IANSÃ
IANSÃ é a filha de YEMANJÁ com OXALÁ e a esposa preferida de XANGÔ. É guerreira e aventureira como ele, mulher de muitos homens (OXÓSSI,OGUM E XANGÔ).
Relaciona-se com todos os elementos da natureza. A água, sob formal de chuva, de tempestade. 0 ar, sob a forma do vento da tempestade, que arranca árvores, derruba casas.
No seu aspecto benéfico, foi o ar de IANSÃ que espalhou as plantas medicinais, anteriormente guardadas por OSSAIN numa cabaça. Ligada a floresta, ela se transforma em um búfalo, cervo ou elefante.
Propicia a caça abundante. Mas sua essência é o movimento e o fogo, é o ORIXÁ do raio. Esta relação com o movimento e o fogo faz de IANSÃ uma divindidade do sexo e do amor.
Ela é rainha por ser a predileta de XANGÔ. E por ser mãe e rainha dos EGUNS, à o único ORIXÁ que não tem medo dos mortos. Seu número é o nove, produto de 3 X 3 - o par Inicial mais um, indicando continuação - puro movimento. 0 seu dia é quarta-feira e sua cor e a vermelho. Seus objetos são uma espada de cobre e um "espanta moscas", com o qual mantem os EGUNS afastados.
0 tipo psicológico das filhas de IANSÃ e turbulento, inquieto, cheio de iniciativa. Faz-se notar, provocante e domina os homens, porém à esposa dedicada.
Os homossexuais têm como modelo IANSÃ. São mulheres fecundas, mãe de muitos filhos, mas-que são criados por uma avó, babá, tia.
0 tipo IANSÃ apenas orienta a educação. Não gosta de trabalho doméstico e nem de trabalho executivo. Prefere ser atriz, fazendeira ou qualquer outra profissão, na qual seja necessário um pouco de aventura, garra e impetuosidade.
XANGÔ
XANGÔ é um ORIXÁ de fogo, filho de OXALÁ com YEMANJÁ. Diz a lenda que ele foi rei de OYÓ.
Rei poderoso e orgulhoso, teve que enfrentar rivalidades e até brigar com seus irmãos para manter-se no poder. Vencido por seus inimigos, refugiu-se na floresta, sempre acompanhado da fiel OYA (IANSÃ), e enforcou-se e ela também.
Seu corpo desapareceu debaixo da terra num profundo buraco, do qual saiu uma corrente de ferro - a cadela das gerações humanas.
E ele se transformou num ORIXÁ, mas ao mesmo tempo passa a ser um EGUM (espírito dos antepassados). Verdadeiro paradigma, no CANDOMBLÉ, os EGUNS não são cultuados junto aos ORIXÁS.
0 EGUM é para os homens um pai e o ORIXÁ à para OXALÁ um filho: XANGÔ é, ao mesmo tempo, um filho de OXALÁ e um antepassado mítico, ligado à realeza, um herói divinizado, fundador da dinastia NAGÔ.
Por sua origem real, XANGÔ é o Santo da Justiça, castigando com o raio. Ele é também conquistador; possui a tres esposas: OBA a mais velha e menos amada; OXUM, que era casado com OXOSSI e por quem XANGÔ se apaixona e faz com que ela abandone OXOSSI; e IANSÃ, que vivia com OGUM e que XANGÔ raptou.
Esta é a mais nova e a preferida, pois à esposa dedicada e forte guerreira, que precede o marido nas batalhas e, por ser dona do raio, deu o fogo a seu amado XANGÔ comandando as forças da natureza que se caracterizam pela violância: o trovão, o raio (o fogo sobrenatural do céu), atira pedras do céu. Ele é o dinamismo dos elementos da natureza de cujo encontro nascem estes fenômenos da natureza. Poder, fogo, movimento, vida e fecundidade - ele recebe da mulher IANSÃ.
Seu animal e o carneiro, cujos ataques são comparáveis à violãncia do raio e tem seus chifres em espiral como o fogo.
É um ORIXÁ libertino, turbulento, vermelho e quente e destaca--se pela intensa atividade sexual. XANGÔ tem pavor da morte e dos EGUNS. E estes são os opostos que tem que unir: mortal e imortal, pai (dos homens) e filho (de OXALÁ), o que fará com a mediação da mulher (IANSÃ), que vem trazer o fogo, a fecundidade, a continuidade das gerações o poder da vida transmitido de pai para filho por intermédio da gestação na mulher.
Sua cor é vermelha e branca e seu dia é quarta-feira. Gosta do sacrifício do cágado, que multas vêzes é chamado seu cavalo, de galo e de pato. Sua possessão uma explosão, de alegria, sua dança é vigorosa e bela e seus filhos saúdam-no com palmas, fogos, gritos e com a expressão "desejamos longa vida a Vossa Magestade" - antes de tudo um Rei.
Os objetos sagrados de XANGÔ são o LABÁ e o OXÉ, a dupla machadinha que representa o raio e que pode ser em madeira ou bronze-metal - pela cor avermelhada, é consagrado a elê.
0 LABÁ é um capanga de couro pintada, feita só na Africa, e cujos desenhos são sagrados. Ela à dividida em quatro partes e suas figuras, que lembram o raio, são assimétrias e evocam os três segmentos do raio e do tríângulo. 0 número três é o par mais um, sugerindo movimento e continuação - ou seja, a própria vida.
0 tipo psicológico dos filhos de XANGÔ é fisicamente robusto, o queixo forte e voluntarioso, pescoço curto, boca carnuda e sensual. Violentos, orgulhosos, porém sua agressividade não e gratuita: ela se volta contra os maus, pois como XANGÔ, seus filhos são paladinos da Justiça.