terça-feira, 19 de junho de 2012

VIDEO SOBRE CLARIVIDENCIA

FALANDO SOBRE MEDIUNIDADE - PARTE 19


VIDÊNCIA E AUDIÇÃO 

Na terminologia espírita: 

Vidência é a faculdade mediúnica que permite ver seres, ambientes, formas, luzes, cores, cenas do plano espiritual. 

Audição é a faculdade mediúnica que permite ouvir sons e vozes do plano espiritual. 

Sendo faculdades mediúnicas e não anímicas, a vidência e a audição somente entrarão em funcionamento quando os espíritos as acionarem, influindo sobre o médium. 

Em seu estado normal, o perispírito nos é invisível, devido à sua natureza fluídica. Pela mesma razão, os sons espirituais nos são inaudíveis. Mas se houver modificações apropriadas nos fluidos, o perispírito pode se tornar visível para nós (corno nas aparições, materializações) e os sons espirituais audíveis (como nos “ raps ” e voz direta), e qualquer pessoa os verá e ouvirá. 

Porém, na vidência e audição mediúnicas, só o médium vê e ouve. 

E, para que isso aconteça, será preciso que: 

a) o espírito comunicante queira se fazer visível e audível: 

b) que os fluidos perispirituais do espírito e do médium ofereçam possibilidade de combinação entre si; 

c) haja, em certos casos, permissão espiritual superior. “ Atuando sobre os raios mentais do medianeiro, o desencarnado transmite-lhe quadros e imagens, valendo-se dos centros autônomos de visão profunda, localizados no diencéfalo, ou lhe comunica vozes e sons, utilizando-se da cóclea. (... ) “ ( A L ). 

As imagens vistas e os sons ouvidos pelo médium podem. pois, serem reais 

ou plasmados e projetados pelo espírito. 

Diz-se que a vidência e: 

No espaço - quando o médium vê o que esta acontecendo no plano espiritual, no lugar onde se encontra ou longe dali; 

No tempo - quando o médium vê cenas que ainda vão ocorrer (visão profética) ou que já ocorreram (visão rememorativa. 

Diz-se que a audição é: 

Interna - quando o espírito transmite o que quer dizer telepaticamente e ao médium parece ouvir “ dentro do cérebro “. 

Externa - quando ao médium parece vir de fora ( longe ou perto), porque o espírito age fluidicamente sensibilizando seu aparelho auditivo. 

Exemplo de vidência: 

Paulo vê um homem da Macedônia que lhe pede ir até aquela região para ajudá-los espiritualmente (Atos 16:9) 

Exemplo de audição: 

No Templo de Jerusalém, Samuel, ainda um jovem discípulo de Eli, por 3 vezes ouve chamarem o seu nome; é instruído, então, por seu mestre para responder: “ Fala, Senhor, o teu servo Te ouve “ (1 Sam. 3: 9 ) 

Já estudamos, na aula sobre clarividência e clariaudiência, que a visão e a audição espirituais não se fazem com os olhos ou ouvidos do corpo físico mas, 

sim, graças às propriedades do perispírito. 

Compreende-se, portanto, que, na visão e audição mediúnicas: 

a) o médium possa ver e ouvir, mesmo de olhos fechados e ouvidos tapados; 

b) o fenômeno não seja freqüente nem permanente, pois resulta de uma “crise” passageira. 

Aliás, é providencial que a vidência e audição espirituais não sejam constantes. Estamos sempre rodeados de espíritos (“ grande nuvem de testemunhas ”, no dizer do apóstolo Paulo, em Hebreus, 12:1) e vê-los e ouvi-los a todos e a todo momento nos perturbaria e embaraçaria as nossas ações, tirando-nos a iniciativa. 

Julgando-nos sós, agimos mais livremente. 

d) o desdobramento favoreça a vidência e a audição. Sem ele, as 

percepções sofrem grande interferência dos órgãos físicos. 

“A possibilidade de ver em sonho os Espíritos (...) não constitui propriamente falando, o que se chama médium vidente” (LM, XIV, 167) 

O mesmo se pode dizer quanto à audição. 

“É preciso distinguir as aparições acidentais e espontâneas da faculdade propriamente dita de ver os Espíritos. Esta faculdade consiste na possibilidade senão permanente (o que é raro), pelo menos freqüente de ver qualquer Espírito que se apresente, ainda que absolutamente estranho ao vidente” ( ldem. item 168) 

O mesmo se aplica à audição 

Quanto ao seu desenvolvimento 

Essas duas faculdades quase sempre se manifestam concomitantemente ( quem vê espiritualmente geralmente também ouve sons espirituais) e complementam-se uma à outra, dando melhor percepção espiritual. 

Vidência e audição apresentam ambas diferentes graus, conforme o desenvolvimento do potencial do médium e o adiantamento dos Espíritos que atuam. 

Onde um médium vê apenas um vulto, outro poderá ver uma forma bem definida e radiosa. Um ouve a mensagem de modo claro e nítido, outro a percebe imperfeita, fragmentada. 

São raros os verdadeiros médiuns videntes e de audição, aqueles que vêem e ouvem bem e com mais freqüência no campo espiritual. 

Como toda mediunidade, as de ver e ouvir espíritos também se manifestam por si próprias, quando já existem em potencial. 

Poderemos favorecer sua manifestação, procurar ampliar suas possibilidades, recorrendo a ambiente favorável e exercícios. 

Porém, é preferível aguardar o desenvolvimento natural, para não acontecer de sermos joguetes de nossa própria imaginação nem fazermos ideoplastia (plasmar nos fluidos), ou sermos vítimas de maus Espíritos. 

No trabalho mediúnico 

Os médiuns de vidência e audição tanto podem ver e ouvir coisas boas como más, E devem procurar discernir quanto ao que ouvem e vêem, sem se deixarem perturbar. 

Se forem coisas Inconvenientes, procurar “ fechar ” os sentidos espirituais, ocupando a mente com outras atividades. Se necessário, buscar o amparo da oração, dos passes e da assistência espiritual. 

Se o que vêem e ouvem lhes agradar, ainda assim devem verificar se é verdadeiro, bom, oportuno, para não caírem em fascinação. Os bons Espíritos não nos fazem ver ou ouvir o tempo todo, pois não querem absorver nossa atenção e respeitam nossas atividades básicas terrenas. 



E a visão e audição que já temos? 

Muitos querem ser médiuns de vidência e audição, porque acham admirável ver e ouvir espiritualmente. 

Porém, antes de querermos que se ampliem as nossas possibilidades de ver e ouvir espiritualmente, reflitamos que, desde agora, já temos a vidência e a audição físicas; e como e para quê as temos usado? 

Médium ou não, o cristão evita empregar mal sua capacidade de ver e ouvir. Não fica espreitando as falhas do próximo, não se fixa nos aspectos negativos do que vê. Não dá ouvidos a leviandades, calúnias, intrigas e maldades. 

Olha as pessoas com compreensão e fraternidade, para entender e ajudar. Ouve compassivamente aos que sofrem, para consolá-los, e aos que pedem, para atendê-los no que puder. 

“ Veja quem tem olhos de ver ”. “ Quem tem ouvidos, ouça “. 

O cristão é, também, discreto. Não propaga o que vê e ouve (inclusive através da mediunidade), sem antes passar pelas três peneiras: a da verdade, da bondade e da necessidade de comunicação do que viu e ouviu. 

Livros consultados 

1) AlIan Kardec, O Livro dos Médiuns’ - Parte 2ª, Caps. VI e XIV; 

2) André Luiz (Francisco C. Xavier) “ Nos Domínios da Mediunidade” – Cap. XII Clarividência e Clariaudiência 

3) Estudos Sobre Mediunidade/EME-SP/1994, pág.25/27 e 126 a 130.

VIDEOS DE OBÁ





CONHECENDO ORIXÁ OBÁ - PARTE 3


Orixá guerreira, considerada até como uma Iansã velha. Senhora do rio Obá, na Nigéria, patrocinadora de conflitos, energia que se desenvolve nos coriscos. Mulher de Xangô. 

Na natureza, Obá está ligada às enchentes, às cheias dos rios, às inundações. É ela quem vai reger todos esses fenômenos, sejam naturais ou provocados por erros humanos. Seu encantamento é feito desta forma, quando um rio transborda, inundando tudo. 

Obá está presente também nos coriscos, poder que lhe foi dado pelo marido Xangô, pois ela também tem ligação com a energia elétrica, a eletricidade. É poderosa, sábia, madura e realista. 

Na vida dos seres humanos, Obá rege a desilusão amorosa, a tristeza, o sentimento de perda, o ciúme, a incapacidade do homem de ter aquilo que ama e deseja. Obá é a raiva, a solidão, a depressão, o sentimento de abandono. 

Obá é também a frustração do homem e da mulher. Embora a lenda diga ser Obá uma guerreira, vencedora, ela consegue seu encantamento nas desilusões e frustrações, na derrota. 

Pela lenda, Obá foi enganada por Oxum, que a levou a corta sua própria orelha para oferecer a Xangô, Ele, num gesto de repugnância, expulsou-a de seu reino. E toda essa dor, essa desesperança, esse abandono, ficou com marca registrada de Obá, e tais sentimentos tem a sua regência. 

Quando nos sentimos traídos, abandonados, sem esperança, com raiva, frustrados em nossos objetivos, desencadeamos essa força da natureza chamada Obá, que mexe no nosso interior. E a lógica diz que Obá é a “ultima gota”, que faz transbordar nossos sentimentos. Daí sua regência também nas enchentes e inundações. 

É um ato de excesso, de excesso, de explosão, de revolta, desencadeado por esta força cósmica. Se um rio enche e transborda, é porque não suporta mais o volume de água, deixando escapar “aquilo que já não cabe mais”. Isso é Obá, essa é a sua regência, seus encantamento, sua influência. 

Obá é o desabafo: “ já não suporto mais...” , é a agitação do sentimento indevidamente mexido, afetado por algo ruim.

Obá é a orixá que aquieta e densifica o racional dos seres, já que seu campo preferencial de atuação é o esgotamento dos conhecimentos desvirtuados. 

Comentar sobre nossa amada mãe Obá é motivo de satisfação, pois, nas lendas, resumem sua existência ao papel de esposa repudiada por Xangô. 

Mas, justiça lhe seja feita, as lendas vêm sendo repetidas a tanto tempo, e às vezes de forma tão empobrecida pelas transmissões orais que, até como lendas, deixam a desejar e mostram como é deficiente o conhecimento sobre o campo de ação dos orixás. 

Saibam que a orixá Obá que nós conhecemos e aprendemos a amar e reverenciar é uma divindade regida pelos elementos terra e vegetal, e forma com Oxóssi a terceira linha de Umbanda Sagrada, que rege o Conhecimento. Oxóssi está assentado no pólo positivo e irradiante desta linha e Obá está assentada em seu pólo negativo ou cósmico, que é absorvente.

Esta lenda, na verdade, refere-se a um rei que, como herdeiro das qualidades de Xangô, tinha várias esposas, que também se apresentavam como herdeiras das qualidades das orixás femininas. 

E, se o que esta lenda conta é verdade, no entanto só se refere a personagens humanos que eram tidos na conta de semideuses. Mas é só, porque esta história de orixá disputar pelejas tipicamente humanas e carnais, está mais para coisas humanas de que mistérios divinos. 

E, não tenham dúvidas de que os orixás são mistérios divinos que foram, em muitos casos, descaracterizados pelas próprias lendas, que visam eternizá-los na mente e nos corações humanos.

Saibam que Obá é uma orixá cósmica cujo elemento original é a terra, pois ela é orixá telúrica por excelência e atua nos seres através do terceiro sentido da vida, que é o Conhecimento, que desenvolve o raciocínio e a capacidade de assimilação mental da realidade visível, ou somente perceptível, que influencia nossa vida e evolução continua. 

Já o seu segundo elemento é o vegetal. Enquanto o orixá Oxóssi, o mitológico caçador, estimula a busca do conhecimento (evolução), Obá atrai e paralisa o ser que está se desvirtuando justamente porque assimilou de forma viciada os conhecimentos puros.

O culto à orixá Obá iniciou-se a quatro milênios atrás com a irradiação simultânea de uma de suas qualidades ou aspectos, a várias partes do mundo, quando, então, ela se humanizou.

E se nossa amada mãe Obá já recolheu boa parte de seus filhos encantados que se espiritualizaram, muitos ainda estão evoluindo nos dois lados da dimensão humana.

Muitos dos seus filhos são, hoje e na Umbanda, alguns dos mais silenciosos exus e das mais discretas pomba-giras, dos mais aguerridos caboclos e caboclas, resolutos nas suas ações, precisos nos seus conselhos, e não são de muita conversa quando sentem que o conhecimento que trazem não é assimilado por seus médiuns ou pelas pessoas que os consultam.

Agora, deixando os aspectos individuais ou comentários de apoio, o fato é que nossa amada mãe Obá é uma divindade planetária, regente do pólo negativo da linha do Conhecimento, que é a terceira linha de forças de Umbanda Sagrada.

Ela e Oxóssi formam esta linha e atuam em pólos opostos: enquanto ele estimula a busca do conhecimento, ela paralisa os seres que se desvirtuaram justamente porque adquiriram conhecimentos viciados, distorcidos ou falsos.

O campo onde Obá mais atua é o religioso. Como divindade cósmica responsável por paralisar os excessos cometidos pelas pessoas que dominam o conhecimento religioso, uma de suas funções é paralisar os conhecimentos viciados e aquietar os seres antes que cometam erros irreparáveis.

O ser que está sendo atuado por Obá começa a desinteressar-se pelo assunto que tanto o atraia e torna-se meio apático, alguns até perdendo sua desvirtuada capacidade de raciocinar.

Então, quando o ser já foi paralisado e teve seu emocional descarregado dos conceitos falsos, ai ela o conduz ao campo de ação de Oxóssi, que começará a atuar no sentido de redirecioná-lo na linha reta do conhecimento.

É certo que esta atuação que descrevemos é a que Obá realiza através do seu aspecto positivo ou luminoso, por onde fluem suas qualidades, atributos e atribuições positivas.

Mas como todo orixá cósmico, ela também possui seus aspectos negativos, que ativa sempre que é preciso acelerar a paralisação de um ser que, com seus conhecimentos, está prejudicando muitas pessoas e atrapalhando suas evoluções pois está induzindo-as a seguirem em uma direção contrária à que a Lei Maior reservou-lhes.

Saibam que todas as doutrinas religiosas rígidas e rigorosas com seus adeptos têm a sustentá-las a silenciosa atuação de nossa amada mãe Obá.

Vasto é o campo de atuação de nossa amada mãe Obá e aqui não dá para mostrá-lo todo. Mas acreditamos que os filhos de Umbanda já entenderam onde e quando ela atua.

E, porque ela atua de forma silenciosa e vai paralisando os seres que dão mau uso ao dom do raciocino e aos conhecimentos adquiridos, e atua preferencialmente no campo religioso, então está na hora de resgatar os aspectos luminosos dessa amada mãe cósmica e lançar no lixo religioso a lenda que denigre sua imagem humana, pois foi por amor a nós, espíritos humanos, que ela se humanizou e ajudou a acelerar nossa evolução.

Que fiquem propagando sua falsa humanização os que um dia haverão de conhecer as verdades sobre Obá, mas nos domínios de seus aspectos negativos. 

Mitologia 

Uma vez banida do reino de Xangô, Obá se transformou numa guerreira poderosa e perigosa. Costumava vencer todos os seus opositores com relativa facilidade. Obá também possui grande beleza física, que, aliada à sua determinação, coragem e equilíbrio, fazia dela uma pessoa especial. 

E o desejo de possuir tão bela e corajosa guerreira, levava muito a se confrontar com ela, mas saíam sempre derrotados. E a noticia chegou ate Ogum, rei de Ire e, guerreiro invencível. 

O mensageiro trouxe a noticia: 

- Meu senhor, ela é invencível! 

- Eu sou invencível!, Rebateu Ogum, ao mensageiro. 

- Mas ela é poderosa. Ainda não foi derrotada, Senhor! 

- É porque ela não enfrentou Ogum! Disse o próprio. 

E Ogum mandou que seu mensageiro fosse avisar a Obá que ele,Ogum, iria enfrentá-la, derrotá-la e possuí-la. 

Obá recebeu a mensagem e retrucou: 

- Que assim seja... 

Ogum partiu de Ire, em busca de sua poderosa adversária e tinha em mente tomá-la para si. No campo, onde a luta seria travada, Ogum chegou primeiro e, como bom caçador, montou a armadilha para derrotar Obá. 

Mandou que seus homens triturassem uma grande quantidade de quiabo e passassem pelo chão. Assim, Obá não conseguiria ficar de pé e seria facilmente vencida. 

A hora chegou. Ambos estavam presentes ao campo de batalha. De um lado Ogum, o guerreiro violento e imbatível. Do outro, Obá, a guerreira bela e invencível. No meio, entre um e outro, a armadilha preparada por Ogum. 

Olharam-se, estudaram-se e Obá tomou a iniciativa. Partiu para cima do adversário, sem perceber o quiabo espalhado pelo chão. O tombo foi imediato. 

Obá não conseguia firmar-se de pé. Ogum, que a tudo observava, lentamente dirigiu-se à sua adversária, empunhando a espada. Obá, sentindo que seria vencida, num rápido movimento, puxou Ogum para si, fazendo com que o guerreiro também escorregasse e caísse em sua própria armadilha. 

Foi uma grande luta! Não de cruzamento de espadas, mas para ficar de pé. Durante horas e horas tentaram os dois, em vão erguer-se e derrotar o oponente, mas não conseguiram ao menos colocar os dois pés no chão, sem escorregarem em seguida. Lutaram até a fadiga total e declararam um empate. Não havia vencedor nem perdedor. Ogum, o invencível, não conseguiu vencer Obá, Por sua vez, Obá não conseguiu derrotar o poderoso Ogum. 

Ali mesmo amaram-se, em respeito à força e ao encanto do outro. Afinal, são dois verdadeiros guerreiros. Ogum ainda tentou levá-la para si, mas o coração de Obá pertencia, pela eternidade, a Xangô. 

E ela partiu para encontrar seu próprio destino, mesmo com dor no coração. 



Dados 

Dia: quarta-feira; 

Data: 30 e 31 de maio; 

Metal: Cobre; 

Cor: marrom-rajado; 

Partes do corpo: audição, orelha e junto com Ewá, protege o consciente; 

Comida: Abará (massa de feijão fradinho cozido enrolado em folhas de bananeira), acarajé e amalá (quiabo picado); 

Arquétipos: são pessoas valorosas; incompreendidas; suas tendências, um pouco viris, fazem-na freqüentemente voltarem-se para o feminismo ativo; as suas atividades militantes e agressivas são conseqüências infelizes ou amargas por elas vividas. 

Os seu insucessos devem-se a um ciúme um tanto mórbido, entretanto, encontra compensações para as frustrações e sofrimentos em sucessos materiais. 

Símbolos: ofangi (espada) e um escudo de cobre. 

VIDEOS SOBRE IROKO





DESTAQUE!!!



CONHECENDO O ORIXÁ IROKO - PARTE 3



Na mitologia é considerado o responsável pela ligação entre céu e terra, em virtude de suas raízes . 

É a árvore da eternidade, símbolo do próprio tempo. As raízes de IROCO são tão mágicas que procuram nova vida quando um velho IROCO tomba, vai ao encontro de hospedeiros que propiciarão o nascimento de novos irocos, daí a existência de mitos que dizem que as árvores caminham. 

IROCO não tem morada, mora no tempo. É um orixá que pertence aos elementos terra, fogo e ar, o que o torna bastante complexo, é responsável pela ligação e separação entre terra e céu. 

É um orixá ligado a cura da mesma forma que Obaluaiê. Mas tanto cura como cria doenças como a leucemia e hemofilia. Ajuda as mulheres a engravidar, mas também faz a menstruação aparecer fora de época. 

IROCO se veste de branco, isto mostra sua relação com o mundo dos ancestrais, muitas vezes até porque sua energia violenta deve ficar contida, equilibrada. 

É um orixá alegre, valente, decidido, apaixonado, afetuoso, comilão, brigão e demonstra tudo isso na dança da avania. 

DANÇA DA AVANIA 

Relata a trajetória de IROCO pelo AIÊ, o que viu, o que ouviu, seus amores, as guerras de que participou e seu retorno em triunfo vitorioso para ficar em seu posto de honra, a árvore sagrada. 

Avania também conhecida por arramunha, arraia. Pertence a IROCO mas é dançada também, pela família de Omulu (Obaluaiê, Omulu, Euá, Nanã, Oxumarê..)

Conta a tradição que IROCO dançou o mencionado toque quando voltava da guerra, passando definitivamente para o lado dos orixás. Antes ele era arruaceiro, metido com tudo quanto é tipo de gente ruim. 

Para marcar esta data IROCO dança com uma coreografia de aproximadamente 17 passos diferentes. Os filhos de IROCO são eloqüentes, ciumentos, camaradas, inteligentes, competentes, teimosos, porem generosos. 

Gostam de ensinar, de viver, de comer e beber. Os filhos de IROCO são excelentes cozinheiros, gostam de inventar receitas. 

Adoram comemorar seu aniversário. Sensual, se apaixonam com facilidade, adoram se comunicar, liderar e não se importam de pagar a conta quando tem dinheiro. 

Tem inteligência aguda e o pioneirismo de OGUM. O charme e a transgressão de IANSÃ, a eloquência de XANGÔ, a teimosia de OXAGUIÃ, a persistência de ODÉ, a sabedoria de OXUMARÊ e a magia PRÓPRIA. 

Esta associado as pernas e ao aparelho respiratório, seus filhos podem ser alérgicos ao pó doméstico, a cheiros fortes, a pelos de animais. Seus filhos não costumam ser esbeltos, são fortes e atarracados. Dotados de senso de justiça aguda e inteligência viva. São amigos queridos e inimigos implacáveis. 

Porém com grande facilidade de reconciliação, vingativos, por que não conseguem guardar as mágoas que sentem por muito tempo. Tem que coloca-las para fora senão explodem. 

Irreverentes, não são conservadores, prezam muito por sua liberdade e gostam de diversão. Trabalhadores, quando envelhecem, tornam-se idosos joviais e divertidos. Quem tiver segredos, pense duas vezes antes de confia-los a estes seres porque a língua lhe coça com freqüência.

Seu numero  12 e 17 

Saudação  eró 

Comida  bode, galos, conquéns, pombos, farofa-de-dendê, milho branco. 

BEBE otin 

DOENÇAS  falência múltipla dos órgãos 

ELEMENTO  terra 

IROCO é por excelência a morada dos ancestrais o que o torna semelhante a IDACO, residência de OXAGUIÃ e IANSÃ, local de celebração do culto dos EGUNS.

LENDAS

Iroco castiga a mãe que não lhe dá o filho prometido. 

No começo dos tempos, a primeira árvore plantada foi Iroco. Iroco foi a primeira de todas as árvores, mais antiga que o mogno, o pé de obi e o algodoeiro. Na mais velha das árvores de Iroco, morava seu espírito. E o espírito de Iroco era capaz de muitas mágicas e magias. 

Iroco assombrava todo mundo, assim se divertia. À noite saia com uma tocha na mão, assustando os caçadores. Quando não tinha o que fazer, brincava com as pedras que guardava nos ocos de seu tronco. Fazia muitas mágicas, para o bem e para o mal. Todos temiam Iroco e seus poderes e quem o olhasse de frente enlouquecia até a morte. 

Numa certa época, nenhuma das mulheres da aldeia engravidava. Já não havia crianças pequenas no povoado e todos estavam desesperados. Foi então que as mulheres tiveram a idéia de recorrer aos mágicos poderes de Iroco. 

Juntaram-se em círculo ao redor da árvore sagrada, tendo o cuidado de manter as costas voltadas para o tronco. Não ousavam olhar para a grande planta face a face, pois, os que olhavam Iroco de frente enlouqueciam e morriam. Suplicaram a Iroco, pediram a ele que lhes desse filhos. Ele quis logo saber o que teria em troca. 

As mulheres eram, em sua maioria, esposas de lavradores e prometeram a Iroko milho, inhame, frutas, cabritos e carneiros. Cada uma prometia o que o marido tinha para dar. 

Uma das suplicantes, chamada Olurombi, era a mulher do entalhador e seu marido não tinha nada daquilo para oferecer. Olurombi não sabia o que fazer e, no desespero, prometeu dar a Iroco o primeiro filho que tivesse. 

Nove meses depois a aldeia alegrou-se com o choro de muitos recém-nascidos. As jovens mães, felizes e gratas, foram levar a Iroco suas prendas. Em torno do tronco de Iroco depositaram suas oferendas. Assim Iroco recebeu milho, inhame, frutas, cabritos e carneiros. Olurombi contou toda a história ao marido, mas não pôde cumprir sua promessa. Ela e o marido apegaram-se demais ao menino prometido. 

No dia da oferenda, Olurombi ficou de longe, segurando nos braços trêmulos, temerosa, o filhinho tão querido. E o tempo passou. Olurombi mantinha a criança longe da árvore e, assim, o menino crescia forte e sadio. 

Mas um belo dia, passava Olurombi pelas imediações do Iroco, entretida que estava, vindo do mercado, quando, no meio da estrada, bem na sua frente, saltou o temível espírito da árvore. 

Disse Iroco: "Tu me prometeste o menino e não cumpriste a palavra dada. Transformo-te então num pássaro, para que vivas sempre aprisionada em minha copa." E transformou Olurombi num pássaro e ele voou para a copa de Iroco para ali viver para sempre. 

Olurombi nunca voltou para casa, e o entalhador a procurou, em vão, por toda parte. Ele mantinha o menino em casa, longe de todos. Todos os que passavam perto da árvore ouviam um pássaro que cantava, dizendo o nome de cada oferenda feita a Iroco. 

Até que um dia, quando o artesão passava perto dali, ele próprio escutou o tal pássaro, que cantava assim: "Uma prometeu milho e deu o milho; Outra prometeu inhame e trouxe inhames; Uma prometeu frutas e entregou as frutas; Outra deu o cabrito e outra, o carneiro, sempre conforme a promessa que foi feita. Só quem prometeu a criança não cumpriu o prometido." 

Ouvindo o relato de uma história que julgava esquecida, o marido de Olurombi entendeu tudo imediatamente. Sim, só podia ser Olurombi, enfeitiçada por Iroco. Ele tinha que salvar sua mulher! 

Mas como, se amava tanto seu pequeno filho? 

Ele pensou e pensou e teve uma grande idéia. Foi à floresta, escolheu o mais belo lenho de Iroco, levou-o para casa e começou a entalhar. Da madeira entalhada fez uma cópia do rebento, o mais perfeito boneco que jamais havia esculpido. 

O fez com os doces traços do filho, sempre alegre, sempre sorridente. Depois poliu e pintou o boneco com esmero, preparando-o com a água perfumada das ervas sagradas. Vestiu a figura de pau com as melhores roupas do menino e a enfeitou com ricas jóias de família e raros adornos. 

Quando pronto, ele levou o menino de pau a Iroco e o depositou aos pés da árvore sagrada. Iroco gostou muito do presente. Era o menino que ele tanto esperava! 

E o menino sorria sempre, sua expressão, de alegria. 

Iroco apreciou sobremaneira o fato de que ele jamais se assustava quando seus olhos se cruzavam. Não fugia dele como os demais mortais, não gritava de pavor e nem lhe dava as costas, com medo de o olhar de frente. Iroco estava feliz. 

Embalando a criança, seu pequeno menino de pau, batia ritmadamente com os pés no solo e cantava animadamente. Tendo sido paga, enfim, a antiga promessa, Iroco devolveu a Olurombi a forma de mulher. Aliviada e feliz, ela voltou para casa, voltou para o marido artesão e para o filho, já crescido e enfim libertado da promessa. 

Alguns dias depois, os três levaram para Iroco muitas oferendas. Levaram ebós de milho, inhame, frutas, cabritos e carneiros, laços de tecido de estampas coloridas para adornar o tronco da árvore. 

Eram presentes oferecidos por todos os membros da aldeia, felizes e contentes com o retorno de Olurombi. Até hoje todos levam oferendas a Iroco. Porque Iroco dá o que as pessoas pedem. E todos dão para Iroco o prometido. 

Lenda 79 do LIvro Mitologia dos Orixás de Reginaldo Prandi

Iroco ajuda a feiticeira a vingar o filho morto. 

Iroco era um homem bonito e forte e tinha duas irmãs. Uma delas era Ajé, a feiticeira, a outra era Ogboí, que era uma mulher normal. Ajé era feiticeira, Ogboí, não. Iroco e suas irmãs vieram juntos do Orun para habitar no Ayê. Iroco foi morar numa frondosa árvore e suas irmãs em casas comuns. Ogboí teve dez filhos e Ajé teve só um, um passarinho. 

Um dia, quando Ogboí teve que se ausentar, deixou os dez filhos sob a guarda de Ajé. Ela cuidou bem das crianças até a volta da irmã. Mais tarde, quando Ajé teve também que viajar, deixou o filho pássaro com Ogboí. 

Foi então que os filhos de Ogbói pediram à mãe que queriam comer um passarinho. Ela lhes ofereceu uma galinha, mas eles, de olhos no primo, recusaram. Gritavam de fome, queriam comer, mas tinha que ser um pássaro. A mãe foi então foi a floresta caçar passarinhos, que seus filhos insistiam em comer. 

Na ausência da mãe, os filhos de Ogboí mataram, cozinharam e comeram o filho de Ajé. Quando Ajé voltou e se deu por conta da tragédia, partiu desesperada a procura de Iroco. 

Iroco a recebeu em sua árvore, onde mora até hoje. E de lá, Iroco vingou Ajé, lançando golpes sobre os filhos de Ogboí. 

Desesperada com a perda de metade de seus filhos e para evitar a morte dos demais, Ogoí ofereceu sacrifícios para o irmão Iroco. Deu-lhe um cabrito e outras coisas e mais um cabrito para Exú. Iroco aceitou o sacrifício e poupou os demais filhos. 

Ogboí é a mãe de todas as mulheres comuns, mulheres que não são feiticeiras, mulheres que sempre perdem filhos para aplacar a cólera de Ajé e de suas filhas feiticeiras. Iroco mora na gameleira branca e trata de oferecere a sua justiça na disputa entre as feiticeiras e as mulheres comuns. 

Lenda 80 do Livro Mitologia dos Orixás de Reginaldo Prandi

Iroco engole a devota que não cumpre a interdição sexual 

Era uma vez uma mulher sem filhos, que ansiava desesperadamente por um herdeiro. Ela foi consultar o babalawo e o babalawo lhe disse como proceder.
Ela deveria ir à árvore de Iroco e a Iroco oferecer um sacrifício. 

Comidas e bebidas que ele prescreveu a mulher concordou em oferecer. Com panos vistosos ela fez laços e com os laços ela enfeitou o pé de Iroco. Aos seus pés depositou o seu ebó, tudo como mandara o adivinho. 

Mas de importante preceito ela se esqueceu. A mulher que queria ter um filho deu tudo a Iroco, quase tudo. O babalawo mandara que nós três dias antes do ebó ela deixasse de ter relações sexuais. 

Só então, assim, com o corpo limpo, deveria entregar o ebó aos pés da árvore sagrada. A mulher disso se esqueceu e não negou deitar-se com o marido nos três que precediam o ebó. 

Iroco irritou-se com a ofensa, abriu uma grande boca em seu grosso tronco e engoliu quase totalmente a mulher, deixando de fora só os ombros e a cabeça. A mulher gritava feito louca por ajuda e toda a aldeia correu para o velho Iroco. 

Todos assistiam o desespero da mulher. O babalawo foi também até a árvore e fez seu jogo e o jogo que o babalawo fez para a mulher revelou sua ofensa,sua oferta com o corpo sujo, porque para fazer oferenda para Iroco é preciso ter o corpo limpo e isso ela não tinha. 

Mas a mulher estava arrependida e a grande árvore deixou que ela fosse libertada. Toda a aldeia ali reunida regozijou-se pela mulher. Todos cantaram e dançaram de alegria. Todos deram vivas a Iroco. 

Tempos depois a mulher percebeu que estava grávida e preparou novos laços de vistosos panos e enfeitou agradecida a planta imensa. Tudo ofereceu-lhe do melhor, antes resguardando-se para ter o corpo limpo. 

Quando nasceu o filho tão esperado, ela foi ao babalawo e ele leu o futuro da criança: deveria ser iniciada para Iroco. Assim foi feito e Iroco teve muitos devotos. E seu tronco está sempre enfeitado e aos seus pés não lhe faltam oferendas. 

Lenda 81 do Livro Mitologia dos Orixás de Reginaldo Prandi