sexta-feira, 6 de julho de 2012

DESENVOLVIMENTO MEDIUNICO - RISCOS E ABUSOS - PARTE 3

Naquele mesmo dia, buscou providenciar para uma nova colocação, mas, em cada tentativa, encontrava sempre um dos seus admiradores e conhecidos que obtemperava:

— Ora, Azarias, você precisa ter mais calma! Lembre-se de que a sua mediunidade é um patrimônio de nossa Doutrina... .

— Sossegue, homem de Deus!... Volte a casa e nós todos saberemos ajudá-lo neste transe.

Na mesma data ficou assentado que os amigos do médium se cotizariam, entre si, de modo que ele viesse a perceber uma contribuição mensal de seiscentos mil réis, ficando, desse modo, habilitado a viver tão somente para a Doutrina.

Azarias, sob a inspiração de seus mentores espirituais, vacilava ante a medida, mas à frente de sua imaginação estava os quadros do desemprego e das imperiosas necessidades da família.

Embora a sua relutância aceitou o alvitre.

Desde então, a sua casa foi o ponto de uma romaria interminável e sem precedentes. Dia e noite, seus consulentes estacionavam a porta. O médium buscava atender a todos como lhe era possível. As suas dificuldades, todavia, eram as mais prementes. 

Ao cabo de seis meses, todos os seus amigos haviam esquecidos o sistema das cotas mensais.

Desorientado e desvalido, Azarias recebeu os primeiros dez mil réis, que uma senhora lhe ofereceu após o receituário. No seu coração, houve um toque de alarme, mas o seu organismo estava enfraquecido. A esposa e os filhos estavam repletos de necessidades.

Era tarde para procurar, novamente, a fonte do trabalho. Sua residência era objeto de uma perseguição tenaz e implacável. E ele continuou recebendo.

Os mais sérios distúrbios íntimos lhe inquietavam o coração, mas o médium sentia-se obrigado a aceitar as injunções de quantos o procuravam levianamente.

Espíritos enganadores aproveitaram-se de suas vacilações e encheram-lhe o campo mediúnico de aberrações e descontroles.

Se as suas ações eram agora remuneradas e se delas dependia o pão dos seus, Azarias se sentia na obrigação de prometer coisa, quando os Espíritos não o fizessem. Procurado para a felicidade no dinheiro, ou êxito nos negócios ou nas atrações do amor do mundo, o médium prometia sempre as melhores realizações, em troca dos míseros mil réis da consulta.

Entregue a esse gênero de especulações, não mais pode receber o pensamento dos seus protetores espirituais mais dedicados.

Experimentando toda sorte de sofrimentos e de humilhações, se chegava a queixar-se, de leve, havia sempre um cliente que lhe observava:

— Que é isso, "seu" Azarias?... O senhor não é médium? Um médium não sofre essas coisas!...

Se alegava cansaço, outro objetava, de pronto, ansioso pela satisfação de seus caprichos:

— E a sua missão, "seu" Azarias?...

— Não se esqueça da caridade!...

E o médium, na sua profunda fadiga espiritual, concentrava-se, em vão, experimentando uma sensação de angustioso abandono, por parte dos seus mentores dos planos elevados.

Os mesmos amigos da véspera piscavam, então, os olhos, falando, em voz baixa, após as despedidas:

— Você já notou que o Azarias perdeu de todo a mediunidade?... — dizia um deles.

— Ora, isso era esperado — redargüia-se —, desde que ele abandonou o trabalho para viver à custa do Espiritismo, não podíamos aguardar outra coisa.

— Além disso – exclamava outro do grupo —, todos os vizinhos comentam a sua indiferença à família, mas, de minha parte, sempre vi no Azarias um grande obsidiado.

— O pobre do Azarias perverteu-se — falava ainda um companheiro mais exaltado – e um médium nessas condições é um fracasso para a própria Doutrina...

— É por essa razão que o Espiritismo é tão incompreendido! – Sentenciava ainda outro. — Devemos tudo isso aos maus médiuns, que envergonham os nossos princípios."

Cada um foi esquecendo o médium, com a sua definição e a sua falta de caridade. A própria família o abandonou à sua sorte, tão logo haviam cessado as remunerações.

Escarnecido em seus afetos mais caros, Azarias tornou-se um revoltado.

Essa circunstância foi a última porta para o livre ingresso das entidades perversas que se assenhorearam de sua vida.

O pobre náufrago da mediunidade perambulou na crônica dos noticiários, rodeado de observações ingratas e de escandalosos apontamentos, até que um leito de hospital lhe concedeu a bênção da morte...

O narrador estava visivelmente emocionado, rememorando as suas antigas lembranças.

— Então, quer dizer, meu amigo — observou um de nós —, que a perseguição da polícia ou a perseguição do padre não são os maiores inimigos da mediunidade..."

— De modo algum — replicou ele, convicto — O padre e a polícia podem até ser os portadores de grandes bens. 

E, fixando em nós outros o seu olhar percuciente e calmo, rematou a sua história, sentenciando gravemente:

— O maior inimigo dos médiuns está dentro de nossos próprios muros!..."

(Recebido pelo médium Francisco Cândido Xavier, em 29 de abril de 1939)

Bibliografia:

Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita. Programa V, Roteiro nº 26. FEB. 
Kardec, Allan. O Livro dos Médiuns. Cap. XVII, Da Formação dos Médiuns. Cap. XVIII, Dos Inconvenientes e Perigos da Mediunidade. 
Apostila do COEM (Centro de Orientação e Educação Mediúnica, Do Centro Espírita "Luz Eterna". Curitiba). 
Nº 04 – 10a, 11a, 12a Sessão Teórica. 
Xavier, Francisco Cândido. In: Novas Mensagens. História de um médium. Rio de Janeiro: FEB, 1978. p.39-48 

Publicada por Curso de Introdução ao Espiritismoem 15:15



AO MÉDIUM EM DESENVOLVIMENTO 

O neófito da mediunidade costuma exigir grandes sinais fenomênicos para vencer a inércia que obsta a comunicação ostensiva entre os dois planos existenciais. 

Esquece, no entanto, que, sendo a mediunidade uma faculdade orgânica a ele pertencente e a educação mediúnica uma tarefa decorrente da própria vontade, faz-se indispensável a sua ação inicial em esforço próprio para o externar da mente comunicante do além. 

Há os que se mostram indecisos, embora diante de indiscutível intercâmbio mental, a reclamar consubstanciação material do manifestante, olvidando a constituição semimaterial do invisível mundo. 

São muitos os que se destemperam na dúvida e na inquietação, quanto à atividade medianímica, à semelhança de exigentes Tomés, buscando a palpação dos Espíritos, tornando-se cada vez mais questionadores, mesmo diante dos mais dilatados sinais da realidade extrafísica. 

Ao médium educando, pede-se estudo e razão conjugados, mas também confiança e coragem, humildade e amor, caridade e desprendimento para a abertura consciente e indispensável ao desabrochar de suas faculdades psíquicas. 

Não é pelas grandes e espetaculares manifestações fenomênicas que se transmuda o médium em colaborador com o Mundo Invisível e logra fortalecer a fé no trato com os Espíritos! Mas a partir da doação perseverante e incondicional à Causa do Cristo, fazendo em sua mente eco aos pensamentos daqueles que lhe procuram o concurso fraternal. 
Hilário 

* Página psicografada pelo médium Francisco Cajazeiras, do livro “Conselhos de Saúde Espiritual”, EME Ed. 



AS comunicações Mediúnicas Introdução 

Nos momentos iniciais da Codificação Espírita, quando começa­ram a chegar até Allan Kardec as primeiras mensagens do além-túmulo, algo despertou a atenção do Codificador: verificou Allan Kardec a grande diversidade de caracteres, de tendências e de estilos que es­tavam pre­sentes nas comunicações mediúnicas. O Codificador, desde as horas ini­ciais, percebeu que muito cuidado deveria ser tomado por to­dos aqueles que passassem a se dedicar ao mister mediúnico, no sen­tido de tentarem identificar a natureza das diversas mensagens dos desencarnados. Kar­dec afirmava que, depois da obsessão, a identifi­cação da natureza dos Espíritos comunicantes era o maior escolho da prática espírita. Além disso, vários outros aspectos deveriam ser levados em consideração no intercâmbio com os Espíritos desencarnados. 

A Natureza das Comunicações 

a) Grosseiras: são aquelas comunicações que contêm expressões que ferem o decoro ou agridem os princípios da moral. Repugnam a toda pessoa que tenha um mínimo de sensibilidade. São, às vezes, obscenas, insolentes ou arrogantes; quase sempre malévolas, denotando a pre­sença de uma entidade de natureza inferior, Espíritos viciosos ou vingati­vos. São comunicações de fácil identificação; 

b) Frívolas: estas comunicações não são de Espíritos necessaria­mente maus, mas de Espíritos vadios, levianos, inconseqüen­tes. 

São comunicações que versam sobre assuntos insignificantes, va­zios, inúteis, vinculados às puerilidades do dia a dia. 

Algumas vezes, são entidades espirituosas, engraçadas, e que por terem uma conversação divertida, agradam às pessoas, tomando o tempo da reunião. O certo é que nada acrescentam de útil, pois partem de entida­des que nada têm a nos ensinar e nada querem aprender; 

c) Instrutivas: as comunicações instrutivas são aquelas que têm por finalidade veicular ensinamentos. São comunicações de almas eleva­das, dotadas de altos valores morais e intelectuais e versam so­bre te­mas científicos, filosóficos ou morais. Lembra Allan Kardec que, para uma mensagem ser considerada INSTRUTIVA, é imperioso que ela seja ver­dadeira, vincule pensamentos corretos e, de alguma forma, objetive o crescimento das pessoas ou da sociedade. 

d) Sérias: são as comunicações que tratam de assuntos graves e de maneira ponderada. Excluindo-se as comunicações grosseiras, as frí­volas e as instrutivas, todas as outras poderiam ser incluídas nesta categoria. 

É importante frisar que nem toda comunicação séria é necessaria­mente verdadeira, pois, muitas vezes, Espíritos mistificado­res se utili­zam de um estilo grave, sério e ponderado para veicularem mentiras e dis­córdias, gerando embaraço para as pessoas e as reu­niões. 

Lembra Kardec a necessidade de examinar-se com atenção a lingua­gem do Espírito comunicante, ou seja, as características de sua mensa­gem, o conteúdo de suas idéias. 

Objetivando facilitar esta tarefa, o Codificador vai apresen­tar no [LM-cap XXIV] algumas "regras" que, se bem examina­das, poderão contribuir na distinção que devemos sempre fazer entre uma comunicação de Espírito bom e de Espírito inferior. 


Da Identidade dos Espíritos 

a) A linguagem dos Espíritos superiores é sempre digna, elevada, nobre e sem qualquer mistura de trivialidade; 

b) Os Espíritos bons só ensinam o bem. Todo conselho que não for estritamente conforme a mais pura caridade evangélica não pode provir de Espíritos bons; 

c) Os Espíritos bons jamais se ofendem, somente os maus se me­lindram; 

d) Os Espíritos bons só dão conselhos racionais. Toda recomenda­ção que se afaste da linha reta do bom senso ou das Leis imu­táveis da Natureza acusa a presença de um Espírito estreito. Toda he­resia cientí­fica notória, todo princípio que choque o bom senso re­vela a fraude; 

e) Os Espíritos levianos são reconhecidos pela facilidade com que predizem o futuro. Todo anúncio de acontecimento para uma época certa é indício de mistificação; 

f) Os Espíritos superiores se exprimem de maneira simples, sem prolixidade, eles possuem a arte de dizer muito em poucas palavras; 

g) Os Espíritos bons jamais dão ordens: não querem impor-se, apenas aconselham e se não forem ouvidos se retiram. Os maus são auto­ritários, dão ordens, querem ser obedecidos e não se afastam facil­mente; 

h) Os Espíritos bons não fazem lisonjas. Os maus exageram nos elogios, excitam o orgulho e a vaidade e procuram exaltar a importân­cia pessoal daqueles que desejam conquistar; 

i) Desconfiai das comunicações que revelam um caráter místico e estranho ou que prescrevem cerimônias e práticas bizarras. Há sem­pre nesses casos legítimo motivo de suspeita; 

j) Os Espíritos nobres dizem tudo com simplicidade e modéstia; nunca se vangloriam, não fazem jamais exibição do seu saber nem de sua posição entre os demais. 

Perguntas aos Espíritos 

A comunicação entre o Espírito encarnado e o Espírito desencar­nado vem ocorrendo desde as mais remotas épocas. Na história de todos os povos encontramos provas irrefutáveis deste fato. 

Estando o Ser Humano, encarnado na Terra, na faixa evolutiva própria de nosso planeta, não é de se estranhar que logo visse na pos­sibilidade de comunicação com os "mortos" uma maneira de tirar algum proveito. A evocação era praticada por alguns povos da Antiguidade, sem o verdadeiro respeito, afeição ou piedade; era, antes, um re­curso para brincadeiras e adivinhações, exploradas pelo charlatanismo e pela superstição. Por este motivo, o legislador hebreu, Moisés, 1500 a.C., para educar o seu povo, utilizou-se de uma Lei Disciplinar e proi­biu a comunicação com os mortos. 

Muitas religiões do passado, tinham no culto e comunicação com os mortos, a base de sua Doutrina. Entretanto, somente os ditos inicia­dos po­deriam praticar o intercâmbio com os mortos, o povo em ge­ral era proibido de conhecer ou exercitar esta prática. Na Idade Mé­dia, como em outras épocas, os feiticeiros e bruxos eram queimados em praça públi­ca, como um exemplo para amedrontar o povo. 

Allan Kardec [LM-cap XXVI] estuda detalhada­mente a comunicação entre os "vivos e os mortos", e esta aná­lise rece­beu o nome de: "Perguntas que se podem fazer aos Espíritos". É impor­tante, para todos nós, analisarmos alguns aspectos, do sábio estudo do mestre lionês. 

Quando nos dirigimos a algum Espírito para perguntar-lhe algo, dois fatos importantes devem estar em nossa mente para que a comunica­ção seja eficiente. O primeiro deve ser a forma pela qual in­terrogamos. Esta forma deve obedecer uma clareza e uma precisão; quando vamos res­ponder a uma pergunta, respondemos melhor se tivermos entendido clara­mente a pergunta. Outro aspecto também importante na forma, é obedecer a uma ORDEM lógica, quando estudamos os livros da codificação, nos en­cantamos com a ordem das perguntas colocadas por Allan Kardec, facili­tando-nos a compreensão dos fatos. 

Além da forma, o fundamento da questão é o outro fato importan­te. A natureza da pergunta pode provocar uma resposta exata ou falsa. Devemos nos lembrar que existem perguntas que os Espíritos não podem responder, por três motivos principais: 

1 - não sabem a resposta; 

2 - não querem responder; e 

3 - não têm permissão para responder. 

Quando insistimos nestas perguntas, os Espíritos sérios se afastam e os Espíritos inferiores podem, às vezes, responder. 

Vamos analisar alguns pontos importantes, colocados por Allan Kardec: 

a) Os Espíritos sérios respondem de bom grado às perguntas que têm por obje­tivo o nosso progresso e o bem da Humanidade, os Espíritos infelizes res­pondem a tudo. 

b) Uma pergunta séria não nos dará a certeza de uma resposta também séria. 

c) Não é a pergunta que afasta o Espírito leviano, mas o ca­rá­ter moral daquele que pergunta. 

Vejamos agora alguns tipos de perguntas: 

Perguntas Sobre o Futuro: grande é a curiosidade do Homem em saber o seu futuro. Mesmo não vivendo de maneira adequada o seu presen­te e tendo motivos para arrepender-se muito de seu passado, o Homem quer co­nhecer o seu futuro. Este tipo de comportamento tem fa­cilitado, desde as épocas mais remotas e até os dias atuais, o char­latanismo. Muitas pes­soas aceitam de bom grado a "adivinhação do fu­turo", com o uso de arti­fícios variados, como jogo de cartas, de con­chas, bolas de cristal, etc. O Codificador do Espiritismo deixa claro vários aspectos relacionados à previsão do futuro: 

a) em princípio, o futuro é sempre oculto ao Homem; ex­cepcional­mente permite Deus seja ele revelado. 

b) o conhecimento do fu­turo pode ser extremamente prejudicial ao Homem. 

c) o futuro depende forçosamente de nosso presente, e nosso pre­sente não é fruto do acaso, mas sim da uti­lização de nosso livre arbí­trio. 

São características das predições falsas: feitas a toda hora e em qualquer local, feitas sempre que solicita­das, marcam o momento exato dos acontecimentos previstos, respondem a so­licitações pueris. 

Perguntas sobre Existências Passadas: a curiosidade do Espírito en­carnado em saber o que foi em existências anteriores, não é menor. Espera que tenha sido um sábio, um grande cientista, um rei. A ló­gica nos mostra que a natureza não dá saltos e, sendo assim, estu­dando o nosso comportamento atual, nossas tendências e sentimentos, com certa facilidade poderemos imaginar o que fomos no passado. As per­guntas sobre nossas vidas passadas dificilmente serão respondidas pela Espiritualidade Maior; quando isso ocorre, quase sempre se faz de modo espontâneo e com finalidade superior. 

Perguntas sobre a Sorte dos Espíritos: todo aquele que se dis­tancia, momentaneamente de um ente querido que desencarnou, fica ansio­so para receber deste um conselho, um consolo, uma notícia. É co­mum pessoas pro­curarem os Centros Espíritas em busca de infor­mações (o nosso Chico Xavier, se defronta com milhares de pessoas a procurá-lo em busca de boas notícias). Sobre isso, vejamos alguns as­pectos impor­tantes: muitas vezes o Espírito que desencarnou necessita de algum tempo para reequilibrar-se antes de comunicar; às vezes, a separação temporária é necessária e impor­tante para ambos. A insis­tência em con­seguir notíci­as poderá gerar sofri­mento para o Espírito desencarnado, como também gerar a oportunidade de falsas notícias, trazidas por Espíritos levia­nos. A orientação é ter paciência, orar muito, pois, se for possível e útil, a notícia virá espontaneamente e em ocasião opor­tuna. O tempo e o espaço são grandezas insig­nificantes quando compara­das ao poder do amor. 

Perguntas Sobre a Saúde: Qual o remédio a tomar? Qual exame a fazer? Operar ou não operar? São perguntas freqüentes à espiritualida­de. Algumas pessoas se esquecem que a doença do corpo é, muitas vezes, o remédio para a cura do Espírito e querem, de qualquer forma, a cura do corpo sem saber que podem estar desprezando a cura do Espírito. De­vemos lembrar sempre que a medicina da Terra não com­pete e não é ini­miga da medicina espiritual, elas se somam e se com­pletam. Se a medici­na da Terra cresceu em conhe­cimento e recursos, é porque isso é neces­sário a todos nós. Da mesma forma, como aqui na Terra, algumas pessoas têm a capacidade de prescre­ver, orientar e es­clarecer sobre este as­pecto, também no Mundo Espiri­tual existem Espíritos capazes de desen­volverem tal tarefa. No entanto, se interro­garmos sem critério, seremos vítimas de Espíritos levianos. As orien­tações virão obedecendo nosso merecimento, nossa real necessidade e pela misericórdia do Pai. 

Existem ainda neste capítulo do LM outros esclarecimentos, outros ti­pos de perguntas que merecem ser lidas e estudadas. 

Evocações 

Muitos médiuns interrogam quanto a prática das evo­cações nas reuniões mediúnicas. 

Diz-se evocar um Espírito quando, em uma reunião, nós o chama­mos para manifestar-se, não esperando que isso ocorra espontanea­mente. Na época da codificação, este fato se fazia necessário, pois Allan Kardec elaborou detalhadamente todo o estudo que se fazia ne­cessário para o conhecimento da Terceira Revelação, tudo isso com a permissão prévia da Espiritualidade Superior, e assim, naquela ocasião, as evo­cações eram fato comum. 

Nas reuniões mediúnicas de auxílio a desencarnados, mais co­muns nos dias atuais, evitamos as evocações, deixando a cargo da Es­piritualidade Superior, que dirige os trabalhos, o planejamento da mesma, pois torna-se difícil, ou, às vezes impossível, sabermos qual o Espírito que pode ou não se manifestar. Vários fatores podem impedir a manifestação de um Espírito, tais como: 

- falta de afinidade e/ou sintonia vibratória entre o Espírito desencarnado e o médium; 

- falta de permissão da espiritualidade superior para tal (época inoportuna, falta de motivo útil, falta de preparo do Espírito comuni­cante, etc.); 

- favorecimento das mistificações, etc. 

Esclarecimentos sobre o assunto, dados pelo Espírito Emmanuel, orientam: 

"- O Homem pode desejar isso ou aquilo, mas há uma Providência que dis­põe o assunto ... qualquer comunicado com o Invisível deve ser espontâ­neo ... quando e como julgar melhor os Mentores Espi­rituais... não so­mos dos que aconselham a evocação direta e pessoal, em caso algum... podereis objetar que Allan Kardec se interessou pela evocação direta, procedendo a realizações dessa na­tureza, mas precisamos ponderar, no seu esforço, a tarefa excepcional do Codifi­cador..." 

Como regra geral, as evocações devem ser evitadas nas reuniões mediúnicas. 
A Caridade no Intercâmbio com os Espíritos Desencarnados
Na época da Codificação do Espiritismo, a mediunidade desempe­nhou basicamente a finalidade de esclarecimento aos Homens sobre a ver­dade dos ensinamentos de Jesus. Aos poucos, toda a Doutrina Espí­rita foi reve­lada. Após este período, além de exercer a função de esclare­cimento, através de psicografia de livros doutrinários, a me­diunidade veio ter também a missão da prática da caridade. Nas reu­niões mediúni­cas, os Espíritos desencarnados em sofrimento, doentes, revoltados, se co­municam buscando consolo, esclarecimento e carinho. Se no início do Espiritismo prevale­cia o verbo receber, hoje preva­lece ou deveria prevalecer o verbo doar, sendo que receber vem como conse­qüência. 

A prática da caridade necessita disciplina, como afirma Emma­nuel. Assim, analisemos alguns aspectos necessários de serem obede­cidos nas reu­niões mediúnicas: 

1 - Afastar a curiosidade no intercâmbio com os Espíritos de­sencarnados. Estamos reunidos para auxiliar, curiosidade não trará qualquer bene­fício; 

2 - Manter respeito em todos os intercâmbios. Todos nós esta­mos situa­dos no local característico de nossa evolução; o que nos pa­rece absurdo hoje, era aceitável ontem e o que nos parece certo hoje, po­derá ser motivo de arrependimento no futuro. Os Espíritos, muitas ve­zes, nos vêem como juízes; devemos fazê-los ver que somos, na ver­dade, irmãos e que também carregamos muitos erros e defeitos; 

3 - Ter paciência, pois necessitamos de tempo para mudar situa­ções alicerçadas por passado longínquo; 

4 - Estudar sempre. O conhecimento doutrinário nos permite usar a pa­lavra certa no momento adequado. Dedicação constante no es­tudo au­mentará muito a nossa possibilidade de auxílio; 

5 - Valorizar o trabalho em grupo. Seremos mais fortes, mais eficien­tes, quando somarmos nossas forças. A reunião mediúnica é um grupo de trabalhadores em constante sintonia; 6 - Lembrar que mais importante no intercâmbio com as pessoas, sejam elas encarnadas ou desencarnadas, é o trabalho com AMOR. A pala­vra con­sola, o conhecimento esclarece, mas é o amor que realmente con­quista o Espírito necessitado, estimulando-o à reforma. Algumas vezes, diante do Espírito em grande sofrimento, as palavras e argumen­tos não serão sufi­cientes. Nestes casos, só a vibração do amor verda­deiro pode­rá operar verdadeiros prodígios de consolo e de trans­formação espiri­tual, fazendo brilhar a luz do amor de Jesus no mais es­curo dos cora­ções.

MEDIUNIDADE DE PSICOMETRIA - PARTE 6

ENIGMAS DA PSICOMETRIA 
ERNESTO BOZZANO 



Pela mente não me passava a idéia de tal teoria, quando se processava a análise psicométrica, e destarte é forçoso convir que foi a análise mesmo que sugeriu a teoria. Admitida esta, os sucessos descritos pela sensitiva deveriam ter ocorrido, efetivamente, não distante do lugar onde apanhei a pedra psicometrada. 

Reconheçamos, por nossa vez, que as observações supra conferem valor científico à análise psicométrica da pedra. 

Como os episódios verificáveis, análogos ao precedente, abundam no livro de Denton e em publicações outras do mesmo gênero, somos levados a deferir-lhes o valor de fatos, tanto mais quanto esses episódios não constituem senão um desdobramento racional de outros não menos maravilhosos, anteriormente relatados e rigorosamente autênticos. 

Ora, se as noções registradas constituem fatos sempre que o controle se faz possível, não é lícito considerá-las sistematicamente como romances subliminais, todas as vezes que se verifiquem incontroláveis, e menos ainda quando os fatos não controláveis se mesclam de incidentes verificáveis e verificados, como sucede no caso precedente. 

Como explicar esses fatos? Será verdade que o objeto conte a sua própria história ? Bem sei que a maneira dos sensitivos se expressarem e o desdobramento dos episódios provocam essa hipótese, mas, ajuntarei: há fatores que nos levam a formular reservas sobre este ponto. Esses fatores não são de molde a eliminá-la, mas levam-nos a retificá-la, tal como passamos a fazer. 

As nossas reservas podem resumir-se em uma só objeção : se a hipótese mediante a qual a sensitiva haure diretamente nos objetos psicometrados os acontecimentos que revela é insustentável sempre que se trate de acontecimentos humanos, deverá então, e por isso mesmo, insustentável ser quando se trate de acontecimentos geológicos, paleozóicos, arqueológicos, verificados com o dito objeto. 

Em suma : se no primeiro caso a hipótese é errônea, no segundo não poderia ser verdadeira; ou por outra: se os fatos naturais imprimem na matéria a sua própria história, o mesmo deveria dar-se com os fatos humanos. 

Daí se segue que, se devêssemos considerar como demonstrado que este último fenômeno jamais se verifica,, teríamos conseqüentemente de opinar pela sua impossibilidade, em relação aos fenômenos de ordem material. 

Impossível libertar-nos das duas pontas deste dilema, a não ser admitindo, ao menos parcialmente, que os acontecimentos humanos também registram a própria história na matéria, ou seja, que há igualmente circunstâncias nas quais o sensitivo extrai, da aura, do objeto psicometrado, uma parte dos acontecimentos humanos revelados, enquanto a outra parte (a inexplicável por esta hipótese, por atinente a acontecimentos anteriores à posse do objeto) seria tirada da subconsciência do consulente, graças à relação telepática estabelecida por intermédio do mesmo objeto. 

Assim me exprimindo, não ignoro que este expediente, de recorrer a duas hipóteses para explicar um grupo homogêneo de fatos, aberra dos métodos de investigação científica; mas, confesso não ver como, de outro modo, evitar o inconveniente, quando as circunstâncias se apresentam, como neste caso, confusas e misteriosas, a mais não poderem ser. 

Ao demais, não é impossível que as duas hipóteses possam, em última análise, reduzir-se a uma só hipótese, tal como demonstrarei dentro em breve. 

Para o momento, não é ocioso perguntar a que outra hipótese se poderia recorrer, para não admitir a possibilidade do registro da própria história pelo objeto. 

Neste caso, a única hipótese plausível e aplicável aos fatos de que nos ocupamos, seria aquela apelada para os fatos precedentemente expostos, mediante a qual, em todas as circunstâncias nos defrontaríamos com um fenômeno de relação telepática ou telestésica, à distância. 

Apenas, com relação aos episódios precedentes, era sempre mais lícito imaginar que a relação se verificou, algumas vezes, com entidades falecidas, ou ainda com animais e organismos vegetais, ao passo que, no caso vertente, importaria supor que essa relação se estabeleceu por um processo supranormal de informações. 

Pois que o seja. Mas, que processo, ou por que meio? Com que ambiência transcendental se verificaria, nesse caso, a suposta relação? 

Evidente que, em tais circunstâncias, o enigma dessa relação surge infinitamente mais misterioso do que nos casos precedentes. 

Nem deles se poderia fornecer explicação qualquer, senão utilizando as hipóteses por ocultistas e teósofos forjadas, os primeiros insinuando o postulado dos clichês astrais e os segundos o das impressões do akasa ; hipóteses audaciosas, sem dúvida, mas únicas capazes de explicar o mistério, de qualquer forma. 

E como estas denominações correspondem, em suma, ao que Myers chama ambiente metaetérico, talvez fosse melhor nos atermos a esta última fórmula, que nos parece cientificamente mais aceitável. 

Isto posta, vale a pena perguntar se não devemos encarar quase como uma necessidade metafísica esse postulado da existência de um ambiente metaetérico, receptor e conservador de todas as vibrações constitutivas da atividade universal. 

Por mim, sou levado a responder afirmativamente, notando que, da mesma forma por que os físicos e astrônomos são levados a admitir que as vibrações luminosas percorrem o espaço infinito sem jamais se extinguirem, assim também se poderia admitir a persistência virtual de toda a forma de vibrações cósmicas. 

E como, além de tudo, os estados da matéria e as vicissitudes dos organismos vivos se resumem numa sucessão de vibrações sui generis do éter, conclui-se que eles devem continuar a existir no estado virtual ou potencial, em uma ambiência qualquer - a chamada por Myers metaetérica - de onde os sensitivos poderiam extraí-los e interpretá-los, graças à relação estabelecida entre eles e a ambiência receptora. 

Para nos servirmos de uma comparação, deveríamos dizer: assim como os imperceptíveis sinais impressos pela voz humana em discos fonográficos têm a virtude de evocar integralmente a voz que os produziu, logo que a agulha estabelece a relação entre o disco e o mecanismo motor, assim também as vibrações infinitesimais, impressas no ambiente metaetérico pelos adventos, teriam a virtude de evocar os mesmos adventos, desde que o objeta psicometrável estabelecesse a relação entre a subconsciência do sensitivo e o ambiente metaetérico. 

Do ponto de vista científico e filosófico, esta hipótese nada teria de ilegítima. 

Do ponto de vista metapsíquico, seria ela de natureza a explicar, até certo ponto, os fenômenos psicométricos da ordem dos que nos ocupam, sem que haja necessidade de recorrer àquela outra mediante a qual os objetas contêm a sua própria história. 

Eu disse : - até certo ponto, de vez que, ainda assim, uns tantos detalhes ficariam em meia penumbra, assaz embaraçosa. 

Não conseguiríamos avizinhar-nos da solução do enigma senão fazendo uma retificação a essa mesma hipótese; retificação que, aparentemente ligeira, não deixa de acarretar conseqüências teóricas imensuráveis, tanto do ponto de vista científico, quanto do filosófico. Consistiria essa retificação em supormos que o meio pelo qual os sensitivos entram em relação, ao invés de ser uma ambiência metaetérica, mais ou menos hipotética, seja o próprio éter. 

Vejamos a que deduções nos levaria esta variante. 

Sabe-se que o éter (que não é mais matéria, na acepção vulgar da palavra, de vez que não é atômico, não oferece resistência qualquer à translação dos astros nem está sujeito à lei de gravitação) ocupa os espaços interplanetários do Universo e interpenetra a matéria inanimada quanto os organismos vivos, o que vale admiti-lo como Onipresente. Ora, esta noção não pode deixar de impressionar a quantos tenham uma mentalidade filosófica, visto ser a Onipresença o primeiro atributo da Divindade. 

Se houvermos de reconhecer, depois, que o éter tem a propriedade de receber e conservar todas as vibrações constitutivas da atividade universal, tê-lo-emos, assim, revelado Onisciente. 

E a Onisciência é o segundo atributo da Divindade. Quanto ao terceiro atributo divino, que é a Onipotência, não é mais que uma conseqüência necessária dos outros dois, o que leva a pensar que o éter integraria em si todos os atributos da Divindade. 

Uma vez chegados a este ponto, não nos restaria mais que deferir, logicamente, ao éter a Auto-onisciência, para que ele se tornasse Deus. E, na verdade, como recusar essa Autoconsciência a um Ser infinito, imaterial, portanto Espiritual, Onipresente, Onisciente, Onipotente? Não estão aí os atributos que filosófica e necessariamente se subentendem numa Inteligência infinita? 

Daí se concluiria que os sensitivos-psicômetras entram em relação com um estado, com um aspecto, ou manifestação da atividade divina; conclusão que não deve ser havida por irreverente, pois se o éter interpenetra - como indubitavelmente sucede - todos os organismos vivos, Deus está, então, já imanente nas suas criaturas, ou, em outros termos, nós estamos em comunhão permanente com a Divindade. Seja como for, a teoria do Eter-Deus não é nova, pois remonta aos estóicos. 

Os professores Lodge, Dolbear e o Doutor Cooney a ela se referiram recentemente, enquanto um escolástico anglicano, o Revmo. John Page Hopp, desenvolveu magistralmente o assunto com todas as suas conseqüências filosóficas e religiosas. 

A aceitação dessa teoria teria como primeira conseqüência à conciliação dos sistemas materialistas e espiritualistas entre si, tornando inteligível e mesmo teísta a concepção de Hartmann sobre o Inconsciente Universal. 

Mas, acima de tudo, ela traria o complemento necessário à grandiosa concepção monística, do Universo. 

Reviveria, descarte, o sistema filosófico de Haeckel, sem que fosse preciso retocá-lo, a não ser para adicionar-lhe esta simples fórmula : - O ATER É DEUS. 

Nestas condições, entre a hipótese em questão -, que, uma vez retificada, não deixaria de ser a que considera o objeto capaz de reconstituir a sua história - e a outra -, mediante a qual esse objeto nada revelaria, mas, tão-somente serviria para estabelecer a relação entre o sensitivo e as pessoas vivas ou mortas, ou ainda com a ambiência metaetérica. informadora -, a conciliação e a unificação se possibilitariam sobre a base comum da relação necessária à percepção e interpretação dos sistemas vibratórios, que interessam ao consulente. 

De fato, assim como para evocar a história de uma pessoa viva é necessário apresentar ao sensitivo um objeto que houvesse pertencido a essa pessoa, sob pena de se não verificar o fenômeno, assim também, para evocar a história de uma pessoa morta é preciso um objeto que lhe houvesse pertencido, sob pena de não se verificar a relação com o Espírito desencarnado. 

Do mesmo modo, para conhecer a história de um bloco de pedra, faz-se necessário um fragmento desse bloco, sob pena de não se poder estabelecer a relação entre o sensitivo e o meio etérico que registrou o sistema vibratório correspondente aos fatos perquiridos. 

Resumindo: a conciliação e unificação das duas hipóteses consistiria no seguinte : que, no caso de objetos reveladores da própria história, não se trata, absolutamente, de matéria inanimada a revelar vicissitudes, mas sempre de um fenômeno de Relação telestésica, que se daria com o éter onipresente, e, por conseqüência, imanente no objeto psicometrado, o que é uma solução muito diferente da outra, posto não mude a manifestação aparente dos fatos. 

Socorrendo-nos desta interpretação para aplicá-lo aos fenômenos aqui examinados, seria fácil conceber que, quando o sensitivo extrai do objeto o conhecimento das vicissitudes humanas, pode comportar-se de duas diferentes maneiras 

- Retirando uma parte dos apontamentos da ambiência etérica contida no objeto, e 

- Haurindo a outra parte na subconsciência do consulente. 

Então, toda vez que o sensitivo revela incidentes produzidos durante o período em que o objeto esteve em poder do consulente, é força supor que não houve relação com a subconsciência do consulente, mas, tão-somente percepção e interpretação das vibrações etéricas, latentes no objeto; ao contrário, toda vez que o sensitivo revela episódios anteriores ou posteriores à posse do consulente, devemos pensar que uma relação telepática se produziu entre sensitivo e consulente. 

Dito isto, parece-me haver nitidamente traçado as modalidades de uma manifestação fenomênica capaz de unificar as duas hipóteses concorrentes, isto é, que em todos os casos não deixa de haver uma relação telepática ou telestésica estabelecida, seja com a subconsciência de um vivo, com a entidade de um morto, com individualidades animais, com organismos vegetais, ou seja, finalmente, com o éter receptor e conservador dos sistemas de vibrações cósmico-psíquicas, que constituem a essência do Universo. 



VII Caso - Este, respigamo-lo na obra já citada do professor Denton (pág. 169). O exemplo que ele nos faculta é análogo ao precedente, no qual o objeto conta sua própria história, com a só diferença das primeiras impressões da sensitiva se referirem às atuais condições da localidade de onde provinha o objeto psicometrado, para reportar-se depois a épocas mais prístinas, da sua história geológica. 

Eis como se exprime o Senhor Denton 

Juntei numa caixa vinte e quatro objetos diferentes, todos embrulhados em papel idêntico, de sorte que não pudessem ser distinguidos uns dos outros, ao menos pela visão normal. 

A Senhora Denton tomou de um desses embrulhos, cujo conteúdo ninguém pudera adivinhar, e começou a descrever assim o que via e sentia: 

Difícil me seria dizer se estou à superfície ou abaixo do solo. Parece que me encontro em uma caverna, mas a verdade é que não experimento arrepios de frio, próprios de tais lugares. 

E se estou, de fato, em uma caverna, ela é bem espaçosa. Sim... Agora vejo que é precisamente uma caverna, posto que a denominação não se adapte muito bem ao nosso caso, ainda porque a luz solar aí penetra por larga fenda. 

O que não compreendo bem é como pude aí penetrar, uma vez que me não sinto firmada no solo, antes tenho a impressão de flutuar na água. Em água também me parecem envolvidas as rochas circundantes. Agora, percebo, pouco a pouco, que o mar penetra pela fenda. Há, por dois lados, altas colunas de pedra. Caminhando para o interior, maior sombra... 

Na entrada, as colunas eram curtas, não atingiam a abóbada. Que prazer o explorá-la num barco! Somos como que empolgados por uma sensação de grandeza e beleza que poucos sítios poderão, como este, oferecer. 

A fenda é assaz larga e o mar a inunda inteiramente. As colunas não estão regularmente dispostas, mas também não são desiguais e de formas irregulares, como geralmente se dá com as rochas. Estas colunas lembram uma fotografia da gruta de Fingal (Escócia) 

Diviso agora uma grande ave e ouço agudos gritos de outras muitas... Que poderão elas procurar sobre estas rochas nuas, onde não há traço de vegetação? Ah! vêm repousar sobre as colunas... Suponho que estas imensas abóbadas foram bem maiores e parece-me ouvir o terrível estrondo de sua queda no mar! A gruta curvava-se para a direita, até encontrar uma outra terra. 

Era, então, de uma magnificência extraordinária e esta atual beleza mal se compara à do passado. Duas vezes mais ampla, então, o que aqui resta não é mais que o primitivo fundo. 

Nas águas do mar, a certa distancia da costa, elevam-se ainda várias colunas que pertenceram à primitiva gruta. Nessa época, ao derredor, era tudo terra firme e acima dela se prolongava à gruta posterior e parcialmente desmoronada no mar. Conforme as minhas impressões, não foi ela coberta pelas águas e, sim, precipitada, posto que pudesse desagregar-se, em parte diminuta, pela ação corrosiva das vagas. 

Os tremores de terra sacudiram terrivelmente e por longo tempo este solo agora estabilizado. 

Eu como que o vejo emergir e submergir em toda uma vasta extensão. 

Não sei como este fenômeno se me torna concebível, mas o caso é que o percebo. 

Em torno da gruta existem várias ilhas, que são os últimos restos de um grande trato de terras agora submersas. 

Algumas destas ilhas são picos de antigas montanhas... - Aberto o embrulho, verificou-se conter uma lasca de basalto, retirada da gruta de Fingal. (Ilha de Stafa.) 

O professor Dentou, que jamais visitara essa gruta, houve de recorrer a obras especiais para certificar-se da identidade dos apontamentos e verificar que, se a sensitiva houvesse visitado em pessoa tais lugares, deles não daria mais exata descrição. Por outro lado, ele consultou uma monografia geológica sobre a ilha de Stafa e aí reconheceu que os sedimentos aluvianos existentes nas Hébridas, bem como a orientação de antigos restos de rochas, deixavam presumir que em épocas remotíssimas todas as ilhas do arquipélago deviam formar um corpo único, ligado ao continente, qual revelara a sensitiva. 

Todavia, a opinião do autor da monografia diverge da expressa pela sensitiva quanto à causa da imersão dessas terras, atribuída pelo geólogo à ação corrosiva das ondas e não a cataclismo telúrico. 

Para esclarecimento teórico deste caso, eu remeto o leitor aos comentários aditados ao caso precedente, que é da mesma índole, salvo a circunstância de ter tido o objeto psicometrado o efeito inicial de provocar na sensitiva a relação - por conseqüência à visão telestésica - com a região de sua proveniência. 

Do ponto de vista probatório, é oportuno insistir na particularidade de estar o objeto psicometrado devidamente embrulhado em papel, e de haver sido tomado num grupo de vinte e quatro embrulhos idênticos. 

Nem a sensitiva nem as pessoas presentes poderiam, portanto, adivinhar-lhe o conteúdo. O só fato de haver identificado imediatamente o objeto, é por si mesmo assaz notável. 

Além disso, a descrição da sensitiva comportava informes ignorados do marido, e, entretanto, verídicos. 

Quanto ao desacordo de opinião entre o geólogo e a sensitiva, no concernente à causa provável da imersão do terreno, confessarei que a mim me parece mais verossímil a hipótese da sensitiva. 



VIII Caso - Tomei-o do precitado livro, à pág. 98. Trata-se de um incidente típico de visualização paleozóica, com identificação da sensitiva com o animal evocado. 

Eis o que diz o professor Denton: 

E a sensitiva responde: - Oh! não; para nós ela seria muito desagradável, absolutamente intragável. E dizendo-o, fez com os lábios um esgar de nojo. 

O professor Denton assim comenta o relatório: 

Destaquei de uma tromba de mastodonte um pequeno fragmento e facetei-o de tal modo que ninguém poderia reconhecer o que fosse. Seu diâmetro regulava 3/10 de polegada por 2/10 de espessura. A tromba tinha sido encontrada em uma escavação, a trinta pés de profundidade, por pesquisadores de minério de chumbo, nos arredores de Hazel Green (Wisconsin). 

A sensitiva, Senhora Denton, sem que pudesse ver o objeto e dele formar qualquer idéia, começou por dizer: 

- Tenho a impressão de tratar-se de restos de um animal gigantesco qualquer, talvez pedaço de um dente. 

Reconheço-me um animal monstruoso, de pernas vigorosas, a cabeça algo tolhida nos seus movimentos e um corpo colossal. 

Dirijo-me agora para as margens de um rio, a fim de nele me desalterar. As mandíbulas pesam-me tanto que mal posso falar. Também poderia dizer que marcho a quatro patas. 

Ouço urros que me chegam das selvas e como que me sinto impelida a corresponder-lhes. Tenho as orelhas enormemente dilatadas, orelhas que se diria serem de couro; e, quando movo a cabeça, elas castigam-me o focinho. A pequena distancia existem animais idênticos a mim, porém muito mais velhos. 

Sinto-me embaraçada para falar com estas pesadas mandíbulas de cor escura. Vejo um de meus semelhantes muito velho, que mal se pode locomover, bem como outros muito novos e todos formamos um rebanho. 

Verifico poder mover de modo estranho, isto é, para cima, o lábio superior... Curioso, isto! Aqui há uma planta mais alta que a minha cabeça; o seu tronco é da grossura do meu braço, muito fibroso, adocicado e tenro, de sabor que lembra o do milho verde, porém mais doce. 

Pergunta o professor Denton: É esse o sabor que a planta teria para uma criatura humana? 

E a sensitiva responde: Oh! Não; para nos seria muito desagradável, absolutamente intragável. E dizendo fez com os lábios um esgar de nojo. 

O Professor Denton assim comenta o relatório: 

A completa identificação dos sensitivos com a coisa ou animal psicometrados, cuja influencia os penetra, constitui fato dos mais notáveis em nossas experiências. 

Ele esclarece com luzes novas alguns dos problemas mais misteriosos da natureza. 

Algumas formas de demência também apresentam essa condição do Espírito, a revelar-se dominado e quase suplantado pelas influencia que o invadem, a ponto de perder a consciência de si mesmo para transformar-se num instrumento inconsciente. 

Posto seja o indivíduo quem fornece, sempre, as faculdades psíquicas, a influencia invasora dele se apossa e o governa, aniquilando-lhe à vontade. 

Bem fundadas me parecem estas considerações do professor Denton, e nos casos precedentemente examinados já se nos deparou, com a Srta. Edith Hawthorne, o mesmo fenômeno de identificação da sensitiva com a delicada mentalidade de um pombo-correio. 

Com a Sra. Elisabeth Denton, temos a identificação com as camadas de matéria, na análise psicométrica de uma rocha. 

O Senhor Kensett Style, que fortuitamente descobriu em si mesmo faculdades psicométricas muito notáveis, diz a respeito 

Quando comecei as minhas experiências, via as coisas como se as fitasse das alturas de uma torre ou de um balão. 

Dessarte, não era sem maiores dificuldades que conseguia distinguir os detalhes... 

À medida que me exercitava em novas experiências, dir-se-ia que me aproximava gradualmente das coisas, até o dia em que, com grande surpresa, me vi transformar na mesma pessoa que se procurava descrever. Devo confessar que as primeiras experiências eram para mim muito mais interessantes do que as últimas, pois eu contemplava, então, as coisas com olhos de uma criatura do século XX, garantida pelos conhecimentos atuais, ao passo que agora as vejo com olhos de quem, vivendo na época a que a transporta o objeto, não pode bem julgar o ambiente em que ele evolve.

MEDIUNIDADE DE CURA POR RAMATIS - PARTE 5

Aspectos do receituário mediúnico alopata 

PERGUNTA: - Os espíritos desencarnados não acham inconveniente os médiuns espíritas receitarem alopatia, visto esse receituário exigir conhecimentos específicos que eles não possuem? Semelhante caso não constitui sério risco para os doentes? Que lhe parece? 

RAMATÍS: - O receituário mediúnico exige o máximo critério e prudência ara merecer o amparo da doutrina espírita. No caso a que aludis, tudo depende do médium e do espírito que lhe indica o receituário. E quando o médium é apenas intuitivo e ocioso ao estudo, então o caso assume um aspecto mais grave, pois pode acontecer que ele seja um indivíduo sem qualidades morais que o credenciem a fazer jus a uma boa assistência espiritual. 

Além disso, há médiuns receitistas incompetentes, ignorantes, indisciplinados ou exclusivamente anímicos, que prescrevem aos doentes tudo quanto lhes germina fantasiosamente no cérebro e consideram receita intuída pelos desencarnados. 

Em geral, eles receitam a esmo, em momentos impróprios, mesmo depois da discussão antifraterna ou em seguida a anedotário indecente. Deste modo, cercam-se de fluidos oleosos e sujos, produzidos pelos assuntos torpes e de natureza moral inferior, que geram ou criam uma "cortina etérica" obscura, impedindo o contado perispiritual dos bons espíritos que desejam ajudá-los. 

Outros médiuns, inexperientes e ainda inseguros, exaurem-se, à noite, de trabalho, no centro espírita, para atender a um serviço indisciplinado de caridade quase obrigatória, ignorando que o excesso de consultas mediúnicas também tumultua o serviço e o controle dos espíritos desencarnados, e assim não podem atender satisfatoriamente a todos os pedidos no curto prazo de uma sessão espírita. 

Comumente, os encarnados evocam os espíritos para consultá-los sobre toda sorte de sintomas triviais, seja um inofensivo resfriado ou breve incômodo nervoso, fazendo que os médiuns fiquem sempre sobrecarregados de serviço. 

Ignoram que o médium é máquina viva em desgaste mais acentuado do que o homem comum porque, além de precisar atender às obrigações cotidianas do mundo profano, ainda deve exercer a tarefa excepcional de servir aos crentes na medicina espírita. 

Assim, quando ele se entrega a uma faina mediúnica exagerada, até altas horas da noite, sem ter o necessário repouso físico e descansar a mente esgotada, não demora em tumultuar suas idéias, alterando-se também a vibração dos filamentos "etereoastrais", que mantêm o equilíbrio de intercâmbio perispiritual com os seus protetores desencarnados. É óbvio que, em breve, ele sentir-se-á impossibilitado de cumprir satisfatoriamente a sua função mediúnica. 

Afora os médiuns experimentados, sonambúlicos ou absolutamente mecânicos, 1 os demais, se quiserem manter um ritmo equilibrado e sem o tradicional "fading" mental e nervoso proveniente do trabalho cerebral exaustivo, devem limitar as consultas atendendo, de preferência às que exigem solução mais urgente. 

1 - Nota do Médium: É o caso de Chico Xavier, que atende a centenas de receitas e consultas até a madrugada, e cuja mediunidade mecânica, no entanto, permite aos espíritos maior segurança, facultando-lhes atuarem-no diretamente à altura dos braços e fazendo destes verdadeiras canetas vivas. 

Por isso os espíritos desencarnados, de responsabilidade, evitam receitar a alopatia através de médiuns intuitivos exaustos, ignorantes ou muito anímicos, para não ser truncada a prescrição do medicamento certo, por outra droga substituída animicamente, mas contra-indicada e capaz de alterações fisiológicas passíveis de controle médico.

 Não há dúvida, pois, que o receituário alopático acarreta grande responsabilidade aos médiuns receitistas, uma vez que se trata de medicação química, em cuja composição, geralmente, entram ingredientes de substâncias tóxicas, de que somente os médicos sabem qual a dosagem para a aplicação. 

O médium intuitivo, quando em más condições psíquicas ou morais, não consegue a necessária sintonia com o seu protetor desencarnado; e, então, há risco de ele interpor na prescrição mediúnica medicamentos estranhos, agressivos ou impróprios aos enfermos. 

Os médiuns mais sugestionáveis e anímicos deixam-se também impressionar facilmente pelos cartazes de propaganda médica expostos nas ruas, nos bondes, nos cinemas ou ônibus; ou então pelos "mementos" e bulas das amostras farmacêuticas. 

Esses dizeres fixam-se-lhes no subconsciente e podem emergir durante o transe medi único, contrapondo-se à verdadeira medicação formulada pelos espíritos receitistas. Os próprios médicos mais cautelosos não se aventuram a prescrever afoitamente os medicamentos recém-fabricados. Antes, eles apreciam-lhes os efeitos ainda desconhecidos, embora os seus fabricantes desenvolvam eficiente propaganda louvando as suas qualidades excepcionais. 

A indústria farmacêutica vive empenhada em intensa competição comercial, e nem todos os seus proprietários operam com o devido escrúpulo. Essa aflitiva concorrência obriga os laboratórios farmacêuticos a lançarem, consecutivamente, produtos novos sob a metralha de vigorosa propaganda, enaltecendo-lhes todos os efeitos etiológicos ao alcance do leigo. 

Cresce então o interesse humano sobre as virtudes dos produtos mais anunciados, enquanto também aumenta o número de curandeiros, conselheiros e médiuns anímicos, que passam a receitar"de ouvido" e sem conhecimento de causa. 

No entanto, os facultativos prudentes esperam identificar as reações medicamentosas no próprio organismo humano, pois sabem que as experiências "in vitro", isto é, apenas em laboratórios, malgrado as afirmações otimistas dos fabricantes, podem causar surtos de alergia de origem química ou estados mórbidos imprevistos. 

Pelo fato de não existirem doenças, mas doentes, é óbvio que a droga capaz de produzir êxito em determinada criatura pode ser inócua, agressiva ou alérgica a outro enfermo de temperamento oposto. O homem não é um conjunto de compartimentos estanques e sob o controle mecânico, mas, sim um ser cujo corpo e a comportam-se de modo diferente de um indivíduo para outro indivíduo. 

Em alguns casos os espíritos receitistas desejariam apenas transmitir alguns conselhos e orientações espirituais aos seus consulentes, advertindo-os sobre as suas perturbações emotivas ou psíquicas. No entanto, os seus médiuns intuitivos, convictos de que a medicação material é mais importante do que a recuperação espiritual, deixam-se dominar pela auto-sugestão e prescrevem qualquer droga que lhes vem à mente, confundindo o seu animismo com as intuições do Além. 

PERGUNTA: - Considerando-se que aumenta o número de médiuns e, portanto, daqueles que receitam injeções, antibióticos e outras drogas da medicina alopata, assim como certos espíritas são favoráveis ao receituário alopático e outros o acham inconveniente, gostaríamos de ouvir a vossa opinião a esse respeito. Que dizeis? 

RAMATÍS: - Conforme já esclarecemos, às vezes bastam algumas gotas de homeopatia, um singelo chá de erva caseira ou mesmo um copo de água fluidificada para se produzirem curas miraculosas. Mas isso só acontece quando, existem razões sérias para o enfermo prosseguir nas suas atividades do mundo material ou quando o Alto tenha-lhe prorrogado a vida física por efeito de alguma intercessão espiritual credenciada. Aliás, na questão de curas, os médiuns não gozam de qualquer prioridade terapêutica, pois os médicos também são otimamente assistidos do "lado de cá" e, quando intuídos no momento propício, podem prescrever medicação salvadora ou recomendar a solução mais acertada, embora ignorem que transmitem indicações de mentores desencarnados. 

Não pretendemos censurar todos os médiuns que receitam medicação alopática, pois muitos deles são assistidos por espíritos de elevada hierarquia espiritual, mas é conveniente compreender-se que, se for da vontade de Deus, qualquer moribundo poderá livrar-se da morte sem precisar de medicamentos. Mas é aconselhável e sensato eliminar-se da prática mediúnica tudo aquilo que possa carrear ridículos ou censuras à responsabilidade do Espiritismo. Os seus adversários gratuitos sempre truncam-lhe a função precípua de moralizar a consciência e libertar o espírito das paixões animais, para confundi-la com a imprudência e contradições dos médiuns ignorantes, interesseiros e amigos do desleixo espiritual. 

Os postulados do Espiritismo nada tem a ver com os médiuns levianos ou incipientes que, além de não estudarem a doutrina, pretendem curar o próximo muito antes de lograrem o seu próprio equilíbrio físico e a sua saúde psíquica. Alguns, mal refeitos da obsessão que deles judiava por longo tempo e os obrigou a apressado desenvolvimento mediúnico, põem-se a receitar as últimas novidades farmacêuticas alopáticas, à guisa de prescrição do Além. 

Assim, a sua pressa de "fazer caridade" e salvar a Humanidade antes da reforma espiritual íntima, pode induzir muitos médiuns principiantes a receitarem medicação alopática perigosa, convictos de serem instrumentos dos médicos desencarnados. Alguns chegam a repelir o conselho sensato e a advertência amiga dos seus confrades mais experimentados, que procuram orientá-los na prática da mediunidade ainda incipiente. 

Deste modo, assume grave responsabilidade o médium intuitivo que se ampara sob o Espiritismo e se põe a receitar a esmo medicamentos perigosos, como cortisona, antibióticos, sulfas, codeína, estricnina, butazona, salicilatos, adrenalina, bismuto, morfina, drogas à base de iodo, de mercúrio, de arsênico, barbitúricos ou hipnóticos, que podem produzir conseqüências depressivas prejudiciais ou viciações incontroláveis. A ciência médica, em sua incessante pesquisa sobre o corpo humano, termina descobrindo novas conseqüências mórbidas provenientes do excesso medicamentoso tóxico, e que tomam proibitivo o uso dessas drogas. 

E como os médiuns não possuem conhecimentos suficientes ou prática médica para acompanhar pessoalmente as possíveis alterações que possam ocorrer em seus pacientes devido às drogas alopáticas receitadas, eles terminam supondo que essas anomalias são outras tantas doenças diferentes das que diagnosticaram, anteriormente. 

PERGUNTA: - Em face de vossas considerações, concluímos que seria mais sensato que os médiuns espíritas receitassem somente ervas, homeopatias, mezinhas caseiras ou água fluidificada, pois, embora sejam menos eficientes, evitam as intoxicações ou graves conseqüências imprevistas, evitando também quaisquer censuras à doutrina espírita. Não é assim? 

RAMATÍS: - Não há dúvida de que o receituário alopático oferece perigos que o tomam desaconselhável através de médiuns intuitivos, caso eles não possuam o mínimo conhecimento farmacêutico que os faça prever as reações tóxicas medicamentosas no corpo humano. Salvo quando se trata de médium receitista completamente sonâmbulo ou então mecânico, que não interfere nem interpõe animicamente medicação contra-indicada ou prejudicial na prescrição dos espíritos desencarnados, é prudente evitar-se, tanto quanto possível, receitar a alopatia sob responsabilidade do Espiritismo. 

Embora a homeopatia também seja medicação de responsabilidade médica e passível de crítica quando prescrita pelos médiuns, ainda é a terapêutica mais indicada para o receituário mediúnico, pois é medicina de ação mais "energética" e "medicamentosa", que atua mais propriamente através do sistema "etereoastral" do perispírito e assim pode ser controlada com certo êxito pelos espíritos desencarnados. Mesmo quando se verifica algum equívoco perigoso por parte do médium receitista homeopata, os efeitos indesejáveis ou contra-indicados na prescrição medi única, ainda podem ser atenuados pelo processo de "eterização" por parte dos espíritos terapeutas, pois eles dissolvem no meio ambiente o éter medicamentos o indesejável. 

Em virtude de a homeopatia ser medicação dinamizada pelo magnetismo vital das substâncias minerais, vegetais ou animais, os espíritos terapeutas ainda podem concentrar-lhe nova cota de energia do mundo oculto e assim aumentar-lhe o efeito curativo sem os perigos da medicação alopática, maciça, ou das injeções dolorosas e violentas, que, comumente, provocam reações tóxicas indesejáveis. 

Mas, nem por isso, o médium intuitivo que receita homeopatia fica desobrigado do estudo dessa medicina, pois deverá ser o primeiro a reconhecer os seus próprios equívocos quando prescreve animicamente, julgando ser receita do Além. Quanto mais amplo e mais rico forem o conhecimento e o arquivo terapeuta do médium, tanto mais ele oferece melhores ensejos para o sucesso do receituário mediúnico e a exatidão dos medicamentos prescritos aos enfermos, pelos espíritos. 

PERGUNTA: - Então quais os requisitos mais necessários para o médium intuitivo lograr êxito ou fidelidade na sua prescrição homeopática? 

RAMATÍS: - O médium intuitivo receitista que prescreve homeopatia aos seus pacientes deveria saber, pelo menos, quais são os medicamentos antídotos, os complementares ou incompatíveis, assim classificados cientificamente pela farmacologia homeopática. Cumpre-lhe ainda familiarizar-se com as dietas apropriadas para o tratamento das doses infinitesimais, assim como os tipos mais indicados para os casos agudos ou crônicos. Embora se trate de conhecimentos elementares que poderiam ser dispensados aos médiuns, uma vez que os desencarnados é que devem receitar o medicamento adequado, o certo é que a homeopatia exerce ação pronunciada no perispírito, motivo por que as misturas desaconselhadas entre si neutralizam-lhe a qualidade terapêutica. 

Justamente por ignorarem os preceitos mais comuns da medicina homeopática, certos médiuns incipientes julgam que a simples providência de receitar meia dúzia de medicamentos homeopáticos, para mistura no mesmo frasco, é bastante para que um deles produza o esperado milagre. Ignoram, pois, que as leis sutilíssimas que regem a ação homeopática no corpo humano também desaconselham a mistura de certas doses que são antídotos, incompatíveis ou neutras entre si. 

É certo que o público, muito habituado com a 5ª dinamização generalizada pela receita mediúnica, acredita que a homeopatia não produz quaisquer modificações ou reações no corpo humano. No entanto, as altas doses da receita médica, pela sua ação atômica e de profundidade na contextura do perispírito, costumam desprender as toxinas ali aderidas e que depois convergem para o organismo físico exigindo então o socorro da baixa dinamização para se efetuar o drenamento pelas vias emunctórias. 2 

2 - Nota do Médium: Vide capítulo "As dinamizações homeopáticas", da obra "Fisiologia da Alma", (Editora do Conhecimento), de Ramatís. 

Na verdade, quando a prescrição homeopática sintoniza-se providencialmente com o tipo psicofísico constitucional do enfermo, é bastante uma só medicação para se produzirem efeitos miraculosos. E o que já tem acontecido muitas vezes no seio do Espiritismo, malgrado tratar-se da 5ª dinamização, quando os espíritos conseguem receitar com exatidão e eletividade as doses homeopáticas para os consulentes mais graves. 

Mas desde que os médiuns receitem homeopatia sem lhe dar a devida importância científica, quer prescrevendo medicamentos antagônicos ou para serem misturados em infusões de ervas, leite, café ou drogas medicamentosas, será melhor que só receitem água fluidificada ou circunscrevam-se à prática dos passes mediúnicos, que isso lhes redundará em maior sucesso. 

PERGUNTA: - Dizem alguns entendidos que a homeopatia da 5ª dinamização não produz nenhum efeito definitivo, porque é dosagem incapaz de modificar a causa enferma. Que dizeis? 

RAMATÍS: - Alhures já dissemos que as enfermidades não cedem pelos remédios substanciosos ou medicações maciças, mas o corpo físico é quem realmente efetua a cura pela incorporação das energias vitais que ele mobiliza na desintegração atômica do próprio medicamento ingerido. Em conseqüência, a homeopatia é a terapêutica mais avançada para a cura do homem, justamente porque é "mais energia e menos medicamento", ou seja: dispensa metade do serviço que o organismo teria de efetuar na seleção preliminar de repelir a substância para assimilar a essência energética. Considerando-se o corpo humano como um poderoso transformador que aproveita a energia da "Usina Cósmica" e a converte em força disciplinada a seu dispor, compreende-se que ele extraia da dose homeopática a "carga energética" pura e de imediato aproveitamento para a sua recuperação vital. 

Deste modo, em certos casos produzem-se efeitos surpreendentes com a administração da 5ª dinamização por parte dos espíritos, embora na ética médica as doses de 200, 500 ou 1.000 sejam consideradas mais potentes em sua ação energética mais pura. Naturalmente, os melhores resultados terapêuticos dependem fundamentalmente da maior capacidade do organismo etereofísico quanto a aproveitar o maior "quantum" possível da energia que lhe é oferecida pela dosagem infinitesimal. Em conseqüência, embora seja dinamização mais baixa, a 5ª dosagem pode também lograr sucessos comparáveis aos que se obtêm com as doses de profundidade e alta potência. 

Aliás, o que realmente distingue entre si as baixas, as médias ou as altas dinamizações da medicina homeopática é o modo de elas atuarem no organismo, pois, enquanto as baixas funcionam à guisa de drenadores ou "varreduras" dos resíduos tóxicos perniciosos, as altas operam na feição de bombas desintegradoras. É uma ação de profundidade no eterismo perispiritual, motivo pelo qual, às vezes, reflete-se na personalidade do homem, pois desintegrando-lhe o morbo psíquico que o afeta de modo anormal, restitui, pois, o tom costumeiro do seu temperamento psíquico original. Mas, quando existem as condições eletivas no organismo para a terapia homeopática, o que então produz a cura desejada não é tanto a dinamização alta ou baixa mas, acima de tudo, a prescrição mais acertada. 

E como os espíritos desencarnados auscultam diretamente no perispírito dos enfermos o morbo que os afeta, o qual depois em gradual descenso termina por manifestar-se à periferia do corpo físico, eles podem obter curas verdadeiramente miraculosas, como sói acontecer na seara espírita. 

PERGUNTA: - Poderíeis esclarecer-nos melhor quanto a essa ação da alta dose homeopática bombardeando a contextura do perispírito e, por vezes, até modificando o estado tempera mental do enfermo? 

RAMATÍS: - A homeopatia é medicação energética capaz de atuar nos interstícios atômicos e etereoastrais do perispírito, e por esse motivo pode tranqüilizar os temperamentos excitados eterizando os resíduos mórbidos que oprimem o psiquismo dos enfermos. Ao mesmo tempo em que ela revitaliza todos os centros energéticos do corpo físico e do "duplo etérico", acionando os "chakras" e despertando o "tônus-vital" dos plexos nervosos, a sua ação é profundamente penetrante e expurgativa das toxinas que formam o residual da mente quando se descontrola. E as altas doses, como já dissemos, atuam no recôndito do ser, desalojando as impurezas que se acumulam como substância ou combustível gastos pelo espírito e aderidos à sua delicada tessitura perispiritual. 

Em breve comparação e para exemplo de nossos dizeres, lembramos o fato de que o homem sisudo, atencioso, educado e pacífico, às vezes torna-se um enfermo, um psicótico ou esquizofrênico, um embrutecido ou idiota, quando submetido à ação do álcool, das drogas excitantes, hipnóticas ou tóxicas, tais como a maconha, cocaína, morfina, o ópio, a beladona, a fava-de-santo-inácio ou gás hilariante. Embora não se trate de enfermidade, na acepção da palavra, o certo é que o psiquismo do homem se modifica e o seu temperamento revela matizes incomuns ao seu estado normal. Há transformações que o animalizam ou quase o alucinam, enquanto recalques completamente desconhecidos de seus familiares afloram à superfície da sua consciência. 

Embora sob a ação momentânea das drogas ou tóxicos, o bêbado ou o viciado demonstram condições enfermiças e passíveis da terminologia patológica da medicina acadêmica, porque são opostas aos seus costumes, critério, sentimentos e bom-senso. Indubitavelmente, depois de extintos os efeitos dos tóxicos ou alcoólicos, a vítima retoma as suas atitudes normais devido ao desaparecimento da ação mórbida na sua mente. 

Algo semelhante se processa no paciente que ingere uma alta dose homeopática absolutamente eletiva ao seu tipo psicofísico ou temperamental, pois assim que se dissipa a cortina mórbida que o mesmo acumula e nutre pela sua invigilância espiritual no contacto com o mundo animal, ele sente-se mais desafogado, mais controlado e sadio no seu temperamento. Assim como limpando-se a poeira que embacia o vidro da lanterna, a sua luz projeta-se mais longe e mais nítida, também, após a intervenção terapêutica da alta dose homeopática, o espírito do homem adquire mais clareza na sua contextura psicofísica. O descenso compulsório das toxinas que lhe oprimiam a circulação perispiritual reduz o excitamento instintivo e próprio do mundo animal. 

Essa é uma das ações benfeitoras da homeopatia em certos doentes que, ao receberem-lhe a carga energética potencializada, sentem modificar-se até a sua contextura mental e emotiva, despertando-lhes um estado de euforia incomum. Eis por que a homeopatia é também medicina eletiva e afim à terapêutica dos espíritos, uma vez que eles conseguem imprimir no perispírito dos seus pacientes certas reações emotivas e de teor benéfico, que os tornam mais acessíveis à assimilação da espiritualidade.