quinta-feira, 5 de julho de 2012

DESENVOLVIMENTO MEDIUNICO - RISCOS E ABUSOS - PARTE 2

Perda e suspensão da faculdade mediúnica

Todas as criaturas possuem a faculdade mediúnica, em maior ou menor grau, todavia, considera-se médium aquele que traz consigo uma tarefa a desempenhar no campo da mediunidade.

A mediunidade qualquer que ela seja deve ser encarada como uma missão que Deus oferece à criatura. Os que empregam a sua faculdade de modo errôneo ou de má vontade, são médiuns imperfeitos que desconhecem o valor da graça que receberam. 

A mediunidade não e um privilégio, por isso, geralmente, os que mais necessitam são os que a possuem. Ela é concedida porque precisamos dela para nos melhorar, para ficarmos em condições de recebermos bons ensinamentos.

A suspensão da mediunidade é motivada por três causas:

1. Advertência - Objetiva provar ao médium que ele é um simples instrumento e que sem o concurso dos Espíritos nada faria. Geralmente ocorre quando o médium não está correspondendo às instruções dos Espíritos Superiores do ponto de vista moral e doutrinário.

2. Benevolência - Ocorre como um verdadeiro benefício ao médium por que evita que ele, quando debilitado por doença física, fique a mercê das entidades inferiores. Assim que volte ao seu estado normal e possa exercitá-la com eficiência a mediunidade retornará. Sendo assim, a interrupção da faculdade nem sempre é uma punição porque demonstra a afeição e solicitude do Espírito para com o médium.

3. Provação - O objetivo é o de desenvolver a paciência, a resignação e forçar o médium a meditar sobre o conteúdo das comunicações recebidas. Deve-se notar que a finalidade das comunicações é a de instruir as criaturas humanas de como devem se comportar na vida, a fim de evitar os percalços e deles saber tirar o bom resultado quando são inevitáveis. 
No caso de não mais funcionar a faculdade mediúnica, não significa que o médium encerrou sua missão, porque toda missão encerrada com sucesso é prenuncio para nova tarefa.

Ä História de um médium

As observações interessantes sobre a Doutrina dos Espíritos sucediam-se umas às outras, quando um amigo nosso, velho lidador do Espiritismo, no Rio de Janeiro, acentuou, gravemente:

"— Em Espiritismo, uma das questões mais sérias é o problema do médium...

— Sob que prisma? – indagou um dos circunstantes.

— Quanto ao da necessidade de sua própria edificação para vencer o meio.

— Para esclarecer a minha observação — continuou o nosso amigo —, contar-lhes-ei a história de um companheiro dedicado, que desencarnou, há poucos anos, sob os efeitos de uma obsessão terrível e dolorosa

Todo o grupo, lembrando os hábitos antigos, como se ainda estacionássemos num ambiente terrestre, aguçou os ouvidos, colocando-se à escuta:

— Azarias Pacheco – começou o narrador – era um operário despreocupado e humilde do meu bairro, quando as forças do Alto chamaram o seu coração ao sacerdócio mediúnico. Moço e inteligente, trabalhava na administração dos serviços de uma oficina de consertos, ganhando, honradamente, a remuneração mensal de quatrocentos mil réis....

Em vista do seu espírito de compreensão geral da vida, o Espiritismo e a mediunidade lhe abriram um novo campo de estudos, a cujas atividades se entregou sob uma fascinação crescente e singular.

Azarias dedicou-se amorosamente à sua tarefa, e, nas horas de folga, atendia aos seus deveres mediúnicos com irrepreensível dedicação. Elevados mentores do Alto forneciam lições proveitosas, através de suas mãos. Médicos desencarnados atendiam, por ele, a volumoso receituário.

E não tardou que o seu nome fosse objeto de geral admiração.

Algumas notas de imprensa evidenciaram ainda mais os seus valores medianímicos e, em pouco tempo, sua residência humilde povoava-se de caçadores de anotações e de mensagens. Muitos deles diziam-se Espíritas confessos, outros eram crentes de meia-convicção ou curiosos do campo doutrinário.

O rapaz, que guardava sob a sua responsabilidade pessoal numerosas obrigações de família, começou a sacrificar primeiramente os deveres de ordem sentimental, subtraindo à esposa e aos filhinhos as horas que habitualmente lhes consagrava, na intimidade doméstica.

Quase sempre cercado de companheiros, restavam-lhe apenas as horas dedicadas à conquista de seu pão cotidiano, com vistas aos que o seguiam carinhosamente pelos caminhos da vida.

Havia muito tempo que perdurava semelhante situação, em fase de sua preciosa resistência espiritual, no cumprimento de seus deveres.

Dentro de sua relativa educação medianímica, Azarias encontrava facilidade para identificar a palavra de seu sábio e incansável guia, sempre a lhe advertir quanto à necessidade de oração e de vigilância. 

Acontece, porém, que cada triunfo multiplicava as suas preocupações e os seus trabalhos.

Os seus admiradores não queriam saber das circunstâncias especiais de sua vida.

Grande parte exigia as suas vigílias pela noite adentro, em longas narrativas dispensáveis. Outros alegavam os seus direitos às exclusivas atenções do médium. Alguns acusavam-no de preferências injustas, manifestando o gracioso egoísmo de sua amizade, expressando o ciúme que lhes ia n’alma, em palavras carinhosas e alegres. Os grupos doutrinários disputavam-no.

Azarias verificou que a sua existência tomava um rumo diverso, mas os testemunhos de tantos afetos lhe eram sumamente agradáveis ao coração.

Sua fama corria sempre. Cada dia era portador de novas relações e novos conhecimentos.

Os centros importantes começaram a reclamar a sua presença e, de vez em quando, surpreendiam-no as oportunidades das viagens pelos caminhos de ferro, em face da generosidade dos amigos, com grandes reuniões de homenagens, no ponto de destino.

A cada instante, um admirador o assaltava:

— Azarias, onde trabalha você?...

— Numa oficina de consertos.

— Oh! Oh!... quanto ganha por mês?.

— Quatrocentos mil réis.

— Oh! Mais isso é um absurdo... Você não é criatura para um salário como esse! Isso é uma miséria!... .

Em seguida outros ajuntavam:

— O Azarias não pode ficar nessa situação. Precisamos arranjar-lhe coisa melhor no centro da cidade, com uma remuneração à altura de seus méritos, ou, então, podemos tentar-lhe uma colocação no serviço público, onde encontrará mais possibilidade de tempo para dedicar-se à missão... .

O pobre médium, todavia, dentro de sua capacidade de resistência, respondia:

— Ora, meus amigos, tudo está bem. Cada qual tem na vida o que mereceu da Providência Divina e, além de tudo precisamos considerar que o Espiritismo tem de ser propagado, antes do mais, pelos Espíritos e não pelos homens!... . 

Azarias, contudo, se era médium, não deixava de ser humano.

Requisitado pelas exigências dos companheiros, já nem pensava no lar e começava a assinalar na sua ficha de serviços faltas numerosas.

A principio, algumas raras dedicações começaram a defendê-lo na oficina, considerando que, aos olhos dos chefes, suas faltas eram sempre mais graves que a dos outros colegas, em virtudes do renome que o cercava; mas, um dia, foi ele chamado ao gabinete de seu diretor, que o despediu nestes termos:

— Azarias, infelizmente não me é possível conservá-lo aqui, por mais tempo. Suas faltas no trabalho atingiram o máximo e a administração central resolveu eliminá-lo do quadro de nossos companheiros.

O interpelado saiu com certo desapontamento, mas lembrou-se das numerosas promessas dos amigos.

MEDIUNIDADE DE PSICOMETRIA - PARTE 5

ENIGMAS DA PSICOMETRIA 
ERNESTO BOZZANO 

V Caso - Eis um episódio tomado na série dos da Srta. Edith Hawtharne ( Light, 1904, pág. 197 ) . 

Desta feita à relação se estabelece com seres ínfimos da escala animal, tanto quanto com a essência íntima de uma planta. 

Aos 25 de março de 1904 o Sr. Jones enviava de Dudley um pequeno galho de árvore e a Srta. Edith o recebia no dia seguinte, à noite, para psicometrar na manhã de domingo 27, cerca de 11 horas. Logo que tomou às mãos o pequenino galho, diz: Que significa toda esta agitação? Por que assim vibra o solo sem cessar? 

Também as raízes desta árvore estão tremendo e vibrando! As minhocas espantadas correm ao longo das raízes e se esforçam para atingir a superfície do solo, através das suas galerias... Toupeiras e insetos outros como que percebem todas estas comoções e estão, também eles, estranhamente agitados! 

Um vago sentimento de pavor os empolga a todos, porém eles não dispõem de inteligência nem de meios precisos para de si mesmos escaparem ao invisível quanto indefinível perigo que os ameaça. Contudo, as toupeiras tudo envidam para se afastarem, na impossibilidade de conjurar o destino que sobre elas pesa. 

Por sua vez, a árvore, da qual foi destacado este galho, percebe os tremores do terreno. Não experimenta, porém, qualquer impressão consciente de temor, como acontece com as toupeiras, minhocas e outros vermes. 

(A propósito, escreve o Sr. Jones: Estas observações são curiosíssimas, porque, no domingo, 27 de março, às 16 horas, se verificou um desmoronamento do solo a 300 ou 400 jardas distante da árvore em apreço, isto devido a trabalhos subterrâneos dos mineiros. E portanto provável que os pequeninos animais referidos tenham experimentado os choques do terreno, oriundos das perfurações executadas no subsolo. Dai se colige que a sensitiva chegou a conhecer os fatos e o perigo cinco horas antes que o desmoronamento se verificasse e o público tivesse dele conhecimento.) 

Este pequeno galho contém, em si, um como sentido de turgescência que chega a atingir quase ao estado externo da gestação, mas não no sentido de gestação qual a entendemos. Também noto nele a impressão da seiva, que, dificilmente, consegue subir por pequenos canais imperceptíveis, e lobrigo em toda a árvore um sentido de trabalho penoso. 

(A árvore está realmente viçosa e começa a deitar os primeiros rebentos. - S. Jones) 

Não é muito alta nem muito copada, essa árvore. Tenho agora a intuição de frutos, estou num pomar. 

(Tudo absolutamente conforme. - S. Jones) 

O galho parece-me agitado, tremulento; a árvore afigura-se-me envolvida em atmosfera glacial, assomada por uma sensação de frio; as próprias raízes estão transidas, geladas. O terreno não é bastante quente nem restaurador, e, ao invés de facilitar as forças vitais que remontam do tronco aos galhos, antes se lhe torna em obstáculo. Solo frio e úmido retarda, assim, o crescimento da planta. 

(Efetivamente esse terreno não pode ser havido como favorável. É árido, frio, úmido. As raízes se estendem até à vizinhança de um poço cuja água está congelada durante a estação invernosa e faz tiritar a quem dele se aproxima. É claro que a água desse poço deve saturar todo o subsolo no qual se desenvolve a árvore em questão. - S. Jones) 

O interesse teórico suscitado por este caso não é menor que o precedente. 

Em primeiro lugar, notarei que a maneira por que a sensitiva começa expondo as impressões psicométrica é a melhor prova de que a sugestão e a auto-sugestão nada têm a ver com essas impressões. 

De fato, um galho de árvore não poderia sugerir, antes de tudo, a idéia de um solo agitado por tremores contínuos e o conseqüente espanto dos animais nele envolvidos. 

Detalhe estranho, cujo fundamento só se verificou 5 horas depois da observação psicométrica, é força concluirmos que a sensitiva entrara em relação com a árvore cujo pequeno galho se destacara, e, assim, igualmente com o ambiente dessa árvore, inclusive animais do subsolo. 

Esta indução se confirma pelo fato de não poder o Sr. Jones imaginar os estremecimentos do solo em correspondência com o galho remetido a psicômetra, e menos ainda as sensações dos bichos, em conseqüência de inusitadas vibrações. 

Tampouco poderia o Sr. Jones se identificar com a essência íntima de uma árvore, a respeito do seu vernal desenvolvimento, nem saber que ela crescia atrofiada em virtude da proximidade de fonte que lhe enregelava as raízes. 

Uma vez admitida à possibilidade de relações psicométricas, à distância, com as plantas e os animais, não seria mais admissível negar a possibilidade das mesmas relações com a matéria inanimada, ou, por melhor dizer: - com auxílio da matéria inanimada, de sorte a poder o sensitivo experimentar em si mesmo os estados diversos pelos quais passou essa matéria, tal como se dá com as vicissitudes funcionais de uma planta ou com as obscuras sensações de ínfimos animais. 

Digo relações psicométrica com auxílio da matéria inanimada e não que o objeto psicometrado conta a sua história, fazendo notar que existe entre as duas fórmulas teóricas uma diferença radical. 

Efetivamente, de acordo com a primeira, tratar-se-ia, ainda e sempre, de relações, ou seja que o objeto teria a virtude de estabelecer a relação psicométrica com o ambiente de origem, ou com um meio transcendental, análogo aos clichês astrais dos ocultistas, ou com as impressões no atrasa dos teósofos; ao passo que, conforme a segunda fórmula, teríamos de admitir, pelo contrário, e completamente, a hipótese dos professores Buchanan e Denton, da possibilidade de registrar a matéria constituinte do objeto a sua própria história e reproduzi-la, hipótese esta que peca por demasiado simplista e suscita retificação que a transforme em hipótese enunciada. 

Não quero, para o momento, senão de leve tocar neste árduo problema, para procurar desenvolvê-lo nos comentários do caso a seguir: 



VI Caso - Depois destes primeiros episódios cujos relatos psicométricos incidem em plantas e animais, chega à vez de relatar alguns exemplos de experiências feitas com a matéria inanimada. 

O caso seguinte foi extraído da obra do professor William Denton: Nature's Secrets (Segredos da Natureza) ou Psychometric Researches (Pesquisas Psicométricas), pág. 153, e intitula-se: A autobiografia de uma pedra. 

O valor probante deste episódio está em que a sensitiva, Sra. Elisabeth Denton, falou de certas condições de formação geológica que o professor Denton ignorava e cuja veracidade foi por ele posteriormente verificada. 

Por conseqüência, os fatos não se poderiam explicar pela hipótese dos romances subliminais, improvisados inconscientemente pelos médiuns psicômetras. 

Eis o que escreve Denton: 

Encontrando-me em Jaynesville, apanhei num monte de cascalho uma pedra escura, de aspecto característico e do peso de quatro libras, mais ou menos. Tirei dela uma lasca e apresentei-a a sensitiva, que tudo ignorava a respeito e nada podia adivinhar ou presumir pelo tato. 

Começou ela por dizer: Meu Deus! quantas convulsões da matéria aqui se ocultam! Não posso compreendê-lo... Tenho como a impressão de ser vomitada por um vulcão, envolta numa onda de lodo! Vejo a meu lado fragmentos outros de rocha bem maiores, posto que me sinta eu mesma bastante volumosa. Na verdade é a sensação mais estranha que tenho experimentado! Levada pelos ares em movimentos rotatórios, em torrentes de Iodo, sobrecarregada de enormes pedras... 

Apenas isto não se verifica de jato contínuo, mas, por séries; e assim vou com a massa, que comigo vai, espantosamente rolando... 

Estou agora depositada em qualquer parte, imota, mas os rugidos do vulcão repercutem mais formidáveis do que antes e cada um deles corresponde à emissão de novas torrentes de lavas candentes, que se espalham violentas por fora da cratera, até que uma onda de retorno me empurra no abismo... Oh! as fúrias infernais que al dentro se desentranham! Mas, eu não resvalo muito profundamente, de vez que outro ronco e nova avalancha eruptiva me arremessam às alturas... 

Em torno, tudo referve... Não sinto, contudo, os efeitos dessa combustão; fogo não vejo, e sim, unicamente, muita fumaça e fortes exalações gasosas. 

Eis-me agora depositada embaixo, no flanco da montanha. Transida! Ouço ainda os bramidos da erupção, o solo treme. Ai fico longo tempo; depois mergulho em profunda, tenebrosa cavidade! Envolvem-me a água e a umidade, estou como que enterrada neste abismo... Quando sairei dele? As águas se espalham, agora, com grande violência, e fazem-me rodar vertiginosamente. Agora, lenta, me desloco e avanço durante longo período de tempo... (Preciso abreviar o depoimento, de vez que abrange uma série interminável de séculos...) 

Enfim, vejo luz! Há uma extensa costa abrupta, que pende suavemente para as águas e eu sou nela lançada por formidável vaga, que se retira e me deixa em seco. Invade-me estranha sensação de passividade, uma disposição para deixar seguir as coisas a bel-prazer. Parece-me tudo tão estranho! alias, sinto que era, então, muito maior que agora... Depois, estou depositada no leito de um lago, não muito profundamente, porque distingo outras rochas acima de mim. Como são frias estas águas! O leito do lago entulha-se lentamente, devido a grandes pedras que para ele rolam. Esse lago está situado em região frigidíssima, pois que me sinto enregelada. 

(A sensitiva tirita violentamente de frio.) 

Sinto acima de mim alguma coisa que não é água, mas não consigo compreender o que seja. 

(Apesar de estar a alcova bem aquecida, a sensitiva aproxima-se do fogão.) 

Singular a minha falta de vista! Tenho algumas sensações... A partir do local em que me encontro, em direção à margem, a bacia é pouco profunda. Percebo agora que deve ser gelo o que sobre mim se encontra, por isso que deixa coar a luz. Vejo-me prisioneira desse gelo, e essa circunstancia, que me liga à massa infindável de minha clausura, confere-me a faculdade de ver a distancia de algumas milhas. 

A espessura do gelo é enorme, estende-se, compacta a perder de vista. Como é estranho tudo isto! O gelo move-se e eu com ele me movo, descendo lentamente para o Sul e parando de tempos a tempos. 

A camada superior tende, em sua marcha, a ultrapassar a camada inferior. Fato estranho para mim, que não posso compreender como, em massa de gelo assim compacta, a parte inferior desande mais lentamente que a superior. 

E uma coisa impossível e, todavia, não há como negar que assim seja, realmente. Mas, que frio horrível! E que estrépito horríssono, este da geleira em marcha! São estalos de rochas que se fendem, resvalamentos sobre areia, que só deveriam ser ouvidos de muito longe... 

Agora, sente-se que a temperatura suaviza-se rapidamente... Aumenta o calor, como que provindo de baixo. E funde-se o gelo, esgota-se, forma riachos... E funde-se verdadeiramente pelas camadas inferiores! É um fato que não posso compreender. Por outro lado, sinto que não descemos bastante ao Sul, para justificar esta mudança de temperatura. Parece que o gelo tende a libertar-me... Sim. Eis-me finalmente livre! Daqui descubro a geleira em toda a sua amplitude e confesso-me estupefata. Dir-se-ia uma série de colinas aprumadas a pique! Prossegue a fusão rápida e, à medida que se funde, a massa se desloca com maior rapidez. Estou, enfim, segregada desse movimento e já me não desloco senão ocasionalmente. . . 

Nesta altura o professor Denton adverte : - A sensitiva estava muito fatigada para prosseguir na experiência. Fora possível continuar e teríamos muitos outros detalhes. Todavia, o que aí fica é assaz interessante. 

Demonstra, a seguir, o professor Denton, que as declarações da sensitiva correspondem aos caracteres geológicos da região em que a pedra foi colhida, região literalmente coalhada de blocos erráticos, deslocados e depositados no local por descongelação de antiqüíssimas geleiras provindas do Norte. 

E não deixa de sublinhar também a autenticidade científica, do detalhe concernente à desigualdade de deslocamento das camadas glaciárias. Depois, acrescenta: Há uma passagem da análise psicométrica, que merece atenção especial: é aquela que se refere ao calor que, desprendendo-se de baixo para cima, provoca a fusão glaciária. O sítio no qual recolhi a pedra demora nos limites da região do chumbo... (Illinois, Wisconsin e Iowa). Hoje estou convencido de que o chumbo aí se inseriu de baixo para cima, no estado de vapor, atravessando camadas porosas e pedregosas, para depositar-se finalmente nos leitos de calcário magnesiano, onde se fixou. Tratar-se-ia, portanto, de depósitos formados por sublimação, numa época em que as rochas ainda se conservavam tépidas. Os indícios do fato são copiosos nessa região e o fato deve ter ocorrido num período em que os blocos erráticos aí se acumularam. As geleiras descidas do Norte e do Nordeste fundiram-se logo ao atingirem essa região geologicamente quente, nela deixando os seus detritos rochosos. E assim se formou esse montão de blocos erráticos ainda hoje existentes no Wisconsin, ao Norte da zona do chumbo.

MEDIUNIDADE DE CURA POR RAMATIS - PARTE 4

A assistência terapêutica dos espíritos e a medicina oficial da Terra 



PERGUNTA: - Diversas vezes tendes afirmado que a principal finalidade do Espiritismo é "curar" o espírito. Assim, indagamos o seguinte: - Porventura os males do corpo físico não merecem que os bons espíritos nos ajudem a curar as doenças que afetam a nossa saúde? 

RAMATÍS: - O Espiritismo não tem como finalidade principal e urgente curar as doenças do corpo. Embora, sem alarde, coopere nesse setor de ordem humana, o seu objetivo relevante é ensinar, é orientar o espírito, no sentido de libertar-se de seus recalques ou instintos inferiores até alcançar a "saúde moral" da angelitude. 

Por conseguinte, não pretende competir deliberadamente com a medicina do mundo, conforme pressupõem alguns médiuns e neófitos espíritas. 

Se esse objetivo fosse o essencial, então, os mentores que orientaram Allan Kardec na codificação da doutrina espírita certamente ter-lhe-iam indicado todos os recursos e métodos técnicos que assegurassem aos médiuns seguro êxito terapêutico no combate às doenças que afetam a Humanidade. 

O Alto inspira e coopera nas atividades terapêuticas utilizando os médiuns, mas sem qualquer intenção de deprimir ou enfraquecer a nobre profissão dos médicos, cujos direitos acadêmicos devem prevalecer acima da atuação dos leigos. 

Se assim não fora, então, a medicina teria de retomar à velha prática do curandeirismo supersticioso do tempo em que se exercia uma terapêutica empírica e um tanto rude. 

Embora os espíritos benfeitores auxiliem por intuição os médicos dignos e piedosos, que se devotam a curar o ser humano, deveis considerar que os profissionais da Medicina também constituem uma legião de missionários dos mais úteis à humanidade. 

Mesmo porque tais cientistas, além das suas funções comuns, ainda se dedicam a pesquisar elementos terapêuticos que vençam as moléstias rebeldes, de conseqüências fatais. 

Além disso, a montagem de seus consultórios, dispensários ou laboratórios, que exigem gastos vultosos, confere-lhes o direito de se remunerarem de acordo com os seus préstimos e investimentos que são obrigados a fazer, em benefício dos próprios enfermos. 

Eis por que o Espiritismo não é destinado a concorrer com os médicos terrícolas, nem tem a pretensão de sobrepor-se à sua capacidade profissional. 

O alívio, o reajuste físico ou as curas conseguidos por intermédio da faculdade mediúnica têm por objetivo principal sacudir o ateísmo do enfermo, despertando-lhe o entendimento para os ensinamentos da vida espiritual. 

Aliás, quando Jesus curava os doentes e iam ao seu encontro, o seu objetivo era curar os corpos para, indiretamente despertar ou "curar" as almas. E a mediunidade de cura tem, igualmente, essa finalidade. 

Diversos espíritos e médicos desencarnados continuam, do "lado de cá", exercendo a sua função mediante assistência telepática aos seus colegas encarnados. E muitas vezes o êxito da sua atuação profissional teve a cooperação de um colega já desencarnado. 

Deste modo, muitos médicos, embora inconscientes do fenômeno, agem também como "médiuns". E, neste caso, conseguem obter maior êxito e eficiência de resultados do que o médium leigo em medicina. 

Mesmo porque o médico, ainda que não capte, com fidelidade, a intuição do espírito que o assiste, está habilitado a prescrever ao enfermo a medicação justa, devido aos seus conhecimentos fisiológicos e patológicos. 

Além disso, os médicos, em geral, também são homens de consciência, pois, muitas vezes, sofrem angústia dolorosa ao perceberem que se está extinguindo a vida do paciente que se empenham em salvar com o mais devotado esforço que lhes é possível. 

Razão por que, embora lhes cumpra o dever de se empenharem em salvar a saúde e a vida dos seus doentes, a sua função de benfeitores da Humanidade faz que eles sejam sempre assistidos pelo Alto. 

Em tais condições, seria injusto que os médicos terrícolas tivessem de renunciar, cedendo à "competência gratuita" dos seus colegas já "falecidos". A mediunidade de cura mediante o Espiritismo, em sua profundidade, é uma cooperação de objetivo crístico condicionada à evangelização do homem. 

PERGUNTA: - Em face de vossas considerações, não seria, então, mais sensato desistir-se de utilizar o receituário mediúnico ou espírita? 

RAMATÍS: - Nosso intuito é esclarecer-vos quanto ao lamentável equívoco de muitos adeptos espíritas confundirem a finalidade precípua do Espiritismo, que é a de "curar o espírito enfermo", e não a de estabelecer-se na Terra uma organização mundial de assistência médica, de caráter espírita, destinada a cuidar, essencialmente, da saúde do corpo de seus habitantes. 

Contudo, embora o receituário mediúnico não seja a razão primordial do Espiritismo codificado por Kardec, é, conforme já acentuamos, um veículo benéfico que instiga o homem a despertar sua consciência para os deveres e responsabilidades do espírito imortal. 

PERGUNTA: - Todos os espíritos de médicos desencarnados apreciam receitar do Além, através dos médiuns receitistas? 

RAMATÍS: - Nem todos os médicos desencarnados gostam de receitar medicamentos ou efetuar diagnósticos; muitos deles até se desinteressam completamente de exercer sua profissão já desempenhada na Terra, a qual nem sempre lhes foi de completo sucesso ou mesmo de simpatia. 

Outros, embora se devotem a socorrer os encarnados sofredores, receiam assumir o compromisso de prescrever medicação pelos médiuns, porquanto, em geral, estes ainda são anímicos, inseguros ou ignorantes, com reduzida porcentagem dos que realmente se ajustam aos imperativos sensatos e lógicos do Espiritismo. 

PERGUNTA: - Dizem alguns espíritos que há médicos materialistas bem melhor assistidos do que muitos médiuns de cura. Isso é verdade? 

RAMATÍS: - O médico bondoso, honesto, criterioso e desapegado do preconceito acadêmico, quer e seja espírita, católico, protestante ou ateu, é sempre acessível às boas intuições e à a ajuda dos espíritos benfeitores, que então o orientam favoravelmente para tratar com êxito os seus pacientes. 

O auxílio do Alto não se restringe exclusivamente aos espíritas ou médiuns, mas, em particular, a todas as criaturas de bom caráter e devotadas aos objetivos espirituais superiores. Por isso, o médico não precisa aderir ao Espiritismo, para só então merecer a assistência dos bons espíritos. 

No entanto, os médiuns presunçosos, atrabiliários, avessos ao estudo ou mercenários, vivem cercados de almas inferiores e perturbados em suas intuições, o que os faz cometer os piores e ridículos desacertos. 

Quer eles trabalhem junto à mesa espírita ou participem dos terreiros ruidosos de Umbanda, não passam de antenas vivas atraindo os espíritos gozadores, perversos ou mistificadores, enquanto os homens e os médicos bons e prestativos têm sempre a cooperação do Alto. 

Infelizmente, certas criaturas mercenárias ainda usam a sua faculdade mediúnica para os negócios escusos, aliando a prática da caridade na seara espírita com a remuneração fácil da moeda do mundo! 

PERGUNTA: - Mas não é justo o protesto dos médicos terrenos contra o receituário mediúnico e a intromissão dos espíritos desencarnados na esfera médica profissional? Porventura isso não é uma concorrência desleal, considerando-se que a profissão médica é fruto de estudos exaustivos e de inúmeras preocupações financeiras? 

RAMATÍS: - Desde que a medicina acadêmica ainda não consegue curar todas as enfermidades do corpo físico e se mostra incapacitada para solucionar as doenças psíquicas de origem obsessiva, é evidente que os médicos não podem censurar os esforços do curandeirismo mediúnico, que tenta suprir as próprias deficiências médicas no tratamento das moléstias espirituais. 

A medicina oficial, malgrado o seu protesto à intrusão do médium ou do curandeiro na sua área profissional, fracassa diante dos casos de obsessões, quando pretende tratá-los de modo diferente da técnica tradicional adotada pelos espíritas e médiuns. 

Além disso, os brasileiros pobres vivem impossibilitados financeiramente de recorrer aos serviços médicos competentes, por não poderem indenizar as despesas do clínico, quanto mais submeterem-se a cirurgia onerosa. 

Considerando-se que ainda não existe um serviço médico eficiente e devidamente difundido por todo o território brasileiro, em que perto de mil municípios não possuem facultativos de qualquer espécie, nem hospitais, não deve, pois, censurar-se o médium receitista, quando, em sua terapêutica censurada pela medicina acadêmica, ele procura atender aqueles que não podem ser tratados pela via oficial. 

Não há dúvida de que também interferem os falsos médiuns ou' charlatões que enodoam o seu serviço com a cupidez do ganho fácil, assim como os médicos inescrupulosos negociam em detrimento do serviço sacerdotal dos seus colegas dignos. 

Portanto, a prática do curandeirismo e o receituário mediúnico, no Brasil, não devem ser considerados como uma intromissão indébita ou leviana de seus praticantes, na esfera da Medicina oficial; mas, sim, um efeito decorrente da falta de amparo e de assistência social por parte das autoridades responsáveis pela saúde do povo, e, também, pela ineficácia de alguns medicamentos bombásticos e certos médicos inábeis. 

PERGUNTA: - Malgrado os vossos louváveis conceitos no assunto, o receituário mediúnico é considerado medicina ilegal e passível das sanções do Código Penal. Que dizeis? 

RAMATÍS: - Porventura seria sensato e humano abandonar-se o enfermo às suas dores atrozes, sem ministrar-lhe o cataplasma caseiro, o chá doméstico ou a infusão sedativa, só porque não se encontra presente o médico diplomado pela faculdade de Medicina? 

Não seria o mesmo que deixar o cadáver insepulto, alegando-se a ausência da empresa funerária oficial? 

Quando o vosso governo socorrer e higienizar as regiões insalubres do país, centuplicando os postos de socorro e suprindo a falta de médicos no seio das populações afastadas, não tenhais dúvida de que o curandeirismo e o receituário mediúnico tendem a regredir por falta de pacientes e do possível êxito mais amplo da Medicina. 

Mas, até que isso se realize, os pobres, os doentes e os obsediados buscarão os médiuns, os curandeiros e os benzedores, a fim de serem aliviados de seus males físicos ou psíquicos. 

Mesmo porque a índole fraterna e o sentimento generoso do brasileiro fazem-no um curandeiro em potencial, tal é a sua ansiedade de servir e aliviar a dor alheia. E, por vezes, o próprio médico eficiente e bom capaz de curar inúmeros pacientes, não se constrange de recorrer também à consulta mediúnica, quando exaure-se no sistema nervoso ou sente-se abalado por algum incomodo psíquico. 

Mas isso não é nenhum desdouro para o médico pois é da crença e da confiança inata do brasileiro o seu tributo aos espíritos desencarnados, e, por isso, todos os procuram junto daqueles que revelam poderes mediúnicos. 

Cremos, também, que ainda é bem mais ilegal e censurável a medicina praticada por certos médicos gananciosos e inescrupulosos, que fazem da dor alheia próspero negócio ou especulam o sofrimento à guisa de vantajosa transação bancária! 

Certos facultativos não trepidam no comércio do "aborto" provocado; alguns pregam sustos dramáticos nos seus clientes ricos e ingênuos, transformando-lhes a febre inofensiva ou o resfriado comum num caso grave e melindroso; outros preferem o negócio da operação mutiladora sem motivos graves, ou a indústria do câncer justificado pela instrumentação moderna e aparatosa. 

Em suma, se existem médicos criteriosos e dignos, que fazem da Medicina um sacerdócio abençoado, há também os inescrupulosos, que exploram a doença humana cobrando as taxas mais escorchantes, sob a garantia do seu diploma oficial. Portanto, bem pouco adianta proibir as atividades dos curandeiros sem diploma, se ainda existem os profissionais diplomados que operam em flagrante prejuízo dos seus próprios enfermos! 

O médico ganancioso e desonesto frauda ou viola o juramento de sua profissão acadêmica, tornando-se também um delinqüente passível das penalidades do Código Penal, tanto quanto o curandeiro e o médium que praticam a medicina ilegal. Eis por e os espíritos benfeitores preferem antes ajudar o médium ou o curandeiro que serve gratuitamente ao próximo, em vez de assistirem o médico falacioso, cuia avidez pela fortuna fácil compromete a profissão sacerdotal da Medicina. 

PERGUNTA: - Mas, apesar de tudo isso, não seria sensato e justo que o médico fosse o único responsável pelo tratamento das doenças dos encarnados, pois, além de amparado pela Lei, é realmente a pessoa mais competente e de curso terapeuta especializado para socorrer os enfermos nas suas complicações imprevistas? 

No entanto, que podem fazer os médiuns receitistas, se, depois de receitarem os medicamentos, eles nada mais sabem, em favor dos enfermos, nos casos de emergência ou de reações perigosas que exigem o controle médico? 

RAMATÍS: - Nem o médico nem o médium lograrão qualquer sucesso junto dos enfermos, se em virtude do cumprimento inapelável da Lei do Carma eles já estiverem condenados a abandonar o corpo físico na cova terrena. 

Quando isso acontece, tornam-se inúteis todos os recursos terapêuticos da Medicina, assim como os próprios espíritos desencarnados também se desacertam nos seus prognósticos e no receituário através dos médiuns curadores. 

Apesar da capacidade dos médicos, dos mais avançados aparelhamentos da medicina moderna e do progresso crescente da indústria farmacêutica do mundo, em cada vinte e quatro horas desencarnam em todas as latitudes geográficas da Terra milhares de pessoas de diversas idades e condições sociais, de ambos os sexos. 

Os terrícolas em sua maioria, baixam à sepultura depois de intoxicados pela alopatia, perfurados pelas agulhas hipodérmicas, bombardeados pela eletroterapia, afetados pela radiografia ou então mutilados pela cirurgia, quer sejam crianças, moços ou velhos, mesmo depois de assistidos ela maior sumidade médica do mundo ou atendidos pelo mais famoso médium terapeuta. 

Diante do sofrimento corretivo decretado pela Lei de Causa e Efeito não tenhais dúvida: - fracassa tanto o médico quanto o médium, pois a dor, nesse caso não é acidente nem doença, mas um recurso disciplinador para o espírito retornar à sua verdadeira rota espiritual e evitar maiores prejuízos para o futuro. 

PERGUNTA: - Porventura o médico também não pode desempenhar junto ao doente as mesmas funções mediúnicas que caracterizam o médium? Ambos não são seres humanos, e, por isso, espíritos encarnados, com a vantagem de o primeiro possuir um curso especializado na arte de curar? 

RAMATÍS: - O médico, em geral, firma o seu diagnóstico na dependência dos diversos exames de laboratório e através de aparelhamento especial, como o estetoscópio, o eletrocardiógrafo, o encefalógrafo ou as chapas radiográficas, podendo mesmo incidir em algum equívoco pela deficiência técnica dos mesmos, ou devido ao seu material em uso. 

Não há dúvida de que também existem médicos intuitivos de muita sensibilidade, com um certo "quid" espiritual, que os torna antenas vivas aguçadas e lhes permite captar as sugestões mais certas dos espíritos terapeutas, sem precisar mesmo do exame sintomatológico habitual. 

Mas o médium digno e experimentado em boa sintonia espiritual é um receptor sensibilíssimo do mundo oculto, alcançando louvável sucesso em suas atividades caritativas, embora sem expor as minúcias e os pormenores próprios da terminologia médica. 

O médico ou o médium transformam-se em instrumentos abençoados, quando junto aos enfermos preocupam-se mais em aliviá-los de sua dor, do que auferir qualquer vantagem material. Em conseqüência, o médico também pode desempenhar junto aos enfermos as funções de médium e atender às intenções dos espíritos benfeitores, caso seja criatura afetiva, sensível, e mais um sacerdote do que um negociante. 

PERGUNTA: - Desde que o Espiritismo não tem por objetivo essencial competir com a medicina terrena, mas é uma doutrina espiritualista com a finalidade de esclarecer o espírito do homem e não de curar o corpo carnal, qual é enfim, a razão do receituário mediúnico? O certo é que os médiuns, no Brasil, extraem diariamente milhares de receitas mediúnicas sob o patrocínio da doutrina espírita, embora ela seja eminentemente espiritual. Que dizeis? 

RAMATÍS: - Repetimos, novamente, que as curas espíritas incomuns despertam e atraem para o Espiritismo os homens ateus, médicos ortodoxos, religiosos dogmáticos e até os indiferentes, que depois de abalados em sua velha atitude mental não podem deixar de respeitar e mesmo interessar-se pelos ensinamentos valiosos da vida imortal. 

Muitas criaturas, depois de exaustas da sua "via-crucis" pelos consultórios médicos, hospitais cirúrgicos ou pelas estações terapêuticas, já decepcionadas e descrentes das chapas radiográficas, dos eletrocardiogramas, da radioterapia, da encefalografia, ou mutiladas pela cirurgia, aceitam incondicionalmente os princípios morais e espirituais do Espiritismo, depois de curadas extraordinariamente pela água fluidificada, pelos passes mediúnicos ou medicamentos receitados pelos espíritos desencarnados. 

Quantas vezes o cientista que só confia na pesquisa de laboratório e na ciência oficial, depois de completamente ,desanimado dos recursos médicos do mundo, ainda consegue livrar-se da doença misteriosa que o tortura, eliminar o eczema da esposa querida, curar a asma crônica do seu progenitor ou debelar as convulsões deformantes do caçula, graças aos serviços do caboclo ingênuo, da velha alquebrada ou da preta-velha humilde? 

Aliás, o homem cético, fanático ou indiferente ao seu próprio destino, é sempre um aprendiz em potencial para sofrer o curso doloroso através das instituições hospitalares e os consultórios médicos do mundo, a fim de convencer-se da precariedade dos aparatos científicos diante da sua desdita interminável. 

Mas depois do "milagre" espírita que lhe restitui a saúde e a esperança de viver, ele sente-se obrigado a mudar de atitude sem deixar de reconhecer a intervenção sensata e amiga do mundo oculto sobre a vida humana. 

Assim, embora o Espiritismo não seja um movimento com o intuito de competir com a medicina oficial, ele corresponde, no entanto, à promessa abençoada do Cristo, quando prometeu o envio do Consolador no momento oportuno para curar os enfermos de espírito, embora isso os homens ainda devam conseguir atraídos primeiramente pela cura do próprio corpo físico. 

PERGUNTA: - Em virtude de se tratar de um tema de suma importância para esclarecimento de nossas palestras doutrinárias sobre a função educativa da dor no ser humano, poderíeis estender-vos mais um pouco quanto ao fato de as criaturas materialistas, religiosas fanáticas ou indiferentes se converterem ao Espiritismo após a sua cura por intermédio da receita mediúnica? 

RAMATÍS: - Considerando-se que a gratidão deve existir mesmo no âmago da pior criatura, é evidente que a fann1ia de qualquer enfermo desenganado pela medicina do mundo, depois de salvo miraculosamente pela terapêutica mediúnica do Espiritismo, sente-se obrigada ao respeito e interesse pela doutrina que lhes traz a alegria e a saúde no seio do lar. 

Deste modo, a cura mediúnica incomum termina por comprovar o poder dos espíritos desencarnados em atuarem no mundo material, quando vitalizam células, corrigem distúrbios nervosos, desentorpecem músculos atrofiados, eliminam infecções e até devolvem o raciocínio a criaturas alienadas. Os seus beneficiados sentem a responsabilidade espiritual pesar-lhes nos ombros, passando a exigir-lhes melhor compreensão moral dos seus deveres humanos no contacto diário com a Humanidade. 

Embora nem todos os familiares dos enfermos beneficiados simpatizem, de início, com os preceitos espiríticos, muitas vezes, os mais sensíveis terminam aceitando a tese da reencarnação e a ação cármica da Lei de Causa e Efeito que rege os destinos da alma em prova educativa na matéria. 

É por isso que os espíritas sempre louvam a dor e o sofrimento reconhecendo que a enfermidade os conduziu realmente à sombra amiga e confortadora da doutrina espírita, cavando-lhes fundo a personalidade humana, através da singeleza da água fluidificada, do passe mediúnico ou da receita dos desencarnados. 

Eis os motivos por que os mentores espirituais ainda endossam o receituário mediúnico sob o patrocínio do Espiritismo, apesar das receitas inócuas, esdrúxulas ou completamente anímicas, produto da precipitação, ignorância ou puro animismo dos médiuns incipientes. 

O bem espiritual já conseguido no serviço benfeitor do receituário mediúnico sob a égide espírita supera satisfatoriamente os equívocos e as imprudências de um mediunismo de urgência, mais preocupado pela cura do corpo físico, do que mesmo com a saúde do espírito imortal. 

PERGUNTA: - Mas os médicos também não merecem censuras graves quando erram em prejuízo dos seus pacientes? Porventura não é algo criticável esse orgulho acadêmico de negar, "a priori" a possibilidade do mundo espiritual socorrer e curar os enfermos da Terra? 

RAMATÍS: - Realmente, caso o Alto assim o queira, os enfermos podem curar-se facilmente das doenças tradicionais do corpo físico. Que seria dos animais, se o instinto ou a Natureza não os atendesse tão carinhosamente, amparando-os desde o nascimento até à morte e guiando-os mesmo para encontrarem o vegetal medicamentoso que lhes alivia as dores e lhes cura as doenças?

 1 Essa proteção misteriosa e oculta que mantém a sobrevivência de todas as aves, animais e seres, que a tudo provê, atende e corrige, cuida desde o filhote do pássaro dentro de um ninho pendurado precariamente na forquilha do arvoredo, até do filho do elefante nascido nas furnas da floresta e já onerado por severos problemas de alimentação. 

1 - Nota do Médium: É o caso dos cães, que, acometidos de cólicas intestinais, procuram um tipo de capim apropriado para aliviar suas dores, assim como os elefantes, que, pressentindo grave epidemia em sua espécie, viajam semanas a fio em busca de uma erva especial, cuja ingestão funciona à guisa de excelente vacina, livrando-os das doenças epidêmicas. 

Por que o homem também não poderia gozar dessa graça sublime da Vida, desde pressentir o alimento ou o remédio natural que lhe seja mais útil e proveitoso para mantê-lo fisicamente sadio na face do orbe terráqueo? Mas, infelizmente, em face de sua anomalia psíquica, fruto do truncamento do sentido harmonioso e progressista da existência humana, a maioria dos homens é obrigada a socorrer-se doutra minoria, com a responsabilidade de velar pela saúde sempre perturbada. Paradoxalmente, esta minoria encarregada da saúde dos demais também não logra muito êxito quando precisa curar-se a si mesma! 

Em conseqüência, não se pode culpar os médicos pejos seus equívocos no desempenho de sua profissão terapeuta porque, na realidade, os homens ainda não fazem jus à saúde física em absoluto, ante o desvio psíquico que exercem sobre si mesmos, no trato das paixões e dos vícios perniciosos e perturbam a contextura delicada o perispírito. Aliás, os fatos provam que é inútil a mobilização dos mais espetaculares e avançados recursos da terapêutica do mundo, caso o homem ainda não faça jus à saúde física, pois se a Medicina tem prolongado a vida, ela ainda não pôde vencer a morte! 


PERGUNTA: - Entretanto, a medicina acadêmica, em face do seu progresso e recursos modernos, não deveria ser tão eficiente e sedativa como os tratamentos que, por vezes, os médiuns espíritas realizam com absoluto êxito? 2 

2 - Nota do Médium: É o caso das operações espíritas, em que os pacientes sofrem as mais complexas intervenções cirúrgicas por parte dos espíritos desencarnados, sem manifestar qualquer dor ou reação incômoda. Aliás, em Congonhas do Campo, em Minas Gerais, tivemos oportunidade de assistir a diversas operações efetuadas pelo médium Arigó, sem que os operados manifestassem quaisquer sofrimentos, além do espanto e da surpresa. 

RAMATÍS: - O tratamento médico do mundo terreno ainda é bastante contraditório, sendo exercido à base de substâncias indesejáveis, da mutilação cirúrgica, das cauterizações cruciantes e perfurações nos músculos ou nas veias pelas agulhas hipodérmicas porque os terrícolas ainda são criaturas cujo primarismo espiritual as torna passíveis de uma terapêutica severa e aflitiva. A medicina terrena não é culpada pela impotência em não curar todos os pacientes, ou pela impossibilidade de exercer a sua missão de modo suave indolor e infalível. 

Tais contingências são uma decorrência psicomagnética oriunda dos recalques morais que residem no perispírito dos terrícolas, pois o corpo dos orgulhosos, egoístas, avarentos, vingativos, vaidosos, ciumentos, cruéis, hipócritas, maledicentes e lascivos ainda precisa sentir reações violentas e dolorosas, que repercutam no seu próprio espírito, de modo a condicioná-lo a uma reforma interior, que os sensibilize, no sentido de lhes despertar os sentimentos superiores, que são fundamentais para a sua evolução espiritual. 

Mesmo as criaturas mansas de coração e até bondosas, mas que, no entanto, se encontram subjugadas por sentimentos atrozes, como sejam os cancerosos, não passam de almas delituosas no seu passado, e ainda em transe de purificação perispiritual. 

Infelizmente, a Terra ainda é povoada por homens que matam pássaros à guisa de distração e "passatempo"; massacram os cães amigos e afogam os gatos nascidos em excesso, subtraindo-lhes o direito sagrado de viver. 

Há, ainda, os que criam rebanhos de suínos, bois e carneiros, para arrancar-lhes a banha, a carne, o couro e a lã; depois, assam-lhes os restos mortais e os devoram epicuristicamente nos banquetes pantagruélicos!... Matam o cabritinho amigo na véspera de Natal ou alimentam de modo exagerado e mórbido os gansos, para enlatarem as pastas do seu fígado hipertrofiado! 

E quando sua voracidade e sede de sangue não se satisfaz no extermínio dos "irmãos menores", eis que os terrícolas massacram-se entre si mesmos, transformando também em "pasta sangrenta", os mais jovens e os mais sadios, sob a metralha assassina! Criminosamente, escolhem a primavera para as ofensivas monstruosas ou transformam em fogo líquido milhares e milhares de crianças, moços, mulheres e velhos, sob o impacto da bomba atômica, embora estes últimos nada tenham a ver com essa luta fratricida! 3 

3 - Nota do Médium: Em aditamento às palavras de Ramatís, podemos comprovar quão perverso e cruel ainda é o homem terreno. Vejamos a seguinte passagem descrita pelo testemunho do Dr. Paulo Nagai, médico japonês vitimado pela leucemia produzida pela radioatividade da bomba atômica lançada pelos americanos sobre Nagasaki. 

Eis a sua observação, "in loco", de uma parte dos acontecimentos pavorosos da crueldade humana: "A pressão imediata foi tamanha que, no raio de um quilômetro, todo ser humano que se encontrava do lado de fora ou num local aberto, morreu instantaneamente ou dentro de minutos. 

A 500 metros da explosão, uma jovem mãe foi encontrada com o ventre aberto e o futuro bebê entre as pernas. Muitos cadáveres perderam suas entranhas. A 700 metros, cabeças foram arrancadas, e, por vezes, os olhos saltavam das órbitas. 

Alguns, em conseqüência das hemorragias internas, estavam brancos como folhas de papel, os crânios fraturados deixavam destilar o sangue pelos ouvidos. 

O calor chegou a tal violência, que, a 500 metros, os rostos atingidos ficaram irreconhecíveis. A um quilômetro, as queimaduras atômicas tinham dilacerado a pele, fazendo-a cair, em tiras, deixando à vista a carne sangrenta. A primeira impressão não foi, segundo parece, a de calor, mas, sim, a de dor intensa, seguida de frio excessivo. A maioria das vítimas morria com rapidez. (Página 96 da obra Os Sinos de Nagasaki, autobiografia do Dr. Paulo Nagai). 

No entanto, o Alto ainda se penaliza das criaturas humanas tão perversas e animalizadas, e, por isso, patrocina no mundo material a organização benfeitora da Medicina, que assim cumpre o sagrado dever de aliviar a dor humana tanto quanto possível, solucionando também os efeitos malignos das causas subversivas que o espírito enfermo verte para o seu corpo de carne. 

Graças, pois, aos médiuns devotados e benfeitores, os homens ainda conseguem movimentar-se no mundo material apresentando certo equilíbrio fisiológico, apesar de seu constante auto-massacre mental e emotivo, em que o organismo físico funciona à guisa de depósitos de lixo e miasmas tóxicos drenados do perispírito. 

O médico, portanto, não merece censuras porque também comete equívocos na tentativa justa de curar o seu paciente; mas este é que, em geral, por força da lei sideral que o disciplina sob o grilhão da doença, ainda não merece o alívio da dor ou a solução definitiva para a sua doença. 

Certos de que sois convictos e cientes do processo cármico retificador do espírito, o qual se exerce através das reencarnações expiatórias no mundo material, tereis de admitir que, em face das tropelias, desmandos, crueldades das hordas famélicas e perversas do passado, esses mesmos espíritos belicosos precisam retomar sucessivamente à Terra, para a devida retificação de sua consciência espiritual ainda tão brutalizada. 

E também é óbvio que ainda não merecem um tratamento suave, indolor e benfeitor por parte da medicina do mundo; e assim, os seus males físicos agravam-se tanto quanto eles mais procuram eliminá-los mediante drogas ou intervenções cirúrgicas. A nova existência, obedecendo aos princípios construtivos e justos das recuperações espirituais brinda-os também com a mesma crueza que adotaram em suas vidas anteriores no seio da Humanidade. 

Tais espíritos ainda não merecem o socorro médico indolor, pois, em suas vidas pregressas, foram fanáticos inquisidores do Santo Ofício, torturadores do Oriente, tiranos na Pérsia, católicos no massacre de São Bartolomeu, perseguidores de cristãos nos circos romanos, bárbaros senhores de escravos, soldados sanguinários das hostes de César, de Tamerlão, de Atila, de Gêngis Khan, de Aníbal. 

E há pouco tempo, assassinos dos judeus e dos povos indefesos sob o comando de Hitler. É evidente que esses impiedosos homens do passado encontram-se atualmente em provas acerbas, reencarnados na figura de cidadãos comuns, operários, médicos, militares, artistas, comerciantes, motoristas, advogados, enfermeiros ou participantes de diversas religiões e credos espiritualistas. 

A sua dívida cármica é para com o orbe terráqueo, onde vazaram sua crueldade nas correrias turbulentas contra as populações e criaturas indefesas: e, por isso, a Lei inflexível, mas equânime, os obriga a pagar até o "último ceitil", colhendo os efeitos dolorosos das causas malignas semeadas no pretérito. Não há favorecimento sob a Lei Divina em abrir precedentes censuráveis, assim como a injustiça também é impossível se o processo é de angelização do homem. 

Sem dúvida, a doença cruel é a terapêutica mais adequada para esses espíritos algo embrutecidos e refratários ao sentimento espiritual. Embora eles vos pareçam pacíficos e bondosos, ainda conservam no âmago da alma o potencial da violência e da falta de compaixão. 

Assemelham-se às sementes virulentas que jazem humilhadas no solo ressequido, mas não tardarão em expelir com violência o seu tóxico logo que surja o clima apropriado. Deste modo, eles fazem jus à alopatia intoxicante, ao cautério cruciante, ao curativo doloroso e à cirurgia mutiladora, cumprindo a sua "via-crucis" como reparação às suas crueldades no passado. 

Vivem de consultório para consultório, de hospital para hospital, decepcionados com a farmacologia do mundo, desiludidos pela terapêutica homeopática ou ervanária, assim como desatendidos pelos próprios espíritos desencarnados. Abatidos, cansados e profundamente humilhados pela vida que os maltrata, atingem a cova do cemitério e os seus corpos de carne transformam-se na "ponte viva", que depois intercambia para o subsolo os venenos do ódio, da raiva, da perversidade, da violência, do orgulho, da prepotência e cupidez gerados no barbarismo dos estímulos animais. 

PERGUNTA: - Mas é evidente que muitos homens curam-se realmente pela homeopatia, pela terapêutica espiritista ou mesmo através dos préstimos do caboclo curandeiro, sem sofrimento ou aflição. Há alguma razão nessa diferença de cura, ou algum merecimento dos que assim são beneficiados? 

RAMATÍS: - As pessoas de melhor graduação espiritual, ou que se encontram no fim de suas provas cármicas dolorosas pelos sofrimentos ou vicissitudes morais já sofridas nas vidas anteriores, realmente, são eletivas e beneficiadas pela homeopatia, irradiações fluídicas, passes mediúnicos ou água fluidificada, dispensando a medicina cruciante das reações tóxicas. Eis por que há tanta decepção e variedade quanto ao êxito do tratamento dos homens, na Terra, pois a terapêutica salvadora de determinada criatura é completamente inócua aplicada a outro enfermo nas mesmas condições físicas. 4 

4- Nota do Médium: Vide o capítulo "O Tipo do Enfermo e o Efeito Medicamentoso", da obra Fisiologia da Alma, de Ramatís, onde o assunto é desenvolvido com minúcias mais elucidativas.


É o motivo por que também há grande sucesso na terapêutica médica e na terapêutica espírita mediúnica. No entanto, ambas também fracassam em certos casos, quando os pacientes não fazem jus à cura, qualquer que seja o tipo de tratamento.