quarta-feira, 14 de março de 2012

A QUESTÃO DO PECADO NO OLHAR DO CANDOMBLÉ – PARTE II

TEXTO CRIADO POR JOSÉ PEDRO MANUEL  - CRIADOR DO BLOG OLHOS DE OXALÁ

O PECADO SOB O OLHAR CANDOMBLECISTA – PARTE II



Hoje, quero dar continuidade a este estudo a fim de esclarecer uma questão paradoxal que é justamente a questão do pecado. Onde em nossa religiosidade Candomblecista, não existe. Mas em outras facções religiosas (Católicos, Protestantes, Testemunhas de Jeová, Mórmons, etc), tem um peso grande. Afinal, será que existe fundamento bíblico religioso correto sobre esta questão?

No estudo anterior, vimos a questão do diálogo entre a criatura (homem/mulher) com Oxumarê que falaram sobre a proibição de se comer o fruto de Iroko, arvore do conhecimento do bem e do mal. Cujo resultado de tal ato ocasionou varias conseqüências ao ser vivente; Gn 3.

Mas hoje, vou me adentrar ainda mais nesta questão de forma mais profunda utilizando o Capítulo 4, do Livro de Genesis. Capítulo que nos trás grandes esclarecimentos sobre alguns aspectos hoje questionativos.

O fato principal deste capítulo é sem dúvida, sobre CAIM E ABEL, uma historia não desconhecida a ninguém. Mas será que enxergamos a realidade deste texto?

Olhando teologicamente vemos uma historia de dois irmãos, onde um mata o outro, movido por inveja dos sacrifícios apresentados a Olorum. Mas antes de adentrar nesta questão vamos decifrar certos fatos não perceptíveis no texto.

Nos versículos 1 e 2, vemos o relato do nascimento de Caim e “logo em seguida”, o nascimento de Abel. A principio, percebemos o nascimento de irmãos, provenientes das relações de Adão e Eva (1º homem e 1ª mulher de Genesis). Mas se prestarem atenção dei destaque na expressão: “logo em seguida”.

Esta questão utilizada no texto bíblico identifica o nascimento de irmãos; mas em duas publicações bíblicas católicas que são: Edição Ave-Maria e Edição TEB (bíblia ecumênica); a expressão “logo em seguida”, é empregada para o nascimento de gêmeos. Ou seja, em poucas palavras, estamos falando dos Orixás IBEJI, os gêmeos.

Este é o primeiro ponto que não tínhamos noção desta realidade bíblica tão presente em nosso Candomblé. Outra questão em pauta deste texto é a questão dos sacrifícios ofertados à Olorum. Um que oferecia os frutos de suas plantações e o outro que apresentava sempre os primogênitos de seus rebanhos.

Ambos eram vistos de formas diferenciadas por Olorum, ocasionando na cegueira espiritual de um dos irmãos à morte do outro. Digo cegueira, pois Caim, neste caso não soube identificar o fundamento que Olorum queria ensinar. Vemos que foi chamado a abrir os olhos espirituais para que visse a verdade contida na diferença que Olorum fazia sobre as oferendas a ele apresentadas, tentando assim evitar que o mal fosse feito.

Mas, cego de raiva e inveja, acabou matando seu próprio irmão. Aqui surge a terceira realidade vivida hoje e que não enxergávamos. Para uns a expressão: “A INVEJA MATA” pode ser tão comum que não se da o devido valor; mas esta frase tida como dito popular é bíblica e vem das origens de tudo. De fato, a inveja mata, ocorrendo a morte de Abel, pelas mãos de Caim.

Outro dito popular é: “A VINGANÇA NUNCA É PLENA. MATA A ALMA E ENVENENA”. Fato também bíblico, quando Caim reconheceu o que fez, sem o arrependimento e é posto longe do olhar de Olorum, pelo ato cometido.

Mas voltando um pouco atrás em nosso estudo, percebemos que Olorum, como eu disse, queria ensinar as diferenças contidas nas oferendas apresentadas a ele, por estes dois irmãos:
Caim – ofertava os melhores frutos de sua colheita, já que era agricultor.
Abel – ofertava os primogênitos de seu rebanho, imolados, já que era pastor.

Aos olhos de Olorum, os sacrifícios de Abel, tinham claro, maior peso portanto era bem visto aos olhos de Olorum, pois este entendia que no sacrifício, trocava-se uma vida animal, representado pelo sangue que é igual vida, por tudo de bom que Olorum lhe dava, mas de forma generalizada; pois Abel, agradecia por tudo que lhe acontecia.

Já Caim, lhe dava sacrifícios de expiação, ou seja, ele dava oferendas com os frutos de sua plantação. Não era dado a vida em oferta; mas os frutos do seu trabalho.

Para Olorum, os dois têm fundamentos que ainda hoje em nossa realidade são aplicados. Mas com fundamentos diferentes:

O Sacrifício conhecido como ORÔ, nas iniciações, obrigações em geral e até em alguns ebós, onde se troca uma vida pela outra.

E as oferendas, aos Orixás, frutos do trabalho do homem. Do trabalho das plantações: frutas, comidas em geral, grãos, são enfim, também utilizados em ebós.

Vemos que estes fundamentos já vêm de ancestralidade, bem como na antiguidade. Não tem como falar que o Candomblé e seus atos litúrgicos não sejam bíblicos. Ou seja, por falta de conhecimento tanto nós  não sabemos muitas vezes nos defender dos ataques de determinadas pessoas, de algumas religiões em questão, que também nos atacam indevidamente por uma só razão: FALTA DE CONHECIMENTO.

Outra questão dentro deste Capítulo, que vai de encontro principalmente a nossos irmãos UMBANDISTAS é a questão de São Cosme e Damião. A Igreja Católica venera os Santos, os irmãos gêmeos COSME E DAMIÃO, que eram médicos, na Idade Média. Suas pessoas (imagens) são veneradas na UMBANDA SAGRADA, como patronos das crianças em giras de Erê.

Mas vemos também, um terceiro personagem que compõem a dupla citada: o terceiro irmão chamado DOUM. Mas este na verdade, bem como os dois anteriores, não são ditos COSME E DAMIÃO costumadamente venerados. Mas sim, os espíritos já queriam mostrar também esta realidade contida lá em Genesis 4.

Vemos que os gêmeos: Caim e Abel; e que após a morte de Abel; possuíram de fato um terceiro irmão: SET, outro Orixá, que nos próximos estudos irei abordar.

Espero piamente que esta postagem possa ter sido mais uma fonte de conhecimento para cada um de nós e logo estaremos com a terceira parte do estudo, que irá avaliar se de fato o pecado ainda existe ou não.

Axé.

ORIGEM DO POVO CIGANO

Motumbá meus amigos e amigas leitores!

Hoje começarei um estudo sobre este povo que para muitos pode parecer diferentes, mais são sim pois eles tem uma cultura, um idioma próprio enfim, vamos conhecer um pouco mais sobre este povo e descobrir coisas maravilhosas.

TEXTO ENVIADO PELA MINHA AMIGA CIGANA MIRKA VELASQUEZ

A ORIGEM DOS CIGANOS
 (Rom e Sintos)

Muitos mitos foram elaborados sobre a origem desse misterioso povo presente em todas as nações do ocidente, chamado de maneiras diferentes, comumente conhecidos como gitanos, ciganos, zíngaros, etc., cujo nome verdadeiro é Rom (ou melhor, Rhom) para a maioria dos grupos e Sintos para os demais. Não exporemos aqui as lendas universalmente reconhecidas como tais, a não ser o último mito mais largamente difundido que ainda é considerado como verdade: a presumida origem indo-européia. 

O fato de que o povo rom chegou à Europa proveniente de algum lugar da India não significa que tenham vindo de sua terra de origem. Todos vieram de algum lugar onde nossos ancestrais viveram, quiçá tendo chegado eles mesmos de algum outro país. Toda a hipótese que sustenta a origem indo-européia se apóia num único elemento: o idioma romanês. Tal teoria não leva em conta outros fatores culturais muito mais importantes que evidenciam claramente que o povo rom não tem nada em comum com as gentes da India, exceto elementos linguísticos. Se devêssemos levar a sério uma hipótese que se baseia somente no idioma para determinar a origem do povo, chegaríamos à conclusão de que quase todos os norte - africanos vieram da Arábia, que os judeus ashkenazim são uma tribo germânica, que os judeus separaditas são simplesmente espanhóis que praticam outra religião e não que são um povo diferente, etc. Os afro-americanos não sabem sequer que idioma falavam seus ancestrais e portanto deveriam considerar-se ingleses. Definitivamente, o idioma por si mesmo não é suficiente para definir a pertinência étnica, e todos os demais fatores determinantes são contrários à idéia de uma origem indiana do povo Rom, incluindo alguns elementos presentes no próprio idioma romani. Os fatores mais importantes que permanecem em todo povo desde a mais remota antiguidade são de consistência espiritual, que se manifestam nos sentimentos mais íntimos, comportamentos típicos, memória coletiva, quer dizer, na herança atávica.

Neste estudo, começarei expondo o mito antes de apresentar as evidências e a consequente hipótese sobre a verdadeira origem do povo rom.
Os estudiosos fizeram muitos esforços com o propósito de demonstrar a origem indiana do povo rom, todos os quais foram inúteis por falta de evidências. Alguns documentos que foram inicialmente considerados como referentes ao povo rom, como por exemplo os escritos de Firdawsi, tem sido sucessivamente desacreditados. Demonstrou-se que todos os povos dos quais se pensou que poderiam ter alguma relação com os ciganos, como os dom, os luris, os gaduliya lohars, os lambadis, os banjaras, etc, na realidade não tem sequer uma origem comum com o povo rom. A única semelhança entre todos eles é a tendência à vida nômade e o exercício de profissões que são típicas de toda tribo de qualquer extração étnica que pratica tal estilo de vida. Todos estes resultados inúteis são a consequência natural de uma investigação realizada a partir de parâmetros errados, ignorando a essência da cultura romani e a herança espiritual do povo cigano, que é incompatível com qualquer povo da India.
Uma teoria que recentemente está obtendo sucesso no ambiente intelectual interessado no argumento (teoria destinada a provar-se errônea como todas as precedentes) pretende ter descoberto a "cidade" original na qual o povo rom poderia ter suas origens: Kannauj, em Uttar Pradesh, India. O autor chegou a algumas conclusões interessantes que desacreditam todas as precedentes, sem dúvida seguiu a mesma linha investigativa que produziu o fracasso daquelas outras: o indício linguístico, que o conduz indefectivelmente a obter um resultado errado. Por conseguinte, o autor funda sua hipótese inteiramente sobre uma suposta evidência linguística, a qual é absolutamente insuficiente para explicar os aspectos culturais do povo rom que não estão relacionados com o idioma e que indubitavelmente são muito mais importantes, aspectos que constrastam com a teoria proposta. 
Neste estudo citarei algumas afirmações do autor (traduzindo-as do texto em inglês) recolocando sua estranha forma de escrever as palavras em língua romani com uma forma mais exata e compreensível - por exemplo, o caracter "rr" não representa nenhum fonema em romanês; o som gutural do "r" está melhor representado como "rh", mesmo que nem todos os dialetos ciganos pronunciem desta forma, como o próprio gentílico "rom" se pronuncia "rhom", porém também simplesmente "rom". Geralmente o "h" se usa para indicar uma sonoridade alternativa da consoante que o precede e no caso no qual os acentos ortográficos, circunflexos e outros sinais não se podem reproduzir de maneira adequada, o "h" serve como a melhor letra complementar na maioria dos casos. Pessoalmente prefiro o alfabeto esloveno com algumas leves modificações para transcrever corretamente a língua romani, porém na internet nem sempre é possível ver as páginas como foram escritas quando se usam sinais ortográficos não convencionais, portanto usarei a forma alternativa que consiste em agregar letras complementares.