terça-feira, 5 de junho de 2012

FALANDO SOBRE MEDIUNIDADE - PARTE 16

Centro Espírita Allan Kardec
Passo Fundo – RS 

Mediunidade Publicado em 9 de fevereiro de 2010 por admin

CONCEITO

É a faculdade humana que permite a relação entre os homens e os espíritos. É a manifestação do espírito através de um corpo alheio.

QUEM É MÉDIUM? 

É todo individuo que sente em maior ou menor intensidade a interferência dos espíritos.

MEDIUNIDADE

A mediunidade é uma só, é um todo, mas pode ser encarada em vários aspectos funcionais que são formas variadas de sua manifestação. Kardec a dividiu, para efeito metodológico em duas grandes áreas bem diferenciadas: a mediunidade de efeitos inteligentes e a mediunidade de efeitos físicos.

MEDIUNIDADE NATURAL

Característica è Natural è Generalizada. A terminologia espírita adotada por Kardec é simples e precisa. Mas no tocante às duas áreas fundamentais de efeitos inteligentes e físicos, era necessário um acréscimo. Além dessa divisão fenomênica, havia o problema da divisão funcional.

Kardec notou a generalização da mediunidade e os espíritos o socorreram, como se vê no Livro dos Médiuns, como uma especificação curiosa. Temos assim duas áreas de função mediúnica, designadas como mediunidade generalizada e mediunato.
A primeira corresponde a mediunidade natural que todos os seres humanos possuem e a segunda corresponde a mediunidade de compromisso, ou seja, de médiuns investidos espiritualmente de poderes mediúnicos para finalidades especificas na encarnação, esta exige desenvolvimento e aplicação durante toda a vida do médium.

É E permanece geralmente em êxtase, com manifestações moderadas e quase imperceptíveis, ou seja, discreta e sutil.

A falta de conhecimento dessa divisão acarreta dificuldades e inconvenientes na prática mediúnica, particularmente nos trabalhos de centros e grupos. A mediunidade natural e generalizada não é propriamente uma forma de energia que permanece no organismo corporal no estado letárgico. É simplesmente a disposição natural do espírito para expandir-se, projetar-se e entrar em relação com outros espíritos.

Nossa mente funciona, segundo acentua Jonh Chinwald em seu estudo sobre relações inter-pessoais, como ativo centro emissor e receptor de pensamento. Estamos sempre conversando sem o perceber. Muitos dos nossos monólogos são diálogos com outras pessoas ou com espíritos.

Emmanuel e André Luiz, pelo Chico Xavier, diferem se a inquirições mentais que certos espíritos nos fazem seja para avaliar o nosso estado mental e ajudar-nos a corrigi-los, seja para fins obsessivos. Um obsessor se aproxima de nós e sugere mentalmente o nome ou figura de uma pessoa. Começamos a pensar nessa pessoa e a desfilar na mente os dados que possuímos sobre ela.

O obsessor insiste e sem percebermos, vamos dando a ficha da pessoa ou as nossas opiniões sobre ela. Ajudamos o obsessor sem saber. De outras vezes ele pretende saber qual é a nossa posição em determinado caso de desentendimento a respeito de seu amigo. Nós a revelamos e ela passa a envolver-nos num processo obsessivo. Por isso Jesus aconselhou: Vigiai e orai. Devemos vigiar os nossos pensamentos e orar por aqueles que consideramos em erro.

Se assim o fizermos, certamente nos livraremos de muitas perturbações, e muitos aborrecimentos desnecessários. Os colóquios do homem são sempre observados pelas testemunhas invisíveis, boas ou más, que nos cercam.

A mediunidade natural funciona como imanente no nosso psiquismo, faz parte da nossa constituição humana. Recorrem às casas espíritas muitas pessoas perturbadas e até obsedadas, que em geral são consideradas como médiuns em fase de desenvolvimento. O que não passam de vítimas de perseguições de espíritos inferiores, resultante de inquirições mentais dos mesmos.

Precisam de passes, de participações nas sessões, mas não sentar-se à mesa mediúnica para educar a mediunidade. Após tratados livram-se dos sintomas, pela própria correção de seu pensamento em relação a vida, em relação as pessoas.

Essas pessoas não estão investidas do mediunato e não precisam educar a mediunidade. Esta lhe serve para guiar-lhe na vida através de intuições e percepções extra-sensorial. Os problemas obsessivos serviram para aproximá-la do espiritismo, se continuar compreenderá o enredo da providência a seu beneficio.

As pessoas não dotadas de mediunato podem ser muito sensíveis e intuitivas, dispondo de percepções eficazes em todas as circunstâncias, que podem ser aproveitadas no movimento espírita, depois de tratados e instruídos. As obsessões não são produzidas apenas por espíritos. Há casos de obsessões telepáticas, provocadas por pessoas vivas.

Kardec tratou desses casos referindo-se à telepatia como telegrafia humana. Sentimento de aversão, de ódio, de vingança, acompanhado de pensamentos agressivos, podem dar a impressão de verdadeiros processos de obsessão por espíritos inferiores. Estes geralmente se envolvem e nas sessões, passam como os responsáveis nas perturbações que intrometeram-se, enganando dirigentes menos visados.

O Dr. Ehrenwal relata um caso da sua clinica psicanalítica, em que um rapaz era rejeitado pelos companheiros de pensão. A rejeição era oculta, pois todos fingiam apreciá-lo. Afastando o paciente para outro meio, os sintomas obsessivos desapareceram gradualmente, na proporção em que os algozes o esqueciam.

A mediunidade natural aflora, às vezes, dadas as circunstâncias favoráveis, numa eclosão semelhante à educação mediúnica. Há casos de premonição que surgem de perigo eventual, casos de vidência passageira, que parecem sintomas de mediunato em eclosão.

É difícil saber-se de imediato, o que se passa, principalmente em virtude do estado emocional dos pacientes. Mas basta uma observação paciente, com que freqüência às sessões mediúnicas para logo se verificar que se trata apenas de ocorrências isoladas e ocasionais. A mediunidade natural tende sempre a voltar à sua acomodação no psiquismo normal e manifestando-se de forma generalizada, como eclosão da mediunidade intuitiva, pois é o prelúdio da mesma.

O que às vezes complica é a insistência do desenvolvimento mediúnico ou aplicações terapêuticas de choques e dosagens excessivas de drogas nos receituários médicos.

MEDIUNATO

A mediunidade ativa ou mediunato, não age de maneira discreta e sutil, como a mediunidade generalizada. Pelo contrário, extravasa agitada em fenômenos de captação e projeção, não raro explodindo em casos de obsessões.

É chamada mediunidade de serviço, destinada ao auxílio e ao socorro do próximo. Decorre de compromissos assumidos no Plano espiritual, seja para auxiliar indiscriminadamente os que necessitam de ajuda e orientação, seja para o resgate de dívidas morais do passado com entidades necessitadas, cujo estado inferior se deve, em parte ou totalmente, a ações do médium em vidas passadas.

O médium não desfruta apenas as vantagens da mediunidade generalizada, pois vê-se investido de uma missão mediúnica a que os espíritos deram o nome de mediunato.

Neste caso o médium é continuamente solicitado para atender a entidades desencarnadas carentes de auxílio e elucidação. Se rejeita seu compromisso ou tenta protelá-lo, fica sujeito a perturbações e finalmente a obsessões. Não obstante o determinismo implícito no mediunato, o seu livre arbítrio continua inato.

Assim como escolheu e pediu essa situação ao voltar a encarnação, assim também poderá agora optar pelo cumprimento ou não do compromisso, arcando com as conseqüências da fuga ao dever.


O mediunato é também concedido em caso de assistência ao próximo e ajuda a humanidade, como nos mostra o exemplo histórico das meninas Baudim, Julia e Carolina com 14 e 16 anos, em Paris, cuja mediunidade admirável garantiu o êxito da missão de Kardec. Mas o Próprio Kardec não era médium, porque a sua missão era cientifica e não mediúnica.

Não era um profeta, nem um vidente ou messias. Era um pesquisador incansável e exigente. A volumosa, minuciosa e inabalável obra que deixou, formando um maciço de mais de vinte volumes de quatrocentas páginas em média, mostra porque ele não podia dispor de um mediunato. Tina de dedicar-se inteiramente, como se dedicou até a exaustão, ao trabalho intelectual.

É grandiosa a epopéia humilde desse pesquisador solitário de uma ciência que todos combatiam e ridicularizavam. Para compreender melhor a razão pela qual Kardec não teve mediunato, basta lembrar o caso de Swedenborg, na Suécia, e de Andrew Jakson Davis nos Estados Unidos. O primeiro era dos maiores sábios do século XVIII, amigo de Kant e foi o precursor do espiritismo, dotado de extraordinária vidência, mas perdeu-se nas sua próprias visões, fascinado pela realidade invisível, acabou criando uma seita eivada de absurdos.

O segundo, também vidente, lançou uma série de livros em que o fantástico supera as possibilidades do real. Os fenômenos mediúnicos são mais difíceis de se examinar com frieza. O médium não escapa aos impactos emocionais dessas manifestações, como Kardec viu no próprio exemplo de Flammarion.

Por outro lado, a condição de médium o tornaria suspeito aos olhos desconfiados dosm homens de ciência. Mesmo no meio espírita o critério de Kardec ainda não foi suficientemente compreendido. Há os que censuram o seu comedimento em tratar de assuntos melindrosos da época. Não entendem o valor do Livro dos Médiuns e vivem a procura de novidades apresentadas em obras mediúnicas suspeitas.

A vidência, como todas as formas de mediunidade pode ocorrer ocasionalmente a qualquer pessoa, mas a sua ação permanente, nos casos de mediunato pode bloquear a razão e excitar o misticismo.

Nestes casos místicos está sujeito a enganos fatais. O espírito encarnado está condicionado à vida do plano material, não dispondo de segurança para lidar com problemas do Plano Espiritual, pois seu inconsciente destina-se a funcionar normalmente na vida futura ou seja, no Plano Espiritual. Kardec observou tudo isso com rigor através de pesquisas incessantes publicadas na Revista Espírita.

O mediunato da vidência existe, mas para fins de auxílio às pesquisas ou para as demonstrações da verdade espírita. A codificação não é obra de vidência, mas de pesquisa cientifica realizada por Kardec sob orientação e vigilância dos Espíritos Superiores.

Ao tratar de assuntos espíritas estamos agindo num campo magnético em que se digladiam as forças do bem e do mal. Nem sempre sabemos distingui-las com segurança e podemos deixar-nos levar por correntes de pensamentos desnorteantes.

A obra de Kardec é a bússola em que podemos confiar. Ela é pedra de toque que podemos usar para aferir a legitimidade de ou não das pedras aparentemente preciosas que os garimpeiros de novidades nos querem vender.

Essa obra repousa na experiência de Kardec e na sabedoria do Espírito de Verdade. Se não confiamos nela, é melhor abandonarmos o espiritismo. O mediunato exige o nosso esforço contínuo na luta para sustentação da verdade espírita no mundo.

Nosso Livre arbítrio não pode ser violado, mas quando aceitamos as mistificações de pretensos reformadores usamos o livre arbítrio na escolha infeliz que então fazemos.

Extraído do Livro mediunidade de Herculano Pires. 

FALANDO SOBRE MEDIUNIDADE - PARTE 15

Mediunidade de Prova
Aureliano Alves Netto 

A mediunidade é ensejo de serviço e aprimoramento, resgate e solução.
Emmanuel 

Quando Arigó foi tragicamente vitimado num desastre automobilístico alguém nos manifestou sua estranheza: 

- Pois quê! Não era um médium prodigioso? 

- Era, sim - respondemos -, mas isso não lhe conferia nenhum privilégio. O acidente fazia parte de sua provação. Agora está liberto. 

O diálogo sugeriu-nos esta crônica: 

Mediunidade, segundo alguns autores, é faculdade psíquica paranormal latente em todo indivíduo; e, na opinião de outros, faculdade de origem exclusivamente fisiológica. 

O escritor espírita argentino Natálio Ceccarini entende que a mediunidade não é uma aptidão orgânica e sim um "atributo da alma que se exterioriza através do mecanismo mental, organização psíquica, sistema nervoso do dotado". 

Porém, a nosso ver, a melhor definição é a de Emmanuel: 

"Sendo a luz que brilha na carne, a mediunidade é atributo do Espírito, patrimônio da alma imortal". 

A bem dizer, o fenômeno mediúnico surgiu com o próprio aparecimento do homem sobre a Terra. Entretanto, somente após o advento do Espiritismo passou a ter sua adequada conceituação e ser objeto de estudo científico e prática metodizada, em âmbito universal. 

Em O Livro dos Médiuns, ensina Kardec. 

"Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por esse fato, médium. Essa faculdade é inerente ao homem; não constitui, portanto, um privilégio exclusivo. Por isso mesmo, raras são as pessoas que dela não possuam alguns rudimentos. Pode, pois, dizer-se que todos são, mais ou menos, médiuns. Todavia, usualmente, assim só se qualificam aqueles em quem a faculdade mediúnica se mostra bem caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que então depende de uma organização mais ou menos sensitiva". 

Difícil, senão impossível, o escalonamento rigoroso das categorias de médiuns, em virtude da imensa variedade dos fenômenos. De modo genérico, no entanto, parece-nos que, exceto alguns poucos Missionários como Antúlio, Crispa, Buda e Pitágoras, portadores da chamada "mediunidade natural", ou mais propriamente, do dom da intuição Pura, todos os demais que estabelecem intercâmbio espiritual com o "outro mundo" apenas exercitam a mediunidade de prova. 

Estas palavras de Emmanuel fortalecem nosso ponto de vista: 

"Os médiuns, na sua generalidade, não são missionários, na acepção comum do termo: são almas que fracassaram desastradamente, que contrariaram sobremaneira o curse das leis divinas e que resgatam. sob o peso de severos compromissos e ilimitadas responsabilidades, o passado obscuro e delituoso. O seu pretérito, muitas vezes, se encontra enodoado de graves deslizes e de erros clamorosos. Quase sempre são espíritos que tombaram dos cumes sociais pelo abuso do poder, da autoridade, da fortuna e da inteligência, e que regressam ao orbe terráqueo para se sacrificarem em favor do grande número de almas que se desviaram das sendas luminosas da fé, da caridade e da virtude". 

Em seu livro A vida de Ultratumba, Rufina Noeggerath registra esta comunicação ditada pelo Espírito Henrique Delaage: 

"A mediunidade não é um dom na acepção comum da palavra; tão pouco é um privilégio. Cada pessoa vem à Terra com uma faculdade mediúnica determinada, inerente à sua natureza, para ter a possibilidade de se comunicar com os desencarnados que, por seu passado, seu presente, e, melhor ainda por seu futuro, estão enlaçados aos mortais". 

A mediunidade constitui-se pois, num instrumento de trabalho para aqueles que retornam à vida corporal as mais das vezes em serviço de reajustamento. Mas, representa, ao mesmo tempo, uma faca de dois gumes. Dotado de livre arbítrio, o reencarnado tanto pode utilizar proficuamente esse instrumento de trabalho, como deixá-lo desaproveitado a enferrujar ou transformá-lo em arma de destruição. 

Assim é que vemos médiuns íntegros ciosos do seu mediunato .como Chico Xavier e Divaldo Franco, para e, numerar apenas os mais conhecidos. Esses estão cumprindo bem a tarefa. Contudo, sem se julgarem isentos das sanções determinadas pela Lei de Causa e Efeito. Em contrapartida, há lamentavelmente outros cujos nomes nem é bom citar, que, ou sempre foram mercenários, ou degeneraram depois de uma atividade honesta e proveitosa. 

De qualquer maneira, o certo é que a lei não poderá deixar de ser cumprida fielmente: a cada um, segundo o seu merecimento. 

FALANDO SOBRE MEDIUNIDADE - PARTE 14

Mediunidade de Prova
Chico Xavier, exemplo de mediunidade e responsabilidade social. 

"Os médiuns, na sua generalidade, não são missionários, na acepção comum do termo: são almas que fracassaram desastradamente, que contrariaram sobremaneira o curso das leis divinas e que resgatam, sob o peso de severos compromissos e ilimitadas responsabilidades, o passado obscuro e delituoso. O seu pretérito, muitas vezes, se encontra enodoado de graves deslizes e de erros clamorosos. Quase sempre são Espíritos que tombaram dos cumes sociais pelo abuso do poder, da autoridade, da fortuna e da inteligência, e que regressam ao orbe terráqueo para se sacrificarem em favor do grande número de almas que se desviaram das sendas luminosas da fé, da caridade e da virtude". – Emmanuel 

O conceito de mediunidade prova, tal qual conhecemos e usamos atualmente, não aparece nas obras e dissertações de Allan Kardec senão nos exemplos em que os médiuns são por ele defendidos contra as calúnias e perseguições. Para Kardec, o médium é uma figura pública que se expõe aos mais terríveis escolhos e julgamentos humanos, na maioria das vezes carregados de ironias e injustiças, como sempre aconteceu em todas as épocas e circunstâncias em que as faculdades psíquicas se manifestam em sociedades supersticiosas, conservadoras e dogmáticas. Foi dessa forma que o Codificador falou dos médiuns dos tempos antigos e dos seus contemporâneos, em especial as irmãs Fox e Daniel Dunglass Home. Mostrou a importância social desses operários da Verdade, mesmo que tais experiências muitas vezes fossem incompatíves e contraditórias em relação à moral doutrinária. Registrou a conduta discreta e moderada dos médiuns educados nas sociedades espíritas, mesmo porque estes também não estavam isentos dos seus compromissos e débitos pessoais. Ele mesmo e Amélie não passaram por momentos tormentosos de preparação e exercício de suas faculdades e tarefas? 

Na literatura espírita a expressão “mediunidade de prova” foi utilizada pela primeira vez em 1940 no clássico “Mediunidade”, de Edgard Armond, o célebre instrutor e pioneiro de cursos para médiuns da Federação Espírita do Estado de São Paulo. Armond se antecipou até mesmo a André Luiz, que só foi utilizar o termo alguns anos após em uns dos livros da famosa série psicografada por Chico Xavier. O antigo projeto de Allan Kardec e de Bezerra de Menezes em criar escolas de espiritismo e treinamento psíquico tinha como meta curricular esclarecer e preparar os médiuns para realizar suas tarefas e missões. Armond e sua equipe transpuseram essas escolas, que são muitos comuns no mundo espiritual, para as instituições espíritas, tal qual planejaram os pioneiros. 

Mas a deserção sempre ronda e assedia o trabalho mediúnico. Os Espíritos inimigos estão sempre atentos e muitos encarnados, incluindo alguns espíritas, contribuem para difundir os precedentes dessa triste fuga dos quadros colaborativos. Alguns confrades realmente não aceitam essa categoria mediúnica, mais por questão de limitação pessoal, do que propriamente por convição intelectual e científica. Como dizia J. Herculano Pires, estes têm dificuldades em aceitar a filosofia espírita como elemento de transformação moral e passam a acreditar que é mais fácil mudar a doutrina e a realidade natural do que a si mesmos. 

Quando Emmanuel publicou a sua opinião acerca do tema, sintetizada na epígrafe acima, tornou-se mais clara a idéia da diferença entre mediunidade natural e de prova, bem como a inevitável comparação entre mediunidade-missão e mediunidade-tarefa, experiências diversas que marcam as especificidades e características dos portadores das faculdades psíquicas. Essa definição do principal mentor de Chico Xavier nos fez entender e lembrar de inúmeras personalidades no exercício mediúnico e posteriormente compreender a difícil experiência de cada um deles na condição do médium. A trajetória dolorosa entre as lágrimas e a resignação não poderia ser de outra forma, não num planeta em que a mediunidade é fator da natureza, mas também é tencologia psíquica e ferramenta evolutiva do Espírito. Compreendemos não só o fenômeno em si, mas também as causas do martírio de pessoas que dedicaram suas existências para difundir a realidade espiritual e também minorar o sofrimento alheio. 

Lembrando Marshal MacLuhan, assim como todos os intrumentos criados pelo Homem são extensões dos limites do corpo, com o Espiritismo aprendemos que a mediunidade é a própria tecnologia psíquica, a extensão revolucionária dos limites da mente. 

No entanto, a mediunidade não precisa ser somente escolhos e lágrimas. Ela poder ser exercida com equilíbrio e alegria, desde que o médium não se rebele contra a natureza e as suas próprias características psíquicas, marcas das suas possibilidades de ação, mas também reflexos dos seus limites pessoais. Diferente dos tempos antigos em que o médium era visto como aberração do sobrenatural, hoje a mediunidade adquiriu liberdade e responsabilidade social. É sacerdócio reconhecido em todas as religiões e filosofias humanistas, em diferentes manifestações culturais, inclusive no campo científico, mas continua sendo fator de risco em caso de abusos humanos. Na escola da Vida Planetária continua sendo o trajeto entre a perturbação e o equilíbrio, o sofrimento e a resignação, o fracasso e a vitória, o débito e o resgate, a estagnação e a evolução, o conhecimento e o auto-conhecimento, a dor e o amor, enfim, o dever e o prazer de ajudar o próximo. 

A habilidade e a competência mediúnica, segundo Jesus 

“A doutrina de Jesus ensina sempre a obediência e a resignação, duas virtudes companheiras muito ativas da doçura, embora os homens erroneamente as confundam com a negação do sentimento e da vontade. A obediência é o consentimento da razão; a resignação é o consentimento do coração. Ambas são forças ativas, pois carregam o fardo das provas que a revolta insensata não suporta. O covarde não é uma criatura resignada, assim como o orgulhoso e o egoísta não são obedientes. Jesus foi a encarnação dessas virtudes desprezadas pela antigüidade materialista. Veio no momento em que a sociedade romana agonizava, destruída pela corrupção. Veio fazer resplandecer, no seio da Humanidade moralmente enfraquecida, os triunfos do sacrifício e da renúncia carnal. Cada época é assim marcada com a característica da virtude ou do vício que a devem salvar ou perder. A virtude da vossa geração é a atividade intelectual; seu vício é a indiferença moral. Digo que é apenas atividade, pois o homem de gênio* se eleva de repente e descobre sozinho os horizontes que a multidão só verá muito depois dele, enquanto a atividade é a reunião dos esforços de todos para atingir um objetivo menos brilhante, mas que comprova a elevação intelectual de uma época. Submetei-vos ao impulso que viemos dar aos vossos Espíritos. Obedecei à grande lei do progresso, que é a palavra da vossa geração. Infeliz do Espírito preguiçoso, daquele que fecha seu entendimento! Infeliz! Pois nós, que somos os guias da Humanidade em marcha, o atingiremos com o chicote e forçaremos sua vontade rebelde com a dupla ação do freio e da espora. Toda resistência orgulhosa deverá ceder, cedo ou tarde. Mas, bem-aventurados aqueles que são mansos, pois receberão com doçura os ensinamentos’. 


Lázaro - Paris, 1863 - Obediência e Resignação - O Evangelho Segundo O Espiritismo