quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O Culto de Legbá



O Culto de Legbá

Legbá (Lεgbà, em fongbé) é um Vodun muito importante, tanto no Benin como na diáspora, por ser aquele que tem como atributos ser o protetor e o mensageiro entre os homens e os Voduns. Cultuado pela totalidade das Casas de Jeji no Brasil (exceto na Casa das Minas “Kwlegbetan Zomadonu”) e em todos os Hùnkpámè (conventos de Vodun) do Benin, este Vodun é louvado e oferendado no ritu
al do Zandró.

Legbá é o filho mais jovem do par Mawu-Lisá ou Dadá-Segbo. Seu assentamento é um montículo de barro com um falo ereto, representação de sua relação com a sexualidade masculina, e com dois chifres. Possui ligações com Ayizan e Xorokwe.

Legbá sempre é cultuado primeiro, do que qualquer Vodun, esta regra jamais é esquecida pelo povo Fon, pois é ele que se encarrega de deixar passar qualquer tipo de oferenda seja a que Vodun for. Mesmo nos casos de descarrego e outros tipos de interversão espiritual praticada seja por qualquer sacerdote e de qualquer culto espiritual (vale ressaltar, porém, que no Brasil, em rituais como o Zàndró, a primeira divindade reverenciada é Ayizan). Está encarregado em vigiar o bom andamento e atitudes do ser humano, seja benéficas ou maléficas e se incumbirá das devidas cobranças.

Também deve-se citar que Legbá, é o unico Vodun masculino que tem acesso ao mundo espiritual das Kenesi (senhoras poderosas e grande Mãe Ancestre, feiticeiras, podendo ser consideradas como correspondentes às Iyami da tradição yorubá).

A reverência a Legbá no jeji mahi se dá no zandró, onde pedimos a ele que se mantenha atento, e para que leve nossa mensagem aos demais voduns. O ritual do padé ou ipadé é nagô, não pertencendo à tradição jeji e nem é próprio para se louvar Legbá.

O dia dedicado à Legbá é a segunda-feira, juntamente com Xorokwé, Ogun, a família de
Sakpatá e Ayizan. Sua cor é o vermelho, o multicolorido e o transparente

Na tradição africana, pode-se encontar também várias formas de Legbá:

*Agbonuxosu – rei do portal, é um pequeno Legbá feito de argila, situado no portão.

*Axi-Legbá – é o Legba dos caminhos.

*Tó-Legbá – é o Legba de uma cidade, ou de uma aldeia.

*Fá-Legbá - protege o Fá, perto do qual ele reside, estando a frente de Fá. É o Legbá do oráculo, que traz a mensagem no jogo.

A classificação do panteão Vodun

Legbá, por ser aquele que “a tudo está ligado”, tem ligações com todos os voduns, sendo o wensagún (mensageiro) entre eles. Na tradição africana podemos encontrar vários grupos ou clãs de voduns, sendo Legbá pertencente a todos estes clãs.

Há os Voduns da terra encabeçados por Sakpatá, conhecidos também como Ayi-voduns, e há os voduns do alto ou do céu encabeçados por Heviosò ou Xebyosò, e Mäwü-Lisà conhecidos também como Ji-voduns. Destes dois grandes grupos pode-se fazer outras sub-divisões, e ainda existem outras divisões a parte, assim temos:

* Os sò-voduns (voduns do raio), liderados pelo Vodun Heviosò/Sògbó;

* Os tò-voduns (voduns das águas), liderados pelo Vodun Xú;

* Os zùn-voduns (voduns das florestas), a exemplo de Aziza e Agè (Agué);

* Os Atinmè-voduns (voduns do interior das árvores), a exemplo de Lökö e Zonodo ou Azawonodo;

* Os tó-voduns (voduns de uma determinada aldeia, povo ou reino);

* Os Hε̆nnù-voduns (voduns de uma determinada família ou clã), cada um liderado pelo seu Hε̆nnùgán (patriarca);

* Os jono-voduns (voduns estrangeiros), a exemplo dos anagonus (Oxun, Yemanjá, Ogun, Oyá (ou Avesan em Abomey), Odé, etc).

No Brasil, porém, podemos nos deter a três divisões básicas se tratando do jeji mahi:

* Dan ou Família da Serpente, incluindo todos os voduns serpentes e que são liderados por Dangbè ou Gbèsén;

* Heviosò/Kaviono ou Família do Trovão, que inclui todos os ji-voduns, sò-voduns e tò-voduns e que são liderados pelo vodun Sògbó.

* Sakpatá ou Família da Terra, que inclui todos os ayi-voduns e azon-voduns (voduns doentes) e os jono-voduns e que são liderados pelo vodun Azonsú ou Azansú.

Legbá, igualmente no Brasil, está ligado a estas três grandes famílias. Legbá conhece tudo e sabe falar todas as línguas.

Legbá protege e defende!

Un j’avalu hùn Legbá!!!!

Etù – A galinha D’Angola



Etù – A galinha D’Angola


A Galinha de Angola era uma ave muito feia e por isso, afastava as pessoas de perto de si, mesmo sendo muito rica. Ela vivia abandonada em uma grande floresta em meio a sua riqueza.

Cansada de ser desprezada, resolveu consultar o oráculo sagrado no Palácio de Obatalá. Quando lá chegou, o Sacerdote a colocou para fora, dizendo que ela deveria estar usando um Alá branco pa
ra entrar na casa do Grande Deus Funfun. Ainda mais triste, a Galinha de Angola resolveu ir para outra floresta e de uma vez por todas, deixar de conviver perto de
tudo e todos.

Após 21 dias caminhando, a Galinha de Angola parou em uma floresta, sem saber que era sagrada (Igbodu). Lá, ela encontrou um velho maltrapilho gemendo de dores. Esse velho disse:

“Pare! estou muito doente e não tenho dinheiro para me alimentar, me dê o que comer e beber, por favor,”!

A Galinha de Angola pegou tudo o que tinha e deu ao velho homem que, após saciar a sua fome e sede, caiu dormindo em sono profundo. A Galinha de Angola continuou preocupada com o velho e ficou ao seu lado enquanto ele dormia. Ao acordar, o velho perguntou-lhe, porque ainda estava lá, fazendo companhia para aquele velho maltrapilho.

A Galinha começou a dizer que não poderia abandoná-lo, pois ele estava precisando dela, dize sua história ao velho, falando que todos lhe achavam feia, com um aspecto repugnante e que não mais queria viver.

O Velho respondeu que o seu exterior não importava em nada, pois por dentro, ele era um dos seres mais belos que existia. Disse que aquela era uma floresta sagrada e que na verdade, ele era Obatalá. A Galinha de Angola ficou surpresa com a revelação, pedindo-lhe desculpas por entrar na floresta sagrada.

Obatalá pegou Efun e começou a pintar a Galinha de Angola, que ficou muito bonita. Além disso, Obatalá disse que, o maior símbolo para os iniciados era o Osù e modelou um na superfície da cabeça da Galinha de Angola, dizendo que, a partir daquele momento, ela seria o Animal mais Sagrado do Culto aos Òrìsàs, pois somente ela, traz o Grande Osù em sua cabeça.

Essa história é um grande ensinamento, pois mostra que não podemos julgar ninguém por sua aparência, mostra que não devemos jamais negar comida e bebida. Nossa religião oferta, ajuda e acolhe, essa é mensagem que devemos guardar.

Que minha Mãe Yemonja continue olhando e abençoando todos!

Kolofé