domingo, 24 de fevereiro de 2013

Nàná Não Aceita Render Homenagens a Ògún


Nàná Não Aceita Render Homenagens a Ògún

Hoje vamos discorrer uma antiga história do Candomblé, muito versada nos tradicionais Terreiros de Salvador, a qual aborda dois dos mais venerados Òrìsàs do panteão Nàgó; Nàná a antiga Deusa dos pântanos e Ògún, o Deus do ferro.

Nàná e Ògún foram participar de um clero no qual estariam as demais Divindades do Candomblé. O objetivo dessa reunião era discutir os poderes de cada Òrìsà, bem como a importância desses poderes entre eles.

Logo no início, eles destacaram a importância de Òsàlá, a Divindade que criou os seres, que por meio do sopro divinizado dá vida à humanidade. Salientaram os poderes divinatórios de Orunmilá, o testemunha do destino das pessoas, aquele que se senta ao lado de Deus. Lembraram-se sobre o papel singular de Èsù para a vida não somente dos humanos, mas também para os demais Deuses. Recordaram da importância de Ori, a Divindade que cuida da cabeça das pessoas.

Dado momento da reunião, todos começaram a ressaltar a importância de Ògún. Os Òrìsàs teciam elogios ao Deus do ferro, mencionando que é por meio dos instrumentos construídos por Ògún que eles podem viver. Um disse que é por meio da enxada que Ògún fabricou que é possível tirar o alimento da terra. Outra Divindade mencionou que eles comem por meio do facão de Ògún. Eles exclamavam: “Nós precisamos muito de Ògún, todos devemos prestar homenagens a Ògún”.

Nesse momento, no entanto, Nàná mostrou seu descontentamento: “Como assim, o trabalho de Ògún não é tão importante com vocês estão falando”. Nàná disse ainda, que não dependia de Ògún para nada e que jamais iria lhe render homenagens.

Ògún, por sua vez afirmou: “Nàná, se todas as outras Divindades concordam em me prestar homenagens, você também deve fazer”. 

Desse modo, Nàná e Ògún ficaram um longo tempo discutindo, cada um defendendo os seus argumentos.

Nàná finalizou dizendo que ela não prestaria homenagem sequer a Ògún, que a interpelou dizendo: “Já que é assim, você Nàná não poderá usar nada que é meu por origem. Você não poderá usar a faca, ou nada que seja de metal em seu culto”.

Todos acharam justo e, a partir desse dia, no culto de Nàná não utilizamos as ferramentas confeccionadas por Ògún, o Deus do ferro.

Que Òsùmàrè Aràká continue olhando e abençoando todos!
Terreiro de Òsùmàrè

Como Obara Tornou-se Rico



Jamais Desdenhe de Um Presente, Como Obara Tornou-se Rico

Uma antiga história Nàgó, conta que havia quatro amigos que de nove e nove dias realizavam a consulta de Ifá para Olofin. Um desses amigos se chamava Obara.

Sempre que eles realizam o jogo de Ifá, Olofin os presenteava de alguma forma. Certa vez, querendo agradecer todos os trabalhos realizados, Olofin bastante generoso, pegou quatro abóboras colocando uma grande riqueza dentro de cada uma. 

Em uma ele colocou dinheiro, em outras duas ele colocou contas muito raras e caras e em outra, roupas que somente os reis usam de valor inestimável. Após fazer isso, Olofin chamou Èsù, que de forma mágica, fechou as abóboras fazendo aparentar que as mesmas nunca haviam sido abertas. A intenção de Olofin, era presentear cada um dos amigos com uma abóbora, deixando-os ricos.

Quando os amigos chegaram na casa do grande Olofin, eles realizaram o jogo de Ifá, como de costume. Ao final, Olofin entregou uma abóbora para cada um dos quatro amigos. No entanto, três deles desdenharam do presente, entregando todas para Obara, que não as recusou, juntando com a abóbora que ele mesmo havia recebido de Olofin.

Ao chegar em sua casa, Obara entregou as abóboras para sua esposa, que disse: “Obara, eu não quero abóboras, o que vou fazer com abóboras?”. Como estava com fome, Obara resolveu preparar o presente para que pudesse comer. 

Ao abrir a primeira, ele descobriu que dentro havia uma grande quantidade de dinheiro, espantado ele foi abrindo uma por uma e descobrindo a riqueza que havia nelas. Obara a partir de então tornou-se rico e poderoso. Quando as pessoas lhe perguntavam como ele havia ficado tão rico, ele respondia: “Com Abóboras”.

Que Òsùmàrè Aràká continue olhando e abençoando todos!
Terreiro de Òsùmàrè