biológica, transformando-se num acumulador vivo que absorve as energias de todos os tipos e freqüências vibratórias, a fim de prover às necessidades do seu próprio metabolismo carnal. Desde que ele possa potencializar essas energias e conjugá-las numa só direção, comandando-as pela sua vontade desperta e ativa, poderá fluir ou dinamizar a água e transformá-la em líquido vitalizante capaz de produzir curas miraculosas. É evidente que o corpo humano dos enfermos, quais outros acumuladores de carga mais debilitados, absorvem tanto quanto possível o "quantum" de energia que lhes carreia a água fluidificada pelos médiuns. E assim que esse energismo provindo do socorro mediúnico penetra na organização perispiritual do enfermo, distribui-se por todos os espaços interatômicos e eleva o "tônus-vital" pela dinamização de sua estrutura eletrobiológica. 

PERGUNTA: - Como poderemos entender que a água potencializada pelos fluidos magnéticos dos médiuns incomuns pode mesmo superar certos medicamentos poderosos da nossa medicina? 

RAMATÍS: - Já dissemos que o médium, tanto quanto o enfermo, não passam de acumuladores vivos com diferença de carga energética em comum, cujos corpos reduzidos em sua estrutura e espaços interatômicos cabem perfeitamente numa caixa de fósforos. Ao ingerir a água fluidificada, isto é, um conteúdo potencializado de modo incomum no seu energismo, o homem absorve diretamente e em estado de pureza, essa carga de forças vitalizadoras. Mas no caso dos medicamentos fabricados, ele, extraindo deles o "quantum" de energia de que necessita, também absorve desses elementos as impurezas e substâncias tóxicas da sua natural composição química. 

Sabem os médicos que a eliminação dos sintomas enfermiços do corpo físico nem sempre significa a cura da moléstia, porquanto neutralizar os efeitos mórbidos não induz à extinção da sua causa. No entanto, essas drogas excitantes, antiespasmódicas, dilatadoras, sedativas ou térmicas, embora benfeitoras na eliminação de sintomas dolorosos, são compostas, geralmente, de tintura de vegetais agressivos, minerais cáusticos, substâncias tóxicas extraídas de insetos e répteis e que, se fossem ministradas na sua forma química natural causariam a morte imediata. Essa é a grande diferença entre a água fluidificada e a medicação medicinal. Enquanto a primeira é energia pura transmitida através dum veículo inofensivo, como é a água comum, a segunda, embora ofereça também proveitoso energismo para o campo magnético do homem, utiliza substâncias nocivas, que obrigam o perispírito a uma exaustiva reação de defesa contra a sua toxidez. Enquanto tais drogas ou medicamentos extinguem sintomas enfermiços do corpo carnal, o seu eterismo oculto e desconhecido da ciência comum ataca o perispírito, porque esse eterismo origina-se do duplo etérico de minerais, vegetais, insetos e répteis do mundo astral primário, próprio dos reinos inferiores do orbe. 

A água é, pois, naturalmente um bom "condutor" de eletricidade, e que depois de fluidificada ainda eleva o seu padrão energético comum para um nível vibratório superior Assim operam-se verdadeiros milagres 2 pelo seu uso terapêutico adequado, igual ao passe mediúnico ou magnético que, aplicado por médiuns ou pessoas de fé viva e sadios, transforma-se em veículo de energias benéficas para a contextura atômica do corpo físico. A matéria, conforme explicou Einstein é "energia condensada", o que ficou comprovado pela própria desintegração atômica conseguida pela ciência moderna. transformando novamente a matéria em energia! Deste modo, o que nos parece substância sólida, absoluta, é um campo dinâmico em continua ebulição, cuja forma é apenas uma aparência resultante desse fenômeno admirável do movimento vibratório. Não há estaticidade absoluta no Cosmo, uma vez que no seio da própria pedra há vida dinâmica, incessante, condicionada a atingir freqüências cada vez mais altas e perfeitas. 

2 - Nota do Revisor: Como exemplo e prova de tais "milagres", obtidos mediante a aplicação de água fluidificada e passes magnéticos, Ramatís nos permitiu deixar consignado nesta obra o seguinte fato: - Há muitos anos, um casal de nossa amizade se lastimava e se considerava infeliz porque, tendo-se consorciado havia seis anos, ainda não tinham obtido a graça de lhes nascer um filho. 

Inconformados com a dita provação, o marido decidiu levar a esposa a um médico especialista, a fim de ser identificada a causa e adotarem as providências adequadas. Então, feito o exame ginecológico, ficou constatado que, além do distúrbio específico causador da omissão e escassez do fluxo mensal, a infecundidade era devida a um atrofiamento das trompas uterinas, por anomalia congênita. E o médico aconselhou o recurso de uma intervenção cirúrgica. Ficou marcado o dia em que deveria ser efetuada a operação. 

Aconteceu, no entanto, que dito casal, tomando conhecimento de um caso idêntico, cuja operação não dera o resultado previsto, ficou receoso e desistiu da intervenção cirúrgica. 

Nessa emergência, lembraram-se de vir ao nosso encontro solicitar que fizéssemos uma "consulta aos espíritos". Em face da angústia que os dominava, decidimos fazer a dita consulta. E a resposta foi a seguinte: - "Durante vinte dias aplicar passes magnéticos (resolutivos e de dispersão), no baixo-ventre; e em seguida, uma lavagem interna, com um litro de água fria fluidificada. Após esse tratamento, a paciente ficará curada e em condições de conceber". 

O tratamento prescrito foi efetuado rigorosamente. Porém, decorridos três meses, o esposo, ao certificar que a mulher estava com o ventre inchado, ficou bastante apreensivo e atribuiu o caso a uma inflamação interna produzida {segundo sua convicção} pelas lavagens de água fria. E, então, lamentava haver concordado com semelhante tratamento. 

Tendo sido informado dessa nova angústia doméstica, decidimos ir a sua casa para dizer-lhe apenas o seguinte: - "Meu irmão": o guia ou espírito que formulou o tratamento asseverou, conforme dissemos, que "após vinte dias, sua esposa ficaria em condições de conceber". Por conseguinte, a fim de identificar a causa dessa "inchação" ventral, aconselho que a leve a um médico ginecologista. 

Assim se fez; e o diagnóstico foi o seguinte: - "Sua esposa está grávida!" Efetivamente, no prazo certo nasceu o primeiro filho; e nos cinco anos seguintes nasceram mais cinco. Porém, infelizmente, logo a seguir, a dita senhora enviuvou. E como era pobre, teve de travar grande luta para manter-se com os seis filhos. 

Assim é que, na intimidade do corpo físico, o perfeito equilíbrio gravitacional das órbitas microeletrônicas, governadas pelas forças de atração e repulsão, é que lhe dá a aparência ilusória de matéria compacta. A anulação recíproca da lei de gravidade no mundo infinitesimal, e que permite a cada elétron manter-se em órbita em torno do seu núcleo, é também conseguida pela sua maior ou menor velocidade, tal como acontece com os satélites artificiais lançados pelos cientistas terrenos, os quais, de acordo com sua velocidade, mantêm-se em rotação em torno da Terra entre determinado apogeu e perigeu. 

PERGUNTA: - Toda água fluidificada pelos médiuns produz sempre resultados terapêuticos benéficos aos doentes? 

RAMATÍS: - Não é bastante os médiuns fluidificarem a água, ministrarem passes mediúnicos ou extraírem receitas para, com isso, alcançar resultados positivos. Eles precisam melhorar sua saúde física e sanar os seus desequilíbrios morais. A simples operação de estender as mãos sobre um recipiente contendo água e fluidificá-la para que ela se torne em um veículo de magnetismo curador, exige, também do médium, o fiel cumprimento das leis de higiene física e espiritual, a fim de elevar o padrão qualitativo das suas irradiações vitais. 

Embora as forças do espírito sejam autônomas e se manifestem independentemente das condições físicas ou da saúde corporal, o êxito mediúnico de passes e fluidificação da água é afetado, quando os médiuns ou passistas negligenciam a sua higiene física e mental. 

PERGUNTA: - E que dizeis quanto às particularidades profiláticas dessa higiene que deve ser observada pelos médiuns passistas? 

RAMATÍS: - Em muitos centros espíritas ainda faltam a torneira de água e o sabão para certos médiuns passistas eliminarem a sujeira das unhas ou das mãos quando, à última hora, chegam aos trabalhos mediúnicos. Malgrado a boa-vontade desses médiuns no seu serviço caritativo por "via espiritual", as suas mãos entram em contacto cotidiano com centenas de objetos, criaturas enfermas, animais, líquidos, substâncias químicas agressivas, medicamentos, poeira, tóxicos, cigarros, alcoólicos, dinheiro, lenços contaminados, etc. ... E na falta de limpeza prévia, elas se transformam, à hora dos passes, em desagradável chuveiro de fluídos contaminados pelos germens e partículas nocivas a transmitirem-se aos pacientes. 

Jesus era pobre, mas asseado; as suas mãos eram limpas e ele evitava até a alimentação indigesta ou tóxica. 

PERGUNTA: - Os espíritas kardecistas afirmam que o mandato mediúnico é tarefa puramente espiritual, motivo por que podem ser dispensados quaisquer rituais, preocupações preventivas ou recursos do mundo material para se lograr bom êxito. Asseveram-nos que a boa intenção e a conduta ilibada são suficientes para atrair os bons espíritos sempre prontos a auxiliar os serviços socorristas sob a égide do Espiritismo. 

RAMATÍS: - Somos de parecer que os médiuns não devem confundir "rituais" com "preceitos de higiene"! O principal objetivo da prática de rituais no mundo terreno é exaltar a vontade humana pela sua foca1ização em símbolos e recursos sugestivos que impressionem a mente, a fim de se produzir um estado de "fé" ou de confiança incomuns, capaz de acelerar o energismo espiritual do ser, a fim de se conseguirem realizações psíquicas excepcionais. 

Mas a higiene corporal e o asseio das vestes dos médiuns, durante suas tarefas mediúnicas terapêuticas, nada tem a ver com rituais, práticas ortodoxas ou quaisquer cerimônias de exaltação da fé humana. O uso do sabão e da água para a limpeza do corpo físico é necessidade essencial com o fito de eliminar-lhes a sujidade, o mau odor e os germens contagiosos que podem afetar os pacientes. 

Não temos dúvida de que Francisco de Assis ou Jesus poderiam mesmo dispensar quaisquer recursos profiláticos do mundo material para o perfeito êxito de sua missão junto à humanidade terrena. A luz que se irradiava continuamente de suas auras, impregnadas de fótons profiláticos, era suficiente para nutri-los de forças terapêuticas ou preservá-los das germinações virulentas. A benção e a prece de tais almas sublimes eram suficientes para transformar a água comum em medicamento poderoso. 

Mas é óbvio que os médiuns ainda não podem alimentar essa presunção, pois ainda são espíritos em prova sacrificial no mundo terreno, empreendendo sua redenção espiritual mediante intensa luta contra as suas mazelas e culpas de existências pregressas. Ante a falta de credenciais de alta espiritualidade, eles não devem olvidar os recursos profiláticos do mundo físico, a fim de obterem o máximo sucesso na terapia mediúnica, em beneficio do próximo. 

PERGUNTA: - Considerando-se a necessidade de o médium dispensar sério cuidado à higiene do corpo, para o serviço de passes ou fluidificação da água, poderíamos então supor que a sua faculdade magnética, só por si, não é fundamental? Que nos dizeis? 

RAMATÍS: - As nossas presentes considerações não têm por escopo dogmatizar sobre o exercício da mediunidade, pois ainda somos pelo velho conceito de que "a verdade sempre está no meio". Sem dúvida, o médium que já possui mais treino e experiência no seu "métier", tal como a ferramenta que se aguça pelo próprio uso, também há de conseguir melhores resultados do que os obtidos pelos neófitos com todos os seus recursos profiláticos do mundo material. 

Mas, infelizmente, entre muitos médiuns e espíritas ainda é dogma o velho e errôneo conceito de que a "matéria não vale nada"! Esse conceito tomou alto relevo nas primeiras horas do entusiasmo espirítico, ao verificar-se pelas provas mediúnicas, que o "real" é o espírito, enquanto a "carne" é o "transitório". Daí, pois, a tácita negligência que se verifica entre muitos neófitos e mesmo veteranos da doutrina espírita quando olvidam que a matéria é uma projeção da própria Divindade e que o corpo carnal é o prolongamento fiel do espírito que o comanda. O corpo físico, pois, é tão importante para a manifestação da entidade espiritual quanto o violino é o instrumento valioso que expressa o gênio e o talento do artista sensato e zeloso de sua arte. 

Embora existam pessoas que não sofrem quaisquer alterações em sua sensibilidade psíquica, quando submetidas aos passes de médiuns desleixados e mal-asseados, também já vos temos lembrado que os pacientes tornam-se mais receptivos aos fluidos terapêuticos mediúnicos quando os recebem de passistas que se impõem pelo melhor aspecto moral, asseio e delicadeza. Se o médium se desinteressar dos preceitos mais comuns de sua higiene e apresentação pessoal, certamente dará motivo a uma certa antipatia entre os seus consulentes. 

PERGUNTA: - Poderíeis explicar-nos quais são os principais fatores que, durante a aplicação de passes, podem despertar essa antipatia entre o médium e os seus pacientes? 

RAMATÍS: - Entre os pacientes submetidos aos passes mediúnico serão poucos os que se sentem atraídos e confiantes no médium que, arfando qual fole vivo, sopra-lhes no rosto o seu mau hálito e respinga-os de saliva, enquanto ainda os impregna com a exalação fétida do corpo ou dos pés malasseados. Outros médiuns ainda acrescentam a tais negligências o odor morno e sufocante do corpo suado, da brilhantina inferior no cabelo e da roupa empoeirada. Malgrado nossas considerações parecerem, talvez, exageradas, repetimos, ainda, mais uma vez: o êxito da terapia mediúnica depende fundamentalmente do estado de receptividade psíquica dos enfermos. Em conseqüência, todos os motivos ou aspectos desagradáveis no serviço mediúnico, mesmo os de ordem material, reduzem consideravelmente o sucesso desejado. 

PERGUNTA: - Porventura existem outras organizações de assistência terapêutica que se preocupem fundamentalmente com a adoção obrigatória dos preceitos da higiene física, para o melhor êxito da manifestação espiritual? 

RAMATÍS: - Nas tradicionais instituições e fraternidades iniciáticas, antes de quaisquer cerimônias ritualísticas e antes de os seus adeptos exercerem o culto exotérico ou a tarefa terapêutica, devem submeter-se ao banho de corpo inteiro em água odorante, ou, pelo menos, efetuar a ablução das mãos em líquido profilático. Comumente eles trocam as vestes de uso cotidiano por outras, limpas e suavemente incensadas, substituindo os calçados empoeirados pelas sandálias de pano alvo e asseadas. Em face dos elementos eletromagnéticos que constituem a essência da água, tomar um banho após um dia estafante proporciona à criatura um bem-estar saudável e reconfortante. 

Certos movimentos espiritualistas como o esoterismo, a teosofia, a rosa-cruz, a yoga, os essênios e os fraternistas costumam queimar incenso em suas reuniões de estudos, meditações ou irradiações. Mas assim o fazem independentemente de qualquer ritual ridículo ou intenção de neutralizar a ação de espíritos malfeitores, como ainda supõem certos críticos desavisados da realidade. Essa prática, portanto, obedece mais propriamente a um senso de estesia espiritual e sensibilidade olfativa, em que os seus componentes procuram eliminar odores e exalações desagradáveis do ambiente, substituindo-os pelo aroma agradável e de inspiração psíquica, que provém do incenso em sua emanação delicada. É recurso natural usado no mundo físico e condizente com a natureza de um trabalho espiritual elevado, mas sem qualquer superstição mística ou providência de magia. 

Não se confunda, pois, a limpeza das mãos, a substituição das vestes empoeiradas e suarentas, pelos trajes limpos, o banho preventivo ou o próprio aroma agradável no ambiente de trabalho psíquico, com os preceitos pagãos do ritualismo supersticioso ou cerimônias tolas. Assim como é censurável o fanatismo do ritual, também é censurável a falta de higiene corporal e a ortodoxia cega contra os recursos naturais do mundo em que viveis e que ajudam a melhor sensibilização psíquica. 

Não recomendamos uma profilaxia fanática e exagerada, capaz de transformar a mais simples limpeza do corpo ou do ambiente, em implacável formalismo a objetos e rituais. Mas também não concordamos que alguns médiuns espíritas e curandeiros se apresentem aos centros espíritas com as mãos gordurosas ou sujas de vitualhas temperadas, enquanto guardam a ingênua presunção de doar eflúvios agradáveis e sadios aos enfermos! 

PERGUNTA: - Mas o auxílio dos guias de alta vibração espiritual, junto aos médiuns, não é suficiente para neutralizar o efeito dessas emanações ou odores, que são próprios do corpo de carne e não do espírito imortal? 

RAMATÍS: - Alhures já vos dissemos que, se bastasse unicamente a presença de bons guias para se eliminarem quaisquer surtos enfermiços ou odores desagradáveis dos médiuns ou do ambiente, é óbvio que estes então seriam dispensáveis, por não passarem de simples estorvo a dificultar a livre fluência das energias doadas pelos desencarnados. As criaturas já santificadas podem prescindir de qualquer rito ou recursos profiláticos do mundo físico na tarefa de curar o próximo, porquanto são verdadeiros condensadores das vibrações do Cristo. Mas, em geral, os médiuns são homens defeituosos, enfermos, e alguns, até viciados e de pouca higiene, ou mesmo preguiçosos, que ainda deixam a cargo dos seus guias os problemas e os obstáculos naturais do mundo físico. 

Muitos deles, presunçosos do seu poder mediúnico e convencidos de que vivem sempre assistidos pelos espíritos de hierarquia espiritual superior, deixam de mobilizar os recursos próprios do plano em que atuam, guardando a esperança de que o milagre há de se realizar à última hora. 

PERGUNTA: - Pressupomos que nem todos os médiuns dispõem de tempo e circunstância favoráveis que lhes permitam o cumprimento integral de suas tarefas mediúnicas, pois, em geral, o homem terreno vive completamente algemado ao relógio, mal conseguindo atender às suas obrigações comuns. O médium pobre, por exemplo, mal dispõe de alguns minutos para o seu alimento e descanso, pesando-lhe ainda na vida a função assistencial da mediunidade. Que dizeis? 

RAMATÍS: - Considerando o velho provérbio de que "água não custa dinheiro", obviamente, não a usa quem não deseja, enquanto a maior parte dos médiuns que alegam falta de tempo para a leitura de um livro, do asseio corporal ou das vestes, gasta a maior parte do seu tempo em dormir, na leitura de jornais, de revistas ou nas visitas inoportunas. 

Atualmente, existem no mundo os mais variados compêndios de ensinamentos esotéricos e roteiros educativos de outros movimentos espiritualistas, além do Espiritismo, mas que ajudam os próprios médiuns a disciplinar a sua vontade, melhorar sua higiene mental e física, bem como o controle emotivo tão necessário ao êxito da prática terapêutica. Aqueles que souberam aproveitar alguns minutos disponíveis entre suas obrigações terrenas nesse estudo hão de auferir conhecimentos que tanto lhes aperfeiçoarão as condições psíquicas como também os seus recursos físicos. 

Essas obras expõem pormenores e experimentações que Allan Kardec não pôde esmiuçar em sua época, mas servem de melhores esclarecimentos a tudo que o próprio codificador deixou como base definitiva da doutrina. Os médiuns do futuro serão criaturas disciplinadas por cursos técnicos e conhecimentos científicos, efetuando o melhor aproveitamento da energia psíquica no serviço mediúnico de transfusão de fluidos terapêuticos, mas isso será graças ao seu domínio mental sobre os movimentos instintivos do corpo e à prática da respiração iogue, que melhor purifique a circulação sanguínea e aumente a vitalidade magnética do corpo. 

Embora sejam poucos os médiuns que dispõem de alguns tempo para estudar proveitosamente a doutrina espírita ou a técnica da mediunidade, eles serão sempre os verdadeiros beneficiados na tarefa socorrista ao próximo. Em conseqüência, que procurem auferir o melhor proveito no exercício de sua faculdade mediúnica no mundo material e cumpram-na acima de todas as futilidades e desperdícios de tempo, se realmente desejam o benefício redentor de amortizar suas faltas passadas. 

O médium colhe exatamente o que semeou outrora e, embora a Lei Cármica se manifeste sob diferentes esquemas de compromissos individuais, e de acordo com a necessidade de cada criatura, na verdade, os conceitos superiores e definitivos que fundamentam a evolução do espírito na Terra ainda são aqueles do Mestre Jesus: "Faze aos outros o que queres que te façam" e "ama ao próximo como a ti mesmo". 

PERGUNTA: - Voltando a tratar do asseio corporal e do melhor aspecto dos médiuns em suas tarefas mediúnicas de passes ou fluidificação de água, lembramo-nos de alguns curandeiros, que se tornaram célebres pelos seus tratamentos e curas impressionantes, mas foram homens de aspecto desleixado e sem qualquer princípio de higiene corporal. Que dizeis? 

RAMATÍS: - A fé que, em certos casos, os enfermos depositam sinceramente nos seus curandeiros hirsutos e desasseados é, justamente, o detonador psíquico que lhes desata as próprias forças vitais latentes, desentorpece-lhes os músculos atrofiados ou renova-lhes os tecidos enfermos, assim como a corrente elétrica ativa as funções das células nervosas na conhecida neuroterapia dos "choques elétricos". É desse modo que se processam as curas de Fátima, de Lourdes, e os milagres das promessas ao Senhor do Bonfim, de Iguape, a Nossa Senhora da Penha, de Guadalupe ou do Rocio, inclusive nos tradicionais lugares santos, imagens que choram e as estampas que piscam ou se movem. 

Assim é que, diante das estátuas, das imagens mudas ou nos lugares santos e miraculosos, os aleijados abandonam as muletas, os cegos vêem, os surdos tornam a ouvir e desaparecem as doenças mentais atrozes, embora os enfermos não tomem qualquer contacto direto com criaturas vivas. Eles alimentam em si mesmo o clima energético espiritual que os torna hipersensíveis e dinâmicos; ou então absorvem os fluidos curadores dos espíritos terapeutas que ali atuam em favor da saúde humana. 

Aliás, a verdadeira fonte oculta e sublime das energias curativas encontra-se na própria intimidade espiritual da criatura, restando-lhe apenas saber mobilizar essas forças através da vontade e da confiança incomuns para então ocorrer o sucesso terapêutico, que posteriormente é levado à conta de admirável milagre contrariando as próprias leis do mundo. 

Em conseqüência, desde que existem estampas, fontes de água, túmulos, imagens ou relíquias sagradas que podem servir de estímulo à fé humana e produzir as curas incomuns, por que, então, o curandeiro sujo e ignorante também não pode servir de alvo para essa mesma fé despertar as energias curativas do espírito imortal? Porventura o corpo físico, como um dos mais impressionantes reservatórios de forças criadoras, já não é um autêntico milagre da vida? 

A sua capacidade de gerar-se e desenvolver-se no ventre materno, em seguida vir à luz do mundo, crescer e consolidar-se como abençoado instrumento de trabalho e aperfeiçoamento do espírito é a prova mais evidente desse milagre estupendo da Natureza! Quer provendo-se de alimentos ou sob a ação dos medicamentos da medicina do mundo, o organismo físico é quem realmente substitui, por outras revitalizadas, as células exauridas, modifica os tecidos decrépitos, consolida fraturas ósseas, cicatriza lesões e recompõe cabelos e unhas, enquanto fabrica toda espécie de sucos, hormônios e líquidos necessários às diversas funções do metabolismo vital. 

Em sua capacidade e inteligência instintiva e oculta, o corpo mantém a pressão, a circulação, a temperatura ou o tônus cardíaco que se fazem necessários para mater em equilíbrio o ser, no meio em que se manifesta. Apenas o homem fere uma falange do seu dedo mínimo, já a sua prodigiosa maquinaria de ossos, nervos e músculos mobiliza "cimento, cola", minerais e antissépticos carreando-os para o local acidentado, a fim de evitar a hemorragia fatal ou debelar a infecção perigosa. 

Nos primeiros meses de vida, a criança é alimentada preferencialmente com leite materno ou leite artificial em pó; mas, para espanto dos observadores, em troca desse líquido de cor branca e inodoro, miraculosamente, ela produz cabelos louros, ruivos ou pretos; o sangue vermelho, a bílis esverdeada, os olhos azuis, marrons, verdes ou negros; as unhas rosadas, a pele amorenada, preta ou branca; a carne, os ossos, os nervos, os dentes! Sem dúvida não é a substância alimentícia do leite, propriamente dita, o que permite tal milagre, mas é a energia atômica, a força nuclear as moléculas e dos átomos que a compõem, os recursos de que o organismo da criança lança mão e com eles constrói o seu edifício celular e vivo. 

Na intimidade do homem, portanto, a sabedoria divina opera mobilizando todas as forças ocultas da vida superior e materializando à luz do mundo planetário o espírito lançado na corrente evolutiva da angelitude! 

PERGUNTA: - Poderíeis configurar-nos algum exemplo mais objetivo, quanto a essa dinamização de forças ocultas que vivem na própria intimidade do homem e se transformam em recursos de efeitos miraculosos? 

RAMATÍS: - Quando a criatura, mesmo instintivamente, é capaz de concentrar todas as suas forças mentais e vitais, enfeixando-as e projetando-as num só impacto curativo sobre o seu corpo enfermo, elas então conseguem realizar a cura, quer tenham sido dinamizadas pela sua fé e confiança no médico, curandeiro, médium, santo miraculoso ou imagem de santa. 

Em rápido exemplo comparativo, lembramos-vos o que acontece quando a carroça sobrecarregada atola-se no banhado ou estaca na subida por excesso de peso e o condutor, hábil e experiente, conjuga então todas as energias dos seus cavalos e os anima, ajustando-os gradativamente até lograr a perfeita sintonia de suas forças. No momento exato da mais vigorosa tensão, num só brado e ímpeto vigoroso de ação, ele chicoteia os cavalos em conjunto, os quais, num só arranco uniforme e coeso, movem a viatura pela coordenação mútua de suas próprias forças lançadas numa só direção. Da mesma forma, existem criaturas que, por uma disposição mental, intuitiva ou mesmo instintiva dinamizam suas energias pela fé ou confiança incondicional em alguém ou alguma coisa, e depois aproveitam-nas em um só impacto energético sobre si mesmas, logrando o milagre de sua recuperação orgânica, instantânea. 

Mas nem todos os seres são capazes de potencializar em si mesmos o "quantum" de suas energias curativas latentes no imo da alma, por culpa de sua vontade débil e falta de confiança em sua própria força. Sob tal aspecto, os médiuns também devem conjugar todos os seus esforços espirituais em suas tarefas terapêuticas, inclusive os recursos profiláticos do mundo físico, assim como pela sua simpatia, confiança e ânimo espiritual influir favoravelmente na potencialização energética dos próprios enfermos. 

PERGUNTA: - É justificável a atitude de alguns médiuns e espíritas que, durante os passes medi únicos ou magnéticos, advertem os pacientes para não cruzarem as mãos ou os pés? Porventura não se trata de superstição ou reminiscência de algum rito da prática de magia de outrora? 

RAMATÍS: - Se tal prática fosse resultante de qualquer superstição ou rito de magia, então teríeis que também subestimar todos os movimentos que os médiuns executam com suas mãos durante os passes, o que fazem dentro da técnica da magnetoterapia para distribuírem equitativamente as forças vitalizantes do mundo oculto sobre os plexos nervosos dos enfermos. 

Aliás, ainda são poucos os médiuns que possuem uma noção satisfatória das leis ocultas que disciplinam os pólos positivos e negativos das correntes eletromagnéticas ou eletrobiológicas, que circulam através dos seres vivos. Os mais ignorantes confundem a técnica dos passes terapêuticos com as vassouradas que praticam de cima para baixo e de baixo para cima sobre os enfermos, quando então misturam os fluidos perniciosos com os eflúvios vitais benéficos. Não sabem praticar a "descarga fluídica" antes dos passes; não conhecem as leis de dispersão, de fuga ou polarização dos fluidos perispirituais, e assim praticam toda sorte de equívocos e tolices quanto a técnica sadia na sua função de passistas, cujos resultados ainda são algo proveitosos devido à interferência continua das entidades experimentadas do "lado de cá". 

Aqui, esses médiuns condensam fluidos revitalizantes sobre os órgãos congestos; ali, dispersam as forças vitalizantes das regiões anêmicas dos pacientes; acolá, efetuam passes longitudinais em zonas orgânicas que pedem apenas uma polarização fluídica. No seu fanatismo cego, muitos médiuns repudiam os ensinamentos mais valiosos de um tratado esoterista ou de qualquer compêndio teosófico ou iogue, que lhes facultariam um conhecimento sensato e sábio ao manusearem as forças ocultas. 

Através das oscilações dos pêndulos radiestésicos, poder-se-á comprovar facilmente que no corpo humano circulam as correntes eletromagnéticas de natureza positiva ou negativa, quer movendo-se em sentido longitudinal, transversal ou horizontal, assim como polarizam-se em torno dos sistemas e dos órgãos físicos. Embora essas forças ocultas escapem à aferição dos sentidos humanos comuns, elas podem ser identificados pelos médiuns treinados ou criaturas de psiquismo muito sensível e aguçado. 

Eles interpenetram e vitalizam órgãos e sistemas de sustentação anatomofisiológica do homem, enquanto carreiam-lhe as impurezas fluídicas e processam as transfusões "etereoastrais" tão necessárias ao metabolismo perispiritual. Em conseqüência, desde que se cruzem as mãos ou pés durante os passes mediúnicos e magnéticos, obviamente fecha-se o circuito etereomagnético dos próprios fluidos em circulação, e que precisam retemperar-se na fonte terapêutica do mundo espiritual, retornando depois às mesmas zonas do corpo humano desvitalizado. Quando o circuito magnético é fechado termina em polarização, isto é, reflui a energia e cessa o seu contacto direto entre o paciente e o passista, assim como baixa o tom do magnetismo do perispírito. 

Reduzindo-se a absorvência perispiritual do enfermo, devido à polarização dos fluidos em efusão, ele deixa de recepcionar as forças doadas pelos passistas, que não lhe penetram no metabolismo psicofísico e terminam por dissolver-se no meio ambiente.